quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Os Direitos do Homem na obra de Eça de Queirós
Celebra-se a 10 de dezembro o dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, evocativo da data de 1948 em que a assembleia geral das Nações Unidas proclamou os seus princípios destinados então a evitar que voltassem a ocorrer os horrores da 2.ª Grande Guerra. Este documento foi o corolário de uma longa caminhada iniciada com o Código de Hamurábi no século XVIII antes da era corrente, a que se seguiu o Cilindro de Ciro II de 539 a. C., os códigos de cidadania e o conceito de direito natural romano, os princípios filosóficos igualitários do Cristianismo desde a Alta Idade Média, a Magna Carta inglesa de 1215, os princípios filosóficos de Locke, Hobbes e Rousseau, a Declaração da Virgínia (EUA) de 12 de junho de 1776; a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão saída da Revolução Francesa em 1789 e, já depois daquela primeira declaração, a Convenção Europeia do Direitos Humanos de 1950. Mas ainda hoje estes princípios são pontualmente postos em causa ou violados nas suas tendências de liberdade, igualdade e fraternidade e na protecção da pessoa humana contra prepotências várias exercidas pelos diversos poderes um pouco por todo o mundo.
            Sendo conhecido que Eça de Queirós retratou nos seus romances muitas questões sociais em volta dos ambientes domésticos ou das sociedades urbanas e rústicas do seu tempo, onde as mudanças chegavam devagar e a mundividência era uma miragem, mas onde mesmo aí espelha a situação dos mais pobres e dos marginalizados, noutros escritos não ficcionais aborda claramente a situação das crianças, dos doentes, dos inválidos, dos deficientes, dos velhos, dos incapazes, dos pobres e carenciados, dos escravizados, dos famintos, dos presos, dos desempregados, dos espoliados, dos perseguidos. Não será difícil encontrar em algumas das suas obras – e porventura mais exemplos nas menos conhecidas – alusões diretas ao drama humano da falta de direitos, havendo mesmo uma delas – o conto S. Cristóvão – que é uma verdadeira e genial metáfora à capacidade individual de superação do sofrimento físico e social através da contínua redenção contra todas as adversidades. Escrita na última década da sua vida, e publicado a primeira vez em edição póstuma, dirão alguns: uma bela metáfora literária, um belo conto de natal, mas longe das realidades da vida. Mas para que servirá a Literatura se não para ser a síntese admirável, artística e universal das duras prosas da vida, capaz de ser entendida por todos os que lêem, quando o tema é grande e a linguagem é bela? Só a Arte trata a miséria humana em imagens que nos impulsionam, não a aceitá-la como inevitável e irresolúvel, mas antes a querer dirimi-la como má memória a abater. Os “realismos”, contraditoriamente, banalizam-na, podendo levar-nos a virar-lhe a cara na hora de agir ou ao engano de a considerar alheia quando ela nos é irmã.
            Num outro texto da mesma época - «A Rainha», publicado em 1898 -  escreveu claro e direto sobre os direitos humanos remetendo à compassividade esmoler de D. Amélia «a presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar, tanta criancinha sem pão, e a incapacidade ou indiferença de monarquias e repúblicas para realizar a única obra urgente do mundo – a “casa para todos, o pão para todos”». Dir-me-ão que são textos da maturidade, do final da vida, quando Eça se dizia um «…vago anarquista entristecido, idealizador, humilde, inofensivo», a dois anos de distância da sua morte física. Mas estas suas convicções de profunda e verdadeira preocupação pelos direitos humanos vinham já desde a juventude, ou pelo menos do início da vida adulta, certamente pelas suas próprias vivências e convicções, mas também pelas reflecções sobre a leitura de textos de Augusto Comte, Victor Hugo, Proudhon, Renan, Taine, e ainda Darwin, Bakunin e Marx.
            Num extenso e bem fundamentado relatório que elaborou em 1874 (aos vinte e nove anos) para o seu chefe, o ministro dos Negócios Estrangeiros, termina com as seguintes palavras «discutida a emigração assalariada nas suas correntes e nos seus resultados sociais, eu julgo terminado este trabalho, que é a afirmação, e direi mesmo a apologia, da emigração como força civilizadora». Ainda hoje é um texto muito pouco conhecido, pois só foi publicado em 1979 por Raúl Rego, que o intitulou justamente com as últimas palavras atrás citadas: «A Emigração como Força Civilizadora», tendo depois mais duas edições preparadas por Isabel Pires de Lima Se é certo que o tema central é o resultado da sua experiência consular em Havana entre 1872 e 1874, onde teve um papel ativo na defesa dos direitos dos emigrantes chineses escravizados pelos fazendeiros espanhóis, os princípios que o informam são muito mais universalizantes e intemporais, considerando-os «criadora ciência e, pelos seus movimentos grandiosos e fecundos, uma força civilizadora na humanidade», concluindo e prognosticando que «A liberdade política sincera, o derramamento da instrução, a moderação dos impostos, a acessibilidade à propriedade, a desamortização da terra, a liberdade industrial, a criação fecunda da vida comercial – eis o que fixa o homem ao seu solo». Ou seja, preconizando a aplicação concreta da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não apenas para os da sua etnia, credo ou tradição cultural, mas para todos os habitantes do planeta, os atuais descendentes dos hominídios que nele deambulam desde remotas eras em busca de um concreto e inadiável paraíso terrestre.
           
