domingo, 25 de dezembro de 2011

Eça & Outras


Os perigos da História

Desde que me licenciei em História, mestrei em Arqueologia, lecionei Património, procurei exercer as profissões daí decorrentes com a sabedoria possível, a exigência adequada, a honestidade imprescindível – como em qualquer outra profissão para a qual são exigidos requisitos académicos de base - Sempre me preocupei com a função social e cultural do seu exercício, em acrescentar alguma mais valia àqueles que recorrem aos produtos que vendo para que sintam que o salário que me pagam é bem empregue e que eu corresponda com algum bom nome na praça. Suponho que o normal em qualquer profissão.
Curiosamente nunca dei contas que alguns dos meus mestres, salvo raras exceções, tivessem em grande conta a sua profissão: bastavam-se como professores, como funcionários públicos, grau isto, vencimento aquilo. Posso mesmo afirmar que na faculdade que frequentei nunca me ensinaram a exercer a profissão que escolhi e, pelo que vou sabendo, o mesmo continua nos dias de hoje. Logo que pude, nas disciplinas que lecionei noutra universidade procurei corrigir essa anomalia da formação e, aí, o meu espanto foi ao contrário. Tinha alunos que não queriam saber disso para nada. Queriam apenas ter o “canudo” para ocuparem um lugar já prometido ou que tinham em vista. Qualquer coisa como “administrativos” ou “relações públicas”, mas com vencimento de “técnicos superiores”. A função pública e as empresas privadas estão cheias deles e não sou eu que vou mudar o mundo.
Mas pior do que isso foi descobrir, incrédulo, espantado, que na História havia, muito mais do que seria de esperar, tabus, mitos, ideias feitas, crenças, seitas, lendas, obras escritas em pedra ou bronze, que não se podiam contrariar pela análise, pela crítica, pela conclusão, pela simples verificação dos dados. E não pensem que estou a referir-me à História Antiga ou a acontecimentos da névoa dos tempos. Lembro-me de numa aula os meus alunos me interpelarem, como se eu tivesse dito uma heresia, ao afirmar «… quando os americanos perderam a guerra do Vietname…». É que eles, nascidos depois de 75, só conheciam este acontecimento da História recente pelos filmes do Rambo. Num colóquio recente, quando afirmei, analisando as fragilidades históricas da democracia, que Hitler chegou ao poder através do voto popular e que o seu partido foi ajudado pelos que tinham receio que o Partido Comunista, se ganhasse as eleições, nacionalizasse a sua banca e as suas fábricas, perpassou pela assistência um arrepio de incredulidade, uns “não pode ser”. Com a História local ou regional ainda é pior: veja-se o que aconteceu com a corajosa revisão biográfica de D. Afonso Henriques feita por A. de Almeida Fernandes, que o pôs a nascer em Viseu. Quando um dia disse a um colega de profissão que convinha voltar a rever a autenticidade do foral do Porto de D. Teresa, aspeto que já alguns diplomatistas do século XVIII abordaram, até porque D. Hugo era um conhecido falsário da escola de D. Gelmires de Compostela, ele reagiu, não como um cientista da memória, mas como crente em verdades incontestáveis com o mau humor de adepto de clube de futebol em dia de derrota. Fiquei pasmado.
É pois difícil exercer a profissão de historiador ou arqueólogo. A sociedade prefere os contadores de estórias que vão perpetuando os mitos universais, nacionais, regionais, locais. Não há prémio Nobel em História, embora o haja, por exemplo, em Economia, essa espécie de exercício divinatório sobre o quotidiano das pessoas e das sociedades, com muitas probabilidades e matemáticas, cujas contas raramente batem certo e só se ajustam quando já não são precisas. E, no entanto, a Academia sueca premeia anualmente este charadismo atualmente quotidiano nos media tentado substituir o tarot, os videntes e os horóscopos com muito menos esperança. Tenho mesmo verificado que os historiadores e arqueólogos começam a ter a cabeça a prémio: no recente romance policial de José Rodrigues dos Santos, O Último Segredo, que não é segredo nem será o último, alguns historiadores e arqueólogos são assassinados ou quase. Já estamos longe d’ A Relíquia de Eça de Queirós, em que este autor, nos mesmos locais e em volta do mesmo tema daquele recente romance, à falta de arqueólogos portugueses ao tempo, lá colocou o alemão Topsius, aliás «intoleravelmente vaidoso da sua pátria», hoje pecha inaceitável para quem estuda a pátria dos outros.
Outro aspeto que sempre me incomodou foi o pensar-se comummente que, conhecendo o passado, os historiadores são adeptos do imobilismo social, ou da defesa de paraísos perdidos que nunca existiram. Tal não é verdade, pois se há lição que a História nos ensina é a de que «todo o mundo é composto de mudança». Poderia ainda aduzir, pegando nas palavras de Eça, que «A história é a consciência escrita da Humanidade» (Uma Campanha Alegre), ou que «As ciências históricas são a base fecunda das ciências sociais» (Prosas Barbaras). Mas provavelmente os mitómanos não quererão saber disso para nada. Recentemente ouvi um jovem professor de História dizer que ensinava aos seus alunos que os besantes das quinas do escudo nacional representavam as cinco chagas de Cristo. Doeu-me por Herculano. Alguns destes historiadores têm futuro assegurado. Não fico contente.

J. A. Gonçalves Guimarães

COLÓQUIOS E EXPOSIÇÕES

Rentes de Carvalho no Porto

J. Rentes de Carvalho no Porto
No passado dia 11 de Dezembro, na Biblioteca Almeida Garrett no Porto, decorreu um colóquio-entrevista com o escritor José Rentes de Carvalho com um anfiteatro cheio, num dia de inverno com chuva e frio. Presentes vários confrades queirosianos, uma delegação da Câmara de Mogadouro, professores e alunos de literatura, o escultor Helder de Carvalho que recentemente o retratou em busto, muitos dos seus leitores fiéis e entusiastas. O escritor revelou-se, como sempre, um notável performer da comunicação, subindo e descendo o palco até à assistência, apresentando-lhes em contraponto permanente os seus três eus: o cidadão português, o cidadão holandês e o escritor do mundo e da singularidade humana. Estava o diálogo no auge quando um corte generalizado na corrente eléctrica na cidade do Porto o encerrou, não abruptamente, pois mesmo com as luzes de emergência Rentes de Carvalho continuou a distribuir autógrafos e a conversar com os seus admiradores. A Biblioteca não tem gerador eléctrico para estas emergências.

