segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Eça & Outras

O Livro dos Mortos do Antigo Egito

Para este ano de 2024 está prevista a edição monumental do livro Rumo à Eternidade - o Livro dos Mortos do Antigo Egito, muito a propósito dedicado «a todos os que tendo sofrido a angustiante fase da pandemia não sobreviveram e partiram rumo à eternidade» da autoria do conhecido egiptólogo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, que subscreve a introdução, tradução, comentários e notas desta edição. Doutorado em Letras (História e Cultura Pré-clássica) pela Universidade de Lisboa, onde fez a agregação em 2008, também aí se tinha licenciado em História, formação que depois complementou com um estágio de pós-graduação em Egiptologia na Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo. Tendo lecionado várias cadeiras da área de História e Cultura Pré-clássica e orientado teses de mestrado e doutoramento em História Antiga (na área de Egiptologia), é atualmente professor jubilado e investigador emérito do Centro de História daquela primeira universidade.

Tem participado regularmente em congressos e outros encontros científicos em Lisboa, Barcelona, Huambo (Angola), Cairo, Cambridge, Grenoble, Leiden, Haia, Budapeste, Moscovo, Quebeque, Madrid, Horssen (Holanda), Tenerife (Canárias) e Cuenca. É atualmente presidente do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia e da Associação de Amizade Portugal-Egipto, vice-presidente dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana (cuja Revista de Portugal dirige) e da Associação Portuguesa de Orientalismo, é também membro da Academia Portuguesa da História e da Associação Portuguesa de Escritores, Associação dos Arqueólogos Portugueses, Associação Portuguesa de Museologia, Sociedade de Geografia de Lisboa, Associação Internacional de Paremiologia, Associação Internacional de Egiptólogos, Conselho Internacional dos Museus e Comité Internacional para a Egiptologia (CIPEG),

Publicou o Dicionário do Antigo Egipto e A Escrita das Escritas, e é colaborador para revisões científicas de textos egiptológicos para várias editoras. Foi comissário científico da exposição de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia (1993) e da exposição do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (2011) e assessor científico de várias outras exposições, tendo procedido ao estudo das coleções egípcias públicas e privadas existentes em Portugal, estando parte desses estudos já publicada, como é o caso do núcleo da Coleção Marciano Azuaga que se encontra no Solar Condes de Resende. Conduz regularmente viagens e visitas de estudo ao Egito, Próximo Oriente e Meso-América e tem regido diversos cursos sobre arte, religião, literatura, topografia cultural e escrita hieroglífica.

Além de mais de trezentos artigos de temática egiptológica e queirosiana, entradas de dicionários e recensões em revistas de especialidade e de divulgação, publicou dezassete livros, entre os quais Eça de Queirós e o Egipto Faraónico; Imagens do Egito Queirosiano. Recordações da Jornada Oriental de Eça de Queirós e o Conde de Resende em 1869; As Pirâmides do Império Antigo; A Coleção Egípcia da Universidade do Porto; Os Grandes Faraós do Antigo Egito; Erotismo e Sexualidade no Antigo Egito; Arte Egípcia. Coleção Calouste Gulbenkian, e outros títulos esgotados ou já com reedições.

Havendo já em Portugal e no mundo diversas edições e glosas a este texto fundamental para se compreender o devir da civilização mediterrânica e de algumas das crenças e religiões posteriores até aos nossos dias, algumas delas algo distantes ou pouco consentâneas com os textos originais, as principais são aqui criteriosamente analisadas e comentadas, quer para os profissionais da matéria, quer para o público não iniciado. Edição profusamente ilustrada, apresenta antes da transcrição do texto egípcio os seguintes capítulos: «As origens do “Livro dos Mortos”»; «Os proprietários dos papiros»; «A estruturação do “Livro dos Mortos”»; «Os capítulos fundamentais da coletânea»; «O ka, o ba e o akh no “Livro dos Mortos”»; «Outros livros importantes do Além»; «Os primeiros e os novos estudos»; «Os textos funerários na história do antigo Egito» e «Normas de apresentação», como, por exemplo, sobre os nomes dos muitos locais da geografia aqui geralmente mantidos nas formas muito divulgadas oriundas da tradição grega. São também indicadas «as fontes e os recursos utilizados para apresentar cada um dos capítulos, referindo fontes de inspiração mais antigas como parágrafos dos “Textos das Pirâmides” ou fórmulas dos “Textos dos Sarcófagos”, sempre que elas existam, e depois os exemplares de papiros onde o capítulo consta, com a indicação do local onde o documento se encontra exposto ou guardado. Também podem ser mencionados outros suportes ou sítios onde existam fórmulas ou excertos, como por vezes ocorre em túmulos, blocos funerários inscritos, sarcófagos ou faixas de linho utilizadas para envolver as múmias» e, como é de norma, os apelidos dos vários autores consultados e as obras publicadas, com as páginas concernentes, antecedendo os comentários e as notas.

O autor desta edição teve em conta o conforto oftalmológico dos seus leitores e, por isso o texto vem impresso em corpo 12, os comentários seguem em corpo 11, e depois as notas no corpo 10. Nos seus 192 capítulos o leitor contemporâneo pode acompanhar os seus longínquos antepassados egípcios (qui ça?) nas fórmulas para, depois de morrer, «sair à luz do dia e viver depois da morte»; «para evitar trabalhar no reino dos mortos»; «para abrir o Ocidente à luz»; «para entrar e sair do reino dos mortos»; para se lembrar «do seu nome no reino dos mortos»; «para evitar a matança que se faz no reino dos mortos» e «para não morrer uma segunda vez» ou «para não comer excrementos e não beber urina»; «para poder beber água e não ficar queimado pelo fogo»; «para sair à luz do dia e abrir o túmulo»; «para impedir que a boca diga disparates»; «para se sentar entre os grandes deuses»; «para permitir que um homem possa regressar e ver a sua casa na terra»; «para escapar da rede»; «para não morrer de novo» e muitas outras interessantíssimas intenções. A edição é ainda enriquecida com o glossário, a bibliografia e o índice remissivo.

É certo que, tal como Eça de Queirós, cada um de nós poderá dizer: «Eu não sou um sábio, como se vê; não tenho a honra de distinguir Ramsés IV de Menephtah II, nem tenho intimidades com múmias, mas creio que o Egito é um país simples, luminoso e claro como a Grécia. Pelo menos não tem nada de misterioso nem de lúgubre. Poderá não ter esta opinião quem nunca foi ao Egito. Mas, diante do Nilo, fica-se com uma grande impressão de singeleza, e de claridade…» (Eça de Queirós, O Egito). E é essa claridade milenar que esta edição monumental do Livro dos Mortos de Luís Manuel de Araújo, cuja edição se avizinha como um verdadeiro acontecimento cultural da maior importância, vai colocar nas mãos de cada um dos seus leitores para o ajudar a sorrir para as difíceis questões da eternidade em cada um de nós. 

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Visita a Forjães, Esposende

Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende;
 fotografia JFE.

No dia 27 de janeiro, na sequência da palestra da última quinta-feira do mês de 29 de junho do ano passado sobre «Iconografia da História de Portugal em painéis azulejares: o caso da Estação de São Bento no Porto» pela Dr.ª Cristiana Borges Ferreira, e por diligência e empenho do Arq.º José Alberto Carvalho Couto, uma delegação da  associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana esteve em Forjães, Esposende em visita de estudo à Escola Alves de Faria e aos painéis de Jorge Colaço aí existentes, bem assim como à Igreja Matriz e a sua Arte Sacra antiga e contemporânea. A delegação foi recebida pelo presidente da autarquia local, Sr. Vitor Manuel Queirós Quintão e outros elementos do executivo, que acompanharam a visita e o almoço num restaurante local, tendo também a colaboração do Prof. Doutor Brochado de Almeida, ex-docente da FLUP, que magistralmente comentou o referido Património e outro da região que também será dado a conhecer em visita a programar aberta a todos os associados. 

