quarta-feira, 25 de dezembro de 2013


Quadro queirosiano

Eça de Queirós
por A. Dias Machado, 2013

No mais recente capítulo da Confraria Queirosiana, que decorreu no dia 23 de Novembro passado no Solar Condes de Resende, a Confraria do Abade, de Braga, brindou a primeira com um quadro original da autoria do pintor famalicense A. Dias Machado, com uma figuração de Eça de Queirós inserida no universo da sua própria vida e na das suas personagens, sob o tema ali transcrito «A Arte é um resumo da Natureza feito pela imaginação», a frase com que Fradique Mendes resumiu uma discussão filosófica sobre o assunto (A Correspondência de Fradique Mendes).O seu autor, que reside em Riba D’Ave, tem participado e realizado numerosas exposições, encontrando-se presente em várias coleções no país e no estrangeiro, tendo já retratado várias personalidades como Camilo Castelo Branco ou Che Guevara. Nas suas obras distinguem-se um traço e uma cor muito expressivos, pelo que a coleção da Confraria, que se encontra no Solar Condes de Resende, ficou assim muito valorizada com esta representação do seu patrono, a quem o fenómeno artístico não era indiferente, muito antes pelo contrário, motivando-lhe sérias reflexões desde muito novo: «A Arte é a história da alma», escreveu nas Prosas Bárbaras. Ele próprio se dedicou ao desenho, à pintura e à modelação de figuras; se no seu espólio conhecido restam apenas alguns desenhos, os quadros a óleo que seguramente pintou em Paris poderão andar por aí perdidos sem identificação ou terem ido para o fundo do mar, com o seu retrato pintado por Columbano, boa parte dos seus livros, manuscritos e mobiliário, mandados para Portugal após o seu falecimento, num navio fretado pelo governo de então para trazer o espólio do Pavilhão Português na Exposição Universal, mas que naufragou à vista de Lisboa. Felizmente a viúva não pode ou não teve tempo para mandar empacotar todo o recheio de sua casa. Restará na Fazenda do Brejão, Santa Cruz das Palmeiras, São Paulo, Brasil, o pequeno quadro que Eça ofereceu ao seu amigo Eduardo Prado com «três gatos em uma praia, junto a um rochedo, contemplando o por do sol». O próprio Eça tinha em sua casa quadros de D. Carlos, Carlos Reis e Jaime Verde, entre outros, além dos quadros de sua sogra, D. Maria Balbina, Condessa de Resende, por sua vez filha do 1º Visconde de Beire, o primeiro inspetor da Academia Portuense de Belas Artes, que por isso mesmo lhe deve ter propiciado bons professores de desenho e pintura.

Nesta época de intensa democratização dos atos de criação estética, em que, com mais ou menos reconhecimento, todos podemos ser artistas, e em que novas formas de arte se afirmam no nosso quotidiano, grande parte delas, é certo, já nascidas com a doença da efemeridade, ou com uma desesperada falta de substância e de conteúdo louvada por exotéricos vendedores de “banhas da cobra” em grossos volumes de “artes gráficas” ou “design”, benzidos por banqueiros artisticamente ineptos, tão caros quanto inúteis, e cujo destino é forçosamente o caixote do lixo da História, este quadro do pintor A: Dias Machado permanecerá no Solar Condes de Resende como uma bela metáfora sobre o autor de A Relíquia que imediatamente suscitou a admiração dos confrades presentes que junto dele e com ele se fizeram fotografar. Há obras de Arte assim.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário mor da Confraria