J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor da Confraria Queirosiana

Eventos passados
Honoris Causa
Recentemente foram agraciados com o grau de Doutor honoris causa dois ilustres queirosiano. Assim, no dia 26 de novembro         na Aula Magna da Universidade de Sófia Kliment Ohridski (Bulgária), por proposta da sua Faculdade de Filologia Clássica e Moderna foi distinguida Isabel Pires de Lima, Professora Emérita da Universidade do Porto e convidada de diversas outras universidades europeias, africanas, americanas e asiáticas, que no ato dissertou sobre «O poder das Humanidades: o lugar da Literatura». No dia 11 de dezembro, no salão nobre da reitoria da Universidade do Porto, no encerramento das comemorações do seu primeiro centenário e por proposta da sua Faculdade de Letras, foi outorgado aquele grau ao escritor Mário Cláudio, autor de mais de 60 títulos publicados nos seus 50 anos de vida literária, tendo estado presente ao ato o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.



            No dia 27 de novembro celebraram-se no Porto na sede da Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos (O.V.A.R.) os 50 anos desta instituição com um dia aberto à comunidade subordinado ao tema «Diálogo sobre o sistema prisional» e uma sessão solene de homenagem aos fundadores com a edição de uma publicação alusiva, que procura dar a conhecer esta problemática de tão transcendente importância na sociedade portuguesa atual, bem assim como as dificuldades com que se deparam os voluntários visitadores e ainda alguns testemunhos sobre a reinserção social dos detidos. A esta sessão estiveram presentes vários confrades queirosianos, nomeadamente o presidente da O.V.A.R., Eng. Manuel Hipólito Almeida dos Santos, o mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães e o presidente da Obra Diocesana de Promoção Social, Dr. Manuel Maria Moreira.

A delegação da Confraria Queirosiana (fotografia de Susana Moncóvio)

             No passado dia 1 de dezembro decorreu em Arouca o capítulo anual da Confraria Gastronómica da Raça Arouquesa, tendo estado presente uma delegação da Confraria Queirosiana composta pelo mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães, os membros da direcção Susana Moncóvio e António Pinto Bernardo e os confrades Ricardo Haddad e António Pinto. As cerimónias decorreram no Convento de Arouca e o almoço foi servido no restaurante de uma quinta deste concelho adaptada ao Turismo Gastronómico. Da ementa, para além da vitela, foram servidos outros mimos do cardápio arouquense.

Museu do Douro
No dia 3 de dezembro, Manuel de Novaes Cabral, presidente do conselho de fundadores do Museu do Douro entre 2011 e 2018, recebeu naquela instituição duriense o título de fundador honorário, materializado numa escultura de Norberto Jorge.


