Quadro queirosiano
Eça de Queirós por A. Dias Machado, 2013 |
No mais recente
capítulo da Confraria Queirosiana, que decorreu no dia 23 de Novembro passado
no Solar Condes de Resende, a Confraria do Abade, de Braga, brindou a primeira
com um quadro original da autoria do pintor famalicense A. Dias Machado, com
uma figuração de Eça de Queirós inserida no universo da sua própria vida e na
das suas personagens, sob o tema ali transcrito «A Arte é um resumo da Natureza
feito pela imaginação», a frase com que Fradique Mendes resumiu uma discussão
filosófica sobre o assunto (A
Correspondência de Fradique Mendes).O seu autor, que reside em Riba D’Ave,
tem participado e realizado numerosas exposições, encontrando-se presente em
várias coleções no país e no estrangeiro, tendo já retratado várias personalidades
como Camilo Castelo Branco ou Che Guevara. Nas suas obras distinguem-se um traço
e uma cor muito expressivos, pelo que a coleção da Confraria, que se encontra
no Solar Condes de Resende, ficou assim muito valorizada com esta representação
do seu patrono, a quem o fenómeno artístico não era indiferente, muito antes
pelo contrário, motivando-lhe sérias reflexões desde muito novo: «A Arte é a
história da alma», escreveu nas Prosas
Bárbaras. Ele próprio se dedicou ao desenho, à pintura e à modelação de
figuras; se no seu espólio conhecido restam apenas alguns desenhos, os quadros
a óleo que seguramente pintou em Paris poderão andar por aí perdidos sem
identificação ou terem ido para o fundo do mar, com o seu retrato pintado por
Columbano, boa parte dos seus livros, manuscritos e mobiliário, mandados para
Portugal após o seu falecimento, num navio fretado pelo governo de então para
trazer o espólio do Pavilhão Português na Exposição Universal, mas que
naufragou à vista de Lisboa. Felizmente a viúva não pode ou não teve tempo para
mandar empacotar todo o recheio de sua casa. Restará na Fazenda do Brejão,
Santa Cruz das Palmeiras, São Paulo, Brasil, o pequeno quadro que Eça ofereceu
ao seu amigo Eduardo Prado com «três gatos em uma praia, junto a um rochedo,
contemplando o por do sol». O próprio Eça tinha em sua casa quadros de D.
Carlos, Carlos Reis e Jaime Verde, entre outros, além dos quadros de sua sogra,
D. Maria Balbina, Condessa de Resende, por sua vez filha do 1º Visconde de
Beire, o primeiro inspetor da Academia Portuense de Belas Artes, que por isso
mesmo lhe deve ter propiciado bons professores de desenho e pintura.
Nesta época de
intensa democratização dos atos de criação estética, em que, com mais ou menos
reconhecimento, todos podemos ser artistas, e em que novas formas de arte se
afirmam no nosso quotidiano, grande parte delas, é certo, já nascidas com a
doença da efemeridade, ou com uma desesperada falta de substância e de conteúdo
louvada por exotéricos vendedores de “banhas da cobra” em grossos volumes de
“artes gráficas” ou “design”, benzidos por banqueiros artisticamente ineptos, tão
caros quanto inúteis, e cujo destino é forçosamente o caixote do lixo da
História, este quadro do pintor A: Dias Machado permanecerá no Solar Condes de
Resende como uma bela metáfora sobre o autor de A Relíquia que imediatamente suscitou a admiração dos confrades
presentes que junto dele e com ele se fizeram fotografar. Há obras de Arte
assim.
J. A. Gonçalves
Guimarães
Mesário mor da
Confraria
Grande Prémio da Crónica 2013
A 10 de Dezembro, no
auditório da Biblioteca Municipal de Sintra, o escritor José Rentes de Carvalho
recebeu em cerimónia pública este prémio pelo seu livro Mazagran, o qual lhe foi outorgado pela Associação Portuguesa de
Escritores e a Câmara Municipal de Sintra, como noticiamos na página anterior.
Na ocasião proferiu a seguinte alocação que nos disponibilizou para divulgação
neste blogue, endereçada a todos os nossos confrades espalhados por Portugal e
Brasil, a qual partilhamos com os leitores do jornal As Artes entre as Letras,
protocolado com a Confraria Queirosiana.