Grande Prémio da Crónica 2013

            A 10 de Dezembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Sintra, o escritor José Rentes de Carvalho recebeu em cerimónia pública este prémio pelo seu livro Mazagran, o qual lhe foi outorgado pela Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara Municipal de Sintra, como noticiamos na página anterior. Na ocasião proferiu a seguinte alocação que nos disponibilizou para divulgação neste blogue, endereçada a todos os nossos confrades espalhados por Portugal e Brasil, a qual partilhamos com os leitores do jornal As Artes entre as Letras, protocolado com a Confraria Queirosiana.
«Sintra: agradecimento pelo "Grande Prémio da Crónica – 2013"
Senhor Presidente da Câmara de Sintra, Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, minhas senhoras, meus senhores:
O dicionário define a timidez como sendo a inibição que se sente em face de situações novas, ou de pessoas que não se conhecem bem, e ainda como uma falta de apreço pelo convívio social. Por certo a timidez é tudo isso, mas, como por vezes acontece com as definições, é também o seu contrário: pode ser fraqueza, e ao mesmo tempo grande força. Evidentemente, como seria de esperar, o que me traz a Sintra é a honra do prémio e o proveito do cheque. Se apenas de mim dependesse, isso seria tratado num gabinete, com apertos de mão e dois dedos de conversa. Mas não depende, de modo que aqui me têm, a grande força da timidez impedindo que deite a fugir, mantendo-me preso ao respeito devido às pessoas e às conveniências. Até certo ponto, a falta de experiência explica a peculiaridade do meu comportamento, pois tendo recebido pela primeira vez um prémio aos nove anos, só aos oitenta e dois me calhou o segundo. Não que me queixe, longe disso, quero apenas tornar claro que, por ignorância da técnica, receber prémios ou ser convidado para dançar, me deixa em aflição igual. Não tive de agradecer o primeiro – um livrinho da Condessa de Ségur, e uma caderneta da Caixa com cinquenta escudos – pois bastou dar um beijo à professora. Para o segundo, o ano passado, na Câmara de Castelo Branco, consegui debitar meia dúzia de palavras de agradecimento e, porque era menos que o mínimo, juntei-lhe uma página de prosa. Agora em Sintra para o terceiro, se bem que ainda não possa aspirar ao estatuto de veterano em prémios, tenho a impressão de que me posso alargar. Fá-lo-ei menos em palavras de gratidão, pois essas estão implícitas no que já disse e no que direi, mas, sobretudo, pelo desejo de lhes poupar o enfado de ouvirem repetir frases feitas e lugares-comuns. Para a verdadeira gratidão as palavras nunca bastam, pois exprimem sempre pouco, ou sempre mal, o que se sente e se pretende dizer. Esperando que compreendam o meu pensar, sofram então que abuse da vossa paciência.
Um amigo quis saber de mim como é que, há mais de meio século a viver no estrangeiro, eu ainda consigo escrever uma prosa razoavelmente escorreita.
Conforme o infeliz hábito que tenho de responder sem pensar, e no tom de quem anuncia um facto irrefutável, declarei-lhe que nunca tinha deixado Portugal.
Por ir contra a evidência, e mostrar algum descaso pela sua curiosidade, gerou isso algum embaraço, e ele, homem cortês, mudou de assunto.
Fosse mais corrente o andamento da vida que tenho levado, seria caso para pôr em dúvida o meu juízo, e legítima a pergunta se em pequeno me deram chá.
Felizmente, era apenas uma questão de retórica. Exagerando, eu intentava dar ênfase ao sentimento que tenho desde que me conheço, o de que a minha língua, a nossa língua, me prende a este chão como uma forte e misteriosa raiz, que se faz sentir onde quer que me encontre.
E todavia, pelo acaso das bizarras circunstâncias do meu viver, o qual me obriga a ser poliglota, nela raro me exprimo ou penso.
Aqui chegados, e tal o amigo de que falei, é provável que comecem a ressentir algum incómodo, talvez mesmo a desconfiar da sanidade mental deste, que ora se diz preso à língua-mãe, e de seguida anuncia que pouco a fala, e só de longe a longe a usa para pensar.
Duvido que o esclarecimento satisfaça, mas acontece que, vivendo rodeado de gente exótica, falando idiomas arrevesados, estabeleci com a língua portuguesa uma relação que, à falta de melhor, chamarei maçónica.
É assim que, quase diariamente, me fecho no meu quarto de trabalho com o único propósito de escrever um texto em português.
Pouco importa o tamanho ou o assunto: pode ser a continuação de um trabalho, um apontamento, uma carta, uma entrada no meu diário.
Não poderei dizer com segurança se, nas horas que aí passo, também é em português que penso. Mas uma certeza tenho: canto. Em surdina, vou cantando o que escrevo.