            No dia 9 de dezembro ocorreu em Lisboa, no Teatro da Trindade do Inatel, a estreia da longa-metragem de Francisco Manso intitulada «O Nosso Cônsul em Havana», anteriormente passada em série televisiva na RTP. Nesta versão, para além do tema, salientemos a rara beleza das imagens encantatórias, filmadas em Portugal e em Cuba, já habitual nos filmes deste realizador, mas também uma melhor afinação de aspectos biográficos de Eça de Queirós que tinham sido demasiadamente ficcionados nos episódios da série. Este filme aborda a acção humanitária do escritor em prol dos escravos chineses que trabalhavam para os fazendeiros espanhóis da cana do açúcar, tendo como base o relatório que elaborou em 1874, mas que apenas foi divulgado por Raúl Rego em livro em 1979 e intitulado “A Emigração como Força Civilizadora”, um dos poucos escritos não ficcionais de Eça, para além dos de índole epistolar e jornalística.
            Com casa cheia, festejando o realizador, os atores e a equipa técnica, entre muitos outros convidados, estiveram presentes vários confrades queirosianos: para além do próprio realizador, assistiram a esta estreia o mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães, o vice-presidente da direcção Luís Manuel de Araújo, o ex-Secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro, e o chefe da Casa Real portuguesa D. Duarte Pio.

Caminhos de Santiago
         No dia 10 de dezembro decorreu na Universidade Portucalense um seminário sobe “O Porto nos Caminhos de Santiago: cidade de partida e de passagem”, realizado em parceria com o Albergue de Peregrinos do Porto. Foram palestrantes, entre outros, José Manuel Tedim sobre “O Porto nos Caminhos de Santiago” e Joel Cleto sobre “Da intolerância à construção de uma unidade europeia: o longo Caminho de Santiago”.

Árvore de Jessé
            No dia 14 de dezembro, pelas 18 horas, a convite da Câmara Municipal do Porto e do provedor da Ordem Terceira de São Francisco, Professor Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, o professor e teólogo Doutor Abel Canavarro e o professor e historiador da Arte, Doutor Nuno Resende, falaram sobre o retábulo que representa a Árvore de Jessé existente na igreja de S. Francisco, «um dos seus exemplares mais exuberantes» de quantos se conhecem, no programa “Um objecto e seus discursos por semana», organizado pela Casa do Infante / Câmara Municipal do Porto.

Prémio Virgílio Ferreira
         Na passada sexta-feira 20 de dezembro o júri do Prémio Literário Virgílio Ferreira 2020, instituído pela Universidade de Évora, distinguiu Carlos Reis, professor catedrático da Universidade de Coimbra, onde leciona Literatura Portuguesa, Teoria da Literatura e Estudos Queirosianos, coordenador do Centro de Literatura Portuguesa e conhecido ensaísta especializado em Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX e Teoria da Narrativa, além de professor convidado de várias universidades estrangeiras. O prémio será entregue em cerimónia a convocar para o efeito para 1 de março, dia da morte do seu patrono.


Autores e Livros

            Vindo do Recife, chegou-nos um novo livro de Dagoberto Carvalho J.or intitulado «Posta-Restante». Como outros da sua safra anual de recordações, vivências e afetos, este apresenta muitos dos passos das suas deambulações queirosianas, lembrando «Noventa anos de Campos Matos»; «Eça e o solar queiroziano de Aveiro»; «No capítulo da Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia, Portugal» (com fotografia de Dagoberto na mesa que presidiu a 24 de novembro de 2018); «Outras notícias queirosianas: Campos Matos e “Eça de Queiroz segundo Fradique Mendes”»; «Na “Estação de Caldas de Aregos” com Eça de Queiroz»; de novo «Eça de Queiroz segundo Fradique Mendes» e «António Alberto de Amaral Coutinho Calheiros Lobo». Como escreveu num dos textos deste livro de bela capa – outra constante das suas obras - «que todos os outros - e são muitos – se deixem por eles representar nesta página». Na contracapa a sua foto com Cristina Carvalho no Solar Condes de Resende, sorrindo cúmplices a Eça e Emília na casa onde estes se enamoraram.