«Sintra: agradecimento
pelo "Grande Prémio da Crónica – 2013"
Senhor
Presidente da Câmara de Sintra, Senhor Presidente da Associação Portuguesa de
Escritores, minhas senhoras, meus senhores:
O dicionário
define a timidez como sendo a inibição que se sente em face de situações novas,
ou de pessoas que não se conhecem bem, e ainda como uma falta de apreço pelo
convívio social. Por certo a timidez é tudo isso, mas, como por vezes acontece
com as definições, é também o seu contrário: pode ser fraqueza, e ao mesmo
tempo grande força. Evidentemente, como seria de esperar, o que me traz a
Sintra é a honra do prémio e o proveito do cheque. Se apenas de mim dependesse,
isso seria tratado num gabinete, com apertos de mão e dois dedos de conversa. Mas
não depende, de modo que aqui me têm, a grande força da timidez impedindo que
deite a fugir, mantendo-me preso ao respeito devido às pessoas e às
conveniências. Até certo ponto, a falta de experiência explica a peculiaridade
do meu comportamento, pois tendo recebido pela primeira vez um prémio aos nove
anos, só aos oitenta e dois me calhou o segundo. Não que me queixe, longe
disso, quero apenas tornar claro que, por ignorância da técnica, receber
prémios ou ser convidado para dançar, me deixa em aflição igual. Não tive de
agradecer o primeiro – um livrinho da Condessa de Ségur, e uma caderneta da
Caixa com cinquenta escudos – pois bastou dar um beijo à professora. Para o
segundo, o ano passado, na Câmara de Castelo Branco, consegui debitar meia dúzia
de palavras de agradecimento e, porque era menos que o mínimo, juntei-lhe uma
página de prosa. Agora em Sintra para o terceiro, se bem que ainda não possa
aspirar ao estatuto de veterano em prémios, tenho a impressão de que me posso
alargar. Fá-lo-ei menos em palavras de gratidão, pois essas estão implícitas no
que já disse e no que direi, mas, sobretudo, pelo desejo de lhes poupar o
enfado de ouvirem repetir frases feitas e lugares-comuns. Para a verdadeira
gratidão as palavras nunca bastam, pois exprimem sempre pouco, ou sempre mal, o
que se sente e se pretende dizer. Esperando que compreendam o meu pensar,
sofram então que abuse da vossa paciência.
Um amigo quis saber de mim como é que,
há mais de meio século a viver no estrangeiro, eu ainda consigo escrever uma
prosa razoavelmente escorreita.
Conforme o infeliz hábito que tenho de
responder sem pensar, e no tom de quem anuncia um facto irrefutável,
declarei-lhe que nunca tinha deixado Portugal.
Por ir contra a evidência, e mostrar
algum descaso pela sua curiosidade, gerou isso algum embaraço, e ele, homem
cortês, mudou de assunto.
Fosse mais corrente o andamento da
vida que tenho levado, seria caso para pôr em dúvida o meu juízo, e legítima a
pergunta se em pequeno me deram chá.
Felizmente, era apenas uma questão de
retórica. Exagerando, eu intentava dar ênfase ao sentimento que tenho desde que
me conheço, o de que a minha língua, a nossa língua, me prende a este chão como
uma forte e misteriosa raiz, que se faz sentir onde quer que me encontre.
E todavia, pelo acaso das bizarras
circunstâncias do meu viver, o qual me obriga a ser poliglota, nela raro me
exprimo ou penso.
Aqui chegados, e tal o amigo de que
falei, é provável que comecem a ressentir algum incómodo, talvez mesmo a
desconfiar da sanidade mental deste, que ora se diz preso à língua-mãe, e de
seguida anuncia que pouco a fala, e só de longe a longe a usa para pensar.
Duvido que o esclarecimento satisfaça,
mas acontece que, vivendo rodeado de gente exótica, falando idiomas
arrevesados, estabeleci com a língua portuguesa uma relação que, à falta de
melhor, chamarei maçónica.
É assim que, quase diariamente, me
fecho no meu quarto de trabalho com o único propósito de escrever um texto em
português.