Curso sobre História Local e Regional

        Prosseguem as aulas deste curso, presenciais e por videoconferência. Assim, no sábado 10 de fevereiro o Prof. Doutor Amândio Jorge Barros falou sobre «O rio Douro na expansão e descobrimentos portugueses» e no sábado 17 de fevereiro o Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva sobre «Reordenação Moderna do território de Portugal», o qual incluiu o antigo julgado de Gaia e o Termo do Porto, este último precursor medieval da atual Área Metropolitana.

Palestras, Conferências e Colóquios

Nas últimas quinta-feira do mês as palestras no Solar Condes de Resende, também presenciais e por videoconferência, têm contado com a colaboração de vários investigadores, veteranos uns, outros em início de carreira. Assim, no passado dia 25 de janeiro a historiadora da Arte Dr.ª Vera Gonçalves falou sobre o tema da sua dissertação de mestrado «[…] para gozo do público e consulta dos estudiosos: Diogo de Macedo sobre as casas-museu. O caso da coleção de Arte de Fernando de Castro» problemática atualíssima no panorama museológico português. No próximo dia 29 de fevereiro J. A. Gonçalves Guimarães abordará o tema «Dos navegadores portugueses e suas biografias: entre a História e a apropriação de mitos».

Reuniões e Celebrações

No dia 10 de janeiro uma delegação da nossa associação esteve presente na sessão solene do 112º aniversário do Centro Recreativo de Mafamude, coletividade com quem a ASCR-CQ tem estabelecido intercâmbio cultural desde longa data, tendo na ocasião sido falada a possibilidade de colaboração nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Nesta cerimónia foram distinguidos alguns formadores e atletas de várias modalidades, nomeadamente os de idades muito jovens, que se distinguiram em atividades locais, nacionais e internacionais.

Autores , Livros  e Revistas

No passado dia 8 de fevereiro no Palacete Conde de Silva Monteiro na cidade do Porto, onde a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes tem a sua sede e também a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), foi feita a apresentação pública da obra Quinta do Tamariz - Lugar de Vinhos com História, da autoria de António Barros Cardoso, ex-professor de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e atual presidente da direção daquela segunda instituição que, para além de monografias e atas de congressos sobre os vinhos portugueses, edita as revistas Douro, Vinho, História & Património. Wine, History and Heritage e Vinho Verde História e Património. History and Heritage. Este livro, com cerca de 300 páginas e que levou quatro anos a ser produzido, desde a inventaria dos arquivos da firma pela Dr.ª Sílvia Trilho até à redação e produção final, agora apresentada ao público interessado, apresenta a História desta propriedade emblemática da Região Demarcada dos Vinhos Verdes desde o século XVI pelos séculos fora até ao seu atual proprietário, Dr. António Borges Vinagre, presente nesta cerimónia e que muito bem se referiu à necessidade das empresas divulgarem também a História das suas persistências e dos seus sucessos. A ASCR-CQ fez-se representar por vários dos seus membros dos corpos sociais.

Integrado nas celebrações do Dia/Mês de Avintes foi lançado no Clube Recreativo Avintense o livro A Breve História da Pequena Pátria de Avintes da autoria do historiador José Vaz, uma compilação de datas, factos e imagens desde 917, a mais antiga referência escrita conhecida a esta freguesia gaiense, mais de mil anos da História compactados nestas 100 páginas de referências.

         Em distribuição o n.º 97 do Boletim da Associação Cultural Amigos de Gaia referente a dezembro de 2023, que apresenta artigos sobre as fundições artísticas de bronze em Vila Nova de Gaia, o pintor Abílio Guimarães, as toradas em Gaia no passado, a Quinta de Enxomil em Arcozelo, o futebolista João pinto e as atividades da associação no último semestre do ano transato.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 186, domingo, 25 de fevereiro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Eça & Outras

Eleições à porta e ao ferrolho

         Nada mais normal do que, em democracia, haver eleições livres de temos a tempos, nas quais o cidadão expressa a sua vontade, preocupações e ansiedades através do voto: para o seu representante no condomínio, para os dirigentes das suas associações e coletividades, para os órgãos autárquicos (câmaras municipais e juntas de freguesia, talvez em breve, também para as áreas metropolitanas e regiões); para os deputados à Assembleia da República, de onde sairá o governo da nação; para os deputados ao Parlamento Europeu, de onde continuará a sair uma ideia civilizacional da Europa face ao mundo; alguns outros para serem eleitores e eleitos em órgãos internacionais. Creio bem que já não interessa à gente informada o voltarmos a repisar a história da democracia e do direito ao voto e de quantos se bateram e morreram por ele e a sua respeitabilidade; só não conhecerá essa luta civilizacional quem não quer e, nesse caso, não valerá a pena perder tempo com ignaros. Se são assim para um gesto tão fundamental, sê-lo-ão igualmente para outras coisas. Cínicos, dirão certamente que têm o direito a serem apáticos sociais: mas também nós, os cidadãos participantes, temos o direito de os desconsiderar e remetê-los para o caixote do lixo das humanas causas. Sempre com a esperança de que assistentes sociais, psicólogos e outros agentes de educação pública os consigam regenerar e integrar na sociedade que, por ignorância, preguiça ou desleixo endócrino, desdenham.

         Como vamos de novo entrar num dos habituais ciclos eleitorais e como costumo ser convidado para apoiar este ou aquele candidato ou partido, permitam-me partilhar algumas premissas que a mim próprio coloco para essa participação. E podem crer que, mesmo quando elas se não verificam, nunca deixei de participar ativamente. Não sou dono sequer da minha própria democracia, posso estar errado nos pressupostos enunciados e a vontade coletiva é a que vigora, mesmo quando não concordo com ela. E não vejo que possa ser de outro modo. Mas o melhor é começar por definir princípios em abstrato, se bem que eles venham depois a ser defendidos, ou não, por pessoas concretas. E por isso há que confirmar, a priori, se as pessoas em quem penso votar serão capazes de defender os princípios em que acredito. Faço o possível por saber quem são os candidatos naquilo que deles deve ser público: que profissão exercem e se nela são eficazes; o que, entretanto, fizeram até aos dias de hoje; se conhecem e respeitam a comunidade que os elege; e, só então, quais os princípios que dizem defender. Não voto em quem não têm profissão, ou que não se sabe qual ela é (político e outras ocupações hoje muito na moda não as considero profissão…); não voto em fracassados, inadaptados ou pessoas “com muito jeitinho para”; não voto em propagandistas de religiões, seitas ou outras agremiações “que querem salvar a humanidade” ou estão ao seu serviço; não voto em “iluminados” mas em pessoas comuns; não voto em catastrofistas ou profetas de dilúvios a haver; não voto em subservientes ou pessoas com espinal medula mental derreada pela ganhuça ou pelas conveniências. Só depois desta joeira é que vou ver em que partidos possam estar filiados ou pelos quais são candidatos aqueles em quem poderei votar. E se o candidato defende uma coisa e o partido outra, então também não voto nele para não comprar contradições. E, obviamente, não voto em bandeirinhas.