Roteiro Literário da Foz
            No dia 1 de dezembro na capela de Nossa Senhora da Conceição na Foz do Douro, Manuel de Novaes Cabral apresentou a 2.ª edição do “Roteiro Literário da Foz” de José Valle de Figueiredo e do “Mapa Literário da Foz” de Joaquim Pinto da Silva, numa iniciativa da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.

Gravuras de Leiria
            No dia 8 de dezembro, no Celeiro da Casa do Terreiro em Leiria decorreu o lançamento do magnífico álbum editado por “Hora de ler” intitulado «Leiria. O século XIX em gravuras» de Ricardo Charters d’Azevedo, que à sua terra natal tem dedicado várias publicações que dão a conhecer o seu passado e as suas potencialidades nos domínios do Património Cultural, como é o caso de um outro livro anterior intitulado «Leiria e as Invasões Francesas» também apresentado na ocasião.



No passado dia 21 de dezembro teve lugar no auditório do Solar Condes de Resende o lançamento de um novo livro da autoria de Francisco Barbosa da Costa, intitulado “Retalhos da Minha Vida”. Assumidamente autobiográfico, o autor percorre com o olhar das lembranças a sua terra natal e muitos dos seus familiares e conterrâneos desde a infância, passando pelo seu percurso profissional como professor, o serviço militar, a dedicação autárquica, a missão política de deputado, o dirigente associativo e o homem público presente em todas estas valências.

Exposições

Prato comemorativo da inauguração da Ponte da Arrábida (fotografia de Susana Guimarães)

            No Solar Condes de Resende, nas salas de exposições temporárias, encontra-se patente ao público desde 23 de novembro uma exposição de oito dezenas de Pratos-Souvenir em faiança e porcelana da Coleção de Fernando de Oliveira Pinho (1910-1996), vindos de várias cidades de países da Europa, América, Ásia e Oceânia, com representação de paisagens, monumentos, instituições, figuras, heráldica, acontecimentos e comemorações. Para além dos motivos que fazem deles Pratos-Documento, podem ainda ser constatadas as produções de fábricas famosas, como a Vista Alegre, e as diferentes técnicas de pintura ou estampagem dos motivos, monocromáticos e em policromia. A curadoria da exposição é de Susana Guimarães.

Próximos eventos
Vidros tardo-romanos
             Amanhã, quinta-feira, dia 26 de dezembro, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês, o arqueólogo e mestre em Arqueologia, Joaquim F. Ramos, dando seguimento aos estudos que têm vindo a ser realizados sobre os materiais recolhidos em escavações arqueológicas no Castelo de Gaia, apresentará publicamente o seu mais recente trabalho sobre «O Vidro Tardo-Romano da Igreja do Bom Jesus de Gaia.
            O vidro foi sempre um elemento presente no quotidiano do homem desde as primeiras notícias da sua descoberta até aos dias de hoje. Em época tardo-romana não era diferente: depois da invenção do processo de soflagem (vidro soprado), tornou-se um material versátil, de acesso fácil e com várias utilidades, acumulando principalmente a função de utensílio de cozinha e serviço de mesa.
            Este espólio vítreo é bastante diferenciado, tendo sido recolhidos fragmentos de vários tipos de objetos com diferentes formas e particularidades. Assim sendo, esta apresentação focar-se-à nos fragmentos da Antiguidade tardia, apresentando o trabalho desenvolvido até ao momento no Solar Condes de Resende.