É evidente que cada frase terá de exprimir algo, fazer sentido, mas só é aprovada quando a melodia se me acomoda ao ouvido.
A família não estranha, mas se alguém por acaso escutasse à porta, talvez se benzesse, supondo-me a fazer encantações.
Assim não é, nem o bruxedo ajudaria. Simplesmente, com medo de perdê-la, de esquecer a sua riqueza vocabular e a sua bela sonoridade, criei com a língua portuguesa esse extravagante ritual.
 Embora menos cordato, tenho ainda outro motivo para, cantando, lhe apurar a afinação: o da impotência de uma raiva que me tomou cedo na adolescência e não consigo esconjurar.
Ortega y Gasset escreveu um dia: "Nunca fui nacionalista; mas sempre fui nacional, e isso significa para mim sentir um entusiasmo sempre renascente para com a vintena de coisas espanholas que estão verdadeiramente bem, e um ódio inextinguível para com o restante que está verdadeiramente mal."
Igual ao filósofo espanhol, se me enterneço com tudo o que Portugal tem de bom, sobe em mim uma fúria desmedida ao confrontar o tanto que na nossa bela e carinhosa pátria está desnecessariamente mal, desleixadamente mal, criminosamente mal.
É por isso que na solidão do meu quarto de trabalho canto em surdina a nossa língua. Para não a perder. Para pacientar. Para resistir à tentação que por vezes me assalta de virar as costas à terra do meu berço, cortar a raiz que a ela me prende, que arrasto e pesa como grilhão de condenado.
Num momento como este é descabido o lamento, de modo que, mais conforme ao uso e às boas maneiras, numa tentativa de exprimir a minha gratidão pelo prémio que me atribuíram, lhes trouxe uma espécie de lembrança.
Nada de estimável, nada que possam levar para casa, apenas um apontamento, no qual, talvez por também ter sido escrito a cantar, se ouve aqui e ali alguma ressonância do fado menor, o outro sangue que nos corre nas veias.
É uma forma de recado à moda antiga. E porque vem de lugares onde o tempo parou e a vida esmorece, pode ser que lhes pareça em língua estranha, falando de coisas, terras e gentes como já não há.
Assim fosse. Assim não é.
Fragas, atalhos e arribas, cotovelos de estrada, searas, desfiladeiros, pomares, solidões. Torvelinhos de água. Dias de festa. Rostos, momentos, becos, janelas de grades, pardieiros, estrume a fumegar, cães de gado.
Tudo esboroa, mingua, some em nevoeiro, não se adivinha com que fim ou distingue para que longe.
Que resta do que pareceu e do que foi? Do que disseram? Do que julguei ouvir?
Juras, gestos, subentendidos, intenções, promessas. Aquele sorriso, aquele abraço, a partida, as voltas, os desencontros e as fugas, o retorno, a perdição.
Menino ainda, actor me criei, a fugir do que para mim avançava, corpos grandes, rostos fechados.
No sangue a intuição de perda, vinda do mais escuro do tempo, sabe Deus que mágoas dos que passaram sem deixar nome ou pegada, iguais aos bichos, como eles apodrecendo em campa rasa, lembrados por um jeito, um remoque, e pronto esquecidos.
Silhuetas apenas, desfilam no contraluz, de espessura e aspecto têm o que lhes empresto na fantasia, e um pouco do que guardei por ter ouvido, desde o começo a querer resgatá-los do esquecimento.
A alguns deles nem sequer conheço, ou sim, provavelmente são os que enterrei fundo no esquecimento, a vala comum dos amores traídos, das amizades findas, das derrotas, das traições e ignomínias a que o viver obriga, mesmo quando tem por norte a decência.
Espectros, pouco importa donde vêm, o que os traz ou significam. Chegam em turbilhão, imagens a desenlear um emaranhado de vivências sem lógica nem cronologia, mistura de retratos e histórias, frases sussurradas por vozes estranhas, de longe a longe uma de tom familiar.
Deitada no chão, pariu-o a mãe em manta de burel, lençol teve só o da mortalha, no esquife dos pobres em que o levaram a enterrar. A vida inteira fez cama na manjedoura, dormindo sobre a palha que depois atirava às burras, e elas, às patadas, ensopariam de bosta e mijo.
Vestimenta de esmola, toda em remendos. Chapéu de feltro, enrijado pelo sebo  de anos. Botas já sem cardas, ganhas faz muito com sete jeiras de monda e dez de vindima, o couro duro a moer pés nus, tormento que findava quando calejavam.
Conchego de amor nunca teve, nem conheceu mulher, de alegrias gozou as mais simples: o remanso da sombra na canícula, um cibo de carne na festa, copinho de aguardente, naco de queijo, talhada de melão.
O seu gólgota começa de madrugada, quando carrega nas burras os sacos de serapilheira, cheios do carvão de choça que a semana inteira andou a fazer.
