terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Eça & Outras, terça-feira, 25 de dezembro de 2018


Ano Europeu do Património Cultural: 2018 e depois

Vai longe o tempo quando em 1977 o Conselho da Europa publicou o livro Un avenir pour notre passé. Patrimoine Architectural Europeen, edição trilingue, com textos introdutórios de várias personalidades europeias, além da Carta Europeia do Património Arquitetónico e da Declaração de Amsterdam de 1975, no qual apareciam referidos sítios tão desconhecidos como Antalya ou Rolandseck, mas também Berlim, Istambul ou Veneza, além de vilas e cidades portuguesas, aí apontadas não tanto como exemplos a seguir, mas mais então como interrogações onde se punham em prática soluções consideradas adequadas a cada caso para preservar tão diversos testemunhos de memórias do passado, dar-lhes algumas novas capacidades para perdurarem no tempo e os edifícios e sítios aí apresentados estarem preparados para o usufruto dos cidadãos, então não apenas para os turistas, mas sobretudo para os residentes que os deveriam manter vivos. Ou seja, transformar a arquitetura histórica em património integral incluindo obviamente o património humano. Desde então não só muita água correu entre as margens do Sena, do Danúbio e de muitos outros rios da Europa, como o conceito de Património se foi consolidando como disciplina autónoma, já não lhe bastando apenas o exercício da arquitetura, não sendo já possível, sob risco de fraude, de dispensar a geologia e a arqueologia, a história científica e não a literária, as melhores propostas das engenharias, as mais recentes técnicas de restauro, e mesmo os estudos de psicologia de massas e os de gestão e marketing, não só para exponenciar a mais valia efetiva de cada elemento ou conjunto patrimonial, para o tornar rentável no sentido de uma possível autosustentabilidade, mas também para o defender da mistificação pseudocultural promovida por sociedades financeiras que, em detrimento da história e da exegese científica, às quais não chegam (nem querem chegar), preferem as mistificações a que chamam “cultura de massas”, trocando facilmente Carlos Magno pelo Rato Mickey e achando que são equivalentes, ou pespegando venezas e pirâmides egípcias onde desembarcam milhões de deambulantes apressados entre o avião e o autocarro, saboreando uma fast culture omnipresente, efemerizada em intermináveis imagens de telemóvel. Aqueles a que já em 1997, J. Rentes de Carvalho, num texto tão antológico quanto profético, designava como “A Praga”, dando como exemplo «os onze milhões de basbaques que anualmente passam as portas da catedral de Notre Dame em Paris… para ir ver e dizer que viram».
Como entretanto o fenómeno do Turismo também cresceu desmesuradamente, sendo hoje um dos mais marcantes eixos de desenvolvimento da sociedade atual, com os seus enormes ganhos para a economia, mas quase sempre esmurrando continuadamente a cultura e o próprio património, já em 2014 surgiu a ideia de interrogar estas realidades, depois formalizada pela Comissão Europeia em 2016 e, neste ano de 2018, no Ano Europeu do Património Cultural, evento que em Portugal teve elevada adesão, a par da Alemanha e da Irlanda. Mas se tal euforia contou com inúmeras visitas a rotas patrimoniais, encontros e congressos, exposições, oficinas, espetáculos, publicações, festivais, campanhas, animações, concursos, recriações, filmes, multimédia e performances, a investigação e a elaboração conceptual, necessariamente profissionais, demoradas e com linguagem própria, por dificilmente se articularem com os imediatismos das políticas atuais, foram obviamente marginalizadas nos programas elaborados pelas mais diversas entidades intervenientes.
Não se trata aqui de denegrir, ou sequer de minimizar, a importância deste projeto de inegável alcance, tão cultural quanto social, cujo interesse maior estará em «…combater a ignorância e a mediocridade através da compreensão donde vimos e para onde vamos», como escreveu Guilherme d’ Oliveira Martins, o seu coordenador nacional, na comunicação apresentada na Conferência Património Cultural – Desafios XXI realizada no passado dia 25 de novembro em Lisboa. Trata-se aqui tão somente, agora que este Ano Europeu do património se aproxima do fim, de começar  a exigir de nós próprios, como coordenador e interventor em ações que nele se quiseram enquadrar, e de outros em iguais circunstâncias, a necessária reflexão para assegurar que o mesmo valeu a pena e que as ações propostas e executadas não foram meros fogachos efémeros para cumprir programa e calendário, como cremos que o foram muitas das que apanharam a boleia do evento. E de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para «não deixar o património ao abandono, fazer inventários fiáveis e exaustivos, recorrer aos melhores especialistas para a sua preservação e estudo, mobilizar a sociedade civil e incentivar o interesse do público para os diversos domínios da vida cultural, artística, científica ou técnica», como também escreveu aquele autor no dia seguinte na revista Ipsilon, ao assinalar a atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2018 a Bettany Hughes, a historiadora da «leitura dinâmica das raízes, da História, do tempo, das culturas, dos encontros e desencontros, numa palavra: da complexidade». Sem história não há património e sem uma visão alargada da história europeia o património reduzir-se-á a localismos mais ou menos exóticos.
Importa pois agora, da vasta seara semeada, arrancar as ervas daninhas do efémero, do circunstancial e do oportunista, deixando que perdure a ação dos profissionais do património, porque, não tenhamos dúvidas, apesar da diversidade de conceções e opiniões existentes sobre esta disciplina académica, ele é um dos temas de maior consenso e que gera os maiores pretextos de convívio e amizade entre os povos. E por isso também ele tem os seus inimigos, que muitas vezes começam apenas por ser os seus banalizadores que o reduzem ao imediatismo de um quotidiano fatureiro. Mas o património é muito mais do que isso, sendo mesmo nos dias que correm a âncora secular e civilizacional da nossa eternidade possível.