Pouco importa o tamanho ou o assunto:
pode ser a continuação de um trabalho, um apontamento, uma carta, uma entrada
no meu diário.
Não poderei dizer com segurança se,
nas horas que aí passo, também é em português que penso. Mas uma certeza tenho:
canto. Em surdina, vou cantando o que escrevo.
É evidente que cada frase terá de
exprimir algo, fazer sentido, mas só é aprovada quando a melodia se me acomoda
ao ouvido.
A família não estranha, mas se alguém
por acaso escutasse à porta, talvez se benzesse, supondo-me a fazer
encantações.
Assim não é, nem o bruxedo ajudaria.
Simplesmente, com medo de perdê-la, de esquecer a sua riqueza vocabular e a sua
bela sonoridade, criei com a língua portuguesa esse extravagante ritual.
Embora menos cordato, tenho ainda outro motivo
para, cantando, lhe apurar a afinação: o da impotência de uma raiva que me
tomou cedo na adolescência e não consigo esconjurar.
Ortega y Gasset escreveu um dia:
"Nunca fui nacionalista; mas sempre fui nacional, e isso significa para
mim sentir um entusiasmo sempre renascente para com a vintena de coisas
espanholas que estão verdadeiramente bem, e um ódio inextinguível para com o
restante que está verdadeiramente mal."
Igual ao filósofo espanhol, se me
enterneço com tudo o que Portugal tem de bom, sobe em mim uma fúria desmedida
ao confrontar o tanto que na nossa bela e carinhosa pátria está
desnecessariamente mal, desleixadamente mal, criminosamente mal.
É por isso que na solidão do meu
quarto de trabalho canto em surdina a nossa língua. Para não a perder. Para
pacientar. Para resistir à tentação que por vezes me assalta de virar as costas
à terra do meu berço, cortar a raiz que a ela me prende, que arrasto e pesa
como grilhão de condenado.
Num momento como este é descabido o
lamento, de modo que, mais conforme ao uso e às boas maneiras, numa tentativa
de exprimir a minha gratidão pelo prémio que me atribuíram, lhes trouxe uma
espécie de lembrança.
Nada de estimável, nada que possam
levar para casa, apenas um apontamento, no qual, talvez por também ter sido
escrito a cantar, se ouve aqui e ali alguma ressonância do fado menor, o outro
sangue que nos corre nas veias.
É uma forma de recado à moda antiga. E
porque vem de lugares onde o tempo parou e a vida esmorece, pode ser que lhes
pareça em língua estranha, falando de coisas, terras e gentes como já não há.
Assim fosse. Assim não é.
Fragas, atalhos e arribas, cotovelos
de estrada, searas, desfiladeiros, pomares, solidões. Torvelinhos de água. Dias
de festa. Rostos, momentos, becos, janelas de grades, pardieiros, estrume a
fumegar, cães de gado.
Tudo esboroa, mingua, some em
nevoeiro, não se adivinha com que fim ou distingue para que longe.
Que resta do que pareceu e do que foi?
Do que disseram? Do que julguei ouvir?
Juras, gestos, subentendidos,
intenções, promessas. Aquele sorriso, aquele abraço, a partida, as voltas, os
desencontros e as fugas, o retorno, a perdição.
Menino ainda, actor me criei, a fugir
do que para mim avançava, corpos grandes, rostos fechados.
No sangue a intuição de perda, vinda
do mais escuro do tempo, sabe Deus que mágoas dos que passaram sem deixar nome
ou pegada, iguais aos bichos, como eles apodrecendo em campa rasa, lembrados
por um jeito, um remoque, e pronto esquecidos.
Silhuetas apenas, desfilam no
contraluz, de espessura e aspecto têm o que lhes empresto na fantasia, e um
pouco do que guardei por ter ouvido, desde o começo a querer resgatá-los do
esquecimento.
A alguns deles nem sequer conheço, ou
sim, provavelmente são os que enterrei fundo no esquecimento, a vala comum dos
amores traídos, das amizades findas, das derrotas, das traições e ignomínias a
que o viver obriga, mesmo quando tem por norte a decência.
Espectros, pouco importa donde vêm, o que os traz
ou significam. Chegam em turbilhão, imagens a desenlear um emaranhado de
vivências sem lógica nem cronologia, mistura de retratos e histórias, frases
sussurradas por vozes estranhas, de longe a longe uma de tom familiar.