         Aqui há uns anos pediram-me para apoiar um candidato e assinar o respetivo manifesto. Quando o li verifiquei que nunca subscreveria uma coisa daquelas e expliquei-lhes a minha negativa por escrito: para um cargo com uma boa necessidade de universalidade não subscrevo candidaturas com princípios paroquiais, bairristas ou de regionalismos exacerbados, nem que se servem do apoio, ainda que simbólico, de instituições que não cumprem com as suas obrigações sociais, como alguns clubes de futebol; não subscrevo candidaturas que tratem a Cultura como um fait divers ou uma ocupação para desocupados, ou um anel para por no dedo das conveniências; ou para dar ocupação a velhinhas que se acham muito importantes mas que não se sabe bem porquê; não voto em candidatos que defendem mitologias ou obscurantismos, ou políticas do faz de conta para cumprir metas; não voto naqueles que, tendo já passado pela política ativa, deles não dei conta, ou então dei, mas por questões a não repetir. E não voto em males menores, mas sim em bens promissores. Já me tenho enganado? Já. A seguir procuro corrigir. Mas mesmo com escolhas desmotivantes, nunca deixei, nem deixarei, de cumprir o voto.

         O votar numa eleição não é como apostar num cavalo de corrida, a ver se ele ganha. É certo que entre nós se cultiva muito a figura do chefe, do presidente, do líder. Mas também é verdade que todo o navio que quer vencer procelas tem de ter um comandante experiente e eficiente. Mas se este não tiver uma boa equipa de imediatos a embarcação ou vai aos zig-zagues, ou erra o destino, ou encalha, ou vai ao fundo. Quando chega a bom porto é certamente mérito do comandante, mas também da tripulação, e não dos passageiros ou dos armadores. Procuro, pois, votar, não numa só pessoa, mas em equipas com comandantes e adjuntos credíveis, considerando-os a todos, e não apenas o primeiro.

         E também não sou fundamentalista de coisa nenhuma. Tenho para mim que «… um homem realmente não pode ter a rigidez impassível de um princípio. Os princípios são insensíveis e intangíveis – e os homens são um feixe de nervos sujeitos a todas as influências, mesmo as da chuva e do vento. É absurdo pretender que um poeta seja tão poético como os seus poemas, um padre tão transcendente como o seu dogma – e que um estadista, elevado ao poder para representar uma ideia, se torne tão impessoal como ela, e como ela prossiga impassivelmente na sua evolução, mesmo quando a Terra trema e os céus em torno caiam. (Eça de Queirós, Cartas de Paris, Cartas Familiares).

         Como profissional da Cultura - e a minha vida tem sido a minha profissão -, vou catar nos programas dos candidatos os seguintes simples aspetos: qual o conceito ou conceitos que dela têm? Quais as instituições que acham que a representam e a rejuvenescem? Quem acham que são os seus agentes e que papel ativo lhes reservam se forem eleitos? Outros votarão por outras razões, princípios, slogans, ou sabe-se lá que mais. Eu voto naqueles que me satisfazem naquelas perguntas. São esses os que eu apoio. Mas, se não encontrar os candidatos ideais entre todos os partidos que concorrem, há de haver uns que se aproximam mais das minhas convicções do que outros. E não estamos em época de esperar termos o céu na terra.

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Palestras, Conferências e Colóquios

Curso sobre História Local e Regional

Prossegue aos sábados à tarde no Solar Condes de Resende o curso livre evocativo dos 40 anos das 1.as Jornadas de História Local e Regional organizadas em 1983 pelo Gabinete de História e Arqueologia com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Assim, no passado dia 6 de janeiro, o arqueólogo e historiador Dr. Manuel Luís Real falou sobre «A Alta Idade Média entre nós: perspetivas acerca da evolução do território pré-nacional, a norte do Tejo»; no dia 20 de janeiro o Prof. Doutor Luís Amaral falou sobre «Estruturas de organização social, de ordenamento territorial e de exercício de poder: os municípios em Portugal, entre os séculos XI e XIV». O curso prosseguirá no próximo dia 3 de fevereiro com o Prof. Doutor Amândio Barros a falar sobre: «O Rio Douro e a Expansão». O curso em preparação para o ano 2024/2025 deverá abordar de forma multidisciplinat os 50 anos do 25 de Abril de 1974.

Conferências El Corte Inglés

         Estão a decorrer em Vila Nova de Gaia e em Lisboa, nas salas de Âmbito Cultural desta empresa, várias conferências e cursos de curta duração ministrados por vários oradores. Entre os dias 8 e 12 de janeiro passados, o egiptólogo e orientalista Luís Manuel de Araújo, falou em Lisboa sobre «Onde tudo começou: as civilizações da Mesopotâmia», curso breve que repetiu em Gaia entre os dias 15 e 19 do mesmo mês. Também em Gaia, a 22 de janeiro e a 5 de fevereiro, o historiador da Arte José Manuel Tedim dissertou sobre «Arte Portuguesa no tempo de Luís Vaz de Camões». No dia 19 de março o historiador, arqueólogo e divulgador cultural Joel Cleto falará em Lisboa sobre «O Porto em Lisboa, Lisboa no Porto».

Palestra da última quinta-feira

         Hoje, 25 de janeiro, na habitual palestra da última quinta-feira do mês organizada pela associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, presencial no Solar Condes de Resende e via Zoom, a historiadora da Arte Dr.ª Vera Gonçalves falará sobre «[…] Para gozo do público e consulta dos estudiosos: Diogo de Macedo sobre as casas-museu. O caso da Coleção de Arte de Fernando de Castro», abordando a ação desde escultor, museólogo e teórico da Arte na sua conceção sobre a importância daquelas instituições culturais.

Reuniões e Celebrações

Velhotes de Valadares

No passado dia 15 de janeiro a direção da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana fez-se representar na tomada de posse por vários membros dos seus corpos sociais na tomada e posse dos novos eleitos da Confraria dos Velhotes de Valadares, Vila Nova de Gaia. Para além dos habituais discursos próprios do momento, atuou um grupo de cantores de Janeiras do rancho folclórico local e um saxofonista. Seguiu-se a degustação daqueles doces tradicionais e o convívio entre os presentes.

Autores, Livros e Revistas


         A obra de Eça de Queirós continua a proporcionar novas edições com novos formatos, apresentações e arranjos temáticos, como é o caso desta recente Eça de Queiroz Correspondência. Cartas aos Vencidos da Vida. Colectânea Inédita, a coletânea, não as cartas, pois como está escrito no «Preambulo do editor» Francisco Abreu, já todas elas se encontram na «excelente edição de A. Campos Matos», editada em 2008. Um pequeno apontamento sobre «Os Vencidos da Vida», seguido de breves «Biografias» dos ditos. a cronologia «Eça onde estava e o que fazia» e alguma iconografia, antecedem as cartas dirigidas a Carlos de Lima Mayer, Carlos Lobo d´Ávila, Conde de Aroso, Conde de Ficalho, Conde de Sabugosa, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, José Duarte Ramalho Ortigão e Marquês de Soveral. Até à data não se conhecem cartas dirigidas por Eça a Guerra Junqueiro e a António Cândido. Edição de Manufactura, chancela da Europress, Lisboa, 2023.


         As comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril de 1974, um dos mais importantes acontecimentos da História de Portugal do século XX, são certamente um bom pretexto uma necessidade para a revisitação dos acontecimentos, dos seus protagonistas e das suas ações, sobretudo por parte daqueles que os viveram ou neles tomaram parte ativa. É o que aborda este novo livro do Eng.º Ricardo Charters d’ Azevedo onde recorda e interpreta os acontecimentos entre duas datas balizadoras na região de Leiria, mas ode chegavam as interrogações e as vontades que a mudança proporcionou naqueles dias.