J. A. Gonçalves Guimarães
mesário-mor da Confraria Queirosiana

Eventos passados

J. A. Gonçalves Guimarães; Dagoberto Carvalho J.or e José Manuel Tedim

No Capítulo da Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia, Portugal

Como iniciar este ‘canto’ de entrada ritual do XVI Capítulo Geral da Confraria Queirosiana, de Vila Nova de Gaia, sem transportar-me – ainda que em espírito e ele jamais esquecerá os pontificais católico-episcopais da quase tricentenária catedral diocesana de minha cidadela de Oeiras do Piauí, no Brasil; Oeiras do nascimento e da vida inteira – para uma daquelas solenes liturgias da velha Igreja Católica Apostólica Romana (ainda pré-conciliar); senão, ali, capitulares, tradicional-episcopais, em sua verdadeira essência. Igualmente protocolares, as duas experiências. A de ontem, para o aluno do velho Ginásio, mais diocesano que municipal; a de hoje por seu caráter ritualístico e a oportunidade de estarmos todos (ou em sua grande maioria), juntos, aqui, sob a inspiração tutelar de José Maria Eça de Queiroz.
Para chegar, acompanho-me da arqueóloga e historiadora Susana Cristina Gomes Gonçalves Guimarães que me autografou seu magnífico livro A Quinta da Costa em Canelas (Família, Patrimônio e Casa, 1766-1816) – com simpatia, como simpática, escreveu na dedicatória, no dia, mesmo, (13 de outubro de 2008), de minha primeira visita ao Solar Condes de Resende e ‘insigniação’ como ‘Grão Louvado da Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia’. Nunca mais esqueci suas boas lições, como não me perco no caminho de volta à Quinta e à Confraria, onde seu pai – nosso erudito, operoso e cavalheiro (em grande estilo, à moda das melhores tradições da ilustre Casa revisitada) – recebeu-me, suprema bondade de todos os confrades de número, como Grão Louvado. O que, de muito fiz para tanto merecê-lo, perguntarão os que de outra seara literária sejam; não, decerto, nosso Mesário-Mor escritor, historiador e patrimoniólogo (searas do saber em que, também, ouso trabalhar, em Pernambuco), J. A. Gonçalves Guimarães (a quem tanto fiquei e continuo a dever), mestre, mestríssimo em tudo que faz e escreve. E, mérito seu, maior e, igualmente, reconhecido, o de condutor e porta-estandarte da Confraria que nos une e, internacionalmente, representa. Sou-lhes – a todos – reconhecido.
Outras duas vezes estive em Canelas e na Confraria. Já, então, como um dos seus. Uma formalmente – em companhia de Ana Cristina e Fátima Carvalho –, noite festiva, com sessão solene, música e jantar, em que recebi réplica da ‘badine’ de Eça de Queiroz e apresentei novo livro. Outra, acompanhado por Cristina, petit comité, em tradicional restaurante gaiense, representada – a Confraria – por seu Mesário Mor J. A. Gonçalves Guimarães, Dra. Suzana Moncóvio e o casal Maria Carolina e Desembargador Antônio Alberto Calheiros Lobo.
Chego hoje, trazido, também, pela ‘Revista de Portugal’, velho e sugestivo título de publicação criada e dirigida – em Paris – pelo nosso patrono Eça de Queiroz, que circulou entre julho de 1889 e maio de 1892; não esquecido de que personagens seus Carlos Eduardo e João da Ega já a haviam concebido “como um aparelho de educação superior”, n’ Os Maias.
A ‘Revista’ tornou-se para mim (como, acredito, para os ecianos, todos, e seus leitores, como um todo) ‘ponto de encontro’ com a Confraria, garantido pelo Mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães. No meu caso, também, pelas notícias das visitas e passagens por Portugal e resenhas de livros novos, até que o n. 11, referente ao ano de 2014, reproduzisse – com destaque – a capa de meu De lembrança em lembrança – Eça de Queiroz e outras memórias. O n. 12, do ano seguinte, transcreveu-me, logo após o editorial, o artigo (de saudade) ‘Por quem os sinos dobram?’ – homenagem póstuma à Beatriz Berrini –, publicado, originalmente, no Diario de Pernambuco de 2 de novembro de 2015. E na seção ‘Bibliografia’ referente ao ano, notícia com foto colorida, da ‘receção a Dagoberto Carvalho J.or e embaixador Gelson Fonseca J.or. (cônsul do Brasil no Porto), no solar Condes de Resende’. No n. seguinte, 14, referente a 2017, veio o que se poderia chamar de ‘consagração’, com a publicação completa de ensaio meu, sobre Arte Sacra e Religiosidade: ‘São Gonçalo de Amarante, o Santo que não foi e é. Contribuição ao estudo de um devocionário’.
Não poderia continuar falando de ‘informativos’ da Confraria sem referir-me a esse outro veículo de comunicação e divulgação da causa que abraçamos e que nos garante espaço e ressonância na grande imprensa de nossos dias, ‘Eça & outras’, que nos mantem unidos – a 25 de cada mês (data do aniversário de EQ) – pela internet, transformada em vínculo intelectual entre o criador do segundo e definitivo Fradique Mendes e cada um de seus leitores e críticos de todas as latitudes.  Tempo que passa. Eça de Queiroz que fica!
No ‘Eça & outras’ relativo a 25 de junho último, referência para o meu texto ‘Noventa anos de A. Campos Matos’, um dos maiores ecianos/queirozianos da atualidade, não só portuguesa; também publicado, por intercessão de Gonçalves Guimarães, na revista ‘As Artes entre as Letras’, nos. 223/224, Porto, Portugal, de 25 de julho. No relativo ao mês de agosto deste 2018 quase a passar, texto meu sobre o Solar (queiroziano) de Aveiro, tão familiarmente ligado à infância do futuro grande escritor que ali passou parte da infância, com os avós Joaquim José de Queiroz e Almeida e D. Teodora Joaquina de Almeida.
No Recife, onde resido e de onde venho – deixada a Oeiras do nascimento, onde sou co-patrono de Confraria Eciana –, fui animador da santa causa literária e secretário e presidente, por doze anos, de sua Sociedade Eça de Queiroz; fundada em 1948 por Paulo Cavalcanti, autor do clássico Eça de Queiroz, agitador no Brasil e o jornalista e acadêmico (Academia Pernambucana de Letras) Silvino Lopes.
Disse de onde venho e a que venho ‘rezado’ o missal queiroziano, renovar o ‘ecianismo’ de nossas formações e, por que não confessar, de nossas próprias vocações literárias.

Vila Nova de Gaia, 24 de novembro de 2018
Dagoberto Carvalho Jr.