Curso sobre Revoluções e Constituições
No próximo mês de janeiro, no sábado dia 4, prossegue no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Revoluções e Constituições com a 6.ª sessão sobre «A Revolução de Setembro (1836/1837) no Portugal liberal», por Jorge Fernandes Alves, professor da FLUP, seguindo-se a 18 a 7.ª sessão sobre: «O outro lado das Revoluções (1820-1919)» por Nuno Resende Mendes, também professor daquela faculdade.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 136, quarta-feira, 25 de dezembro de 2019; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Licínio Santos; colaboração : , Joaquim Ramos, Susana Guimarães; Susana Moncóvio.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Eça & Outras


Mitos e História não são a mesma coisa

Recentemente os investigadores que estudaram, para posterior restauro, o retrato de D. Afonso de Albuquerque existente no Museu Nacional de Arte Antiga descobriram que por debaixo da evidente pintura existia a de uma outra figura histórica. Mas também vieram a saber que tal já era conhecido há oitenta anos, mas tinha sido deliberadamente escondido por questões de conveniência da política colonial do Estado Novo e da sua iconografia oficial. Provavelmente a “História oficial” está cheia de ligeirezas desta natureza. Agora que também se anuncia para 2020 o restauro dos Painéis de São Vicente do mesmo museu, talvez também se volte a falar das repinturas que os mesmos sofreram para os ajustar ao mito henriquino hipervalorizado desde as comemorações de 1894.
Um retrato, para além da obra de Arte que possa ser, quando contemporâneo do retratado e feito na sua presença, é também um documento histórico que não deve ser alterado por intervenções posteriores. Quando tal acontece estamos seguramente nos domínios da mistificação, quase sempre propositada para atingir determinado fins pouco sérios.
         Mas para além destes casos mais evidentes, porque iconográficos, as histórias oficiais estão cheias de mistificações propositadas, mantidas por embusteiros profissionais ou institucionais, nuns casos ingénuos crendeiros sem qualquer espírito indagador e crítico, noutros casos deliberadamente mantidas por falsários da História. Com o passar do tempo e a institucionalização dos mitos, fica difícil para os historiadores reporem a verdade da sua origem e da evolução dos mesmos. Mas tal não é impossível e as Ciências Históricas estão cada vez mais apetrechadas para procurarem determinar a «clara certidão da verdade».
Esta introdução prende-se com a publicação de uma obra que não tem tido divulgação entre nós, Los Mitos del Apóstol Santiago, de Ofelia Rey Castelao, professora catedrática de História Moderna da Universidade de Santiago de Compostela, editada pela editora galega Nigratea em 2011, logo com uma edição francesa no mesmo ano, Les mythes de l’ apôtre saint Jacques, édicions Cairn. Obra de síntese muito bem arrumada, começa por analisar a bibliografia existente e a questão da “intocabilidade” do mito. Nos dezassete capítulos que se seguem, a autora “caminha” desde o epicentro do mito e do seu começo, a protecção régia ao “mito oscilante” e a atitude dos papas perante o “mito confuso”, até à elevação do mito ao patronato hispânico, sempre contestado aqui e ali (incluindo em Portugal), depois substituído por Santa Teresa de Ávila pelos Filipes e, curiosamente, pelas Cortes de Cádis de 1812. Analisa seguidamente o Caminho (os caminhos) e os seus mitos, as peregrinações marcantes e as ditas em massa, a evolução da catedral e o seu clero, o “voto de Santiago” e as extorsões em seu nome e respectivas contestações populares e judiciais, até à critica histórica contemporânea e a ressurreição do mito através da indústria do turismo. Um livro verdadeiramente fascinante, cuja problemática a autora já tinha vindo e tem continuado a estudar e a debater, sempre apoiada em irrefutável aparato bibliográfico e documental, em outros trabalhos e obras, como, por exemplo, El voto de Santiago. Claves de un conflicto (III), publicado na revista «Compostellanum», vol. 38, n.º 1-2, 1993, p. 195-240; Teresa, Patrona de España, na «Hispânia Sacra», LXVII, n.º 136, 2015, p. 531-573; e El Apóstol Santiago y las Traditiones Jacobeas en el Teatro, em Subir a los altares: modelos de santidade en la Monarquia Hispánica (siglos XVI-XVIII), Granada, 2018, p. 339-399.
      Para a edição francesa a autora, entre outras considerações, escreveu uma nota onde afirma «As vozes complacentes [do mito] têm o apoio oficial dos dois lados, o oficial e o eclesiástico. As vozes críticas também não estão isoladas: elas formam uma parte do fenómeno, como uma espécie de mal necessário. Este livro faz parte duma muito antiga tradição crítica. Ele apoia-se na convicção de que a função social e cultural dos historiadores é a de proteger o passado contra todos aqueles que não o respeitam. As lendas, as tradições e os mitos são uma parte do passado, mas a sua consideração não deve jamais ser confundida com o renunciar à crítica, no respeito das convicções e crenças de cada um.» (tradução). Mas já sabemos que esta consideração humanista dos historiadores para com os mitómanos não é por eles retribuída. Eles estarão sempre certos da excecionalidade do seu totem e ai de quem o ponha em causa.
      De forma mais comezinha, e para o grande público, que nem sempre é um público grande, recordemos aqui as palavras de Eça: «Um grande pintor de Paris dizia-me o ano passado: - A multidão vê falso. Vê: em Portugal sobretudo. Pela aceitação passiva das opiniões impostas, pelo apa­gamento das faculdades críticas, por preguiça de exame - o público vê como lhe dizem que é. Que amanhã o Diário de Notícias, ou outro órgão estimado, declare que o Hotel Aliança, ao Chiado, é uma maravilhosa catedral gótica, que insista nisto no local e no folhetim - e numa semana o Público virá fazer no Largo do Loreto semicírculos extáticos e verá, positivamente verá, as ogivas, as rosáceas, as torres, as maravilhosas esculturas do Hotel Aliança. ( Eça de Queirós, Notas Contemporâneas, «Ramalho Ortigão»).
       E nessas suas visões, nessas fantasias, se espojará com prazer e convições.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor da Confraria Queirosiana

