terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Eça de Queiroz Correspondência

Acabam de sair pela Editorial Caminho os dois volumes de Eça de Queiroz Correspondência, com organização e notas de A. Campos Matos, diria mais, do incansável, incontornável, imprescindível A. Campos Matos, a quem os queirosianos tanto devem e as gerações vindouras tanto ficarão a dever a este incansável divulgador e comentador do grande escritor português assim tornado eterno e universal, ainda que em português. Nesta nova colectânea reúnem-se 898 cartas, algumas das quais inéditas, passando assim a ser o mais completo e anotado repositório da epistolografia queirosiana, imprescindível para aclarar ainda muitos pontos da sua vida obscurecidos pelas ideias prévias de alguns dos seus biógrafos e, ao mesmo tempo, ajudarem a compreender melhor a sua obra e a sua época.

Manoel Oliveira filma Eça

No passado dia 11 de Dezembro, o cineasta Manoel Oliveira passou o dia do seu 100º aniversário a trabalhar atrás das câmaras filmando a sua versão do conto «Singularidades de Uma Rapariga Loira», a qual tem como protagonista Catarina Wallenstein no papel de Luísa Vilaça. As filmagens terminaram a 19 de Dezembro, aguardando-se com expectativa a estreia deste filme.


Teatro queirosiano na Maia

O Centro de Estudos de História Cultural Luís de Magalhães, da Maia, na sua colecção Memória do século XIX, acaba de publicar duas peças de teatro de José Leitão, o director do Teatro Art’Imagem, ele próprio actor e encenador, que tem vindo a adaptar ao palco obras de grandes escritores, desta feita «Não Matem o Mandarim», com prefácio de António Coimbra Martins, datado de Lisboa, Janeiro de 2005, e «Que Relíquia!», com prefácio de Carlos Reis também daquele ano. A primeira peça subiu à cena no Cine-Teatro Garrett na Póvoa de Varzim a 16 de Novembro de 1995, passando depois pelo Teatro Estúdio de Massarelos no Porto, por vários teatros franceses e galegos regressando depois a Portugal onde foi representada em várias salas de espectáculos.
Por sua vez a segunda peça estreou a 13 de Abril de 2000 também naquele teatro poveiro, passando depois pelo Teatro do Campo Alegre no Porto, pelo Teatro Gil Vicente em Coimbra e pela Fundação Eça de Queirós em Baião.
Como é sabido, Eça, o autor das obras que inspiraram estas adaptações, embora fosse sobrinho-neto de um dramaturgo de sucesso na sua época, mas hoje esquecido, e ele próprio tivesse sido actor amador em Coimbra, não deixou obra de palco, sendo porém diversas as adaptações dos seus romances quer para teatro quer para cinema. Com estas duas adaptações de José Leitão, em edição coordenada pelo nosso confrade José Augusto Maia Marques e editadas pela Câmara Municipal da Maia, têm os leitores ao seu dispor duas excelentes versões teatrais comentadas por dois dos mais brilhantes exegetas queirosianos, António Coimbra Martins e Carlos Reis.

Os Maias em Lisboa

No próximo mês de Janeiro estreia no Teatro da Trindade em Lisboa a adaptação teatral do romance Os Maias por António Torrado, com encenação de Rui Mendes, cenografia e figurinos de Ana Paula Rocha, luz de Carlos Gonçalves e direcção musical de Afonso Malão.



Boletim da Póvoa de Varzim: 50 anos!

No passado dia 22 de Dezembro, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim foi apresentado por José Carlos Vasconcelos o n.º 42 de Póvoa de Varzim Boletim Cultural comemorativo dos 50 anos da sua edição.
Com textos introdutórios de José Macedo Vieira, presidente da Câmara; Luís Diamantino Carvalho Batista, vereador da Cultura, e Maria da Conceição Nogueira, directora do Boletim, esta cuidada edição coordenada por Manuel Costa, director da Biblioteca Pública Rocha Peixoto, apresenta-se com 616 páginas, muito ilustrada, sendo também dedicada aos 700 anos do Foral. Muitos dos seus artigos são dedicados à vida do próprio Boletim e à acção dos seus antigos directores, entre eles o saudoso Flávio Gonçalves antigo professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Outra presença são os artigos sobre Eça de Queirós, nomeadamente «Os meus Eças» de Carlos Reis, «Silêncios sombras e exitações em Eça de Queiroz» de A. Campos Matos e «A razão por que Eça foi para Paris - colagem», artigo póstumo de Joaquim de Montezuma de Carvalho.
Para além daqueles dois primeiros nossos confrades, encontramos ainda, entre os muitos colaboradores deste número, os confrades João Francisco Marques, José Manuel Tedim, Dagoberto Carvalho J.or e Silvestre Lacerda.
Paralelamente foi também publicado o importantíssimo instrumento de trabalho Sumários e Índices do Boletim Cultural «Povoa de Varzim» 1958 - 2008, organizado por Manuel Costa, com a indicação de 40 artigos sobre Eça de Queirós publicados ao longo deste meio século no Boletim da terra da sua naturalidade.