Eterno Eça em Exposição

Foi inaugurada a 29 de Novembro de 2018, na Fundação Calouste Gulbenkian, com a participação de várias instituições culturais e intervenções do Dr. Guilherme D` Oliveira Martins, Administrador da FCG, de Afonso de Eça de Queiroz Cabral, Presidente da Fundação Eça de Queiroz e da Prof. Doutora Isabel Pires de Lima, Comissária Científica e Curadora, uma exposição comemorativa dos 130 anos da publicação do romance “Os Maias”, esse literário monumento nacional. O título da exposição repousa numa carta, de 20 de Fevereiro de 1881,  endereçada por Eça a Ramalhão Ortigão, na qual comunica ao amigo que o romance estaria praticamente concluído e que prometia: “fazer não só um “romance”, mas um romance em que pusesse “tudo o que tenho no saco”. O cônsul Eça estava, então, em Bristol, tinha livros já publicados que lhe tinham construído o nome. E se o saco queirosiano é um poço profundo, a exposição é uma caixa de ressonâncias. A Comissária deliciou-nos com uma visita guiada de excelência. Esta é uma “visão panorâmica”, explica, não é uma empreitada documental: “É uma exposição para o grande público e fala sobre Os Maias-eixo central da mostra em diálogo com outras obras”. Sublinha-se, assim, o “particular e original realismo” de Eça.
Entra-se no “palco” e este transfigura-se num túnel onde se descobre uma constelação de ideias, de afectos, de artes várias. Patente entre 30 de Novembro de 2018 e 18 de Fevereiro de 2019, é organizada em 7 núcleos: 1888 - A  Vasta Máquina!,AprendizagensGuerra ao RomantismoNorma e DesejoOlhares CruzadosA Arte é tudoLugares.
Documentos, há-os, também: contos, crónicas, romances, muitas cartas que fizeram história, fotografias, pinturas, esculturas, caricaturas, música da época, excertos de filmes…
Eça é, também, um puzzle material, visual e sonoro. Ao som da banda sonora criada pelo musicólogo  Prof. Rui Vieira Nery e inspirada nas alusões musicais da obra do escritor (um loop com operetas francesa, vienense, música erudita portuguesa de raiz rural, danças de salão portuguesas, zarzuelas e ópera francesa) encontramos um acervo intimista - peças fundamentais do seu espólio pessoal - mostrado pela primeira vez no exterior da Casa de Tormes, lar da Fundação Eça de Queiroz, em Santa Cruz do Douro-Baião: a célebre cabaia, a escrivaninha de pé alto e banco onde o escritor trabalhava, o baú dos manuscritos e o tinteiro de latão, a mesa do célebre arroz de favas, a mesa dos espíritos de Eça, a cadeira de Jacinto (personagem de A Cidade e as Serras). Conta-se, assim, com peças originais vindas especialmente da ilustre Casa onde se acham guardadas e expostas.
Há inúmeras fotografias pessoais: de Eça vestido com a cambaia orientalista oferecida, pelo conde de Arnoso, e pose mandarinesca num retrato datado de 1893, ou de fato e bigodes cofiados ao lado dos cúmplices da época, os denominados Vencidos da Vida. Mas, também, o observamos em ambiente familiar: sentado e pensativo na sua sala de trabalho, à mesa com amigos ou com os filhos no jardim da casa de Neuilly, em França. Mas, igualmente, como, por exemplo, desenhos próprios (como Alta Síria traçada pelo seu punho na viagem datada de 1869), capas vintage de Os Maias, caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro ou de João Abel Manta, declinando o escritor como mestre marionetista das suas próprias personagens ou a célebre capa de As Farpas, com um demónio sentado em cima do título, letras de farrapos sinistros…
A exposição é uma galáxia de empatias e afinidades. Há, ainda, para ver excertos de filmes (como o primoroso Os Maias de João Botelho com cenários pintados por João Queiroz), ilustrações (saídas da mão de Bernardo Marques, Rui Campos Matos, Raquel Roque Gameiro…), esculturas e pinturas, como as obras de Paula Rego dedicadas ao romance O Crime do Padre Amaro O Mandarim visto por Júlio Pomar. E a palavra de Eça de Queirós? Está presente, para ser lida…  o desenho expositivo, da autoria do Atelier à Capucha (Raquel Pais e Maria João Ruivo) contempla 53 blocos de folhas A4 com excertos de textos diversos que se pode levar. Esta é uma oportunidade rara para o reencontro possível com o escritor no século XXI, em Lisboa. Em nome d' Os Maias - e do progresso? Eça regressa, portanto, à cidade!
            Da “serra bendita entre as serras”, na companhia, nomeadamente, do Prof. Doutor Eduardo Lourenço, do Dr. Paulo Castilho, do Dr. Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Baião, da Drª. Anabela Cardoso, vereadora da Cultura de Baião e directora executiva da Fundação Eça de Queiroz, e do signatário, em representação da Confraria Queirosiana, e de entre muitos outros ilustres queirosianos, o vinho verde de “Tormes”, “esperto e seivoso”, na expressão de Eça de Queiroz, adornou e obsequiou os ecianos presentes na sua inauguração.  Um verdadeiro e singular fim/início desta extraordinária festa e evento.

Manuel Nogueira

Cursos e palestras

Prosseguem no Solar Condes de Resende as aulas do curso livre sobre Música & Músicos. Aspetos do património Musical Português, organizado pela Academia Eça de Queirós. Assim, no passado dia 15 de dezembro J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre “Os músicos Napoleão”, numa sessão em que, para além das referências históricas e musicológicas a Alexandre Napoleão e seus filhos Artur, Aníbal e Alfredo, nascidos de mãe gaiense, foram apresentadas várias gravações incluindo o mais recente CD do pianista e musicólogo Daniel Cunha com obras de Alfredo Napoleão. As sessões prosseguem no dia 5 de janeiro com o tema “Cantar os Reis e o Património Cultural Imaterial em Portugal”, pelo Prof. Doutor Jorge Castro Ribeiro, e no dia 19 sobre “O Orpheon Portuense” pelo Prof. Doutor Henrique Luís Gomes de Araújo. No dia 26 ainda de janeiro o Prof. Doutor Mário Mateus falará sobre o “Conservatório Regional de Gaia – 30 anos ao serviço do Ensino e da Cultura”.

Apresentado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto como tese de doutoramento, entretanto editado pelas Edições Afrontamento, o livro Humberto Delgado no Portugal de Salazar, da autoria do Doutor Adrião Pereira da Cunha, será apresentado pelo autor no próximo dia 27 de dezembro, pelas 21,30 horas, nas habituais palestras das últimas quintas-feiras do mês do Solar Condes de Resende.

Livros


No passado dia 12 de dezembro no Museu da Misericórdia do Porto, em paralelo com uma visita guiada, foi lançada a obra de Nuno Resende, A Adoração dos Reis Magos de Vieira Lusitano (1699-1783). Para além do enquadramento cultural do tema e das qualidades estéticas deste quadro no conjunto da obra do insigne pintor português, o historiador apresenta uma nova abordagem sobre a sua vida e obra.


Há 20 anos a Porto Editora publicou a primeira edição de Diálogos com José Saramago, de Carlos Reis, resultado de uma entrevista durante três dias e ao longo de quatro sessões de trabalho em Lanzarote, em casa do escritor. Este livro apareceu agora no Brasil, com a chancela da Editora da Universidade Federal do Pará.
Coordenador do Congresso Internacional “José Saramago: 20 anos com o Prémio Nobel”, que decorreu em Coimbra em outubro passado, Carlos Reis escreveu na apresentação daquela primeira edição «…os Diálogos com José Saramago são do escritor, mais do que meus. A forma como lhe fui colocando as questões não expressa, contudo, uma pura e neutra indagação. Se intitulei o que o aqui fica como diálogos, foi porque procurei investir na questionação uma (ainda assim discreta) atitude de interpelação, por vezes até de interlocução argumentativa, em busca não de uma qualquer verdade que sempre nos escapa, mas, pelo menos, da clarificação de problemas que me parecem significativos: para o escritor, para os seus leitores e, em geral, para o conhecimento da escrita literária saramaguiana. Deste modo, os Diálogos com José Saramago revelam muito do seu pensamento estético e da sua forma de estar na vida, como escritor, mas também como cidadão. É isso que agora é de novo disponibilizado a leitores com diversa motivação: do leitor corrente dos romances de Saramago ao estudioso da sua obra, passando pelo professor que trabalha com os seus textos e pelo estudante que os lê. (Da Nota Prévia; Editora da Universidade Federal do Pará, 2018). 
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 124, terça-feira, 25 de dezembro de 2018; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Licínio Santos; colaboração Dagoberto Carvalho J.or e Manuel Nogueira.


segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Eça & Outras


domingo, 25 de novembro de 2018

Os humanos são dados às representações estéticas
       Um quadro a óleo, uma escultura, uma peça de cerâmica artística, são objetos inúteis, pois não só não têm qualquer uso prático destinado, como fazemos o possível por não os desgastar, mantendo-lhes um princípio de eternidade. E no entanto não os dispensamos do nosso quotidiano mais íntimo ou mais público. Enchemos museus e coleções com quadros, átrios e praças com estátuas e paredes e móveis com cerâmicas decorativas. E tal já é assim desde os primórdios da humanidade, quando às rochas se acrescentavam gravuras e pinturas, nos recintos tribais se colocavam menhires, e nas paredes exteriores da tigela quotidiana se desenhavam sulcos que nem tiravam nem punham qualquer acrescento ou sabor à pobre ração que ela guardava. É como se a natureza estivesse incompleta e lhe faltasse a marca humana, que ao longo dos tempos se foi enriquecendo com símbolos e significantes, até retratar a realidade, não como a superfície das águas quietas retrata o boi que bebe, mas acrescentando-lhe à mensagem da representação a emoção estética incomensurável, atributo esse que faz ora a sua eternidade, ora a sua efemeridade.
         Durante séculos essa transmissão organizou-se através de mestres, de oficinas e da escolha de materiais de qualidade capazes de perdurarem no tempo. Foi profissão e organização social de corporações que definiam os degraus de acesso ao seu exercício. Suscitou emulações e exclusividades. Beneficiou de evoluções tecnológicas, segredos e alquimias. Definiu estéticas e escolas. O saber preparar estuques, tábuas, telas, papéis, pigmentos, óleos e pincéis; o saber modelar a argila, o  passar ao gesso e deste ao molde que acolhia o bronze fundido, ou então o saber tirar da pedra a inútil brita que esconde a emoção dos relevos concebidos pelo escultor; o perpetuar na superfície da pasta cerâmica as figuras, os relevos ou as mensagens que o fogo tornará perenes, tudo isto era obra de artistas, os criadores que concebiam a obra e o seu resultado final, e também assim chamados os mecânicos que detinham o saber de fazerem com que a matéria se transformasse em mensagem.
         A partir do século XIX a produção artística democratizou-se e passou a estar ao alcance de todos os mortais, quer pela generalização da cultura e das possibilidades de aprendizagem fora da oficina e da academia, quer pelo embaratecimento dos materiais, dando origem ao aparecimento da produção dos amateurs, que arrumamos enciclopedicamente em dois grupos: os naïfs, que pintam o que lhes vai na mente adequando os materiais à sua própria estética, e os artistas livres, aqueles que, mesmo que tenham definido uma linguagem muito própria, procuram filiá-la na tradição histórica académica, quer a nível dos materiais que utilizam, quer a nível da filiação do seu conteúdo nas correntes estéticas pré-definidas. Escusado será dizer que estes amateurs convivem hoje no mesmo espaço social e artístico com os profissionais da Arte. Da perenidade das suas obras e do resultado do seu esforço pessoal em transmitir emoções plásticas aos presentes e aos vindouros, só o incontrolável Tempo o dirá. Mas também as vicissitudes do percurso de cada obra de Arte. E tudo isto sem esquecer que «na Arte, a indisciplina dos novos, a sua rebelde força de resistência às correntes da tradição, é indispensável para a revivescência da invenção e do poder criativo, e para a obra, o artista e o comprador (Eça de Queirós, prefácio a O Mistério da Estrada de Sintra).
         De tudo isto encontramos no Salon d’Automne queirosiano que reúne uma vez por ano as obras dos sócios da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, a partir do curso de pintura do Solar Condes de Resende dirigido pela Professora Pintora Paula Alves, mas também da produção profissional organizada nos ateliers pessoais, do exercício pictórico individual amador, da oportunidade de reabilitação de obras que ficaram perdidas no tempo. Quanto à sua valia, «as obras de arte devem falar por si mesmas, explicar-se por si mesmas, sem terem necessidade de pôr ao lado um cicerone (Eça de Queirós, Correspondência, carta prefácio a Luís Araújo, 15.06.1887). Mas em todas as obras produzidas ou apresentadas neste contexto existe uma vontade de procurar alguma eternidade possível para a obra, o artista e o comprador.

J. A. Gonçalves Guimarães
mesário-mor da Confraria Queirosiana

Brevemente

130 Anos de Os Maias
No próximo dia 28 de novembro, no Restaurante Pedagógico do Agrupamento de Escolas Leonardo Coimbra Filho do Porto, haverá um Almoço Queirosiano no qual estará presente J. A. Gonçalves Guimarães, mesário-mor da Confraria Queirosiana, que dissertará sobre os 130 anos da edição de Os Maias.
A 29 de novembro, pelas 18,30 horas abrirá na Galeria do Piso Inferior do Edifício Sede da Fundação Calouste Gulbenkian a exposição «Tudo o que tenho no saco. Eça e Os Maias», também alusiva aos 130 anos da publicação desta obra, de que é comissária científica e curadora Isabel Pires de Lima, estando presentes várias instituições culturais, nomeadamente a Confraria Queirosiana, que se fará representar pelo membro da direção Dr. Manuel Nogueira.
Também no dia 28 de novembro, pelas 18,30, no Auditório Eugénio de Andrade no Porto, a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, promove mais uma sessão do ciclo Foz Literária intitulada «Uma Guerra com Letras pelo meio» em que será conferencista José Augusto Maia Marques, apresentado por José Valle de Figueiredo.
No dia 29 de novembro, no Solar Condes de Resende, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês, pelas 21,30 horas J. A. Gonçalves Guimarães falara sobre «Atravessamentos do Rio Douro antes de haver pontes».
No dia 8 de dezembro, na Junta de Freguesia do Bonfim, Porto, haverá um debate sobre «Porto Património Mundial – cuidar dele e como?» em que serão palestrantes, entre outros, o arqueólogo António Manuel S. P. Silva e o biólogo Nuno Oliveira.

Eventos passados


Dagoberto Carvalho Júnior saúda o Capítulo em nome da Sociedade Eça de Queiroz do Recife, Brasil

Decorreu no dia de ontem, 24 de novembro, o 16.º capítulo anual da Confraria Queirosiana no Solar Condes de Resende comemorativo do 173º aniversário de Eça de Queirós e dos 130 anos da 1.ª edição de Os Maias. As festividades iniciaram-se pelas 18 horas no salão nobre com a mesa constituída por Jose Manuel Tedim, presidente da direção, César Oliveira presidente da mesa da assembleia geral, Dagoberto Carvalho Júnior, da Sociedade Eça de Queiroz do Recife, Brasil, Luís Brás, em representação da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas e J. A. Gonçalves Guimarães, mesário-mor da confraria. A sessão foi abrilhantada pela Escola de Música de Perosinho através dos violoncelistas João Costa e Carolina Costa e da violinista Inês Marques que executaram obras de Bach e Paganini. No discurso de abertura o presidente da direção referiu as atividades da confraria em 2018 e as perspetivas para 2019 e apresentou a edição do livro Património Humano. Personalidades Gaienses, editado pelo seu Gabinete de História, Arqueologia e Património com o Patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia; seguidamente César Oliveira apresentou as instituições presentes e Luís Brás referiu-se à importância das confrarias na promoção da Gastronomia Portuguesa, enquanto Dagoberto Carvalho Júnior falou sobre o abraço entre Portugal e o Brasil que sempre acontece em volta da obra de Eça de Queirós. Seguidamente Luís Manuel de Araújo, diretor da Revista de Portugal, nova série, apresentou o seu número 15 (ver abaixo) e o Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa a exposição Ephemera da mesa: menus e outros documentos em Portugal e na Europa 1850 – 2018, patente nas salas contíguas e que foi mostrada ao público presente no final da sessão.
         Seguiu-se a insigniação dos novos confrades de honra e de número: Dr. Amadeu António Ribeiro Pêgas, advogado e membro do concelho fiscal da Fundação Eça de Queiroz, no grau de leitor; Prof. Doutor António Barros Cardos, professor universitário e presidente da APHVIN/GEHVID, louvado; Eng.º Manuel Hipólito Almeida dos Santos, engenheiro e administrador da Cerâmica do Douro; Dr. Fernando Rui Morais Soares, economista e Eng.ª Paula Cristina Martins Carvalhal, engenheira e vereadora do Pelouro da Cultura da autarquia gaiense, todos no grau de mecenas. Depois da habitual colocação de uma coroa de louros na estátua de Eça de Queirós existente no Jardim das Camélias pelos insigniados, seguiu-se o jantar queirosiano, com a atuação do grupo cantante Eça Bem Dito, que entoou canções napolitanas da Belle Èpoque, e da Academia de Dança Gente Gira abriu o Baile das Camélias.