Deitada no chão, pariu-o a mãe em
manta de burel, lençol teve só o da mortalha, no esquife dos pobres em que o
levaram a enterrar. A vida inteira fez cama na manjedoura, dormindo sobre a
palha que depois atirava às burras, e elas, às patadas, ensopariam de bosta e
mijo.
Vestimenta de esmola, toda em
remendos. Chapéu de feltro, enrijado pelo sebo de anos. Botas já sem
cardas, ganhas faz muito com sete jeiras de monda e dez de vindima, o couro
duro a moer pés nus, tormento que findava quando calejavam.
Conchego de amor nunca teve, nem
conheceu mulher, de alegrias gozou as mais simples: o remanso da sombra na
canícula, um cibo de carne na festa, copinho de aguardente, naco de queijo,
talhada de melão.
O seu gólgota começa de madrugada, quando carrega nas burras os sacos de serapilheira, cheios do carvão de choça que a semana inteira andou a fazer.
O seu gólgota começa de madrugada, quando carrega nas burras os sacos de serapilheira, cheios do carvão de choça que a semana inteira andou a fazer.
Cortar lenha para a
"sepultura", cova funda de metro e meio, acender o lume, cuidar que
arda vagaroso, nem forte nem fraco, de modo que seja muita a brasa, pouca a cinza.
Reza se o céu escurece. Reza para que
o vento pare. Reza as graças quando as nuvens passam sem chuva. Olhos no alto.
Olhos na fogueira. Frio não sente, nem fome, nem sede, só pensa nas chamas,
esperançado de assim as domar.
Ao escurecer, com gestos de semeador,
atira-lhes punhados de terra, a que chegue para que não abafem logo e vão
morrendo aos poucos.
Padece e teme. Menino ainda, de nada
me serviria ouvir-lhe a fala, que por enquanto só tenho olhos, um começo de
entendimento, guardo sem saber que o faço, ou para que depois, quase todas as
palavras me são novidade.
Imagino. Repito. Volto a imaginar e
desfio, alargo, componho, misturo, sem consciência nem saber, colhendo vidas e
vozes, cheiros, cores, modos, desesperos.
É estar de fora, ser estranho, e ao
mesmo tempo viver em todos eles, misterioso fado que mais tarde me levará a
perguntar o sentido da vida, nunca apenas nossa, mas enredada nas que findaram,
as que estão, as que se escondem num futuro que talvez nunca chegue.
À noite, agachado no banquinho, corta
o centeio. Deita as fatias na água que já ferve, pitada de sal, fio de azeite,
quatro batatas. Uma cebola.
Vai-se-lhe o pensamento para a cova da
ladeira, onde as brasas devem ter esfriado.
O sono é morte súbita de que irá
ressuscitar à cantada do galo, logo em prece para que na fogueira apagada seja
muito o carvão.
O dia rompe quando avista a
"sepultura", e o palpite é bom. Reza agradecido. Bom é também o
carvão de brasas medianas, o que paga melhor, gastam-no as mulheres nos ferros
de passar, nas braseiras e nos fogareiros.
Seis sacas encheu, das que guardou do
adubo. Carga leve, três em cada besta, que fracas como andam, mal comidas, com
mais não aguentariam as doze léguas de ida-e-volta, e o tempo que vai perder
nas ruas da vila, pára aqui, pára além, batendo as aldrabas, chamando, rouco de
apregoar "Brasas! Quem quer brasas!" Às tantas só pergunta nas casas
onde costuma ter freguesia, a meio da tarde vendeu duas sacas, trinta mil réis.
Um mal-encarado diz que lhe compra uma se mear o preço. Responde que não pode,
e o homem vira-lhe as costas com um "Então guarda-as!"
Apiedada, a viúva deu-lhe uma tigela
de caldo e água para as bestas, mas brasas tem de sobra, que no estio pouco
gasta. Fora isso, a mercearia agora tem carvão de pedra, que dá bom calor e é
mais em conta.
Nunca ouviu falar, nem sabe o que
seja, carvão só conhece o que faz com lenha de carrasco, castanho, oliveira e
sobreiro. Mas não pergunta. Agradece o caldo, seja pelas almas de quem lá tem,
e ela diz, o Senhor te acompanhe.
