domingo, 25 de abril de 2010

Eça & Outras

“As Artes entre as Letras” de parabéns

 No próximo mês de Maio a revista quinzenal dirigida por Nassalete Miranda faz um ano. Aí se tem publicado a página Eça & Outras em papel, através de um protocolo celebrado entre a Confraria Queirosiana e a empresa, o qual deu consistência a uma parceria que já vinha de outra publicação. O dizer o quanto esta revista – teimo em chamar-lhe assim – veio preencher uma lacuna é bla-bla fácil de escrever e excessivamente óbvio: que mais tínhamos nós além do Jornal de Lisboa, perdão, de Letras, o JL de José Carlos de Vasconcelos?
Desde que Marilyn Monroe cantou o Happy birthday to you ao presidente Kennedy que já não é suposto ouvir cantar o “Parabéns a você” naquele estilo meloso de cantilena de lar da terceira idade. Por isso, pelos parabéns devidos, eis o que até hoje retive da leitura que dele faço.
Em primeiro lugar as duas crónicas sempre presentes, a de Guilherme de Oliveira Martins e a de Carlos Fiolhais, a primeira sobre esse tema abrangente que é a Cultura, mas que este autor não deixa que seja tomada como uma barraca da feira dos Carvalhos onde se pode vender de tudo, e a segunda com as suas revelações da Ciência e do Pensamento: num país que separou por “canudos” as Ciências Exactas, as da Natureza e a Técnica das Ciências Históricas, é uma página que faz bem.
Depois os artigos e reportagens sobre Património, esse novo menino do conhecimento que entre nós ainda mal saiu da incubadora: a linha do Tua, a calçada à portuguesa, a lusofonia, e pouco mais, não vá o papão acordar. Nesta “Procissão”, para me lembrar de um texto antológico de J. Rentes de Carvalho com este título, vão os grandes autores do passado como Carolina Michaëlis, Joaquim de Vasconcelos, Sampaio Bruno, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Alexandre Herculano, António Nobre, Albert Camus, Machado de Assis, Adolfo Simões Müller, Guerra Junqueiro, Alberto Sampaio, Luiz Pacheco. Mas também os vivos da costa e do interior, José Saramago, Albano Martins, Mia Couto, Beatriz Pacheco Pereira, Helder Pacheco.
As gentes do teatro também nele aparecem, pontuando-se a António Pedro e passando por Júlio Gago, Júlio Cardoso, Nuno Casinhas, Castro Guedes, Eunice Muñoz, Margarida Carpinteiro. Os do cinema, falando de João Bérnard da Costa, Lauro António, o Cinenima, o Fantasporto. Muitos artistas plásticos, José Rodrigues, Armando Alves, Paulo Vilas Boas, Francisco Simões Vieira da Silva, Nadir Afonso, Júlio Resende, o Portocartoon, Serralves e a Casa do Desenho. Com as músicas de Manuel Ivo Cruz, Günther Arglebe Giovanni D’Amore, Jorge Peixinho e a Orquestra Nacional do Porto.
Personalidades como D. Manuel Clemente, bispo, historiador e professor, ou a memória de José Augusto Seabra ou ainda da República, nos cem anos que dela se fazem, são outras tantas rúbricas bronzinas nesta revista. E também, no décimo aniversário da lei que considerou a gastronomia como Património Cultural, a presença do chefe Hélio Loureiro e a Confraria das Tripas e do chefe Hermínio Costa.
Esta é a minha memória imediata do muito mais que As Artes entre as Letras publicaram durante um ano, além da página queirosiana Eça & Outras sobre a qual, obviamente, não me pronuncio. É esta a minha leitura parcelar, pouco isenta, pois é como se tivesse ido a uma garrafeira muito variada e apenas escolhesse as marcas e as colheitas de minha particular estima.
Dei também por algumas ausências nesta rápida memória: a História evocada a propósito de Herculano, teve apenas Francisco Ribeiro da Silva a cultivá-la a propósito do 31 de Janeiro; a Arqueologia, um breve comentário de Joel Cleto. Talvez me tenham escapado outros profissionais destas áreas.
Eis pois o que retive neste seu primeiro ano de vida. Convenhamos que há lá muito mais.
Mas eu bem fui avisando que, depois da Marilyn Monroe o ter feito como vocês sabem, sempre me achei ridículo a cantar os parabéns a você. E não me lembro que Plácido Domingo o fizesse. Prefiro portanto comemorar o seu primeiro aniversário com uma saudação e com um verdadeiro vinho do Porto, Gaia blend, à directora e a todos os colaboradores do As Artes entre as Letras: à vossa saúde, por muitos e bons números.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor

Salvemos a dignidade da Arqueologia Nacional

Têm corrido na Internet, e por outras formas de divulgação, várias declarações, petições e outras tomadas de posição que visam alterar o plano para destruir ou inviabilizar o Museu Nacional de Arqueologia, um dos que mais “tesouros nacionais” tem, dos mais visitados do país e daqueles que maior produção científica apresenta.
Uma das formas de o destruir é transferi-lo para os barracões da Cordoaria Nacional situados no leito de cheia do Tejo, onde ficariam, obviamente, muito melhor os barcos do Museu da Marinha.
Muitos dos maiores nomes da arqueologia portuguesa e das outras áreas do conhecimento advogam a necessidade da construção de um edificio de raiz, ou a sua instalação noutro edifício condigno situado em local conveniente e com condições para tal.
O seu actual director, Professor Luís Raposo, tem-se desdobrado em acções de esclarecimento em defesa do nosso (dos portugueses!) Museu Nacional de Arqueologia, que o actual governo pretende ofender de forma irremediável. Desde, pelo menos, o consulado de Santana Lopes como Secretário de Estado da Cultura, que a Arqueologia Nacional é vista pela classe dirigente como um empecilho a abater. Mas não vai ser fácil. Assim Endovélico nos ajude.