Rostos por Helder de Carvalho
J. Rentes de Carvalho por Helder de Carvalho

Na Casa Museu Teixeira Lopes em Vila Nova de Gaia, está patente ao público até 31 de Dezembro uma exposição de retratos modelados pelo escultor Helder de Carvalho intitulada “Rostos e Pessoas – Outros Olhares”. Entre os retratados figuram muitas das figuras cimeiras da Cultura Portuguesa do passado e do presente, modeladas, desenhadas a preto e a cores, reinventadas nos seus traços fisionómicos inconfundíveis e, entre elas, o escritor José Rentes de Carvalho que o artista contatou pessoalmente aquando das 1.as Jornadas Culturais do Mogadouro em Junho passado, tendo-lhe nessa altura oferecido alguns esboços que lhe serviram de procura para o busto agora exposto.


LIVROS E TEXTOS

Monografia de Pereiros

No passado dia 4 de Dezembro foi lançada a Monografia de Pereiros, S. João da Pesqueira, editada pela Associação dos Amigos de Pereiros com a colaboração da Confraria Queirosiana. Coordenada pelo confrade A. Silva Fernandes, apresenta estudos sobre a Toponímia local de Gonçalves Guimarães e sobre a História da paróquia por Nuno Resende e, entre muitos outros aspetos, uma galeria dos pereirenses ilustres ainda vivos.
Após o lançamento na sede daquela associação, a obra foi igualmente apresentada na Biblioteca Municipal de S. João da Pesqueira, com a presença de José Tulha, presidente da câmara, e demais vereação.

Doutoramento sobre Eça

No passado dia 14 de Dezembro foi lançada na Livraria Almedina Estádio, em Coimbra, a obra que tem por base a tese de doutoramento de Joana Duarte Bernardes intitulada “Eça de Queirós: riso, memória, morte”, apresentada na Faculdade de Letras da Universidade da cidade do Mondego.
A apresentação da obra esteve a cargo do Prof. Doutor José Carlos Seabra Pereira.

Eça no Notícias de Colmeias

O número 144 de 4 de Dezembro passado do Noticias de Colmeias (Leiria), de que é diretor o nosso confrade Dr. Joaquim Santos e dedicado a Dezembro, o mês do Natal, apresenta duas verdadeiras prendas queirosianas: de A. Campos Matos, o texto “Acerca da Leiria de Eça de Queiroz”, e de Orlando Fernandes “José Maria de Eça de Queiroz. A sua escrita é hoje tão viva”. No primeiro caso o conhecido autor da mais recente biografia do escritor salienta a importância da preservação do espaço queirosiano da cidade para o Turismo Cultural; no segundo, uma breve síntese biográfica com pontes para a atualidade.
Entre muita outra colaboração neste número natalício, o anúncio da nova edição do “Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria”, da Textiverso, promovida pelo nosso confrade Ricardo Charters d’Azevedo, a qual foi lançada no passado dia 10 de Dezembro naquela cidade, apresentada pelo padre Luciano Cristino.

Valsa queirosiana

Publicado a primeira vez em 2006, Cem anos sem uma valsa. Romance Queirosiana, de Manuel Córrego, editado pela Campo das Letras, é a recriação de um cinematográfico exercício sobre Eça de Queirós como criador de personagens, no qual o escritor, as figuras reais da sua vida e as da sua ficção se entrecruzam e dialogam, como que desejando estar presentes agora que dele se diz «Eça de Queirós é uma compensação à decadência de Portugal», agora que em vez da valsa austríaca ou inglesa temos a marcha fúnebre alemã, por enquanto só económica.
Não é este o primeiro trabalho de temática queirosiana do autor, que já em 1999 tinha publicado “Trilogia Queirosiana”, uma obra para teatro.
Eça de Queirós continua pois a inspirar os mais recentes exercícios literários e ficcionais.

TEATRO E CINEMA

Eça inspira novo filme

Como é sabido Eça de Queirós criou Fradique Mendes, o qual por sua vez inspirou o romance Nação Crioula de José Eduardo Agualusa. O realizador José Barahona pegou no manuscrito inventado de Fradique e partiu desta ficção para o seu filme O Manuscrito Perdido, rodado em S. Salvador da Bahia e em outras localidades brasileiras, seguindo a ficcional rota de Fradique em volta dos encontros e desencontros entre brancos, índios e africanos. O filme ganhou o prémio TV Brasil, devendo ser exibido ao público brevemente.

Selton Mello e Eça

Numa recente entrevista no jornal Destak (9 de Dezembro), o ator brasileiro da série “A Mulher Invisível” da TV Globo Portugal declarou «… faço questão de dizer que João da Ega, da mini-série Os Maias, foi um dos pontos altos da minha carreira. A narrativa fabulosa de Eça de Queiroz proporcionou-me momentos sublimes».
O Brasil continua a ter uma enorme admiração pelo escritor nascido na Póvoa de Varzim.

Os Maias no Cadaval

Nos próximos dias 3 e 4 de Fevereiro do ano que se segue, vai subir ao palco do Auditório Acácio Barreiros do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, uma versão teatral de Os Maias, adaptando o romance às mais recentes técnicas cenográficas.

Brindar com Porto

Sim, bebo um Porto à memória de: Serra Formigal, o Signore Ópera que Portugal teve; Luís Francisco Rebello, a memória do Teatro em Portugal; Cesária Évora, a Senhora Sodade.
Não, não quero brindar com: Jacques Chirac, porque a França deve ser o país da Liberdade, Legalidade, Fraternidade; George W. Bush, responsável, com mais alguns, pela morte no Iraque, desde 2003, de mais de 100.000 iraquianos e 4.500 americanos.

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 40 – Domingo, 25 de Dezembro de 2011
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inserção: Amélia Cabral.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Eça & Outras

FREGUESES OU CIDADÃOS?