Distinção

A APPM (Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing) atribuiu recentemente ao Prof. Doutor Carlos Brito o certificado de “Senador de Marketing”, distinção que assim se junta ao já grande palmarés detido por este professor especialista nesta área do Economia.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 185, quinta-feira, 25 de janeirro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: João Fernandes.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Eça & Outras 25 de dezembro de 2023

Brinquedos

Desde a Pré-história que os humanos acumulam objetos que nunca foram essenciais para a produção ou recoleção de alimentos nem para a construção de abrigos de sobrevivência contra as intempéries, mas aos quais dedicaram afetos, atenções, muitas das suas horas de vida e razões de viver. Uns chamar-lhes-ão objetos devocionais ou votivos, outros simbólicos, obras de arte, outras denominações. Se não serviam para diretamente lhes darem de comer ou para lhes protegerem o frágil corpo, serviam para entretenimentos vários, psicológicos, religiosos, culturais, sociais ou patológicos. Variados nos seus materiais e envergaduras, chamemos-lhe simplesmente brinquedos, pois, ao fim e ao cabo, todos se destinavam a isso mesmo, a serem utilizados como suporte material das suas angústias e orfandades, fossem elas biológicas, pessoais, sociais ou culturais, neste último caso quando têm suficiente carga informativa ou simbólica capaz de algum futuro.

Abandonado o conforto da fogueira, a pele de bicho peludo para dormir e a profusão de pinturas parietais na caverna ou de gravuras nas rochas da periferia da cabana, os humanos deambulantes passaram a juntar brinquedos em santuários ou a transportá-los consigo de terra em terra, de casa em casa. É certo que também tiveram de transportar as ferramentas, as armas, as vestes, os arreios, as tendas, outros objetos que, por esse motivo, se chamariam móveis e mobiliário, quantas vezes no dorso de animais, que por isso mesmo também seriam objeto de considerações. Ou nesse maravilhoso objeto chamado carro, rapidamente também embrinquedado devido à sua utilidade simbólica muito para lá da utilidade prática, que depois se estenderia aos barcos, aos aviões, aos aparelhos voadores até aos nossos dias e do futuro.

Mas longe vão os tempos das frugalidades e hoje, salvo os milhões de pessoas em situação de pornográfica pobreza ou de desistência, uma boa quantidade de humanos vive em simulações de palácios cheios de móveis, aparelhos e objetos, quantos deles bugigangas, souvenires, tralhas para brincar e afagar nas suas solidões. Para além daquelas que alguns herdam, outros compram-nas e armazenam-nas e outros produzem-nas, enquanto a acumulação vai ganhando foros de pesadelo. Todos nós temos amigos que vivem esse drama e eu próprio é melhor ficar-me por estas reflexões e esconder a minha realidade como quem esconde qualquer coisa de muito pessoal ou vergonhoso. Artistas, pintores, ceramistas, bibliófilos, colecionadores de garrafas com bebidas ou barcos, enchem todos os espaços livres das suas moradias com coleções incríveis de livros, presépios, chapéus, pratos velhos, santos de várias crenças, mudos violinos, tambores magrebinos, cangas minhotas, tégulas de Pompeia, calendários autografados de Sophia Loren, mas também de barbies de plástico ou porcelana, armas antigas, comboios elétricos, postais, emblemas e quadros, muitos quadros a óleo, estampas e fotografias, desde incêndios em florestas que nunca viram até às eternas flores, frutos e naturezas mortas ou vivas, que a menina nua é só para gabinetes mais restritos. Não possuem Rembrands originais, mas sempre têm um ou outro quadro da freirinha que pinta angústias florais.

Bem podíamos atentar na prédica de Ega, quando ele, «…passeando pela sala, com as mãos enterradas nos bolsos do seu prodigioso robe-de chambre [dizia], eu não tolero o bibelot, o bric-à-brac, a cadeira arqueológica, essas mobílias de arte… Que diabo, o móvel deve estar em harmonia com a ideia e o sentir do homem que o usa! Eu não penso nem sinto, como um cavaleiro do século XVI, para que me hei de cercar de coisas do século XVI? Não há nada que me faça tanta melancolia, como ver numa sala um venerável contador do tempo de Francisco I recebendo pela face conversas sobre eleições e altas de fundos. Fazem-me o efeito dum belo herói de armadura de aço, viseira caída e crenças profundas no peito, sentado a uma mesa de voltarete a jogar copas. Cada século tem o seu génio próprio e a sua atitude própria.» (Eça de Queirós, Os Maias).

De modo que, se quiserem um conselho de um alarmado com situações destas com que se vai deparando, sus e alheias, na próxima mudança de casa, abdiquem dos brinquedos que tiveram (ou que não tiveram) desde meninos, comprem apenas uma boas botas, roupa confortável para inverno e verão, uma mochila não muito grande, os cartões de crédito, o IPad e o telemóvel que fotografa e filma, um livro que valha a pena, e acampem em vossa ampla e nua casa, enquanto no écran vêm as séries Os Tudors ou A Ovelha Choné, ou ouvem o último CD com a música de Pinho Vargas, como se estivessem a caminho das estrelas e de outras galáxias onde já existem tralhas que cheguem sob a forma de poeiras e meteoritos e restos esquecidos de naves e satélites.

E mesmo o nosso Eça não pode ser levado muito a sério nas suas contradições: bem pregava frei Ega, mas na realidade também ele era um acumulador de livros, documentos e tralhas, viciado frequentador dos bouquinistes de la Seine, ajuntador de quadros e bibelots, chegando ao pecado venial de também os produzir, o que despertou as iras de Poseidon que acolheram no fundo do mar da costa vicentina o velho cargueiro fretado pelo estado Português a quem a sua viúva, no regresso de Paris e para poupar uns cobres ao futuro nubloso, confiou uma boa parte dos seus pertences. E andou ele a elogiar aqueles «…felizmente numerosos que têm a religião do objeto de arte, e para quem o colecionar é a forma superior do viver…» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas, Uma coleção de arte). São as religiões que criam os ateísmos e todos, crentes e descrentes, colecionam tralhas. Desde a Pré-história.

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

Arqueologia Paleocristã

Batistério Paleocristão do Castelo de Gaia, séc. VI;
fotografia Empatia, direitos reservados.

No princípio de dezembro uma equipa da empresa Empatia Arqueologia, Conservação e Restauro, liderada pela arqueóloga Sofia Soares e a realizar acompanhamento arqueológico no âmbito dos trabalhos de requalificação, renovação de estruturas e instalação de elevações mecânicas levados a cabo pelo Município de Vila Nova de Gaia em diversos arruamentos na área classificada do Castelo de Gaia, colocou a descoberto um batistério paleocristão datável da segunda metade do século VI. Estes trabalhos são também acompanhados por uma equipa do Gabinete de História, Arqueologia e Património (ASCR-CQ), dirigida pelo arqueólogo António Manuel S. P. Silva, que igualmente procedeu ao enquadramento do achado no trabalho global sobre a área que está a elaborar para a autarquia. Existem em Portugal diversos batistérios desta época mas quase todos na parte sul do país, sendo o da basílica de Conimbriga, até agora, o situado mais a norte. Este batistério poderá estar relacionado com o edifício da mesma época escavado nos finais do século passado no interior da igreja do Bom Jesus de Gaia por J. A. Gonçalves Guimarães, que sobre o mesmo publicou diversos estudos. Este achado, bem assim como outros da mesma cronologia aparecidos na mesma área, vêm reequacionar a problemática da difusão do cristianismo na região, bem assim como a questão da localização da primitiva diocese portucalense nos finais da Antiguidade Tardia e inícios da Alta Idade Média. Face à importância do achado vários profissionais da Arqueologia e de outros setores da Cultura expressaram já às autoridades competentes a sua oposição à desmontagem, preferindo a sua musealização in loco, conjuntamente com outros da sua periferia que aguardam igual oportunidade.