 Palestras, conferências e cursos
No passado dia 7 de novembro decorreu no anfiteatro nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto um colóquio internacional e interdisciplinar intitulado «Poética das Lágrimas. Textos e contextos femininos (teoria e prática)», organizado pelo CITCEM e outras instituições onde, entre outros palestrantes, falou o médico psicanalista e ensaísta Jaime Milheiro sobre «Misteriosidade. Ocultação e Lágrimas».
No dia 8, no Museu Arqueológico do Carmo em Lisboa e promovida pela comissão de Arqueologia profissional da Associação dos Arqueólogos Portugueses, o arqueólogo António Manuel S. P. Silva proferiu uma conferência sobre «Deontologia profissional, associativismo, investigação e gestão do Património – Que Arqueologia neste século XXI?»  
No dia 9, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, o historiador Francisco Barbosa da Costa realizou uma palestra sobre História de Gaia, numa sessão promovida pelo Lions Club local.
         No dia 16 decorreu no Arquivo Municipal de Gaia um encontro sobre «Grande Guerra e participação portuguesa: repercussões», o qual foi aberto pelo presidente da câmara Prof. Doutor Eduardo Vítor Rodrigues, a que se seguiu a comunicação de Jorge Fernandes Alves sobre «A participação de Portugal na Grande Guerra: a escalada através dos documentos oficiais», seguida, entre outras, pela de J. A. Gonçalves Guimarães sobre «A “ Escola de Escultura de Gaia” e os Monumentos aos Mortos da Grande Guerra (1914 – 1918) em Portugal, França e Angola», sendo o encontro encerrado pelo vereador Dr. Manuel Monteiro.
         Nos dias 16 e 17 de novembro decorreu na Escola Sá de Miranda em Braga um encontro organizado pelo CITCEM e outras entidades sobre «Preservar a Memória (i)material da Escola», onde foram palestrantes, entre outros, Eva Baptista e José António Martin Moreno Afonso.
         No dia 17, no Solar Condes de Resende prosseguiu o curso livre “Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português”, com uma aula sobre «Música e ritual nas cerimónias fúnebres luso-brasileiras – séculos XVIII e XIX” pelo Prof. Doutor Rodrigo Teodoro.
         Nos dias 19 a 23 decorreu na Escola Secundária Eça de Queirós, Olivais, Lisboa, o IV Colóquio Internacional Luso-Brasileiro, Lusofonia: Realidade(s), Mito(s) e Utopia(s) e o XXIV Colóquio Eça de Queiroz/ Telheiras, onde foram palestrantes, entre outros, Alfredo Campos Matos, com uma «Apresentação da primeira versão francesa da biografia de Eça, na Gulbenkian de Paris com o título “Vie et Oeuvre d' Eça de Queiroz”»; Fernando Andrade Lemos e outros, sobre «A “Vessica Piscis” na igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu – Telheiras»; Luís Manuel de Araújo sobre «A Coleção Egípcia do Museu Nacional do Rio de Janeiro» e César Veloso sobre «Um, para mim, estranho silêncio de Eça de Queirós».

Prémio Direitos Humanos 2018
         O júri do Prémio Direitos Humanos 2018, da Assembleia da República, constituído no âmbito da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, deliberou por unanimidade propor a atribuição do Prémio Direitos Humanos 2018, à Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos, de que é presidente da direção o Eng. Manuel Hipólito Almeida dos Santos,       pela sua atuação junto da população detida, designadamente através de visitas a estabelecimentos prisionais, do apoio a reclusos e suas famílias, contribuindo dessa forma para a humanização do sistema prisional e a reinserção dos cooptados por este sistema de privação da liberdade.
  
Revistas e Livros

No Capítulo da Confraria Queirosiana foi apresentado pelo seu diretor, Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, o número 15 da nova série da Revista de Portugal, com 96 páginas, cuja capa apresenta o busto do J. Rentes de Carvalho recentemente inaugurado no Solar Condes de Resende e da autoria de Hélder de Carvalho, sendo o número dedicado aos 50 anos da vida literária do escritor. No conteúdo, vários artigos de afetos, o editorial lembra os 130 anos da edição de Os Maias, a memória do comendador Fernando Fernandes, recentemente falecido, um artigo de J. Rentes de Carvalho sobre o falecimento de Fernando Peixoto há 10 anos, um artigo sobre «O regresso a casa» de J. Rentes de Carvalho e o seu espólio depositado no Solar Condes de Resende por J. A. Gonçalves Guimarães, uma notícia sobre a obra artística de Hélder de Carvalho, que, além do busto da capa e de um outro no interior teve honras de contra-capa com a estátua de Abel Salazar no Porto; segue-se um artigo de Felicidade Ferreira sobre «O Colégio da Lapa e a educação dos filhos da burguesia portuense do século XIX: o caso da família de Tomás António de Araújo Lobo»; uma notícia de Jorge Campos Henriques sobre «Eça de Queiroz e Aveiro – “O Solar dos Queiroses”: um triste fim»; de Susana Moncóvio «Anatomia de um caso: o retrato de homem com boina vermelha da Casa-Museu Egas Moniz» sobre uma errada identificação de um pseudo-retrato do escritor; de José Pereira da Graça «O processo do Colmeal (da Marofa): história, realidade, comentários e mitos», o desmontar de uma mentira construída no pós-25 de abril que até teve “honras” de filme televisivo; segue-se a bibliografia produzida em 2017 pelos sócios e confrades da Confraria Queirosiana e o Relatório de Atividades e resumo das contas desse mesmo ano.


Sobre os 25 anos de atividade da Associação dos Amigos de Pereiros, S. João da Pesqueira, e os projetos desenvolvidos durante este quarto de século, alguns deles em colaboração com a ASCR-Confraria Queirosiana, A. Silva Fernandes publicou recentemente esta elucidativa brochura.

