segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Eça & Outras

O Livro dos Mortos do Antigo Egito

Para este ano de 2024 está prevista a edição monumental do livro Rumo à Eternidade - o Livro dos Mortos do Antigo Egito, muito a propósito dedicado «a todos os que tendo sofrido a angustiante fase da pandemia não sobreviveram e partiram rumo à eternidade» da autoria do conhecido egiptólogo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, que subscreve a introdução, tradução, comentários e notas desta edição. Doutorado em Letras (História e Cultura Pré-clássica) pela Universidade de Lisboa, onde fez a agregação em 2008, também aí se tinha licenciado em História, formação que depois complementou com um estágio de pós-graduação em Egiptologia na Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo. Tendo lecionado várias cadeiras da área de História e Cultura Pré-clássica e orientado teses de mestrado e doutoramento em História Antiga (na área de Egiptologia), é atualmente professor jubilado e investigador emérito do Centro de História daquela primeira universidade.

Tem participado regularmente em congressos e outros encontros científicos em Lisboa, Barcelona, Huambo (Angola), Cairo, Cambridge, Grenoble, Leiden, Haia, Budapeste, Moscovo, Quebeque, Madrid, Horssen (Holanda), Tenerife (Canárias) e Cuenca. É atualmente presidente do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia e da Associação de Amizade Portugal-Egipto, vice-presidente dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana (cuja Revista de Portugal dirige) e da Associação Portuguesa de Orientalismo, é também membro da Academia Portuguesa da História e da Associação Portuguesa de Escritores, Associação dos Arqueólogos Portugueses, Associação Portuguesa de Museologia, Sociedade de Geografia de Lisboa, Associação Internacional de Paremiologia, Associação Internacional de Egiptólogos, Conselho Internacional dos Museus e Comité Internacional para a Egiptologia (CIPEG),

Publicou o Dicionário do Antigo Egipto e A Escrita das Escritas, e é colaborador para revisões científicas de textos egiptológicos para várias editoras. Foi comissário científico da exposição de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia (1993) e da exposição do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (2011) e assessor científico de várias outras exposições, tendo procedido ao estudo das coleções egípcias públicas e privadas existentes em Portugal, estando parte desses estudos já publicada, como é o caso do núcleo da Coleção Marciano Azuaga que se encontra no Solar Condes de Resende. Conduz regularmente viagens e visitas de estudo ao Egito, Próximo Oriente e Meso-América e tem regido diversos cursos sobre arte, religião, literatura, topografia cultural e escrita hieroglífica.

Além de mais de trezentos artigos de temática egiptológica e queirosiana, entradas de dicionários e recensões em revistas de especialidade e de divulgação, publicou dezassete livros, entre os quais Eça de Queirós e o Egipto Faraónico; Imagens do Egito Queirosiano. Recordações da Jornada Oriental de Eça de Queirós e o Conde de Resende em 1869; As Pirâmides do Império Antigo; A Coleção Egípcia da Universidade do Porto; Os Grandes Faraós do Antigo Egito; Erotismo e Sexualidade no Antigo Egito; Arte Egípcia. Coleção Calouste Gulbenkian, e outros títulos esgotados ou já com reedições.