Quando reparou no que tinha andado, já não se viam as casas nem ladravam os cães, o negrume viera de repente, mas de olhos fechados andaria o caminho que era o do seu único longe.
Quando reparou no que tinha andado, já não se viam as casas nem ladravam os cães, o negrume viera de repente, mas de olhos fechados andaria o caminho que era o do seu único longe.
Quebreira, um ardeúme no peito, a oura
a embaraçar-lhe o passo, queixoso de não haver por ali fio de água onde
acalmasse a sede, nem porta a que pudesse bater.
Quis sentar-se na borda do caminho,
mas a fraqueza pôde mais, e julgando que se endireitava rebolou, caiu de
bruços, num derradeiro esforço virou a cara, anojado do pó que se lhe colava à
boca. Foi esmorecendo, finou-se em paz, os que de madrugada o encontraram quase
tinham passado adiante, julgando que dormia.
Deve ter sido outro, o que trouxeram
atravessado na albarda de um jerico que mal aguentava o peso do morto e o do
homem que o segurava.
Do que estou certo é tê-lo visto no
esquife dos pobres, coberto por um lençol remendado na ourela. Lembro também
que as mulheres tinham ido à ladeira em busca de flores, para que ele não fosse
a enterrar sem ao menos um raminho.
* * *
Senhor Presidente da Câmara de Sintra,
Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, minhas senhoras, meus
senhores:
Lendo um texto que, ademais, nada tem
a ver com o motivo de estarmos aqui, é possível que fiquem com a ideia de ter
eu escolhido o caminho fácil, e me querer escasso em palavras de agradecimento.
Embora, como antes disse, me falte
experiência para situações destas, por outro lado pouca dificuldade teria em
alinhavar frases de solenidade e sentida gratidão. Pareceu-me, contudo, que se
vinha para receber, ficava melhor trazer-lhes algo, mesmo de pouca valia, do
que vir com as mãos a abanar.
Bem sei que, ao desviar-me do que
suponho ser habitual nestas cerimónias, corri o risco de os aborrecer e, ao
exceder-me no roubo de tempo, talvez mesmo de os afligir.
Se assim foi, espero que aceitem as
minhas desculpas, e acreditem na sinceridade com que agradeço o prémio que me
deram, e a atenção que me dispensaram.
Muito obrigado.
J. Rentes de Carvalho»
Livros
A
Década Furiosa
A
6 de Dezembro, na Galeria Por Amor à Arte no Porto, Beatriz Pacheco Pereira
lançou o seu mais recente livro de crónicas, coletânea de cerca de noventa
publicadas em diversos jornais entre 2003 e 2013, abordando aspetos sobre
aquela cidade e o Norte do país e temas culturais e educacionais, o qual,
segundo a autora, poderia chamar-se «Portugal Visto Daqui» e onde escreve sobre
«um país absolutamente desequilibrado com a hegemonia total da capital em todas
as áreas económicas e culturais, com um Porto cada vez mais pobre e fraco,
abandonado pelas empresas, bancos e governo central…».
Capela
de Santo António
Na
ocasião foi também lançada numa medalha comemorativa e um postal de Natal, com
a reprodução de um presépio barroco existente na referida capela, pretendendo a
associação que o livro seja o primeiro de uma série sobre as capelas do
concelho elaborada por historiadores profissionais.