Curso sobre História Local e Regional


Com início no passado dia 14 de outubro pelas 15 horas, o Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia procedeu à sua abertura com uma lição sobre a evolução económica e social em Vila Nova de Gaia nos últimos 10 anos, seguida do lançamento do livro «O Património Régio dos Julgados de Gaia, e de Vila Nova, em 1346» da autoria do Professor Doutor José Marques, pelo seu editor, J. A. Gonçalves Guimarães. A 28 de outubro o curso prosseguiu com a aula da Professora Doutora Assunção Araújo sobre «Vila Nova de Gaia: geomorfologia e evolução do território»; a 4 de novembro com a aula do Prof. Doutor Sérgio Monteiro-Rodrigues sobre «A Pré-história do concelho de Vila Nova de Gaia»; a 18 de novembro a aula do Prof. Doutor António Manuel S. P. Silva sobre «O “tempo dos castros" em Vila Nova de Gaia: novidades e interrogações»; e a 16 de dezembro a aula do Prof. Doutor Rui Morais sobre «Os Romanos entre nós. Glocalização e ecologia marítima no contexto da navegação e comércio romano na Fachada Atlântica do NW Peninsular»
O curso prossegue no sábado 6 de janeiro com uma aula pelo Prof Dr. Manuel Real sobre A Alta Idade Média.

Palestras, Conferências e Colóquios

250 Anos de Nasoni

No passado dia 27 de outubro decorreu no Palácio do Freixo no Porto a sessão de encerramento do programa desenvolvido em 2023 para assinalar os 250 anos da morte do arquiteto Nicolau Nasoni que concebeu a Torre dos Clérigos e muitos outar obras emblemáticas do barroco português. Estiveram presentes, entre muitas outras personalidades e representantes de instituições que ao longo do ano colaboraram na programação, o historiador Joel Cleto, que coordenou o programa de visitas guiadas a espaços nasonianos, e outros investigadores, nomeadamente os historiadores José Manuel Alves Tedim, da Universidade Portucalense, Nuno Resende, da Faculdade Letras da Universidade do Porto, e Francisco Queiroz.

Henrique Galvão

No passado dia 9 de novembro na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, o Doutor Adrião Pereira da Cunha proferiu uma conferência sobre «Henrique Galvão - revolucionário, intelectual (novas revelações)». Doutorado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, leciona no ensino superior e é autor, entre outras obras, de Humberto Delgado no Portugal de Salazar e de Humberto Delgado nos bastidores de uma campanha. Desta feita apresentou Henrique Galvão como figura complexa e controversa da oposição ao salazarismo, de que começou por ser admirador, protagonizando em 1961 um dos atos mais espetaculares de repercussão internacional da luta política em Portugal, o assalto ao paquete “Santa Maria”.

Palácio de Cristal do Porto

No dia 16 de novembro, também na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, dissertou a propósito da exposição de fotografias de Tavares da Fonseca sobre «O Palácio de Cristal Portuense: imagens da sua destruição», de que foi curador, e que documentam o desmantelamento desta construção da Arquitetura do Ferro..

J. Rentes de Carvalho, escritor. Personalidade do Norte 2023

Como noticiamos na página anterior, no passado dia 24 de novembro a CCDR-Norte I. P. atribuiu o galardão de Personalidade do Norte 2023 ao escritor José Rentes de Carvalho, nascido em Vila Nova de Gaia a 15 de maio de 1930 e a viver em Amsterdam, com visitas regulares a Estevais do Mogadouro, a aldeia dos seus ancestrais. No passado dia 29 de novembro na habitual palestra da última quinta-feira do mês no Solar Condes de Resende, J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre a vida e obra do escritor e das ações da Confraria Queirosiana, de que é secretário e o homenageado Confrade de Honra, na preservação, estudo e divulgação do seu espólio de que a instituição é fiel depositária.

Natal, Janeiras e Reis: palestra-concerto

No próximo dia 28 de dezembro, também na última palestra da última quinta-feira do mês deste ano no Solar Condes de Resende, o Dr. Henrique Guedes falará sobre «"Das partes do Oriente": tradições poético-musicais do natal português», sendo a sessão abrilhantada pelo grupo musical da Confraria Queirosiana “Eça Bem Dito”, do qual o palestrante faz parte, dirigido pela pianista Maria João Ventura, e que entoará canções portuguesas, brasileiras e internacionais sobre o tema.

Reuniões e Celebrações

Focus Group Cultura 2035

No passado dia 16 de novembro a direção da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, a convite da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, participou numa reunião do Focus Group Cultura 2035, dinamizado por uma empresa de comunicação contratada para o efeito e que decorreu no Arquivo Municipal, tendo estado também presentes diversas outras instituições e associações que normalmente desenvolvem programas de profissionais e amadores da Cultura. Esta reunião destinou-se a uma primeira abordagem para sugestões a incorporar numa agenda cultural a médio e longo prazo.

Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, 25 anos


No passado dia 30 de novembro decorreu no Auditório Municipal de Gaia a gala de celebração dos 25 anos desta federação, por sua vez filiada na Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto que nestes  dias comemora o seu 100º aniversário. Presentes numerosas associações e outras coletividades, entre as quais os Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana representados pelo secretário da direção e pela funcionária, mas igualmente presentes outros dirigentes em representação das mais diversas coletividades.



FAMP

No passado dia 6 de dezembro reuniu em Lisboa no Museu dos Coches a direção da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP) na qual esteve presente o secretário da ASCR-CQ. Entre outras questões foram abordados os seguintes pontos: presença ativa da FAMP a 16 de novembro no 1.º Encontro de Grupos de Amigos dos Museus, Monumentos e Palácios da Direção Geral do Património Cultural que se realizou no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, representada pela sua presidente Dr.ª Maria do Rosário Alvellos, com intervenção num painel que refletiu sobre o futuro dos grupos de amigos; preparação do Encontro e Assembleia Geral da FAMP que terá lugar na Fundação das Casas de Fronteira e Alorna no próximo dia 16 de março; prémio FAMP da sustentabilidade nos museus, que será lançado em 2024 e atribuído em 2025; perspetivas de adesão de novos grupos de amigos à FAMP; necessidade de abordagem da questão das sedes dos grupos de amigos e da sua interação com a direção dos museus, monumentos e palácios; organização de uma publicação sobre a FAMP no presente mandato.

Tuna Musical de Santa Marinha

No passado dia 8 de dezembro realizou-se a sessão evocativa dos 99 anos da Tuna Musical de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, com a presença de diversas personalidades que marcaram presença no evento, nomeadamente o presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, Dr. Albino Almeida, a vereadora da Cultura do Município, Eng.ª Paula Carvalhal, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Dr. Manuel Moreira, e o Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães em representação da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana. A festejada coletividade popular gaiense está a preparar o programa do seu 100º aniversário.

Jantar de Natal no Solar Condes de Resende

Como já se tornou tradição, no passado dia 13 de dezembro reuniram-se em jantar de Natal no bar do Solar Condes de Resende os funcionários da casa e os membros dos corpos gerentes da ASCR-CQ, comendo bacalhau com batatas, rabanadas e outras iguarias próprias da época confecionadas pela cozinheira Doroteia Santos, agora já reformada, mas sempre prestável para estas ocasiões. Estiveram igualmente presentes a vereadora Eng.ª Paula Carvalhal, o Dr. João Fernandes, atual diretor do Solar, D. Amélia Cabral ex-tesoureira da Confraria, a funcionária Dr.ª Maria de Fátima Teixeira e o confrade convidado Dr. Ricardo Haddad. Depois da troca de lembranças, os comensais continuaram em animado convívio refletindo sobre os próximos objetivos da associação.

Autores, Livros e Revistas


Editado com o apoio de, entre outras entidades, a Escola Secundária Eça de Queirós e o Centro Cultural Eça de Queirós, ambos em Lisboa, através da diretora do jornal As Artes Entre As Letras, Dr.ª Nassalete Miranda, chegou-nos às mãos o interessante livro Memórias de um Condomínio. 40 Anos. Juntos a Construir Harmonia, Amizade, Futuro 1969-2009, editado em 2010 pela associação Sala de Convívio do Lote 398 da Rua Vila de Catió, Olival-Sul, Lisboa, com colaboração dos moradores mas também de muitos dos seus convidados palestrantes e cantantes, nomeadamente da canção coimbrâ, como Fernando Rolim, Luiz Goes e outros. Um documento raro de um associativismo pouco conhecido.