Desde tempos remotos que as pequenas comunidades tribais com a mesma consanguinidade, a mesma fala e o mesmo deus se agrupam para melhor se administrarem e defenderem do que é extranho. Para tal definiam um território que lhes assegurasse os recursos de sobrevivência, escolhiam um chefe capaz e cultuavam um elemento simbólico central, menhir, templo, igreja, pelourinho ou edifício, conforme as épocas e as crenças.
As pequenas comunidades, indefesas contra os inimigos sérios – o clima, as pragas, as fomes, os invasores, a inanição social – procuraram agregar-se em comunidades maiores, cruzando-se com os vizinhos através de pactos familiares, desde que tivessem a mesma fala e o mesmo deus. Assim se constituíram as formas organizadas do poder, desde as aldeias e comunidades regionais, até às nacionalidades e imperialidades. Nestas últimas impunha-se pela força a fala, o deus e a administração, desde o poder central ao seu ínfimo representante. O território português, mal assimilado na imperialidade romana, continuou castrejo e aldeão na maior parte do território até aos dias de hoje, mais pela geografia passiva do que pelo planeamento dos recursos, despejado para o litoral e mais motivado para a fuga marítima do que para pôr a terra a render a sério. Por isso não admira que tenhamos chegado ao século XXI com uma malha administrativa, de um modo geral, decalcada das paroquias medievais em torno da sua ecclesia, sendo os moradores os filhos da igreja, os filigreses, logo fregueses, os da mesma freguesia. Acontece que os tempos foram mudando e hoje, em muitos casos, a realidade geográfica e económica já não tem na comunidade religiosa de base o seu epicentro. Logo a mesma já não pode servir como referência. A própria Igreja Católica, tantas vezes tida como entidade imóvel, desde sempre resolveu o problema das suas paroquias que não podiam sustentar-se unindo-as à paróquia vizinha passando um só pároco a administrar duas ou três.
Ao longo dos tempos houve poucas tentativas para racionalizar a administração local. Foram quase sempre alterações políticas que deram origem às grandes reformas, aproveitando momentos de reorganização social. É na crise dinástica dos finais do século XIV que se cria o Termo do Porto (o “Grande Porto”); é na guerra civil de 1832-1834 que se proclamam as reformas de Mouzinho da Silveira, que se prolongam pelo século XIX fora, logo desvirtuadas pelos influentes locais.
Após o 25 de Abril, com o regresso de muitos emigrantes de França e de retornados das ex-colónias reformados o país foi percorrido por uma estranha mania que pretendia transformar todas as freguesias em “mairies” à imagem gaulesa, com poderes sobre o território e os seus recursos como se fossem colonatos, e tudo isto justificado pela “democracia de proximidade”, quando na realidade os militantes destas estranhas propostas eram cada vez menos e, em muitos casos, recém chegados ao território que passaram a definir segundo a sua ideia e em desfavor do município a que pertenciam como um todo. Depois veio o seu alçamento em importância reivindicativa: bouças, matas, pedreiras e pinhais, com uma aldeia central ou várias dispersas, passaram oficialmente a “vilas”; dormitórios das velhas urbes passaram elas próprias a “cidades”; há “vilas” dentro de “vilas” e “vilas” dentro de “cidades” e tudo isto coexistindo com as juntas das freguesias medievais, que nuns casos administram cinquenta cidadãos numa velha aldeia despovoada e noutros casos territórios do tamanho de pequenos países com milhares de habitantes encavalitados em bairros sociais. Ressuscitaram-se incongruentes concelhos medievais que já não têm pastores nem cabras! Veja-se a heráldica entretanto criada, que está lá tudo!
Os valores como território, recursos, economia e planeamento foram sendo postos de lado em função dos pequenos jogos de poder local. De modo que a promulgação de uma nova reforma administrativa que atualize o mapa humano económico e social do país não vai ser fácil de implementar face à sua “balcanização”. Mas não se invoque a tradição para defender o imobilismo, ou pior, as incapacidades de reorganização que o tempo parece ter sancionado. Se há lição que a História nos pode dar é a de que as mudanças são inevitáveis e é melhor que sejam sensatas e consensuais para proveito dos que nelas vão ter de viver. E sobretudo não esqueçamos que «… o que a cidade mais deteriora no homem é a Inteligência, porque ou lha arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância… na cidade, nesta criação tão anti-natural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o Céu, e a gente vive acamada nos prédios como o paninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através de arames – o homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo ou imprudente como um histrião…» (Eça de Queirós, A Cidade e as Serras). Cidadãos são pois os que praticam o valor da cidadania, seja na aldeia, na vila ou na cidade, sem nunca perderem de vista o que caracteriza a sua comunidade da fala e da cultura alargada ao conceito grande de nação como conjunto de regiões naturais administradas por municípios sustentáveis, e não apenas os pequenos interesses instalados que não conseguem ver mais além do que as pequenas colinas que delimitam a sua freguesia.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário mor
GRANDE CAPÍTULO

