sexta-feira, 24 de julho de 2009

Eça & Outras Julho

Sábado, 25 de Julho de 2009

O EX-MINISTRO PINHO E A CASA DE GARRET

A democracia, se não for o governo dos melhores eleitos pelos seus pares, é uma tragicomédia como outra forma de governo qualquer, com a agravante de, as mais das vezes, apresentar piores resultados imediatos no que diz respeito ao bem estar e à curta felicidade terrena possível para o comum dos mortais. Os exemplos são conhecidos, ainda que deliberadamente sonegados pelas máquinas de propaganda.
Por isso não se percebe porque é que determinados indivíduos querem chegar a ministros. Talvez apenas porque sim, porque há que preencher todos os lugares da lista de ministérios, assim como quem preenche o boletim do totobola: para ter o 13 há que preencher todas as colunas, nem que seja com empates (ou “empatas”). Estará fora de questão remodelar ministérios ou, pior ainda, suprimi-los. Se agora temos um ministro das Finanças que também o é da Economia, essa solução inicial tinha-nos poupado Manuel Pinho e as gaffes de quem chegou mal dormido do voo de Londres e não percebeu bem onde aterrou nem qual o seu papel nas circunstâncias.
Mas o homem achou bem ser ministro e pronto. Pode ter sido a vontade de ficar na História, mas aí se fica por boas e más razões. Ou no olvido eterno. E seria muito mau que o ex-ministro Pinho ficasse na História por ter feito no Parlamento um gesto muito popularacho a um deputado no meio de uma acesa discussão em que este o acusou de, na prática, andar a servir de moço de recados da EDP ao levar um chequezito do nosso monopólio privado da electricidade ao clube de futebol local. Se assim for, tal significa que a História já está inquinada pelos faits divers das revistas de publicidade. Que diabo! Um homem às vezes excede-se, perde a cabeça, diz o que não devia dizer. É normal. É humano. Depois pede, sinceramente, desculpa a quem ofendeu. Promete, sinceramente, corrigir-se. E a coisa esquece-se, passa-se à frente. Por aqui o ex-ministro tinha toda a benevolência da História a sério.
Mas sobre esta figura, o que não se esquecerá jamais, é que sendo proprietário de uma das casas onde Almeida Garret viveu em Lisboa, a qual, para além do seu interesse épocal e arquitectónico, era uma referência incontornável no roteiro literário do escritor e da capital, mandou-a demolir em 2006 para lá mandar fazer uns apartamentozecos, contra o parecer da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Nacional de Cultura, do PEN Clube, e de 2300 assinaturas de cidadãos portugueses, uns mais conhecidos do que outros, a quem o ex-ministro fez assim, não talvez os seus primeiros, mas uns bem mais graves “corninhos”, que causaram tanta indignação que houve quem devolvesse à Câmara de Lisboa condecorações autárquicas, a qual, neste processo, se portou com indiferença de igual jaez, empatando a questão durante anos até ao esperado consumatum est, empurrando as culpas para o IPPAR e este para a autarquia. O pingue-pongue habitual.
Ora se este ex-ministro mandou demolir a casa de tão notável parlamentar e figura cimeira da cultura portuguesa, estando-se nas tintas para tais bagatelas, acham realmente que ele alguma vez teria categoria para, mais tarde ou mais cedo, não estalar o verniz no Parlamento? Sinceramente, não sei em que fantasia de país é que vocês vivem.

J. A. Gonçalves Guimarães, cidadão eleitor


EXPOSIÇÃO DE HELDER DE CARVALHO

Até 8 de Agosto está patente ao público na Galeria Artes Solar Santo António na Rua do Rosário no Porto a exposição “Formas de continuidade no espaço” do escultor Helder de Carvalho, autor das estátuas de Eça de Queirós no Solar Condes de Resende e em Canelas e de muitas outras obras espalhadas pelo país. Nos últimos tempos tem dado a Trás-os-Montes algumas esculturas entrecruzadas com a paisagem, trabalhadas como se a teia de Ariadne fosse tecida a partir da roca e do fuso manejados por Vulcano, mostrando assim que a perenidade e a inovação podem ser irmãs e filhas do mesmo pai.

REGISTOS DA ALDEIA

Num simpático livro de bolso, como convém neste caso, A. Silva Fernandes recolheu e publicou as “Orações, rezas e benzeduras” da sua aldeia natal de Pereiros, S. João da Pesqueira. Enquanto é tempo, que estas coisas agora já só se encontram na memória dos velhos ou nestas colectâneas que aliam à beleza poética o lastro de crenças vindas, muitas vezes, de tempos pré-cristãos para o cenário evangélico onde nem sempre se confinam. Para além do interesse monográfico local, interessante também para os que estudam as crenças populares durienses.
Edição da Associação dos Amigos de Pereiros e da “Douro em mim”, também com a chancela da Confraria Queirosiana, 66 páginas, 3 € PVP.