No passado dia 24 de novembro, na sede da associação O Progresso da Foz, Porto, foi lançado o livro História do Batel Vai Com Deus e da sua Companha, da autoria de Raúl Brandão, comemorativa dos 100 anos do centenário de Os Pescadores, edição com um estudo do Dr. Joaquim Pinto da Silva, que fez a apresentação da obra.

Vito Olazabal

No jornal O Tripeiro (7.ª Série, Ano XLII, n.°11), do passado mês de novembro, Manuel de Novaes Cabral publicou o artigo «Vito Olazabal, plantar e colher», uma homenagem pessoal, mas certamente partilhada por muitos dos que conhecem Francisco Javer de Olazabal y Rebelo Valente, o “granjola” que transporta consigo memórias de D. Antónia, Rebelo Valente e várias outras figuras portuguesas e ibéricas, «uma vivência rica e multifacetada» consubstanciada numa personalidade muito própria e no seu vinho Quinta do Vale Meão.


Da autoria de Inês Vinagre, e acabado de publicar, «”Menino Simão… Crescer é que não!” conta-nos a história de um alegre menino de sete anos que, depois de ver a sua irmã mais velha sair de casa para estudar noutra cidade, decide não querer crescer nunca mais, receando perder o amor dos pais. Na companhia do seu gato Capitão e por entre mil e uma peripécias, Simão tentará de tudo para evitar que o seu oitavo aniversário aconteça! Esta é uma história de pequenas grandes aventuras, mas sobretudo de união e afeto, que nos relembra o conforto que sempre encontramos na família e nas pessoas que nos são mais queridas».


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Eça & Outras, III.ª série, n.º 184, segunda-feira, 25 de dezembro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.








segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Eça & Outras

Dia natalício do escritor Eça de Queirós (1845-1900)

Confraria Queirosiana 20 anos

Quando se constata que são poucos os cidadãos que se dedicam às coletividades, convém saber um pouco da sua história e como foram evoluindo desde o século XIX até aos dias de hoje. E quais as motivações ou objetivos da sua existência e a experiência dos seus fundadores e mantenedores. Portugal, como muitos outros países europeus, tem uma boa, mas relativamente desconhecida, tradição associativa de instituições religiosas, de solidariedade social, de proprietários, agricultores, comerciantes, industriais e prestadores de serviços, no sindicalismo, nas profissões, nas associações filosóficas ou cívicas, no clubismo social, na música, no desporto, no recreio, na caça e pesca, no excursionismo, na afirmação comunitária (grupos de folclore e monográficos), no teatro, nas artes, na museografia, no colecionismo, nas organizações científicas, de proteção da natureza, às vezes muito especializadas e dedicadas a um só objetivo, mas na sua maior parte com atividades em diversas áreas. A sua génese é muito diversa e, embora haja convergências de motivos entre elas, outras há que devem a sua fundação a causas muito específicas. É o caso da associação cultural de interesse público Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, que este ano de 2023 perfaz 20 anos de existência, e que nasceu no complexo edificado com aquela denominação situado na freguesia de Canelas e adquirido em 1984 pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para casa municipal da Cultura nas áreas da História, Arqueologia, Antropologia Cultural e Património gaienses e as suas relações com o mundo, mas também com uma inapagável ligação à família dos antigos almirantes de Portugal (Condes de Resende) e de outros notáveis portugueses, na qual veio a entrar Eça de Queirós, um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos, quer pela via da convivialidade colegial com os jovens daquele título, com o mais velho dos quais irá ao Egito e Palestina em 1869, e depois pelo casamento com a sua irmã Emília de Castro Pamplona em 1886. Aberto ao público a 20 de setembro de 1988, na véspera de receber as sessões do «Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua época», organizado pela Universidade do Porto, este equipamento cultural já aí tinha acolhido o Gabinete de História e Arqueologia fundado em 1982 por professores e alunos da sua Faculdade de Letras.

Não tendo o município instituições culturais que projetassem no espaço lusófono aquela incontornável ligação queirosiana, que desde 1995 vinha sendo assinalada com uma festa no Solar em volta do dia 25 de novembro, dia natalício do escritor, em 2002 o então diretor, alguns funcionários e outros frequentadores habituais das suas realizações decidiram constituir uma associação de amigos que logo granjeou enorme simpatia e deu origem a uma comissão instaladora que propôs que se legalizasse sob a forma de uma confraria de leitores, estudiosos e divulgadores da vida e obra de Eça de Queirós e de outros “Vencidos da Vida” e das interrogações do seu tempo que ainda se refletem no nosso quotidiano. Mas desde logo ficou evidente que a associação, tal como a vida e a obra do seu patrono, não teriam um âmbito local ou regional, mas sim nacional e internacional. A 23 de novembro realizou-se a assembleia geral constituinte para aprovação dos estatutos e a 25 é lançada a sua primeira edição, o álbum Imagens do Egipto Queirosiano, do egiptólogo Luís Manuel de Araújo. Os estatutos são registados no notário a 31 de janeiro de 2003, dia em que é publicada a primeira página Eça & Outras, que ainda hoje perdura ao dia 25 de cada mês, agora num blogue e parcialmente republicada no jornal As Artes entre as Letras. Em maio é nomeada uma comissão para proceder à republicação da Revista de Portugal, fundada por Eça de Queirós em 1882, e é feito o primeiro protocolo com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para a associação ter no Solar a sua sede, gerir o bar e a loja e colaborar diretamente com a autarquia na dinamização das suas atividades, nomeadamente na organização dos seus cursos livres. Entretanto a comissão instaladora organiza uma lista candidata aos corpos gerentes 2003/2005 a qual, depois de eleita, toma posse a 11 de outubro, organizando o primeiro capítulo da Confraria a 22 de novembro seguinte no salão nobre do Solar onde foram insigniados os primeiros confrades.

Estava criado o modelo de funcionamento da associação que, com o tempo, foi tendo cada vez mais sócios e confrades e diversificando as suas atividades. Em 2004 alguns dos seus historiadores e arqueólogos que pertenciam ao Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia, perante dificuldades no seu financiamento e organização, propõem em assembleia geral que o mesmo encerre a atividade como associação autónoma e que se integre como grupo de trabalho profissional na nova associação, com a designação de Gabinete de História, Arqueologia e Património, o que foi aprovado e desde então, já sob a nova designação, prosseguiu as suas atividades no Alto Douro (Ervamoira, Vale do Côa; São João da Pesqueira) e em Vila Nova de Gaia (Castelo de Crestuma, Castelo de Gaia) e outros locais, enquanto iam sendo publicados livros e trabalhos de levantamento, investigação e divulgação naquelas áreas, dos quais o mais importante é o projeto sobre o Património Cultural de Gaia (PACUG) patrocinado pela autarquia gaiense e do qual foram já publicados dois volumes a que outros se seguirão.

De tempos a tempos, para além do capítulo anual, realizam-se outros extraordinários: a 17 de fevereiro de 2006 no Grémio Literário em Lisboa para celebrar um protocolo de colaboração e homenagear o grande queirosianista A. Campos Matos aí insigniado; a 13 de outubro de 2008 no Solar Condes de Resende para homenagear o maior divulgador de Eça de Queirós no Brasil, Dagoberto Carvalho Júnior, presidente da Sociedade Eça de Queirós do Recife; a 1 de maio de 2009 na Junta de Freguesia de Leiria para homenagear esta cidade queirosiana; a 19 de maio de 2018 também no Solar para homenagear o confrade de honra escritor J. Rentes de Carvalho, pelos seus cinquenta anos de carreira literária; a 15 de março de 2022 ainda no Solar para acolhimento de uma delegação da Academia Alagoana de Letras, Brasil, para celebração de um protocolo de cooperação.