No passado dia 19 de Novembro a Confraria Queirosiana realizou o seu 9.º Grande Capítulo anual no Solar Condes de Resende, em Vila Nova de Gaia.
A mesa que presídio aos trabalhos foi composta pelos confrades César de Oliveira, presidente da mesa da assembleia-geral; Mário Dorminsky vereador da Cultura em representação do Dr. Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia; José Manuel Tedim, presidente da direção; Gonçalves Guimarães, mesário-mor e Olga Cavaleiro em representação da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, os quais saudaram os presentes. Além de numeroso grupo de confrades queirosianos estiveram presentes representantes da Casa Adriano Ramos Pinto, Associação de Amizade Portugal-Egito, Associação dos Amigos de Pereiros, Centro Cultural Eça de Queirós, Confrarias da Doçaria Conventual de Tentúgal, do Bodo (Pombal), dos Sabores de Sintra, da Chanfana (Vila Nova de Poiares) e do Leitão da Bairrada, e Junta de Freguesia e Rancho Folclórico de Canelas (Gaia) e vários órgãos da comunicação social, entre os quais o jornal As Artes entre as Letras.
A sessão foi abrilhantada pelo trio de saxofones da Fundação Conservatório Regional de Gaia.
Foram insigniados como novos confrades Mónica Ferreira Rodrigues, professora e pedagoga, Marcus Vinicius Cocentino Fernandes, médico radiologista, Fernando Rui Morais Soares, economista e gestor, Fernando Afonso Andrade Lemos, professor e diretor do Centro Cultural Eça de Queirós, José Maria da Fonseca Carvalho juiz desembargador, Francisco Ribeiro da Silva, historiador e ex-vice-reitor da Universidade do Porto e Guilherme de Oliveira Martins, jurista, diretor do Centro Nacional de Cultura e presidente do Tribunal de Contas, tendo estes dois últimos usado da palavra em nome dos novos insigniados e salientado a perenidade da obra queirosiana nos dias que correm.
Em seguida foi assinado um protocolo de doação à Confraria por parte do Dr. Marcus Fernandes de um Núcleo Documental sobre Teófilo Braga e o Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo apresentou o n.º 8 da presente série da Revista de Portugal de que é diretor, dedicado aos 150 anos de Trindade Coelho. Na ocasião ofereceu à Biblioteca do Solar o catálogo da sua autoria da Colecção Egípcia da Universidade do Porto.
Após o discurso da Dr.ª Olga Cavaleiro representante da Federação, encerrou a sessão o Prof. Doutor José Manuel Tedim, que fez um breve balanço das atividades dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana no ano que em breve findará.
Seguidamente os confrades dirigiram-se à estátua de Eça de Queirós no Jardim das Camélias onde colocaram uma coroa de louros.
Após breves momentos de convívio nas salas onde estão expostos as obras do Salon d’Automne do presente ano, decorreu no pavilhão do Solar o jantar queirosiano animado por um grupo de bailarinos que puseram os Confrade e convidados a dançar enquanto nas mesas se iam dando sugestões para as próximas realizações culturais da Confraria.

REVISTA DE PORTUGAL

Conforme acima se escreveu, acaba de ser lançado o n.º 8 da nova série da Revista de Portugal, desta vez com as Atas das 1.as Jornadas Culturais de Mogadouro realizadas pela Confraria Queirosiana nos passados dias 18 e 19 de Junho, dedicadas aos 150 anos do nascimento de Trindade Coelho, com artigos sobre este jurista e escritor da autoria de Anabela Mimoso, José Silva Évora, António Manuel Silva e José António Afonso; sobre temas relacionados com a geração de 70 por João Bartolomeu Rodrigues, Maria de Fátima Teixeira e Dagoberto Carvalho J.or; sobre Santos Júnior por Carlos d’Abreu; o protocolo celebrado entre a Confraria Queirosiana e o escritor José Rentes de Carvalho; sobre a coleção egípcia da Universidade do Porto por Luís Manuel de Araújo; sobre cerâmica oitocentista por J. A. Gonçalves Guimarães; uma recensão sobre a obra “Valdozende” de Rosa Maria Lopes; a bibliografia de muitos confrades produzida em 2010 e, a encerrar, uma resenha das atividades da associação durante o ano passado. Este número teve o patrocínio da Vox Organização Industrial Gráfica, S. A., sediada em Canelas, Vila Nova de Gaia.

CONGRESSOS E COLÓQUIOS

CENTRO CULTURAL EÇA DE QUEIRÓS

Entre 16 e 19 de Novembro passado e, organizado pelo Centro Cultural Eça de Queirós, realizou-se o XVII Colóquio dos Olivais na Escola Secundária Eça de Queirós em Lisboa, subordinado ao tema “Vida e morte das cidades/1300 anos da Invasão da Península pelos árabes” para o qual o nosso confrade Fernando Andrade Lemos, diretor daquele Centro preparou uma comunicação sobre a “ Crónica moçárabe de 754”. Entre muitas outras comunicações, César Veloso apresentou “Alguns comentários sobre a lingerie das burguesinhas queirosianas”. Além de concertos de música e representações teatrais foi ainda lançado o n.º 3 dos Cadernos Culturais de Telheiras.

GASTRONOMIAS & ENOFILIAS

FEIRA DE S. MARTINHO

Nos dias 11, 12 e 13 decorreu no Solar Condes de Resende a Feira de S. Martinho de produtos do Douro, organizada pela Confraria Queirosiana e a Associação dos Amigos de Pereiros, S. João da Pesqueira, com a colaboração da Gaianima, EEM e da Junta de Freguesia de Canelas.
No primeiro dia o serão foi abrilhantado pelo Rancho Folclórico de Canelas e no segundo atuou o Coral da Justiça do Porto, com o seu coro, orquestra e grupo de danças e cantares tradicionais que encantaram os presentes.

VELEIRO CARREGA VINHO DO PORTO

Entrou recentemente no Douro a escuna holandesa Tres Hombres inteiramente movida à vela e que procura incentivar a utilização deste tipo de barcos não poluentes nos transportes marítimos de pessoas e mercadorias. Como noutros tempos atracou ao Cais da Estiva, do lado da cidade do Porto, tendo aí recebido carga de vinhos destinada ao Funchal da Casa Ramos Pinto sediada do lado da cidade de Gaia.
Tratando-se de uma cena atual ela evoca a antiga azáfama de ambas as margens do Douro quando recebiam as mercadorias de longes terras e embarcavam os produtos do Douro, a partir dos seus armazéns, em navios à vela das frotas mercantis do Atlântico e do Mediterrâneo.


Epitáfio de Jano











Aqui repousa em terra nunca arada
Jano cavalo lusitano
Filho de Vitória a de sangue árabe
E de Trovador em Alter nascido.
No estábulo de Leirez viu a madrugada
Em Janeiro de mil novecentos e noventa
No seu sangue talvez corresse
O dos cavalos que Xeique Rua
Tratou lá longe em Marrocos
Aliviando o seu cativeiro.
Com teu belo porte galopaste
Canelas fora até Vilar d’Andorinho
De Serzedo à Serra de Negrelos
Como se foras estátua andante.
De ti se recordarão teus donos
E todos aqueles que aprenderam
A cavalgar teu dorso inquieto.
Já não existe o campo onde corrias
Onde esperaste em vão pelas éguas
Que te perpetuassem a descendência
Os cavalos estão a desaparecer
Sem que a humanidade lhes agradeça
O terem-nos levado a todo o lado
Onde os navios não navegavam.
Morreste quando caíam as castanhas
Abanadas pelo vento sul
Com a chegada das primeiras chuvas.
A palha do teu estábulo já fenece
Enquanto a tua memória persistirá
Naqueles com quem foste generoso
Repousas entre o castanheiro e a figueira
Que te davam os frutos que comias
Mesmo sabendo certo o penso diário
Se em vez das rações da industria
Te tivéssemos dado só agricultura
Teus dias por certo se teriam dilatado.
Morreste ferrado para a última cavalgada
Que te leva à fonte da memória
Onde correrá sempre a água da saudade.