TEMPO DE CONGRESSOS

No final do mês de Junho, princípio de Julho, membros do Gabinete de História, Arqueologia e Património e da Academia Eça de Queirós da Confraria Queirosiana estiveram presentes nos seguintes congressos onde apresentaram diversos trabalhos de investigação: nos dias 26 e 27 de Junho no Quartel de Santo Ovídio no Porto, no congresso sobre o Bicentenário das Invasões Francesas, organizado pela Área Metropolitana do Porto; nos dias 30 de Junho e 1 de Julho em Trancoso e Vila Nova de Foz Côa no congresso sobre Património e Desenvolvimento, organizado pelo Instituto Piaget; nos dias 2 e 3 de Julho no congresso de História da Misericórdia do Porto no Seminário de Vilar.
Entre 5 e 8 de Novembro decorrerá o Congresso Internacional sobre Turismo Cultural e Religioso, organizado pelo ISMAI e pelo GEHVID, o qual terá a presença de membro do GHAP, sempre com comunicação.
Os membros deste Gabinete, constituído exclusivamente por profissionais daquelas áreas, estão permanentemente a ser convidados para apresentarem os seus trabalhos em variadíssimos congressos e colóquios, mas têm recusado a sua presença naqueles cuja organização junta “alhos e bugalhos”, ou quando são marcados sem a antecedência necessária para os temas serem devidamente tratados.

OS MAIAS (N’)UMA ANTOLOGIA ILUSTRADA

Sobre Os Maias já se disse tudo? Sobre Os Maias já se mostrou tudo? Não, não e não! Acaba de ser editado pela Parceria A. M. Pereira um interessantíssimo álbum antológico com uma selecção de textos e imagens da autoria de Rui Campos Matos, arquitecto e ilustrador radicado no Funchal que à temática queirosiana tem emprestado o seu traço elegante e descritivo, certeiro nas linhas essenciais, não longe da caricatura, mas com um absoluto enquadramento artístico que lhe dá qualidade, leveza e um indispensável poder gráfico e descritivo épocal, mas com laivos de actualidade.
Este álbum passa assim a sintetizar a própria obra, mas também tudo o que sobre ela se disse pela escrita, pelas artes cénicas e pelo próprio cinema. É igualmente um valioso auxiliar para os estudantes do secundário que, sem menosprezarem o texto, entram nos caracteres criados por Eça também pela via iconográfica. Uma pérola queirosiana com 160 páginas que será vendida a 17,5 € PVP.

CURSOS DO SOLAR

A partir dos próximos meses de Agosto, Setembro e Outubro, o Solar Condes de Resende, com a colaboração da Confraria Queirosiana e da Academia Eça de Queirós e o patrocínio da GAIANIMA, EEM, vai relançar os cursos de Pintura e Expressão Plástica, dirigido pelo Professor Ariosto Madureira, de Danças de Salão, com a colaboração da Global Dance, e uma nova edição do curso sobre “História do Grande Porto”, desta vez a partir da biografia de grandes homens e mulheres que marcaram a região e os seus municípios.
As inscrições abrem em Agosto. Estes cursos são ministrados por profissionais devidamente habilitados, e com currículo de excelência conhecido.
No curso do ano transacto, coordenado por J. A. Gonçalves Guimarães, sobre “Eça de Queirós, sua vida, sua obra, sua época”, leccionaram Isabel Pires de Lima, Mário Vieira de Carvalho, Carlos Fiolhais, José Manuel Tedim, Nuno Resende, Norberto Barroca, Maria Teresa Lopes da Silva, Arie Pos, Luis Manuel de Araújo e o próprio coordenador do curso.


D. FREI PATRÍCIO DA SILVA EM LIVRO

No passado dia 17 pelas 18 horas na sacristia da Sé Catedral de Leiria foi lançado o livro D.Frei Patrício da Silva, um cardeal leiriense patriarca de Lisboa (1756 – 1840), da autoria do nosso confrade Ricardo Charters de Azevedo, sobre este «… único purpurado agostinho de toda a história de Portugal, professor de Teologia na Universidade de Coimbra, [que] gozou sempre de grande prestígio entre o clero e os políticos do seu tempo. Numa altura complicada da vida em Portugal, mais valor tem ainda a acção que ele desenvolveu». A edição é da Textiverso.

TOMAR CAFÉ, OU CHÁ

Alguns dos nossos leitores, através do email queirosiana@hotmail.com manifestaram-nos o desejo de Não quererem ir tomar café com: Alberto João Jardim, Cristiano Ronaldo, Dias Loureiro, Jardim Gonçalves, João Rendeiro, Manuel Pinho, Manuela Aguiar, Robert MC Namara.
Quanto aos sins, apenas alguns desejos para ir tomar uma chávena de chá com Rebiya Kadeer, Lubna Ahmed al-Ussein, e de café com Luís Raposo e Cláudio Torres.
Recordamos, mais uma vez que este simples gesto social não vincula os ASCR-CQ nem a página Eça & Outras, mas apenas os leitores que sobre tal se pronunciam.


Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 10 – Sábado, 25 de Junho de 2009
Cte. n.º 506285685
NIB: 001800005536505900154
IBAN: PT50001800005536505900154
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Coordenação da página:
J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638)
Redacção: Fátima Teixeira
Inserção: Amélia Cabral

Colaboradores desta edição:
J. A. Gonçalves Guimarães;
Fátima Teixeira;