Cortar lenha para a "sepultura", cova funda de metro e meio, acender o lume, cuidar que arda vagaroso, nem forte nem fraco, de modo que seja muita a brasa, pouca a cinza.
Reza se o céu escurece. Reza para que o vento pare. Reza as graças quando as nuvens passam sem chuva. Olhos no alto. Olhos na fogueira. Frio não sente, nem fome, nem sede, só pensa nas chamas, esperançado de assim as domar.
Ao escurecer, com gestos de semeador, atira-lhes punhados de terra, a que chegue para que não abafem logo e vão morrendo aos poucos.
Padece e teme. Menino ainda, de nada me serviria ouvir-lhe a fala, que por enquanto só tenho olhos, um começo de entendimento, guardo sem saber que o faço, ou para que depois, quase todas as palavras me são novidade.
Imagino. Repito. Volto a imaginar e desfio, alargo, componho, misturo, sem consciência nem saber, colhendo vidas e vozes, cheiros, cores, modos, desesperos.
É estar de fora, ser estranho, e ao mesmo tempo viver em todos eles, misterioso fado que mais tarde me levará a perguntar o sentido da vida, nunca apenas nossa, mas enredada nas que findaram, as que estão, as que se escondem num futuro que talvez nunca chegue.
À noite, agachado no banquinho, corta o centeio. Deita as fatias na água que já ferve, pitada de sal, fio de azeite, quatro batatas. Uma cebola.
Vai-se-lhe o pensamento para a cova da ladeira, onde as brasas devem ter esfriado.
O sono é morte súbita de que irá ressuscitar à cantada do galo, logo em prece para que na fogueira apagada seja muito o carvão.
O dia rompe quando avista a "sepultura", e o palpite é bom. Reza agradecido. Bom é também o carvão de brasas medianas, o que paga melhor, gastam-no as mulheres nos ferros de passar, nas braseiras e nos fogareiros.
Seis sacas encheu, das que guardou do adubo. Carga leve, três em cada besta, que fracas como andam, mal comidas, com mais não aguentariam as doze léguas de ida-e-volta, e o tempo que vai perder nas ruas da vila, pára aqui, pára além, batendo as aldrabas, chamando, rouco de apregoar "Brasas! Quem quer brasas!" Às tantas só pergunta nas casas onde costuma ter freguesia, a meio da tarde vendeu duas sacas, trinta mil réis. Um mal-encarado diz que lhe compra uma se mear o preço. Responde que não pode, e o homem vira-lhe as costas com um "Então guarda-as!"
Apiedada, a viúva deu-lhe uma tigela de caldo e água para as bestas, mas brasas tem de sobra, que no estio pouco gasta. Fora isso, a mercearia agora tem carvão de pedra, que dá bom calor e é mais em conta.
Nunca ouviu falar, nem sabe o que seja, carvão só conhece o que faz com lenha de carrasco, castanho, oliveira e sobreiro. Mas não pergunta. Agradece o caldo, seja pelas almas de quem lá tem, e ela diz, o Senhor te acompanhe.
Quando reparou no que tinha andado, já não se viam as casas nem ladravam os cães, o negrume viera de repente, mas de olhos fechados andaria o caminho que era o do seu único longe.
Quebreira, um ardeúme no peito, a oura a embaraçar-lhe o passo, queixoso de não haver por ali fio de água onde acalmasse a sede, nem porta a que pudesse bater.
Quis sentar-se na borda do caminho, mas a fraqueza pôde mais, e julgando que se endireitava rebolou, caiu de bruços, num derradeiro esforço virou a cara, anojado do pó que se lhe colava à boca. Foi esmorecendo, finou-se em paz, os que de madrugada o encontraram quase tinham passado adiante, julgando que dormia.
Deve ter sido outro, o que trouxeram atravessado na albarda de um jerico que mal aguentava o peso do morto e o do homem que o segurava.
Do que estou certo é tê-lo visto no esquife dos pobres, coberto por um lençol remendado na ourela. Lembro também que as mulheres tinham ido à ladeira em busca de flores, para que ele não fosse a enterrar sem ao menos um raminho.
*   *   *
Senhor Presidente da Câmara de Sintra, Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, minhas senhoras, meus senhores:
Lendo um texto que, ademais, nada tem a ver com o motivo de estarmos aqui, é possível que fiquem com a ideia de ter eu escolhido o caminho fácil, e me querer escasso em palavras de agradecimento.
Embora, como antes disse, me falte experiência para situações destas, por outro lado pouca dificuldade teria em alinhavar frases de solenidade e sentida gratidão. Pareceu-me, contudo, que se vinha para receber, ficava melhor trazer-lhes algo, mesmo de pouca valia, do que vir com as mãos a abanar.
Bem sei que, ao desviar-me do que suponho ser habitual nestas cerimónias, corri o risco de os aborrecer e, ao exceder-me no roubo de tempo, talvez mesmo de os afligir.
Se assim foi, espero que aceitem as minhas desculpas, e acreditem na sinceridade com que agradeço o prémio que me deram, e a atenção que me dispensaram.