Assim nascida, assim crescida, nesta associação-confraria neste ano de 2023 vão ser insigniados os primeiros confrades juniores: o futuro está pois por aqui a chegar.      

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

21º Grande Capítulo

Como habitualmente, e desde novembro de 2023, realizou-se hoje, dia 25 de novembro, o 21.º capítulo anual da Confraria Queirosiana comemorativo do aniversário de Eça de Queirós no Solar Condes de Resende, a casa onde o escritor se apaixonou por aquela que viria a ser sua esposa. Esta festa reúne os confrades espalhados pelo país e Brasil, gente das mais diversas profissões e ocupações que testemunharam a insigniação dos novos confrades de número, os apreciadores e cultores da sua obra, e dos confrades de honra, aqueles que já se distinguiram na sua divulgação, ou que apoiaram as ações da Confraria. E pela primeira vez a Confraria acolheu associados jovens.

  A cerimónia iniciou-se a partir das 10,30 horas com a receção dos sócios, confrades, convidados, individualidades, autoridades e representantes de outras instituições que aqui se deslocaram para o ato, formando cortejo até ao Salão Nobre, onde foram acolhidos por um momento musical interpretado por Leonor Isabel Magalhães em guitarra clássica, que tocou de H. Villa-Lobos o “Prelúdio nº3”, seguida de Sofia Pinto que no violoncelo interpretou “O cisne” de C. Saint-Saens, e de Carolina Barriga Oliveira que também neste instrumento tocou a “Sicilienne” de Fauré, ambas acompanhadas ao piano pela professora Ana Maria Teixeira e todas da Escola de Música de Perosinho. De seguida o Grupo Cantante Eça Bem Dito da Confraria Queirosiana interpretou o hino “Canção Vilanovense” de João António Ribas e Passos Manuel, de 1826 e. em diversos momentos da manhã, o “Hino de Amélia ou de D, Pedro IV”,  de 1832, o “Hino de Gaia” de 1934”, terminando com o Hino da Confraria Queirosiana. O presidente da direção, José Manuel Tedim, apresentou o balanço das atividades do ano, o presidente da assembleia geral, César Oliveira, as instituições presentes, e o secretário, J. A. Gonçalves Guimarães, os associados que se distinguiram durante o presente amo, e em nome do seu diretor Luís Manuel de Araújo ausente no Egito, o conteúdo do n.º 29 da Revista de Portugal lançada nesta ocasião.

        Seguiu-se a insigniação dos novos confrades leitores, louvados e mecenas: João Martins Cardoso de Albuquerque, nascido a 28 de novembro de 2012 e que frequenta o 6.º ano do ensino no colégio La Sale em Barcelos, tendo como padrinho o Dr. António Pinto Bernardo; Luísa Martins Cardoso de Albuquerque, nascida a 10 de novembro de 2010 e que frequenta o 8.º ano do ensino também no colégio La Sale em Barcelos, mesmo padrinho; Dr. Pedro César Lapas Oliveira, licenciado em Criatividade e Inovação Empresarial pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, padrinho César Oliveira; Dr.ª Benedita Isabela Alves Neves Couto, licenciada em Economics and Business Economics pela Universidade de Amsterdam e em Gestão de Empresas pela Universidade da Maia, padrinho Prof. Dr. Pedro Almiro Neves; Dr.ª Leonor Lapas Oliveira, licenciada em Línguas para Relações Internacionais pelo Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior e Educação, padrinho César Oliveira; Dr.ª Inês Cunha Jorge, licenciada em Tradução e Interpretação (Português, Inglês e Francês) pelo Instituto Superior de Assistentes e Intérpretes do Porto (ISAI), padrinho o Dr. António Pinto Bernardo; Eng.º António Manuel Fernandes Ribeiro, licenciado em Engenharia Informática pela faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, também o mesmo padrinho; Dr.ª Filomena Margarida Venâncio Frazão de Aguiar,, licenciada em Psicologia do Trabalho e Organizações e em Psicologia Clínica e mestra em SIDA pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, também com o mesmo padrinho; Dr. Fernando Jorge Alves Pinto, psicólogo e professor na Escola Secundária Eça de Queirós em Lisboa, madrinha Dr.ª Maria de Fátima Teixeira; Dr. Joaquim Pinto da Silva, associado n.º 432, licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e pós-graduado em Tradução Literária, ex-funcionário da Comissão Europeia entre 1984 e 2013, condecorado pelo governo português com a Ordem do Infante D. Henrique e designado Amigo da Flandres pelo governo regional flamengo na Bélgica, padrinho o Eng.º Manuel Névoa. A que se seguiram os confrades de honra: D. Amélia Maria de Sousa Cabral, funcionária da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia no Solar Condes de Resende e uma das associadas fundadoras (n.º 6) dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana e desde então, e durante 20 anos, sua tesoureira. Foi padrinho Gonçalves Guimarães; Dr. João Luís da Mota Torres Fernandes, licenciado em História da Arte e mestre em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e atual responsável pelo Solar Condes de Resende desde 1 de novembro de 2022. Foram padrinhos Gonçalves Guimarães e Maria de Fátima Teixeira; e o Dr. Afonso dos Reis Cabral, licenciado e mestre em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Universidade Nova de Lisboa e, como escritor, detentor de vários prémios de Literatura. É desde 2022 presidente da Fundação Eça de Queiroz, com quem a Confraria Queirosiana tem um protocolo de colaboração celebrado a 22 de abril de 2006. Foram padrinhos José Manuel Tedim, pela Confraria Queirosiana, e Paula Carvalhal, vereadora da Câmara Municipal d Vila Nova de Gaia

Em nome dos insigniados falou este último distinguido, aludindo ao significado da obra do patrono de ambas as instituições e às perspetivas de futura colaboração, encabeçando depois, ladeado pelos dois confrades mais novos, o conjunto dos presentes que foram depositar uma festiva coroa de louros na estátua de Eça de Queirós no Jardim das Camélias.

Seguiu-se um almoço queirosiano com animação de canto e dança: as canções da Belle Époque foram iterpretadas pelo Grupo Cantante Eça Bem Dito com a pianista Maria João Ventura, e a dançarina de competição Maria Rita, do polo de Dança da Associação Recreativa de Canidelo, classe do campeão nacional Prof. Tomás Pedro, executou diversas Danças Latinas muito aplaudidas pelos comensais.

Estiveram presentes várias confrarias e diversas instituições e entidades ligadas à Cultura e ao Associativismo, nomeadamente a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), as confrarias da Cabra Velha, da Caldeirada do Peixe e do Camarão de Espinho, do Anho Assado com Arroz de Forno do Marco de Canavezes, dos Ovos Moles de Aveiro, Enogastronómica da Madeira, Gastronómica “As Sainhas” de Vagos; a Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP); a Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia (FCVNG); a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas (FPCG); os jornais As Artes Entre As Letras e O Gaiense, a Junta de Freguesia de Canelas, Vila Nova de Gaia e a Urbiface. 

