quarta-feira, 25 de março de 2009

Eça & Outras Março

Confrades queirosianos no Recife


António Alberto e Carolina Calheiros Lobo,
Dagoberto Carvalho J.or e Gonçalves Guimarães
em Espinho, 14 de Outubro de 2008.

Dagoberto Carvalho J.or, o grande presidente da Sociedade Eça de Queiroz do Recife, acaba de receber os confrades António Alberto e Carolina Calheiros Lobo em digressão por terras brasileiras.
No passado dia 20 de Fevereiro no Diário de Pernambuco publicou uma das suas deliciosas crónicas que teve a gentileza de nos enviar e que a seguir transcrevemos com a devida vénia:

Estante da Confraria: os Guimarães de “Canelas”

Dagoberto Carvalho Jr.
Escritor
dagobertocjr@hotmail.com


Volto da temporada portuguesa com a estante eciana renovada. Não só de títulos temáticos, mas de novidades editoriais como um todo, indivisível e rico. Portugal é assim. Trata seus livros como ninguém. Assim chegaram-me às mãos, com toda a qualidade gráfica possível, do mesário-mor da Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia, J. A. Gonçalves Guimarães, Marquês de Soveral Homem do Douro e do Mundo e, de sua filha Susana (Cristina Gomes Gonçalves) Guimarães, A Quinta da Costa em Canelas – Vila Nova de Gaia (1766–1816) Família, Patrimônio e Casa.
Conheci Joaquim António Gonçalves Guimarães através de alguns bons ensaios e do discurso com que me recebeu em sua Confraria. Entre aqueles, destaca-se Brasileiros Ilustres de Vila Nova de Gaia – quinhentos anos de relações humanas, artísticas e literárias entre a terra das caves do Vinho do Porto e o império da doce fala, publicado pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Porto, como separata da revista Africana, nº 26 / 27, 2003.
Realiza sério trabalho de historiador, arqueólogo e patrimoniólogo – sem deixar de fazer boa literatura – porque como ele mesmo diz na apresentação do livro Contos Anacrônicos, de António Eça de Queiroz, Porto: Campo das Letras, 2003, “a literatura é a história possível da gente anônima”–; na página “Eça & Outros” do jornal O Primeiro de Janeiro e na Revista de Portugal, que resgatou como órgão oficial da Confraria que dirige. A revista de mesmo título – daí a razão da homenagem – foi, talvez, o maior projeto editorial (1889) de Eça de Queiroz, motivo pelo qual também foi reerguida, nos anos trinta do século passado, por Vitorino Nemésio. Já em o nº 2 de sua Revista de Portugal divide com Eva Baptista a autoria do substancioso “A Família e a Maternidade na Imaginária Religiosa do Século XVIII: O Caso Gaiense”. Não poderíamos ter marcado – até porque não o foi, mesmo – encontro lítero-sócio-antropológico tão do meu agrado e grato ao saber especializado de ambos. Agradeci a oportunidade da leitura com o envio de Arte Sacra Popular e Resistência Cultural e A Talha de Retábulos no Piauí, livros resultantes de pesquisas na área.
Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo é competente biografia do diplomata português Luís Maria Pinto de Soveral, um dos famosos “Vencidos da Vida” – por haver integrado, com o patrono de nossos grêmios, o conhecido grupo lisboeta –, com a marca de seriedade e o gosto da boa literatura de Gonçalves Guimarães. É livro de fôlego, a que não escapa, dentro do amplo painel das conquistas amorosas de Soveral, um possível namoro de férias deste e Emília de Castro.
A propósito do dândi que foi, também, proprietário e produtor de vinhos em São João da Pesqueira e, como curiosidade, guardo – troféu de escritor enófilo – há uns trinta anos, um rosé “ Marquis de Soveral – Portuguese TableWine”, da Real Vinícola.
O livro de Susana Guimarães – sua dissertação ao Mestrado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – é a mais completa pesquisa já publicada sobre a casa e a própria Quinta (para nós, estudiosos do “pobre grande homem da Póvoa de Varzim”) de Canelas, definitivamente incorporada ao roteiro queiroziano internacional por haver acumpliciado o início do romance Eça de Queiroz–Emília de Castro. É a mais rica história social da Quinta e “sabe” à literatura. Das boas.

Curso sobre Eça de Queirós

Com uma lição sobre “Eça de Queirós e a Literatura Contemporânea” proferida por Isabel Pires de Lima, encerrou no passado dia 21 de Março o curso livre “Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época”, organizado pelo Solar Condes de Resende com a colaboração da Academia Eça de Queirós. Na ocasião aquela professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e membro daquela academia analisou a influência de Eça em escritores como Mário Cláudio, em As batalhas do Caia e de Eduardo Agualusa em Nação Crioula, referindo-se ainda à obra artística de Paula Rego inspirada em O Crime do Padre Amaro.
A Academia Eça de Queirós, para além de outras acções de formação, está a organizar para o próximo Inverno a quarta edição do curso livre sobre Historia de Gaia e do Grande Porto, desta vez a partir da biografia das grandes mulheres e dos grandes homens com quem a região se identifica e, para o Inverno de 2010, um novo curso sobre Eça de Queirós e outros escritores seus contemporâneos.


Confraria Queirosiana vai a Leiria





Eça de Queirós em Leiria
obra pouco conhecida de Júlio de Sousa e Costa
publicada em 1953.




Nos próximos dia 1 e 2 de Maio a Confraria Queirosiana vai percorrer o itinerário de O Crime do Padre Amaro na cidade do Lis. Assim, no dia 1, os confrades partem de manhã cedo do Solar Condes de Resende e de Lisboa, encontrando-se naquela cidade para se dirigirem ao Museu do Vidro da Marinha Grande. Da parte de tarde irão percorrer o itinerário proposto por Orlando Cardoso, desde a Igreja de S. Pedro até ao Marachão. No dia seguinte visitarão o Centro de Interpretação do Menino do Lapedo e de tarde irão ao Museu João Soares. A visita conta com o apoio da Junta de Freguesia de Leiria e do Turismo de Leiria/Fátima.