Jacinto em Lamego

No passado mês de Dezembro, no salão nobre da câmara de Lamego, Cristina Bernardes apresentou em conferência a sua tese de mestrado intitulada “Da decadência à regeneração: Jacinto e o percurso da auto-descoberta em A Cidade e as Serras”, apresentada em 2007 à Universidade Aberta para a obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares.

J. Rentes de Carvalho em Matosinhos

Coincidindo com a sua estadia em Portugal, J. Rentes de Carvalho foi um dos escritores convidados pela organização do colóquio “Literatura em Viagem” que recentemente decorreu na terra do poeta do Só.
Aproveitando a oportunidade, com mais alguns outros escritores, deu um pulo a Gaia em peregrinação ao Monte dos Judeus, tendo constatado que a casa onde nasceu está à venda. O mamarracho que lhe construíram em frente ainda lá continua, dizem que embargado.

Eça o mais lido em Coimbra

Num recente concurso organizado na Universidade de Coimbra em que participaram cerca de 400 docentes, funcionários e alunos, que deveriam indicar “os três romances escritos em língua portuguesa que mais gostou [gostaram] de ler ao longo da sua vida”, o primeiro lugar, com 198 votos, foi para Os Maias de Eça de Queirós, e o segundo lugar, com uns 75 votos, para Memorial do Convento de Saramago.
Acrescente-se que a cidade do Mondego tem completamente esquecido o Roteiro Queirosiano de Coimbra escrito há anos por Carlos Santarém Andrade.
Lá do alto, Eça deve ter dito: os estudantes da minha universidade nunca se esquecerão de mim. Et voilá!

 Um hotel na Natureza

O Parque Biológico de Gaia, entre os muitos e variados serviços que apresenta, tem também a Hospedaria do Parque destinada a todo o tipo de grupos ou pessoas individuais que queiram desfrutar de um contacto mais próximo com a natureza. As suas características não esqueceram as crianças e aqueles que se movimentam em cadeira de rodas. Os preços são óptimos e há quartos com duas, três, quatro e seis camas, até um total de quarenta e seis camas distribuídas por doze quartos. Um hotel realmente na natureza e perto do centro das cidades de Gaia e Porto.

Eça de Queirós no corta e cola

Saiu mais um livro sobre Citações e Pensamentos de Eça de Queirós editado pela Casa das Letras, e desta vez da autoria de Paulo Neves da Silva, licenciado em Matemáticas Aplicadas que, depois de o ter feito a Fernando Pessoa, Nietzsche e Agostinho da Silva se deu ao trabalho de fatiar a obra de Eça de Queirós e servi-la em nova edição. Face à bibliografia já existente sobre o autor preferíamos que talvez nos desse qualquer coisa como “A Matemática na vida e obra de Eça de Queirós”. Isso é que sim, é que era obra. Suponho que não vamos ter um Clube dos Citadores.

Capital de Cabo Verde em Livro

Acaba de ser editado pelo Instituto do Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde a tese de mestrado de José Silva Évora intitulada “A Praia de 1850 a 1860: o porto, o comércio e a cidade “defendida na Faculdade de Letras em 2007.
Nesta obra o autor analisa exaustivamente a vida desta cidade portuária no tempo dos grandes veleiros, quando ela era o ponto de passagem obrigatório nas viagens atlânticas entre a Europa, as Américas, a África subsariana e até o longínquo Oriente.

Tomar café ou não

Não quero tomar café com:

John Paulson, um dos “génios” financeiros americanos, mais um chico esperto que a única coisa que deixou no bolso dos que investiram nos seus negócios foi cotão; Luís Figo, o herói do vale tudo desde que lhe paguem; Mário Nogueira, o “senhor da guerra” da mediocridade docente; Pinto Ribeiro, outro génio que só tem lucro quando trabalha no sector privado mas não quando o faz no sector público; e ainda há-de receber uma medalha… pública; Marechad António de Spínola, mentor do MDLP responsável pelo roubo e destruição do tesouro da Colegiada de N.ª Sr.ª da Oliveira em Guimarães.

Gostava de ir tomar café com:

Luís Raposo, pela firmeza e autoridade intelectual com que tem defendido o Museu Nacional de Arqueologia; António Sala, o senhor da Rádio; João Canijo que nos pôs ao espelho a ver o retrato deste país cinzentão no cinema..

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 20 – Domingo, 25 de Abril de 2010
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redacção: Fátima Teixeira;
inserção: Amélia Cabral;