Personalidade do Norte 2023

         Ontem, dia 24 de novembro, no Fórum Competitividade Regional e Pós 2030: o Note na União Europeia, que decorreu na Fábrica de Santo Thyrso promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento – Norte, I. P. (CCDR-N), esta entidade homenageou o escritor gaiense, antigo professor da Universidade de Amsterdam e confrade queirosiano José Rentes de Carvalho como Personalidade do Norte 2023. Com os seus noventa e tês anos ativos e nestes dias presente naquela cidade holandesa, o homenageado delegou no secretário da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, J. A. Gonçalves Guimarães a presença naquela cerimónia e a receção em seu nome do troféu evocativo da distinção, o qual esteve presente ao lado do seu busto no Solar Condes de Resende durante o capítulo da Confraria Queirosiana hoje ocorrido, de onde seguirá para as mãos do homenageado. Produzido em duralumínio através de tecnologia 3D, é uma criação da designer Cristina Massena.

         Neste fórum empresarial participaram ainda outros confrades queirosianos em representação de diversas instituições e empresas, nomeadamente o Dr. Albino Almeida, presidente da Associação Nacional das Assembleias Municipais (ANAM) e a Dr.ª Ana Casas, em nome da internacional na área dos cosméticos Mesosystem, que integrou um painel liderado pela comissária europeia Prof. Doutora Elisa Ferreira.

Âmbito Cultural: El Corte Inglês de Gaia

         No passado dia 7 de novembro abriu ao público no edifício do El Corte Inglês em Vila Nova de Gaia a sua sala de Âmbito Cultural onde já decorrem vários cursos e sessões de divulgação com a presença de comunicadores mediáticos, como é o caso do historiador Joel Cleto que fez parte do painel de três oradores que abriu esta inauguração. Presentes diversas entidades políticas, religiosas, culturais e associativas, tendo estado a Câmara Municipal de Via Nova de Gaia representada pela vereadora do Pelouro da Cultura, Eng.ª Paula Carvalhal e a associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana pelo presidente da direção José Manuel Tedim e o secretário J. A. Gonçalves Guimarães. O evento incluiu um concerto de Música e Poesia por parte da cantora de jazz Maria João, o teclista João Farinha e o diseur José Anjos. Na ocasião foi disponibilizada a publicação «Magazine Cultural» referente a novembro/ dezembro de 2023.

Revistas e Livros

   Hoje, dia 25 de novembro, dia natalício de Eça de Queirós, foi lançado o n.º 20 da Revista de Portugal, nova série, fundada pelo escritor em 1882 e atualmente dirigida pelo egiptólogo Luís Manuel de Araújo que, pela primeira vez de há vinte anos para cá, não pode fazer a sua apresentação por se encontrar a conduzir uma viagem de estudo ao Médio Oriente, razão pela qual a mesma foi apresentada pelo diretor-adjunto J. A Gonçalves Guimarães, que para a mesma redigiu o editorial: «20 anos: dos que partem aos que ficam» alusivo ao tempo de existência da associação e à memória dos associados e confrades que partiram. Aliás o presente número dedica a capa a Alfredo Campos Matos, e logo nas primeiras páginas um «In Memoriam» recorda Susana Moncóvio, A. Campos Matos, Carlos Santarém Andrade, Aurora Rego e A. Silva Fernandes. O confrade da capa é também recordado por Isabel Pires de Lima no artigo «Alfredo Campos Matos: um “formidável” legado queirosiano» e da autoria de João Nicolau de Almeida, se publica o discurso que proferiu nas comemorações deste ano no «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas: Peso da Régua». Nas páginas seguintes, de novo J. A. Gonçalves Guimarães recorda «Os 25 anos da FAMP», a Federação dos Amigos dos Museus de Portugal na qual a associação editora desta revista está inscrita, fazendo parte dos atuais corpos gerentes, publica a lista das associações filiadas. Segue-se a colaboração de três escritores brasileiros, membros da Academia Alagoana de Letras e confrades queirosianos, segundo protocolo entre ambas as instituições, com os artigos «De onde vim», por Alberto Rostand Lanverly, sobre as suas origens portuguesas e europeias, a que se seguem os dois saborosos contos «O marinheiro» de Arnaldo Paiva Filho e «O preço da tentação» de Carlos Méro, numa inexcedível arte de contar a que já nos habituaram. Nos domínios da investigação histórica e como resultado do seu trabalho de catalogação das coleções do confrade Ricardo Haddad, a patrimonióloga Maria de Fátima Teixeira apresenta o seu estudo sobre a identificação de um retrato desse acervo da autoria de um pintor do tempo de Eça de Queirós pouco conhecido, «A propósito de um possível retrato de Francisco António Diniz por Adolfo Greno». Uma das últimas visitas guiadas a diversas civilizações pelo Professor Luís Manuel de Araújo está por si descrita em «Portugueses na Turquia: fazendo a ponte entre o Ocidente e o Oriente», enquanto Maria Alda Barata Salgueiro aqui deixa as suas reflexões sobre uma viagem «Pelas terras dos antigos Cátaros». Seguem-se várias «Recensões» de Luís Manuel de Araújo, Jorge Fernandes Alves e J. A. Gonçalves Guimarães, sobre livros recentemente publicados, e a habitual «Bibliografia» dos associados, referente ao ano de 2022, seguida do também habitual «Relatório de atividades em 2022 da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana». Um número variado que reflete o querer e o sentir desta instituição e a sua partilha com as sociedades em que se revê.

Da autoria de Guilherme de Oliveira Martins foi recentemente publicado um importante volume de reflexões sobre o Património Cultural imprescindível para todos aqueles que se interessam pela sua problemática. Segundo a Gradiva Edições trata-se de um contributo dos «grandes nomes da nossa cultura num registo de grande riqueza intelectual. Um livro em que se fala da cultura como realidade viva, como movimento permanente onde o presente se encontra com o tempo longo, no qual o que recebemos das gerações passadas se projeta agora e para o futuro, num incessante processo complexo de criação e metamorfose, sempre imperfeito e inacabado, tendo a possibilidade mágica de dialogar com quem nos antecedeu. Eis o enigma». Entre outras abordagens ai se constata que «uma biblioteca é a melhor metáfora do mundo. É um labirinto cujos caminhos se fazem de perguntas e respostas. E há um misterioso fio de Ariadne que nos leva em cada estante, em cada livro, em cada palavra, à descoberta dos enigmas que nos permitem vislumbrar os contornos dos sentidos que a humanidade reveste.»

                Assinalando a efeméride, acaba de ser editada a brochura Confraria Queirosiana 20 anos, compilada por Amélia Cabral, António Pinto Bernardo, César Oliveira, J. A. Gonçalves Guimarães, José Manuel Tedim, Manuel Moreira e Manuel Nogueira, e a colaboração de Maria de Fátima Teixeira e de Manuel Pena, a qual apresenta um texto de Apresentação sobre a associação, em português e inglês, os órgãos sociais eleitos para 2020-2024, o diploma da Presidência do Conselho de Ministros que lhe atribuiu o estatuto de utilidade publica, os Estatutos e o Regulamento Interno atuais, as comissões de trabalho, o juramento dos Confrades, o Hino da Confraria, a listagem dos associados e dos confrades, In Memoriam (associados e confrades falecidos) e várias fotografias a cores sobre a sua sede no Solar Condes de Resende, as suas insígnias, atividades e publicações. A edição foi custeada por três membros dos corpos gerentes e é gratuita para os associados.

Memorial do Covid

         No próximo dia 27 de novembro, pelas 10 horas, terá lugar no Palácio do Raio, em Braga, a inauguração do Memorial evocativo das vítimas do Covid e de reconhecimento àqueles que combateram a pandemia, da autoria do escultor Hélder de Carvalho, mandado levantar pela Santa Casa da Misericórdia de Braga, que perfaz a proveta idade 510 anos de existência ao serviço dos mais desfavorecidos pela natureza, pela sociedade ou por ambos.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 183, sábado, 25 de novembro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Fátima Teixeira; João Fernandes; O Gaiense.

Nota: devido à celebração do 21.º Capítulo no dia 25, esta página só foi divulgada no dia 27 de novembro.