Crime
de Canelas
No dia 21 de Dezembro foi apresentado no Solar Condes de Resende o último livro do nosso associado e membro do Gabinete de História, Arqueologia e Património, Francisco Barbosa da Costa, intitulado “Crime de Canelas – um crime que apaixonou o país”. Sobre o mesmo divulgou o seguinte texto:
«Ocorrido em 1930 e
julgado em 1932, este crime, que teve como cenário Canelas (Vila Nova de Gaia),
dadas as suas motivações, agentes, contornos e consequências, teve ampla e
diversificada repercussão nacional, veiculada por todos os jornais diários do
Porto e de Lisboa e de alguns regionais. Creio mesmo que se tivesse acontecido
agora abriria os telejornais. A ânsia de obtenção de lucros indevidos, a partir
de seguros elevados de uma casa, de carros e de animais, feitos junto de
companhias, fez congregar em quadrilha vários indivíduos sem escrúpulos que não
tiveram pejo em burlar, assassinar e matar, pelo fogo, um dos membros da
quadrilha que, à última hora, ameaçou os seus comparsas de denúncia. Este
trabalho foi desenvolvido a partir das notícias dos jornais, tendo o autor
sistematizado o texto caracterizando os seus diversos protagonistas, o contexto
internacional, nacional e local da época. Os jornalistas “autores” do trabalho
fizeram-no com grande qualidade e minúcia que muito facilitaram a
sistematização do autor. Desenvolve-se em vários capítulos, designadamente, o
prólogo, a inquirição, o julgamento, a sentença e o epílogo, depois do relato
de crimes semelhantes praticados pelo principal réu, em Mirandela. Há também a
circunstância de ter estado escondido na casa – cenário do crime – o alegado
assassino de Sidónio Pais. O trabalho é ilustrado com fotografias dos jornais,
dos criminosos, dos juízes, dos investigadores, das testemunhas, da casa e dos
carros incendiados» (FBC).
Na ocasião estiveram presentes, além
do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues e outros autarcas, muitos
confrades e associados dos ASCR - CQ, tendo na ocasião falado, além do
prefaciador, o coordenador do GHAP e diretor do Solar sobre a Imprensa como
fonte histórica, terminando o autor do livro, que explanou as razões que o
levaram a elaborar esta sua obra.
Cursos, palestras e lições
Lição de Musicologia
No passado dia 6 de Dezembro
proferia a sua Última Lição o Professor Doutor Mário Vieira de Carvalho,
Catedrático Jubilado do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, intitulada «Música,
teatro e impasses da esfera pública: um olhar sobre o século XVIII em
Portugal». O agora jubilado professor tem também publicada uma notável obra
sobre a Música e Eça de Queirós.
História Empresarial e Institucional
Prossegue no Solar Condes de Resende
aos sábados à tarde entre as 15 e as 17 horas, este curso organizado pela
Academia Eça de Queirós, tendo já apresentado as suas investigações sobre o
tema J. A. Gonçalves Guimarães, Silvestre Lacerda, Ana Cristina Correia de
Sousa e Nuno Resende. O primeiro voltará no dia 4 de Janeiro a dissertar sobre
“A História da Casa Ramos Pinto: Vinhos e Arte”, a que se segue, no dia 18 de
Janeiro, Laura Peixoto sobre “Indústrias de Cerâmica oitocentistas do Porto e
Gaia”.
Palestras do Solar
No próximo dia 23 de Janeiro,
quinta-feira, serão retomadas as palestras das quintas-feiras no Solar Condes
de Resende às 21,30, com entrada livre, sendo o primeiro palestrante José
Manuel Tedim, Professor da Universidade Portucalense, diretor da Academia Eça
de Queirós e presidente da direção dos Amigos do Solar Condes de Resende –
Confraria Queirosiana, que dissertará sobre o tema: «O pintor Felix Vallotton e
o Movimento Nabis».
Curso de Verão
No próximo mês de Julho, organizado pelo
CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço &
Memória» da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em colaboração com o
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e coordenado por Gaspar Martins
Pereira, decorrerá o I Curso de Verão sobre «O Vinho do Porto: Memória,
Identidade e Recursos», em que serão formadores, entre outros, para além do
coordenador, Amândio Barros, António Barros Cardoso, Carlos Brochado de Almeida
e J. A. Gonçalves Guimarães, que também costumam lecionar nos cursos do Solar,
e ainda Pedro Pereira, da equipa de arqueologia do Castelo de Crestuma do GHAP.
Para mais informações e inscrições, citcem@letras.up.pt ou gfec@letras.up.pt
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Eça & Outras,
IIIª. Série, n.º 64 – quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154
IBAN:
PT50001800005536505900154; email:queirosiana@gmail.com; www .queirosiana.pt;
confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras .blogspot .com;
vinhosdeeca.blogspot.com; academiaecadequeiros.blogspot.com; coordenação da
página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redação: Fátima Teixeira; inserção:
Amélia Cabral.
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