Foi publicado o número 12 da revista Terras de Antuã Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja, propriedade da Câmara Municipal, o qual apresenta os artigos de António Manuel Silva e outros sobre «Trabalhos Arqueológicos no Castro de Salreu, breve crónica da intervenção de 2018», e de Susana Moncóvio sobre «Uma obra do pintor Francisco Pinto Costa (1826-1869) na Casa Museu Egas Moniz, para além de outros temas locais.
Revista de inegável interesse que transcende o meio local, só é pena que, como muitas outras que nos vão chegando, seja de cansativa leitura por motivos meramente técnicos: artigos com um corpo de letra muito pequeno e impressa a “preto clarinho”, o que rapidamente cansa a vista a quem a quer ler.

O crime do Padre Amaro
A Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) acaba de lançar uma nova edição de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, a qual inclui uma análise textual concebida pelos professores do seu Instituto de Letras, Eduardo da Cruz e Sérgio Nazar David, que utilizaram os  parâmetros adotados pela edição critica preparada pelos especialistas Carlos Reis e Maria do Rosário Cunha, publicada em 2000, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Um Capítulo Queirosiano

Numa tarde bem fria e muito molhada
Num “cavalo” preto a Canelas rumamos
Convidados pela Confraria a Eça dedicada
Ao Solar Condes de Resende entramos
E a uma sala com lareira do Solar subimos
E logo, uma calorosa recepção sentimos

A abertura do XVI Capítulo 2018 chegou
Num nobre salão com história decorado
Muito do imortal Eça de Queirós se falou
Sobre as memórias nesta casa recordado
Enquanto a música enchiam os corações
Pelos ilustres se procedia às insigniações

Na calma e cheiro a bucho bem aparado
Com frouxa luz as camélias enxergamos
Num banco o Eça no seu modo sentado
Com a coroa, o Patrono homenageamos
Para esta chama viva ao Eça com história
À digna e prestigiada Confraria, sua vitória

Também o Eça a gastronomia enaltecia
E numa mesa a preceito, jus a Eça se fez
Era assim que nesta casa de Eça se fazia

Não só por terras de Vera Cruz Eça está
Como também pelo mundo Eça se alonga
Sopa do Vidreiro, Queirosianos recordará

Martingança, 25.11.2018
Confrade Octávio Rodrigues
(gran-escriba da Confraria da Sopa do Vidreiro)
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 123, domingo 25 de novembro de 2018; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Confraria da Sopa do Vidreiro, Octávio Rodrigues.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Eça & Outras, quinta-feira, 25 de outubro de 2018



Não somos as nossas doenças

Recentemente o meu amigo Jaime Milheiro, ilustre médico psiquiatra e psicanalista pensador sobre as orfandades humanas, publicou um artigo na Revista da Ordem dos Médicos intitulado «Não precisamos de doença para morrer» onde, com a sua habitual clareza e sagacidade, enumera as três razões para cairmos na situação clínica e social de se “estar doente”: «Agressões externas…; Agressões internas…; Doenças propriamente ditas…». Vale a pena ler e refletir sobre este texto e os que se lhe seguirão. Acontece que quando me chegou às mãos tinha eu alinhavado este outro devido ao facto de recentemente ter sido dado como curado de uma doença. Não sendo eu médico, as minhas reflexões partem de um ponto de vista mais antropológico e da história social, mas confirmam completamente aquela sua asserção: doença e morte não são necessariamente sinónimas, bastando para tal lembrar a quantidade de pessoas saudáveis que morrem nas guerras ou nos desastres rodoviários. Creio que adoecemos porque: 1 – herdamos dos nossos antepassados aleijões genéticos para tal; 2 – ao longo da vida praticamos ou deparámo-nos com insuficiências e excessos (alimentares, comportamentais, conceptuais) que nos afastam dum inexistente equilíbrio biológico, fundamental para a sobrevivência; 3 – sofremos agressões físicas e culturais do meio em que vivemos, desde o clima, poluições várias, inadequado manuseio de máquinas e produtos artificiais, lutas com outros humanos, animais ou forças da natureza, exercício de práticas sociais violentas ou mutiladoras do físico ou da mente, e consequências do excesso de ocupação da paisagem pela civilização (os acidentes automóveis, por exemplo). Tendo cada um de nós à nascença uma muito pré-determinada esperança finita de vida, tudo aquilo que é doença (perda de autonomia do corpo ou da mente), pode afastar-nos da condição de cidadãos “normais” vivendo sossegadamente num determinado espaço e tempo, transformando-nos em doentes, seres dependentes do sistema de assistência controlado pelas indústrias, comércios e serviços farmacêuticos e de cuidados médicos, e também do Serviço Nacional de Saúde, cada um certamente com objetivos diferentes, mas convergentes na prática.
Ora a vida de um cidadão não pode nem deve reduzir-se às suas inevitáveis doenças, sob risco da sua existência não servir para grande coisa, nem para si próprio nem para os outros. Se quanto às heranças genéticas pouco podemos fazer, a não ser ter esperança na evolução das ciências médicas, mas controlando as suas inevitáveis perversidades, no que diz respeito às nossas enfermidades provocadas pelas insuficiências e pelos excessos, convém não esquecer que muitas delas são insidiosamente provocadas pela sociedade em que vivemos, mesmo pelas práticas culturais dos nossos grupos de conforto (família, “tribo”, clubes vários), ou por nós próprios, muitas vezes tendo consciência de tal, outras vezes nem por isso. Nem valerá a pena lembrarmos as doenças provocadas pelo tabagismo, alcoolismo, consumo exagerado de carne, fast food, bebidas açucaradas, cosméticos e produtos químicos, drogas legais e ilegais ou práticas sociais alucinatórias. Tentemos evitá-las (o que não é fácil) e, quando se revelam, descartá-las o mais rapidamente possível, o que implica, quantas vezes, o “mudar de vida” e de grupo social. O transformarmo-nos em consumidores compulsivos de cuidados médicos desnecessários é o mesmo que passarmos a ser uma espécie de drogados que, se bem que legais, têm os mesmos problemas de qualquer outro toxicodependente: não conseguiremos dispensar a “dose” nem as salas de “chuto” (clínicas, hospitais, centros de saúde…) para manter a vida no padrão que a sociedade nos impõe. Quanto às doenças que aparecem ou persistem após os traumatismos provocados por acidentes, tentemos não ser atropelados para os evitar. Mas ele há azares na vida.
Eça de Queirós sempre se queixou de problemas intestinais. Morreu doente relativamente novo, aos cinquenta e cinco anos, tendo buscado na ciência médica até ao fim uma panaceia para os seus males. Mas ele e a sua doença não coabitavam: «O primeiro dever do homem é viver. E para isso é necessário ser são, e ser forte. Toda a educação sensata consiste nisto: criar a saúde, a força e os seus hábitos, desenvolver exclusivamente o animal, armá-lo duma grande superioridade física. Tal qual como se não tivesse alma. A alma vem depois... A alma é outro luxo. É um luxo de gente grande...», escreveu em Os Maias. Tinha bem a noção de que “uma fraca alma faz fraco o forte corpo”. Por isso também escreveu: «adoro a Vida - de que são igualmente expressões uma rosa e uma chaga, uma constelação e (com horror o confesso) o conselheiro Acácio. Adoro a Vida e portanto tudo adoro - porque tudo é viver, mesmo morrer. Um cadáver rígido no seu esquife vive tanto como urna águia batendo furiosamente o voo. E a minha religião está toda no credo de Atanásio, com uma pequena variante: - Creio na Vida todo-poderosa, criadora do Céu e da Terra... » (A Correspondência de Fradique Mendes), mesmo sabendo que a vida é curta e que também a ele se aplicou «o conhecido verso de Malherbe sobre a rápida vida das rosas - que viveu o que vive um foguete, o espaço dum estalo e dum clarão» (O Conde de Abranhos).
Resta-me dizer-vos que, cá por mim, não tenciono aceitar as minhas doenças como condicionantes obsessivas da minha existência a prazo. Faço o possível por colocá-las no conveniente estendal da existência, lavando-as, secando-as e passando-as a ferro conforme as necessidades de continuarem a ser compatíveis com tudo o resto que me possa fazer feliz. Tento que para mim os serviços de saúde sejam uma boa lavandaria das mazelas do corpo, mas não os quero transformar nos meus templos de Orfeu.