Havendo já em Portugal e no mundo diversas edições e glosas a este texto fundamental para se compreender o devir da civilização mediterrânica e de algumas das crenças e religiões posteriores até aos nossos dias, algumas delas algo distantes ou pouco consentâneas com os textos originais, as principais são aqui criteriosamente analisadas e comentadas, quer para os profissionais da matéria, quer para o público não iniciado. Edição profusamente ilustrada, apresenta antes da transcrição do texto egípcio os seguintes capítulos: «As origens do “Livro dos Mortos”»; «Os proprietários dos papiros»; «A estruturação do “Livro dos Mortos”»; «Os capítulos fundamentais da coletânea»; «O ka, o ba e o akh no “Livro dos Mortos”»; «Outros livros importantes do Além»; «Os primeiros e os novos estudos»; «Os textos funerários na história do antigo Egito» e «Normas de apresentação», como, por exemplo, sobre os nomes dos muitos locais da geografia aqui geralmente mantidos nas formas muito divulgadas oriundas da tradição grega. São também indicadas «as fontes e os recursos utilizados para apresentar cada um dos capítulos, referindo fontes de inspiração mais antigas como parágrafos dos “Textos das Pirâmides” ou fórmulas dos “Textos dos Sarcófagos”, sempre que elas existam, e depois os exemplares de papiros onde o capítulo consta, com a indicação do local onde o documento se encontra exposto ou guardado. Também podem ser mencionados outros suportes ou sítios onde existam fórmulas ou excertos, como por vezes ocorre em túmulos, blocos funerários inscritos, sarcófagos ou faixas de linho utilizadas para envolver as múmias» e, como é de norma, os apelidos dos vários autores consultados e as obras publicadas, com as páginas concernentes, antecedendo os comentários e as notas.

O autor desta edição teve em conta o conforto oftalmológico dos seus leitores e, por isso o texto vem impresso em corpo 12, os comentários seguem em corpo 11, e depois as notas no corpo 10. Nos seus 192 capítulos o leitor contemporâneo pode acompanhar os seus longínquos antepassados egípcios (qui ça?) nas fórmulas para, depois de morrer, «sair à luz do dia e viver depois da morte»; «para evitar trabalhar no reino dos mortos»; «para abrir o Ocidente à luz»; «para entrar e sair do reino dos mortos»; para se lembrar «do seu nome no reino dos mortos»; «para evitar a matança que se faz no reino dos mortos» e «para não morrer uma segunda vez» ou «para não comer excrementos e não beber urina»; «para poder beber água e não ficar queimado pelo fogo»; «para sair à luz do dia e abrir o túmulo»; «para impedir que a boca diga disparates»; «para se sentar entre os grandes deuses»; «para permitir que um homem possa regressar e ver a sua casa na terra»; «para escapar da rede»; «para não morrer de novo» e muitas outras interessantíssimas intenções. A edição é ainda enriquecida com o glossário, a bibliografia e o índice remissivo.

É certo que, tal como Eça de Queirós, cada um de nós poderá dizer: «Eu não sou um sábio, como se vê; não tenho a honra de distinguir Ramsés IV de Menephtah II, nem tenho intimidades com múmias, mas creio que o Egito é um país simples, luminoso e claro como a Grécia. Pelo menos não tem nada de misterioso nem de lúgubre. Poderá não ter esta opinião quem nunca foi ao Egito. Mas, diante do Nilo, fica-se com uma grande impressão de singeleza, e de claridade…» (Eça de Queirós, O Egito). E é essa claridade milenar que esta edição monumental do Livro dos Mortos de Luís Manuel de Araújo, cuja edição se avizinha como um verdadeiro acontecimento cultural da maior importância, vai colocar nas mãos de cada um dos seus leitores para o ajudar a sorrir para as difíceis questões da eternidade em cada um de nós. 

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Visita a Forjães, Esposende

Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende;
 fotografia JFE.

No dia 27 de janeiro, na sequência da palestra da última quinta-feira do mês de 29 de junho do ano passado sobre «Iconografia da História de Portugal em painéis azulejares: o caso da Estação de São Bento no Porto» pela Dr.ª Cristiana Borges Ferreira, e por diligência e empenho do Arq.º José Alberto Carvalho Couto, uma delegação da  associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana esteve em Forjães, Esposende em visita de estudo à Escola Alves de Faria e aos painéis de Jorge Colaço aí existentes, bem assim como à Igreja Matriz e a sua Arte Sacra antiga e contemporânea. A delegação foi recebida pelo presidente da autarquia local, Sr. Vitor Manuel Queirós Quintão e outros elementos do executivo, que acompanharam a visita e o almoço num restaurante local, tendo também a colaboração do Prof. Doutor Brochado de Almeida, ex-docente da FLUP, que magistralmente comentou o referido Património e outro da região que também será dado a conhecer em visita a programar aberta a todos os associados. 