Fradique Rua Mendes
(bisneto de Fradique Mendes)
29 de Outubro de 2011

Brindar com Porto

Apetece-me beber um Porto com:

Assunção Esteves, a discrição esclarecida; George Wright por se ter tornado José Luís Jorge dos Santos; Mahmoud Abbas, pela entrada da Palestina na UNESCO; Norman Finkelstein, o Uriel Costa estadunidense que tem vindo a denunciar a venda da desgraça como mercadoria política.

Não, não quero brindar com:

Duarte Lima, porque quem vem do “nada” normalmente trás consigo pouca coisa que se aproveite; Presidente Obama, por permitir o corte da quota dos EUA à UNESCO.

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 39 – Sexta-feira, 25 de Novembro de 2011
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coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redacção: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eça & Outras

A TRETA E A CARETA
Sempre me surpreenderam aquelas pessoas que, possuindo formação académica e, às vezes, exercendo funções de relevância social com sucesso, em matéria de crenças, mitos, superstições, nas suas convicções pessoais e na sua prática cultural fora da sua profissão, evidenciam uma desconcertante ignorância, e acreditam (ou dizem que acreditam) em mitos que a História já explicou, ou remeteu para o caixote do lixo das convicções humanas. E o mais estranho ainda é que, algumas dessas pessoas, não escrevendo ou publicando nada sobre a sua formação de base, dão-se ao desplante de escreverem sobre temas da História, da Antropologia ou de outras ciências sociais, sem conhecerem, já não digo os seus métodos, pois de tal não têm obrigação, mas pelo menos a bibliografia mais atualizada sobre o assunto. Vai daí, descrevem e divulgam monumentais patranhas como certas e históricas sem qualquer sentido crítico, contribuindo assim para a perpetuação da ignorância, muitas vezes ao serviço de interesses instalados pouco claros, ou até demasiado óbvios, sendo um deles o turismo de multidões a qualquer preço: “A Praga”, como lhes chamou José Rentes de Carvalho num texto antológico. Tal é o caso de Santiago de Compostela. Entendamo-nos: ao ir visitar esta catedral e admirar a sua beleza resultantes da capacidade humana, não posso nem devo esquecer que estou perante um mito inventado no século IX para apoio político-militar à cruzada contra os mouros, cujas premissas são historicamente falsas, a partir das quais se criou toda uma metáfora em volta do gosto humano pelo passeio fora da terra. E mesmo se os que as inventaram estiveram convencidos da veracidade da sua crença, isso nada nos obriga hoje a partilhar dos erros das suas convicções, por mais humanamente tolerantes que sejamos, tal como ao visitar um templo inca, não temos de acreditar nos “mistérios” (alguns bem cruéis e desumanos) da sua religião. E muito menos divulgá-los como “verdadeiros”.
Ora acontece que, nos últimos tempos, se têm inventado “estradas de Santiago” que são “apenas” as velhas estradas romanas e os caminhos medievais, pois não havia outros até ao século XX; têm-se inventado multidões de peregrinos como se sempre assim tivesse sido, sendo certo e sabido que antigamente só os ricos viajavam, já que o povo vivia agarrado à sua gleba e na melhor das hipóteses peregrinava até ao santuário mais perto da sua terra. A lenda do galo de Barcelos não é a lenda do aviário de Barcelos e um galo, bem partidinho, só dá para quatro pessoas e não para multidões. Tem-se passado a mensagem de que o que está em Santiago é mesmo o que resta do corpo do apóstolo, o que até autores católicos, como Monsenhor Miguel de Oliveira, desmentiram há muito nos seus trabalhos. O que existe lá é arquitectura religiosa, imponente, sem dúvida, e turismo em volta da recordação de crendices de outras épocas.
Não se deve confundir o turismo cultural com o turismo religioso, nem promover monumentais patranhas como se de história se tratasse graças a uma bem engendrada campanha de marketing para público acrítico ou pouco letrado.
Faz-me lembrar aquela situação dos anos sessenta em que os portugueses iam em excursão a Tui e a Vigo comprar o bacalhau da seca de Lavadores em Gaia e que era levado para a Galiza em camiões durante a noite. Mas que diabo, nessas excursões não iam, normalmente, indivíduos de cuja formação académica e cultural se esperaria mais alguns conhecimentos e algum sentido crítico. Religião e Teologia também são outra coisa. Já Eça de Queirós tinha avisado que «… entre nós, a mentira é um hábito público. Mente o homem, a política, a ciência, o orçamento, a imprensa, os versos, os sermões, a arte, e o país é todo ele uma consciência falsa. Vem tudo da educação.» (Uma Campanha Alegre). Quem quiser que continue a tirar o chapéu às fantasias. Eu, por mim, caminho por caminho, prefiro o de S. Vicente, mas não sei se V.as Ex.as saberão de que é que estou a falar. E estou convicto que, em matéria de mitos e de cultura, em muitos cidadãos com responsabilidades, a treta não diz com a careta. Mas eles continuarão a difundir os seus mitos e este será mais um texto inútil dos muitos que tenho escrito. Mas a História não mente; às vezes é apenas pouco conhecida.
J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário mor