Eventos passados
Hóquei em patins
        No dia 8 de novembro, integrado nas Oficinas de Investigação CITCEM 19/20 da Faculdade de Letras da Universidade do Porto sobre o tema «História do Desporto em Portugal: uma janela para a sociedade», Licínio Santos, investigador do Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR – Confraria Queirosiana apresentou os seus estudos sobre «O hóquei de patins em Portugal: internacionalização e ascensão (1930-1952)», tema da sua tese de doutoramento.

Feira de S. Martinho
         No domingo dia 10 de novembro a partir das 10 horas da manhã, decorreu no Solar Condes de Resende a habitual Feira de S. Martinho, durante a qual diversos feirantes apresentaram os seus produtos para venda, entre os quais a D. Lídia de Pereiros, S. João da Pesqueira com o seu inconfundível fumeiro duriense. Pelas 16 horas atuou o grupo musical Eça Bem Dito que interpretou canções tradicionais portuguesas. A Feira decorreu com apoio do bar do Solar.

Poemas de Rodrigo Emílio
No dia 11 de novembro na Cooperativa Árvore no Porto foi lançado o livro Eu Sou Este Rosto Enxuto Sou Este Canto Interdito, do poeta tondelense Rodrigo Emílio (1944-2004), editado pelas Edições Sem Nome, comemorativo dos 75 anos do seu nascimento. Foram apresentadores da obra José Valle de Figueiredo e José Almeida.

A Valorização do Território
         No dia 16 de novembro a Associação dos Amigos de Pereiros, com a colaboração de outras entidades e da autarquia local, organizou no Museu do Vinho em S. João da Pesqueira um colóquio subordinado ao tema «A Valorização do Território: a Economia Circular na Economia Social». Entre os oradores presentes participou o presidente daquela associação Alberto J. Silva Fernandes. No jornal Vida Económica de 15 de novembro foi publicada uma reportagem sobre «Organizações da Economia Social podem fazer crescer o interior do país» onde sobressai a actividade daquela associação como dinamizadora da aldeia de Pereiros.

Universidade Portucalense
Foi recentemente nomeado reitor da Universidade Portucalense Infante D. Henrique o Professor Doutor Engenheiro Sebastião Feyo de Azevedo, ex- presidente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e reitor desta última até 2014, o qual será acompanhado na vice-reitoria pelo Professor Doutor Carlos Brito, seu anterior Pró-reitor naquela outra instituição académica. Do seu quadro docente faz parte o Prof. Doutor José Manuel Tedim, atual presidente da associação dos Amigos do Solar Condes de Resende, que tem como secretário da direção um antigo professor da instituição, J. A. Gonçalves Guimarães, e como associados outros antigos professores e vários ex-alunos, todos confrades queirosianos.