Curso sobre História Local e Regional

        Prosseguem as aulas deste curso, presenciais e por videoconferência. Assim, no sábado 10 de fevereiro o Prof. Doutor Amândio Jorge Barros falou sobre «O rio Douro na expansão e descobrimentos portugueses» e no sábado 17 de fevereiro o Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva sobre «Reordenação Moderna do território de Portugal», o qual incluiu o antigo julgado de Gaia e o Termo do Porto, este último precursor medieval da atual Área Metropolitana.

Palestras, Conferências e Colóquios

Nas últimas quinta-feira do mês as palestras no Solar Condes de Resende, também presenciais e por videoconferência, têm contado com a colaboração de vários investigadores, veteranos uns, outros em início de carreira. Assim, no passado dia 25 de janeiro a historiadora da Arte Dr.ª Vera Gonçalves falou sobre o tema da sua dissertação de mestrado «[…] para gozo do público e consulta dos estudiosos: Diogo de Macedo sobre as casas-museu. O caso da coleção de Arte de Fernando de Castro» problemática atualíssima no panorama museológico português. No próximo dia 29 de fevereiro J. A. Gonçalves Guimarães abordará o tema «Dos navegadores portugueses e suas biografias: entre a História e a apropriação de mitos».

Reuniões e Celebrações

No dia 10 de janeiro uma delegação da nossa associação esteve presente na sessão solene do 112º aniversário do Centro Recreativo de Mafamude, coletividade com quem a ASCR-CQ tem estabelecido intercâmbio cultural desde longa data, tendo na ocasião sido falada a possibilidade de colaboração nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Nesta cerimónia foram distinguidos alguns formadores e atletas de várias modalidades, nomeadamente os de idades muito jovens, que se distinguiram em atividades locais, nacionais e internacionais.

Autores , Livros  e Revistas

No passado dia 8 de fevereiro no Palacete Conde de Silva Monteiro na cidade do Porto, onde a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes tem a sua sede e também a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), foi feita a apresentação pública da obra Quinta do Tamariz - Lugar de Vinhos com História, da autoria de António Barros Cardoso, ex-professor de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e atual presidente da direção daquela segunda instituição que, para além de monografias e atas de congressos sobre os vinhos portugueses, edita as revistas Douro, Vinho, História & Património. Wine, History and Heritage e Vinho Verde História e Património. History and Heritage. Este livro, com cerca de 300 páginas e que levou quatro anos a ser produzido, desde a inventaria dos arquivos da firma pela Dr.ª Sílvia Trilho até à redação e produção final, agora apresentada ao público interessado, apresenta a História desta propriedade emblemática da Região Demarcada dos Vinhos Verdes desde o século XVI pelos séculos fora até ao seu atual proprietário, Dr. António Borges Vinagre, presente nesta cerimónia e que muito bem se referiu à necessidade das empresas divulgarem também a História das suas persistências e dos seus sucessos. A ASCR-CQ fez-se representar por vários dos seus membros dos corpos sociais.

Integrado nas celebrações do Dia/Mês de Avintes foi lançado no Clube Recreativo Avintense o livro A Breve História da Pequena Pátria de Avintes da autoria do historiador José Vaz, uma compilação de datas, factos e imagens desde 917, a mais antiga referência escrita conhecida a esta freguesia gaiense, mais de mil anos da História compactados nestas 100 páginas de referências.

         Em distribuição o n.º 97 do Boletim da Associação Cultural Amigos de Gaia referente a dezembro de 2023, que apresenta artigos sobre as fundições artísticas de bronze em Vila Nova de Gaia, o pintor Abílio Guimarães, as toradas em Gaia no passado, a Quinta de Enxomil em Arcozelo, o futebolista João pinto e as atividades da associação no último semestre do ano transato.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 186, domingo, 25 de fevereiro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.