Muito obrigado.
J. Rentes de Carvalho»

Livros

A Década Furiosa

          A 6 de Dezembro, na Galeria Por Amor à Arte no Porto, Beatriz Pacheco Pereira lançou o seu mais recente livro de crónicas, coletânea de cerca de noventa publicadas em diversos jornais entre 2003 e 2013, abordando aspetos sobre aquela cidade e o Norte do país e temas culturais e educacionais, o qual, segundo a autora, poderia chamar-se «Portugal Visto Daqui» e onde escreve sobre «um país absolutamente desequilibrado com a hegemonia total da capital em todas as áreas económicas e culturais, com um Porto cada vez mais pobre e fraco, abandonado pelas empresas, bancos e governo central…».


Capela de Santo António

           
No passado dia 8 de Dezembro comemorou 20 anos de existência a Associação de Amigos dos Pereiros, de que tem sido presidente Alberto Silva Fernandes, com uma sessão na sua sede na aldeia do mesmo nome, no concelho de S. João da Pesqueira, durante a qual foram apresentados os livros “Os Ourives de Pereiros” da autoria do nosso confrade acima referido e já divulgado neste blogue e na Revista de Portugal n.º 10, e um novo livro, intitulado “Capela de Santo António, Pereiros, S. João da Pesqueira”, notável estudo de História da Arte deste pequeno templo seiscentista ali existente, da autoria de Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que ali o apresentou, em edição daquela associação produzida pelo nosso Gabinete de História, Arqueologia e Património, que ali se fez representar pelo seu coordenador e outros colaboradores.

            Na ocasião foi também lançada numa medalha comemorativa e um postal de Natal, com a reprodução de um presépio barroco existente na referida capela, pretendendo a associação que o livro seja o primeiro de uma série sobre as capelas do concelho elaborada por historiadores profissionais.