GASTRONOMIAS & ENOFILIAS

IV Congresso da FPCG

Nos passados dias 7 e 8 de Outubro decorreu na Figueira da Foz o IV Congresso da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, tendo a Confraria Queirosiana estado presente através de uma delegação composta por César Oliveira, José Manuel Tedim e Gonçalves Guimarães.
As sessões decorreram sob os temas “A necessidade aguça o engenho”; “As Artes Culinárias de expressão popular de raiz rural e raiz urbana. Afastamento e Aproximação” e “Confrarias Gastronómicas: que realidade?; que propostas?; que futuro?”.
Para além das confrarias filiadas e outras com o estatuto de observador, estiveram ainda presentes delegações de confrarias do Brasil e de Angola.
No dia 7 decorreu o Jantar da Partilha, no qual as confrarias puseram à disposição dos participantes os produtos que promovem ou divulgam. Estiveram presentes os nossos vinhos, o espumante “Eça” que acompanha muito bem os leitões da Bairrada e outras iguarias presentes, e o Porto “Confraria Queirosiana” que brilhou no acompanhamento de diversas sobremesas.
No dia 7, após o jantar, decorreu a I Gala da FPCG com a atribuição de 8 troféus e respetivos diplomas em várias modalidades do mundo da gastronomia, tendo a Confraria Queirosiana sido uma das nomeadas para o troféu “Boas Práticas Confrádicas” que o júri atribuiu à confraria dos Nabos e Companhia, de Carapelhos – Mira, que tem promovido a degustação dos mais tenros grelos existentes no país, os quais já envia para a Europa, para felicidade daqueles que os degustam.
Este Congresso, para além de ter sido um encontro das Confrarias Gastronómicas mais ativas, contou com a presença de vários autarcas e presidentes de quatro regiões de turismo, tendo servido além do mais, para a consolidação do movimento confrádico nacional.

CONGRESSOS E COLÓQUIOS

Escritores e artistas médicos

A Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos realizou o seu Encontro de Outono em Vila Nova de Gaia nos dias 16, 17 e 18 passados, organizado por Miguel Miranda, médico e ficcionista autor, entre outras obras, de Dai-lhes, Senhor, o Eterno Repouso.
Os participantes visitaram o Mosteiro de Grijó, onde foi evocado Júlio Dinis, o Solar Condes de Resende, onde Gonçalves Guimarães lhes falou das ligações da casa a Eça de Queirós e já pela tarde na capela do Mosteiro de Corpus Christi lhes falou de médicos escritores de Gaia, como Osório Gondim, Maximiano Lemos, Manuel Ferreira de Castro ou, mais recentes, Jaime Milheiro e António Ramalho e ainda do médico artista Rufino Ribeiro. A delegação visitou ainda outros locais e o Centro Histórico de Gaia.

No tempo dos mouros

António Manuel Silva e Natércia Barbosa
No passado dia 22 de Outubro decorreu em Arouca por iniciativa do Centro de Arqueologia local com a colaboração da autarquia, o colóquio “No tempo dos Mouros”, o qual juntou numerosos arqueólogos que têm trabalhado no estudo dos castelos e outras estruturas dos séculos VIII – X na área do Entre Douro e Mondego.
O Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-CQ esteve presente com uma comunicação sobre O Castelo de Crestuma, da autoria de António Manuel Silva, Filipe Pinto, J, A. Gonçalves Guimarães e Laura Peixoto. As atas serão publicadas no inicio do próximo ano.

Livros
A estrada de Leiria

No passado dia 17 de Setembro, foi lançado no Arquivo Distrital de Leiria o livro A Estrada de Rio Maior a Leiria em 1791, da autoria do nosso Confrade Ricardo Charters d’Azevedo e editado pela Textiverso. A partir de um mapa existente no Instituto Geográfico Português com 2,38 m, o autor faz uma análise da região centro do país naquela época, bem assim como dos protagonistas da sua realização. Este trabalho contém ainda pormenorizadas descrições de como se viajava e dos serviços de apoio ao viajante existentes no tempo de D. Maria I, no tempo em que havia preocupação com o “bem público”. A obra foi apresentada por António Santa Rita, especialista em estradas e Eduardo Zuquete, antigo vice-presidente da Junta Autónoma de Estradas.

Faraós



No próximo dia 8 de Novembro, terça-feira, pelas 18 horas, na FNAC de Santa Catarina no Porto, a Esfera dos Livros procederá ao lançamento de “Os Grandes Faraós do Antigo Egipto. 30 Faraós, 30 Dinastias”, da autoria do egiptólogo Luís Manuel de Araújo, vice-presidente da direcção dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, diretor da Revista de Portugal e professor na Universidade de Lisboa. A obra será apresentada pelo egiptólogo Rogério Sousa.




Exposições

Salon d’automne 2011

No Solar Condes de Resende continuam patentes ao público para venda as obras dos artistas queirosianos, nesta exposição que se deverá prolongar por todo o mês de Novembro.

Beatriz Pacheco Pereira

No dia 4 de Novembro, 6.ª feira, pelas 18 horas, Beatriz Pacheco Pereira apresenta na Galeria Por Amor à Arte, no Porto as suas mais recentes obras num conjunto intitulado “O Ponto Crítico”.
A mostra abre ao público no dia seguinte pelas 16 horas.

Homenagens

Pavilhão Nelson Cardoso

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia decidiu homenagear Nelson Cardoso ex-presidente do Conselho de Administração da Gaianima, EEM, presidente do conselho fiscal dos Amigos do Solar Condes de Resende e Confrade honorário da Confraria Queirosiana, que faleceu subitamente a 19 de Janeiro deste ano, dando o seu nome a um pavilhão gimnodesportivo da Escola das Pedras, situado na antiga quinta do mesmo nome, ali junto do Castro de Mafamude.
A primeira pedra foi lançada no dia 20 de Outubro, sendo o ato presidido pelo Dr. Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara, acompanhado da vereação e outras autoridades, estando presentes os familiares do homenageado, muitos amigos e confrades.
O número oito da Revista de Portugal, a publicar em Novembro próximo, será igualmente dedicado à memória de Nelson Cardoso.

Grande prémio

Amanhã, dia 26 de Outubro, pelas 17 horas, no Foyer Principal do Cineteatro Avenida de Castelo Branco, a Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara Municipal farão a entrega do Grande Prémio da Literatura Biográfica ao nosso confrade A. Campos Matos, galardoado pelo seu livro “Eça de Queiroz – Uma Biografia”.

Brindar com Porto

Não, não quero brindar com:

Vitor Constâncio, que não fiscalizou o BPN como devia, e já lá vai; Merkel e Sarkozy, porque a Europa não é deles.

Gostaria de beber um Porto com:

Rui Vilar, porque para que a cultura fique é necessário que se renove; Nelson Mandela, pela lucidez de uma vida; Bardem, pelo seu empenho pela causa dos saarauís.