J. A. Gonçalves Guimarães
mesário-mor da Confraria Queirosiana

Eventos a decorrer ou a acontecer

Curso sobre Património Musical


No próximo sábado, dia 27 de outubro, terá lugar no Solar Condes de Resende pelas 15 horas a abertura do novo curso livre para o ano letivo 2018/2019, sobre “Música & Músicos. Aspetos do Património Musical Português”. Como habitualmente, no início da sessão serão chamados os professores e alunos do curso anterior sobre o Património Cultural de Gaia para a entrega dos certificados de frequência e dos CD com a documentação do mesmo. A sessão será presidida pelo Prof. Doutor Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gala, que após este ato, como sociólogo e professor, dará a aula de abertura do curso subordinada ao tema “Sociologia da Música”. Estarão igualmente presentes o Prof. Doutor José Manuel Tedim, presidente da ASCR-CQ e diretor da Academia Eça de Queirós e J. A. Gonçalves Guimarães diretor do Solar e coordenador dos cursos. Esta sessão é de entrada livre; a frequência das restantes sessões do novo curso implica inscrição prévia.

O Trabalho do Historiador


Nesta semana de 22 a 26 de outubro a Editorial Caminho está a promover na Livraria Buchholz em Lisboa uma homenagem a António Borges Coelho nos seus 90 anos, através de um ciclo de palestras intitulado «O Trabalho do Historiador». São conferencistas: Cláudio Torres, diretor do Campo Arqueológico de Mértola; Silvestre Lacerda, diretor da Torre do Tombo; Vítor Serrão, diretor do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Manuel Loff, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Hermenegildo Fernandes, diretor do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A entrada é livre.

150 anos do Torne

Prolongando no tempo as comemorações dos 150 anos da Igreja e Escola do Torne, Vila Nova de Gaia, decorre hoje, dia 25 de outubro pelas 21,30 horas no Solar Condes de Resende uma palestra sobre o tema “Os 150 anos do Torne: uma evocação histórica”, pelo historiador António Manuel S. P. Silva.
O encerramento oficial desta evocação decorreu no passado dia 20 de outubro e constou de um momento devocional na Igreja de S. João Evangelista, seguido do descerramento de uma lápide na fachada do edifício da primitiva capela-escola fundada pelo industrial Diogo Cassels em 1868, a que se seguiu um almoço de confraternização entre antigos e atuais dirigentes e membros desta comunidade da Igreja Lusitana e dos seus organismos sociais de educação e assistência, tendo estado presentes autoridades civis (Câmara Municipal) e religiosas (Diocese do Porto, igrejas paroquiais de Santa Marinha, Mafamude e capelania da Serra do Pilar da Igrejas Católica, paróquias do Prado e do Candal da Igreja Lusitana e Igreja Metodista do Porto), bem assim como outras instituições, e também cidadãos sem filiação religiosa que frequentaram as suas escolas e onde, no espírito do fundador, nunca foi feita qualquer descriminação religiosa ou social.
Seguiu-se uma sessão de encerramento no auditório do Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, onde foi apresentada por D. Fernando da Luz Soares, bispo emérito daquela igreja, a reedição do livro A Reforma em Portugal, da autoria de Diogo Cassels, pela primeira vez publicado em 1908, complementada com uma visita à exposição “Torne um lugar na história” ali patente, guiada pelo seu curador, o acima referido, historiador António Manuel S. P. Silva, que é também o autor do respetivo catálogo-guia, um muito bem ilustrado e documentado volume de 90 páginas que aborda todos os aspetos desta instituição ao longo deste século e meio.
Entretanto o antigo aluno da instituição, Doutor Joaquim Armindo Pinto de Almeida, diácono da Igreja Católica, ofereceu à associação dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana o seu arquivo pessoal com documentos do auto-organizado grupo dos Jovens do Torne, que na segunda metade dos anos sessenta e na primeira dos anos setenta reunia no já demolido Salão Paroquial, para debater as grandes questões da época, tais como o movimento Maio 68, a Guerra Colonial, Guerra do Vietnam, movimento ecuménico; democratização da sociedade; acesso ao ensino, libertação da mulher e outros, organizando aí programas culturais e de intervenção cívica.

Salon d’ Automne Queirosiano 2018
No próximo dia 10 de novembro, logo após a aula do curso livre “Música & Músicos: aspetos do Património Musical Português” que decorrerá no Solar Condes de Resende, lecionada pela Prof.ª Doutora Elisa Lessa da Universidade do Minho sobre “Os órgãos ibéricos: instrumentos, textos e contextos no noroeste português”, pelas 17,30 abrirá ao público a 13.ª edição do Salon d’ Automne Queirosiano 2018, que apresentará trabalhos artísticos dos sócios dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, constituídos por pinturas, desenhos, cerâmicas e esculturas de amadores e profissionais, nomeadamente os trabalhos dos alunos do curso de Pintura que ali funciona dirigido pela Professora Pintora Paula Alves. A exposição estará patente ao público até ao final do ano.

Feira de S. Martinho
No dia 11 de novembro, também no Solar Condes de Resende será celebrada a tradicional festividade outonal da Feira de S. Martinho. Para além dos vendedores de diversos produtos tradicionais e artesanato, nomeadamente da região duriense (Pereiros, S. João da Pesqueira), atuará o grupo cantante Eça Bem Dito com canções tradicionais italianas do século XIX e outras canções populares portuguesas.

III Encontro do Grupo Eça

Nos dias 26 e 27 de novembro decorrerá na Fundação Eça de Queiroz em Baião o IIIº Encontro do Grupo Eça, organizado por este grupo representado pelo Professor Doutor Carlos Reis, da Universidade de Coimbra, e pela instituição anfitriã, e ainda pelas universidades de São Paulo e Federal do Ceará e o Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, subordinado ao tema «O Mandarim, A Relíquia e as suas fricções». Será conferencista, entre outros, Isabel Pires de Lima, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que falará sobre «”Tudo o que tenho no saco…” – Eça e Os Maias», o título da exposição a inaugurar no dia 29 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, constituída por sete núcleos temáticos. Destinada ao universo do público queirosiano, a exposição terá nos estudantes do ensino secundário um dos seus público-alvo, que aí poderão confrontar este «romance charneira» do escritor com a sua biografia, iconografia e geografias física e ficcional. Privilegiando as imagens da vastíssima iconografia eciana, quer da contemporânea do escritor quer da posterior, incluindo o cinema, serão igualmente apresentados alguns documentos originais relevantes tratados de maneira a proporcionarem um frutuoso diálogo com os visitantes.