Crime de Canelas

           

No dia 21 de Dezembro foi apresentado no Solar Condes de Resende o último livro do nosso associado e membro do Gabinete de História, Arqueologia e Património, Francisco Barbosa da Costa, intitulado “Crime de Canelas – um crime que apaixonou o país”. Sobre o mesmo divulgou o seguinte texto:

«Ocorrido em 1930 e julgado em 1932, este crime, que teve como cenário Canelas (Vila Nova de Gaia), dadas as suas motivações, agentes, contornos e consequências, teve ampla e diversificada repercussão nacional, veiculada por todos os jornais diários do Porto e de Lisboa e de alguns regionais. Creio mesmo que se tivesse acontecido agora abriria os telejornais. A ânsia de obtenção de lucros indevidos, a partir de seguros elevados de uma casa, de carros e de animais, feitos junto de companhias, fez congregar em quadrilha vários indivíduos sem escrúpulos que não tiveram pejo em burlar, assassinar e matar, pelo fogo, um dos membros da quadrilha que, à última hora, ameaçou os seus comparsas de denúncia. Este trabalho foi desenvolvido a partir das notícias dos jornais, tendo o autor sistematizado o texto caracterizando os seus diversos protagonistas, o contexto internacional, nacional e local da época. Os jornalistas “autores” do trabalho fizeram-no com grande qualidade e minúcia que muito facilitaram a sistematização do autor. Desenvolve-se em vários capítulos, designadamente, o prólogo, a inquirição, o julgamento, a sentença e o epílogo, depois do relato de crimes semelhantes praticados pelo principal réu, em Mirandela. Há também a circunstância de ter estado escondido na casa – cenário do crime – o alegado assassino de Sidónio Pais. O trabalho é ilustrado com fotografias dos jornais, dos criminosos, dos juízes, dos investigadores, das testemunhas, da casa e dos carros incendiados» (FBC).
            Na ocasião estiveram presentes, além do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues e outros autarcas, muitos confrades e associados dos ASCR - CQ, tendo na ocasião falado, além do prefaciador, o coordenador do GHAP e diretor do Solar sobre a Imprensa como fonte histórica, terminando o autor do livro, que explanou as razões que o levaram a elaborar esta sua obra.

Cursos, palestras e lições

Lição de Musicologia

           No passado dia 6 de Dezembro proferia a sua Última Lição o Professor Doutor Mário Vieira de Carvalho, Catedrático Jubilado do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, intitulada «Música, teatro e impasses da esfera pública: um olhar sobre o século XVIII em Portugal». O agora jubilado professor tem também publicada uma notável obra sobre a Música e Eça de Queirós.

História Empresarial e Institucional

            Prossegue no Solar Condes de Resende aos sábados à tarde entre as 15 e as 17 horas, este curso organizado pela Academia Eça de Queirós, tendo já apresentado as suas investigações sobre o tema J. A. Gonçalves Guimarães, Silvestre Lacerda, Ana Cristina Correia de Sousa e Nuno Resende. O primeiro voltará no dia 4 de Janeiro a dissertar sobre “A História da Casa Ramos Pinto: Vinhos e Arte”, a que se segue, no dia 18 de Janeiro, Laura Peixoto sobre “Indústrias de Cerâmica oitocentistas do Porto e Gaia”.

Palestras do Solar

            No próximo dia 23 de Janeiro, quinta-feira, serão retomadas as palestras das quintas-feiras no Solar Condes de Resende às 21,30, com entrada livre, sendo o primeiro palestrante José Manuel Tedim, Professor da Universidade Portucalense, diretor da Academia Eça de Queirós e presidente da direção dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, que dissertará sobre o tema: «O pintor Felix Vallotton e o Movimento Nabis».

Curso de Verão

     No próximo mês de Julho, organizado pelo CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço & Memória» da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em colaboração com o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e coordenado por Gaspar Martins Pereira, decorrerá o I Curso de Verão sobre «O Vinho do Porto: Memória, Identidade e Recursos», em que serão formadores, entre outros, para além do coordenador, Amândio Barros, António Barros Cardoso, Carlos Brochado de Almeida e J. A. Gonçalves Guimarães, que também costumam lecionar nos cursos do Solar, e ainda Pedro Pereira, da equipa de arqueologia do Castelo de Crestuma do GHAP. Para mais informações e inscrições, citcem@letras.up.pt ou gfec@letras.up.pt
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Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 64 – quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
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