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 38 – Terça-feira, 25 de Outubro de 2011

Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154

IBAN:PT50001800005536505900154;Email :queirosiana@gmail.com; confrariaqueirosiana.blospot.com;
eca-e-outras.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redacção: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

domingo, 25 de setembro de 2011

Eça & Outras

Foi você que pediu regiões autónomas?

Na Europa das pátrias (e em outras latitudes) percebe-se que existam regiões autónomas. A Suíça pode servir de exemplo: formada por povos de origens étnicas diferentes, com línguas diferentes, distribuídos pelas várias encostas das mesmas montanhas, para defenderem o seu território (a montanha que os protegia contra os invasores) puseram de parte a ideia paroquial de soberania e uniram-se numa confederação de povos/culturas/línguas, que tem resistido ao tempo, é soberana, não se mete com os outros povos, não quer conquistar ninguém, tem um bom nível de vida e até acolhe migrantes, embora lhes ensine logo à entrada que quem manda na Suíça não é o internacional porreirismo.
Já mais dificuldades teremos em entender a sobrevivência doutras “regiões autónomas”, às vezes até com o estatuto de estados, como é o caso do Mónaco (Grand Casino), da República de S. Marino, do Vaticano (que tem guarda suíça!), do Principado de Andorra, do Liechtenstein e de alguns reinos-ilhas das Caraíbas e do Pacífico. “Toda a gente” sabe o que aconteceu à base americana de Pearl Harbour no Havai durante a 2.ª Grande Guerra, mas muito poucos saberão onde realmente fica o Havai e como é que os americanos lá foram parar, ou seja, como é que aniquilaram os havaianos e os seus representantes para lá instalarem a sua base. Procurem saber os antecedentes desta história (sem ser pela “história oficial”, evidentemente) e vão ver que a justificação não será edificante. Mas o Havai desde 1900 que é governado pelos estadunidenses e não pelos havaianos (a não ser os que decidiram tornar-se “americanos”) contra o parecer dos japoneses que, aliás, existiam em grande quantidade no arquipélago. E, já agora, também muitos portugueses!
Aqui ao lado, em Espanha, as regiões autónomas estão em guerra permanente (por enquanto apenas política, económica e cultural e, oxalá, se mantenha sempre nestes limites) com o governo central que, além do mais, tem ainda uns antigos territórios coloniais encravados no reino de Marrocos (alguns deles já foram de Portugal, como é o caso de Ceuta, conquistada aos marroquinos em 1415), e as Canárias, onde se dizimaram os guanches. Isto para dizer que nem tudo no mundo é igual, existem razões diferentes para aqui e para acolá, as de há dois mil anos são diferentes das da semana passada e, como escreveu Camões «todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades». Ou seja, por isto e por aquilo, mas sempre por variadas razões históricas antigas e atuais, existem países gigantes, como a China e o Brasil, e países minúsculos, como o Nepal, existem confederações de países e existem estados federados e também comunidades de países por línguas faladas (a CPLP, a Commonwealth) e outros interesses geoestratégicos, nem sempre confessados. E a CE e a ONU.
E existem as regiões autónomas, aqui, ali, ou acolá, por isto, por aquilo ou por aquela outra razão que a História nem sempre conhece ou reconhece, ou simplesmente regista. Na maior parte dos casos trata-se de regiões, ilhas ou arquipélagos onde existe em maioria um povo com uma origem étnica bem demarcada, às vezes com língua ou dialeto próprio, com alguns aspetos culturais bem determinados e que quer ter nas suas mãos o seu próprio destino, independentemente de estar agrupado, filiado, confederado ou outra situação qualquer, numa comunidade maior, ou seja, numa nação.
Ora essa autonomia tem de começar por ser económica, pois de outro modo, ou a tal “região autónoma” parasita a comunidade nacional, com o repúdio e rejeição mais ou menos declarada dos restantes cidadãos, ou se transforma num protetorado estrangeiro, e toda a sua “autonomia”, além de parasitária torna-se ridícula. Creio não haver muito mais pontos de vista sobre este assunto. É a mesma coisa que ter em casa um filho gastador ou esbanjador e que ainda se permite dizer ao pai e à mãe como devem gerir a família. Pelo contrário, todos os pais terão orgulho em filhos sensatos, trabalhadores, com bom nome na praça, apontados como exemplos, e a quem nunca regatearão qualquer “autonomia” pois, desejando que a tenham, sabem que ela será sempre afetuosa e solidária.
No primeiro caso, quem é que quererá ter um filho trapaceiro no Conselho de Família? E para quê? Para lhe dar mau nome e a sua irresponsabilidade ter de ser aturada? No segundo caso os filhos são sempre bem vindos porque sabem ser desejados e não aborrecidos.
Tudo isto a propósito de regiões autónomas, que nunca ninguém perguntou aos portugueses se as queriam ter em Portugal e se queriam pagar as fantasias da sua existência. Partindo do princípio que os madeirenses e os açorianos querem ser “autónomos”, alguém se esqueceu de perguntar aos minhotos, aos transmontanos, aos alentejanos, etc, etc, se querem pagar aquelas autonomias que, a estes últimos, não lhes servem para nada, a não ser para aumentar o deficit. Um dos princípios das nacionalidades é a solidariedade entre as regiões a qual tem de ser equitativa e recíproca.
Ora não é o caso. Sem irmos mais longe, as regiões autónomas têm atualmente leis feitas por si contrárias ao espírito da nação, como é o caso da eleição dos seus presidentes, que podem sê-lo até morrerem centenários e xexés , enquanto que o presidente da Republica só pode fazer dois mandatos seguidos ,ainda que no auge das suas capacidades. Há aqui qualquer coisa de perverso que não dignifica nem a Democracia nem Portugal.
Como escreveu um dia Eça de Queirós, «a intriga política alastra-se sobre a sonolência enfastiada do País. Apenas a devoção perturba o silêncio da opinião, com padres nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. E a certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências: Diz-se por toda a parte: «o País está perdido!». Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se conversando e jogando o voltarete, que de Norte a Sul, no Estado, na economia, na moral, o país está desorganizado e pede-se conhaque! Assim todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão!» (Uma Campanha Alegre). Teremos de ser mesmo assim? Foi você que pediu regiões autónomas? E sabe para que servem a Portugal?