Eça na Galiza

A Editora Candeia, de Santiago de Compostela, lançou recentemente uma nova edição de O Mandarim de Eça de Queirós, em português, dirigida a alunos do secundário.
Entretanto está previsto para Gaia Capital da Cultura do Eixo Atlântico a realização de um colóquio queirosiano luso-galaico no próximo Verão, organizado pelo Pelouro da Cultura da Câmara de Gaia com a colaboração da Confraria Queirosiana.

Eça em Matosinhos

A Escola Secundária do Padrão da Légua, Matosinhos, sob a orientação do professor de Filosofia Paulo Pais, organizou uma exposição intitulada “Um olhar sobre Eça de Queiroz”, composta por 22 paineis sobre a vida, obra e época do escritor a partir da exposição organizada pelo Instituto Camões em 2000.
Paralelamente à exposição foram apresentadas algumas teatralizações de textos de Os Maias. A exposição estará patente nesta escola até ao final do ano lectivo.

Passatempo do eca-e-outras

TOMAR OU NÃO TOMAR CAFÉ COM ELAS OU COM ELES

O nosso passatempo causou alguma perplexidade nos leitores, muitos dos quais não blogaram, mas que telefonaram e emailaram connosco. E deram sugestões e pediram explicações. Algumas explicações possíveis: querer ou não tomar café com alguém é um direito que assiste a qualquer cidadão, bem assim como o direito a manifestá-lo sob qualquer forma, incluindo por escrito; o mundo não é apenas dos famosos, mas de todos os viventes, incluindo plantas e animais, embora seja difícil ir tomar café com um pinheiro, mas já não tanto com uma mosca ou um caniche, por exemplo. A opinião das pessoas felizmente não é toda igual; por isso não se estranhe encontrar alguns mesmos nomes nos sins e nos nãos. E as opiniões e a liberdade de as ter respeitam-se. Não querer ir tomar café com alguém não é uma sentença, uma acusação ou um insulto; é apenas um direito. Do mesmo modo o querer fazê-lo pode ser apenas um desejo, um sonho, um capricho, um investimento dificilmente concretizável. E, além do mais, todos podem querer ir tomar café consigo próprios, ou seja, sozinhos, ou até detestarem-se de tal modo que nem consigo próprios querem tomar alguma coisa, seja ele café, água ou mesmo ar. Tal coisa só com alguém pior do que os próprios, pois melhor é difícil arranjar quem a tal se preste, a não ser os desesperados da lista de espera dos media, de arranjismo social, político, religioso, desportivo, etc. desde que algum jornalista os acompanhe. Temos visto muita coisa dessa nos media, indivíduos a conviverem com o seu triste ego e a darem entrevistas sobre isso.
Entretanto, como a lista promete engordar damos-lhe novo formato. E já sabem: cinco nomes com quem querem ir tomar café; cinco nomes com quem não querem tomar café ou outra bebida qualquer. Basta enviar e ver o resultado. Este passatempo não dá prémios, nem descontos, nem qualquer outra benesse; é apenas puro prazer intelectual. Supomos que ainda não é proibido.

Sim, gostaria de tomar café com:
Alexandre Soares dos Santos; Ana Gomes; Beyoncé; Beppino Englaro; Charles Darwin; Dalai Lama; Dom Duarte Pio; Elvira Fortunato; Harrison Ford; Hugo Chavez; Isabel Pires de Lima; José Mourinho; José Sócrates; Luís Afonso; Luís Filipe Menezes; Manuel Alegre; Manuel Maria Carrilho; Manoel de Oliveira; Muntadhar al-Zaidi; Norah Al Fayez; Orlando Figes; Rui Sá; Salman Rushdie; Vasco Pulido Valente.

Não gostaria de tomar café com:
Adão da Fonseca; Alberto João Jardim; Armando Vara; Avelino Ferreira Torres; Bento XVI; Berlusconi; Bill Gates; Carolina Salgado; Dias Loureiro; Domingos Névoa; Durão Barroso; Ehud Barak; Esther Mucznik; Fátima Felgueiras; Ferreira de Oliveira; George Bush; Hugo Chavez; Isaltino Morais; Jaime Gama; João Rendeiro; Joaquim Jorge; Joe Berardo; Jorge Nuno Pinto da Costa; José António Pinto Ribeiro; José Sócrates; Luís Caprichoso; Manuel Fino; Manuel Pinho; Manuela Ferreira Leite; Margarida Moreira; Mário Nogueira; Mikhail Khochorkovski; Netanyahu; Nino Vieira; Oliveira e Costa; Omar al-Bashir; Paulo Portas; Pedro Passos Coelho; Robert Mugabe; Santana Lopes; Valentim Loureiro; Vasco Graça Moura; Vieira da Silva.

Dia 25 de Abril actualizaremos os resultados


Eça & Outras, IIIª. série n.º 5 – Quarta-feira, 25 de Março de 2009
Cte. n.º 506285685
NIB: 001800005536505900154
IBAN: PT50001800005536505900154
Email :
queirosiana@gmail.com
confrariaqueirosiana.blospot.com
eca-e-outras.blogspot.com
Coordenação da página:
J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638)
Redacção: Fátima Teixeira
Inserção: Amélia Cabral

Colaboradores desta edição:
J. A. Gonçalves Guimarães; Dagoberto Carvalho J.or
Fátima Teixeira; Henrique Guedes; Simões Duarte.