Eventos passados

Convenção Brasil-Portugal
No passado dia 15 de outubro decorreu no auditório da Associação Empresarial Portuense a Convenção Brasil-Portugal “Acelerando Oportunidades de Negócios”, organizada pelo Group Your Job, Our Work, pelo Grupo Gestão RH e apoiada por várias empresas, entre elas a Urbiface, de que é gestor o Dr. António Pinto Bernardo.

Federação das Confrarias Gastronómicas
No dia 12 de outubro decorreu na sede da Confraria Nabos e Companhia em Carapelhos, Mira, uma assembleia geral destas associações filiadas na Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas com um único ponto na ordem de trabalhos: decidir sobre a possibilidade de os atuais corpos gerentes poderem recandidatar-se a um terceiro mandato nas próximas eleições. Tendo muitas delas estado presentes, a proposta dos atuais órgãos sociais foi aprovada por larga maioria, tendo havido apenas um voto em branco. De seguida, na simpática sede da confraria anfitriã, decorreu um jantar onde foram apresentados os saborosos produtos locais, de entre os quais polvo ensalsado, peixinho da praia frito, sopa de nabiças, sardinha na telha e rojões com grelos, tudo de excelente qualidade e primorosamente confecionado pelos confrades locais. A Confraria Queirosiana esteve representada por Susana Móncóvio e J. A. Gonçalves Guimarães.

Visita guiada
No dia 6 de outubro, para os sócios da Associação Cultural Amigos de Gaia, o historiador da Arte e presidente da direção dos ASCR – Confraria Queirosiana, Prof. Doutor José Manuel Tedim, conduziu uma visita guiada à igreja de Vilar do Paraíso, cuja capela-mor, de notável interesse artístico, era a capela particular do solar dos Camelos, aí se encontrando o panteão dos membros desta família gaiense que se ligou, por casamento, a D. João de Castro, vice-rei da Índia e a Tomé da Costa, morgado da Casa de Canelas, depois Solar Condes de Resende.

Livros

Lançamento do 1.º volume do PACUG


No passado dia 5 de outubro, no salão nobre dos Paços do Concelho de Vila Nova de Gaia, decorreu a sessão de lançamento do 1.º volume do Património Cultural de Gaia, intitulado Património Humano. Personalidades Gaienses, projeto patrocinado pela Câmara Municipal e em execução pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património da Confraria Queirosiana. A mesa foi presidida pelo presidente da edilidade, Prof. Doutor Eduardo Vítor Rodrigues, que na ocasião falou sobre as grandes metas orçamentais para o desenvolvimento do concelho e em particular dos projetos culturais. Estava ladeado pelo coordenador-geral do projeto, J. A. Gonçalves Guimarães, que dissertou em volta do conceito de Património e das ambições deste projeto, e pelo Professor Doutor Gonçalo Vasconcelos e Sousa, coordenador do volume, que falou sobre as suas caraterísticas e os critérios de seleção das biografias apresentadas. Também presentes os coordenadores de volume António Manuel S. P. Silva, José Manuel Tedim, Nuno Resende e Teresa Soeiro, e os autores deste volume, António Conde. António Lima, Eva Baptista, José Augusto Sottomayor-Pizarro, Laura Sousa, Licínio Santos, Maria de Fátima Teixeira, Paula Leite Santos, Paulo Costa, Susana Guimarães, Susana Moncóvio e Virgília Braga da Cruz, o quem o presidente entregou um exemplar e agradeceu a colaboração neste projeto. Para além desta cuidada edição está prevista uma outra destinada ao mercado livreiro.

Tongobriga
           
Nesse mesmo dia feriado foi lançado na Casa das Artes no Porto, ao mesmo tempo que um vídeo-filme, o livro “guia arqueológico visual” intitulado Tongobriga, o espírito do lugar, da autoria de António Manuel de Carvalho Lima e Joan Menchon i Bes e editado pela Direção Regional de Cultura do Norte e pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses. Destinado a ser o companheiro confidente de uma demorada visita às ruínas romanas do Freixo, apresenta este povoado, não apenas de forma descritiva mas também fotográfica e reconstrutiva, através da sobreposição de transparências impressas a cores, dando uma panorâmica desde as suas origens, através da descrição da vida dos seus habitantes, dos seus principais edifícios e das transformações ocorridas ao longo dos últimos dois mil anos, não apenas numa perspetiva local, mas também regional, peninsular e europeia.


Lamego

Com o título «Um Rico Pano. Antologia de Verso, Prosa e Imagem de Lamego», Nuno Resende apresenta-nos uma viagem à antiga cidade da Beira Douro, desde o século XVI até ao século XX, através do testemunhos de autores do passado e dos nossos dias, de tal modo que o teve para tal de obter os direitos sobre textos cujos autores ainda estão vivos, ou junto dos herdeiros daqueles que, tendo já falecido, os seus escritos estão protegidos por lei, coisa rara entre nós, pois a roubalheira intelectual é tida como “normal”. Dessa obrigação nos dá conta e tal escreveu a páginas 53 para quem quiser aprender como se faz. Na introdução apresenta fichas biográficas e bibliográficas, ativa e passiva, de todos os autores chamados à tessitura deste pano, a que se seguem as descrições e recordações sobre esta terra antiga, nobre, hoje farta de vinhas e outrora de cereais, presuntos e castanha, hospitaleira, tribal, joia de granito, ouros e bordaduras de finezas sem igual. Uma seleção de raras imagens, fotografias, postais, estampas, rematam esta preciosa edição destinada a demorados passeios nas suas páginas.

Gaia 2013 – 2018

No passado dia 18 de Outubro foi lançado no Auditório Municipal de Gaia o livro Gaia: Desenvolvimento Sustentável. Cidade Inteligente 2013 – 2018, editado pela Câmara Municipal, e que disponibiliza em forma de livro, numa versão mais compacta e atualizada numa perspetiva de balanço e prospetiva, o Relatório das Atividades e das Contas do ciclo iniciado em 2013, ilustrado com gráficos e mapas demonstrativos do exercício e dos resultados alcançados. Apresentado por Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da edilidade, dele consta o seguinte: «9.32. Em parceria com a Confraria Queirosiana e inúmeros investigadores de renome, a câmara avançou para a criação do roteiro do Património Cultural de Vila Nova de Gaia (PACUG), uma obra em 10 volumes que tenciona marcar a identidade histórica de Gaia» (p. 72/73). Esta apresentação foi complementada com um concerto de Jorge Palma.

Dicionário de Estudos Narrativos


No próximo dia 13 de novembro decorrerá na Universidade Estadual do Rio de Janeiro a apresentação e lançamento do Dicionário de Estudos Narrativos da autoria de Carlos Reis, professor da Universidade de Coimbra, recentemente editado pela editora Almedina, com a presença do autor que será apresentado por Roberto Acizelo, docente daquela universidade.
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 122, quinta-feira, 25 de outubro de 2018; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.