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário mor

Colecção egípcia em Portugal

Luís Manuel de Araújo
No passado dia 22 de Setembro, aquando da abertura ao público da coleção egípcia do Museu de História Natural Universidade do Porto no edifício da Reitoria na Praça Gomes Teixeira, o nosso Confrade, vice-presidente da direção e diretor da Revista de Portugal, o egiptólogo Luís Manuel de Araújo, proferiu uma conferência sobre “Colecções Egípcias em Portugal”, entre as quais a do Solar Condes de Resende, que no ranking das 35 existentes se encontra em sétimo lugar e que está em exposição permanente na loja do Solar.




Homenagem a Manuel Lopes

A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, acaba de publicar em fac-simile o “Notícias da Lancha” 1991-1992, o modesto «órgão informativo da construção da lancha poveira do alto» que este grande poveiro editou para coligir as notícias, as gravuras, as fotografias, os documentos sobre essa notável decisão de construir de raiz o tradicional barco de mar, que ia a caminho de desaparecer, e pô-lo a navegar.
Comemorando os 20 anos da lancha “Fé em Deus”, e pela mão do Dr. Manuel Costa diretor da Biblioteca Rocha Peixoto que organizou esta publicação, ela fica assim salvaguardada da precariedade da sua 1.ª edição, e cremos bem que não poderia haver melhor homenagem aos poveiros e àquele nosso Confrade falecido a 14 de Agosto de 2006 e que deixou obra que os seus amigos e admiradores fazem assim varar com sucesso no areal da nossa memória coletiva. Ala Arriba!

Curso livre
“Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época”


Em 2008/2009 a Academia Eça de Queirós (ASCR-CQ) em colaboração com a Gaianima EEM organizou no Solar Condes de Resende a 1.ª edição deste curso que teve como professores Isabel Pires de Lima, J. A. Gonçalves Guimarães, Arie Pos, Luís Manuel de Araújo, Mário Vieira de Carvalho, Maria Teresa Lopes da Silva, Norberto Barroca, José Manuel Tedim, Nuno Resende e Carlos Fiolhais.
Nesta segunda edição, diferente da primeira pelos temas, perspetivas e abordagens baseadas nos mais recentes estudos e teses académicas, teremos como professores, entre outros, José Manuel Tedim, Luís Manuel de Araújo, J. A. Gonçalves Guimarães, Anabela Mimoso, José Maia Marques, Nuno Resende, Jaime Milheiro e Fernando Coimbra.
O curso terá início no sábado dia 29 de Outubro, e decorrerá ao ritmo de duas sessões por mês, entre as 15 e as 17 horas.
Orientado para todo o tipo de público, interessa sobretudo a estudantes de Língua e Cultura Portuguesa, de História da Cultura e das Mentalidades e, de um modo geral, a todos os interessados na vida e obra de Eça de Queirós e na História de Portugal e do Mundo na 2.ª metade do século XIX e das suas consequências até aos dias de hoje.
E, além do mais, é uma excelente oportunidade de convívio num espaço excepcional com queirosianos de todas as idades. Gente simpática é outra coisa.
A todos os inscritos, para além de bibliografia adequada da autoria dos professores, será entregue um certificado de frequência.

Confraria O Rabelo

Silva Fernandes e Fátima Teixeira
No passado dia 3 de Setembro no Capítulo da Confraria O Rabelo em S. João da Pesqueira, foi insigniada como confrade daquela Confraria duriense Maria de Fátima Teixeira da Confraria Queirosiana, num conjunto de 20 senhoras que ao Douro têm dado uma boa parte do seu trabalho e afeto.
No ocasião foi também lançado uma publicação com um estudo sobre a Gastronomia histórica do Douro. O ato foi conduzido por Silva Fernandes como Mestre Capitular. Estiveram presentes, para além de numerosas confrarias entre as quais uma delegação da Queirosiana, Madalena Carrito da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas.

ÓRFÃO INFINITO

Tendo, como é habitual, nascido de uns pais
Como os de outros milhões de seres, normais
Deu-se-me no entanto esta orfandade
Que suspeito se mantenha por toda a eternidade
Seja lá isso o que seja, seja lá isso o que for
Pelo relógio de Cronos ou de outro clássico estupor
E é este mal estar permanente, este sentimento infeliz
Que eu não criei, não desejo e não quis
Que me impede que simplesmente vegete
E em vez de defecar no monte vá à retrete
E que em vez de refocilar na vida sem pecado
Se insistir no prazer vou precisar de advogado
Neste mundo, neste eterno infantário
Cada um cumpre um distinto fadário
E aquilo que para mim é bom e natural
É visto pela minha vizinha como fonte do mal
A minha orfandade não é pois igual à dela
Eu p’ra vida preciso de porta, ela de janela
E o que lhe importa a minha solidão
Se ela prefere na lotaria um milhão!?
Não sei se estou a ser correto e justo
Mas a esta filosofia tola preferia-lhe o busto
Para o contemplar de lado e de frente
Sabendo que a tal ato o cosmos fica indiferente
E mesmo que o sistema solar acabe
Creio bem que não acabará esta orfandade.

Fradique Rua Mendes, 2011
(bisneto de Fradique Mendes)

Workshop de Tango Argentino

Nos próximos dias 15 e 16 de Novembro decorrerá no Solar Condes de Resende um workshop de Tanto Argentino para iniciados dirigido pelos professores Inês Tabajara e Carlos Cabral.

Brindar com Porto

Apetecia-me beber um Porto com o meu confrade (da confraria do Vinho do Porto) Rei Alberto II da Bélgica, por estar a governar um país sem governo há mais de um ano e não se estar a dar nada mal com essa ausência; Cesária Évora, a Senhora da canção crioula; José Niza, o melodista do depois do adeus.

Não, não quero brindar com:

Alberto João Jardim, porque basta!; José Eduardo dos Santos, por «ter escolhido o sucessor».

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 37 – Domingo, 25 de Setembro de 2011
Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154
IBAN:PT50001800005536505900154;Email :queirosiana@gmail.com; confrariaqueirosiana.blogspot.com; eca-e-outras.blogspot.com; coordenação da página:
J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redacção: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.