J. Rentes de Carvalho em português

Depois da Gailivro ter unilateralmente cancelado o contrato para a edição das obras completas de José Rentes de Carvalho quando se integrou no grupo Leya, e depois da continuação do sucesso deste autor português nos Países Baixos com o inquietante livro A Ira de Deus sobre a Holanda, lançado no passado dia 23 de Outubro em Amsterdão, a Quetzal publicará em Portugal no próximo mês de Janeiro uma nova edição de Com os Holandeses, «brilhantemente escrito. O mais subtil, melhor observado e mais divertido livro que conheço sobre os holandeses» como escreveu Rudy Kousbroek in NRC/Handelsblad.
Na Holanda esta obra teve sucessivas edições pelo menos em 1972, 1973, 1982, 1987, 1988, 1989 (duas neste ano), 1990 e 1991 e 1996.
Nascido em 1930 em Vila Nova de Gaia no Monte dos Judeus, num local com uma soberba vista sobre o Douro estupidamente entaipado por um edifício dos anos cinquenta e, nos anos noventa, por um edifício tão monstruoso que o próprio IPPAR se viu na demorada contingência de ter de o embargar, a vida levaria J. Rentes de Carvalho até aos Países Baixos por onde se tem ficado ao longo deste meio século, alternando com estadias no cenário ancestral de Estevais do Mogadouro, Trás-os-Montes. Escrevendo sobre Portugal, a Holanda e o Mundo é o mais universalista dos escritores portugueses vivos, só não tendo ainda sido proposto para o Prémio Nobel de Literatura porque, ao contrário de outros escritores tantas vezes fingidos no que diz respeito a modéstias pessoais e literárias, J. Rentes de Carvalho é um eterno “romeiro sem romaria”, não logrando criar grupos de pressão indispensáveis para essas coisas dos prémios e dos artigos laudatórios. Escreve porque sim e estupefacta continuamente os seus leitores. E para o Nobel, como é sabido, tal não basta.



Lisboa versus Porto e vice-versa

No passado dia 20 de Dezembro no El Corte Inglês de Gaia foi apresentado este livro divertidíssimo de António Eça de Queiroz e de António Costa Santos.
Para além dos lugares comuns sobre ambas as cidades (que diabo! Um lugar comum não é o parente pobre da sabedoria; as coisas boas da vida estão cheias de bons lugares comuns; a ciência está cheia de lugares comuns; um tubo de ensaio é um lugar comum imprescindível no exercício laboratorial. O génio é apenas a previsão com sucesso de alguns lugares depois comuns). Dizia eu, que o livro apresenta todos os lugares comuns, mitos e inexactidões históricas sobre ambas as cidades e os seus arredores, permitindo assim fazer o ponto da situação sobre o que o cidadão comum assimilou como “sagrado” sobre a olissipografia e a portografia. E esta não é a sua única e grande virtude. A maior será, para além do humor imanente que contém, a ousadia de ter posto em livro uma “guerra” interna bem portuguesa, tão inútil quão inofensiva, a não ser quando a super bock ou a sagres já estão em demasia no assunto.
Um livro ligeiro que talvez obrigue a reflexões profundas. E a releituras. Leiam-no e divirtam-se, ò sábios!


Homenagem a Fernando Peixoto

Após a infausta notícia do falecimento de Fernando Peixoto, vários dos seus muitos amigos começaram a pensar na melhor maneira de o homenagearem. Constituiu-se entretanto uma Comissão Promotora do Livro de Homenagem a Fernando Peixoto a qual pretende congregar todas as pessoas e instituições que pretendam reunir-se nas páginas de um livro de memórias e da memória de todos em volta do ilustre finado. Assim, todos os que o desejarem podem aderir à iniciativa escrevendo para queirosiana@mail.com, ou para o endereço dos promotores da iniciativa que será em breve divulgado após a confirmação das pessoas convidadas para fazerem parte da referida comissão.



Exposição de Arte no Castelo da Foz

Desde sábado dia 20 de Dezembro e até ao fim de Março, está patente no Castelo da Foz uma exposição de retratos e paisagem do Major Simões Duarte. De entre os retratados salientam-se algumas figuras da Arte e Cultura portuguesa e internacional, como Fernando Lopes Graça, Rui de Carvalho e Pavarotti, ao lado de anónimos pescadores e mulheres transmontanas. De entre as paisagens salientam-se as vistas portuárias e do Centro Histórico de Gaia.
Cosendo redes, Sesimbra
Quadro a óleo de Simões Duarte



Curso sobre Eça

Organizado pela Academia Eça de Queirós e com o patrocínio da Gaianima, EM, prossegue no Solar Condes de Resende o Curso livre sobre “Eça de Queirós, sua vida, sua obra e sua época”, tendo já leccionado Isabel Pires de Lima, J. A. Gonçalves Guimarães, Arie Pos, Luís Manuel de Araújo e Mário Vieira de Carvalho, abordando temas do universo queirosiano tais como a biografia e os biógrafos de Eça, O Mandarim, a viagem ao Egipto e à Síria-Palestina e a Música na sua obra.
Seguem-se os professores Maria Teresa Lopes da Silva, José Manuel Tedim, Nuno Resende e Carlos Fiolhais com temas como Eça em Havana e os escravos chineses, a Arte na segunda metade do século XIX, o quotidiano oitocentista, a Ciência pós-darwiniana, os Vencidos da Vida e Os Maias. O curso encerrará em Março com uma lição síntese por Isabel Pires de Lima.

Eça & Outras, IIIª. série n.º 3 - Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2008
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J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638)
Redacção: Fátima teixeira
Inserção: Amélia Cabral