Capítulo da Confraria Queirosiana
Mesa que presidiu ao capítulo;
fotografia de Arménio Costa

        
Como habitualmente, no dia 25 de novembro de cada ano, ou no sábado anterior como neste de 2019, no passado dia 23 a Confraria Queirosiana celebrou o seu 17.º capítulo anual no salão nobre do Solar Condes de Resende. A partir das 17,30 aí começaram a afluir os confrades vindos de diversas terras portuguesas e brasileiras, a que se juntaram vários convidados, individualidades, autoridades e instituições. A mesa foi constituída por José Manuel Tedim, presidente da direção; César Oliveira, presidente da MAG; Luís Manuel de Araújo, vice-presidente da direção e diretor da Revista de Portugal; J. A. Gonçalves Guimarães, secretário da direção e mesário-mor da Confraria; e Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia em representação do presidente da Câmaras. A sessão teve início com um momento musical pela Escola de Música de Perosinho, a que se seguiu a abertura do Capítulo pelo presidente da direcção José Manuel Tedim, seguida da apresentação das confrarias e outras instituições presentes pelo presidente da mesa da assembleia geral César Oliveira. De seguida o mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães lembrou alguns dos confrades que se distinguiram em 2019, a que se seguiu o lançamento do n.º 16 da Revista de Portugal, nova série, pelo seu director Luís Manuel de Araújo, que chamou os autores dos artigos e o autor da pintura da capa
         Seguidamente procedeu-se ao lançamento do livro Eça de Queirós e o Caminho-de-Ferro, tendo na ocasião Susana Moncóvio apresentado a autora, a historiadora Joana Almeida Ribeiro, tendo a obra sido apresentada por José Manuel Lopes Cordeiro, estudioso da industrialização em Portugal. Foram ainda assinados dois protocolos de colaboração, um com a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/GEHVID) representada pelo seu presidente António Barros Cardoso, e outro com a agência de viagens Novas Fronteiras, no ato representada por Teresa Neves, que tem organizado as viagens ao Egito e Terra Santa com o apoio desta confraria. Em seguida foram insigniados os novos confrades de número, grau leitores, Mara Verónica Sevinatti Jónatas dos Santos, João Cardoso de Albuquerque, Marcelo Silva Malta, (este vindo propositadamente do estado de Alagoas, Brasil) e Nuno Luís Cameira de Sousa Botelho. Como confrades de número no grau de louvados, Carlos Henrique Figueiredo e Melo Brito e Levi Eugénio Ribeiro Guerra. Por decisão da mesa da Confraria, devido as serviços prestados à mesma, foi elevado à categoria de mecenas o confrade António Pinto Bernardo. Como confrades de honra grau louvado foi agraciado Francisco Manso. o realizador da série «O nosso cônsul em Havana» recentemente exibida na RTP.
         Após o discurso de encerramento da cerimónia os confrades prestaram homenagem a Eça de Queirós na sua estátua existente no Jardim das Camélias depositando aí uma coroa de louros e camélias.
         Entretanto abriu ao público nas salas contíguas uma exposição de oitenta Pratos-Souvenir propriedade que foi do coleccionador Fernando de Oliveira Pinho (1910-1996), com exemplares de várias partes do mundo.
          Seguiu-se no pavilhão do Solar o jantar queirosiano, com a atuação do grupo musical Eça Bem Dito, que interpretou canções portuguesas e brasileiras do tempo de Eça de Queirós e a atuação dos campeões de Dança Jorge Vieira e Dores Magalhães do Ritmo das Formas – Club de Dança, a que se seguiu o Baile das Camélias.

Exposições


Organizado pela Comissão de Arte da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, abriu ao público no dia 9 novembro, sábado,  no auditório do Solar Condes de Resende, a edição de 2019 do Salon d’Automne Queirosiano, este ano com obras de Abel Barros, Ana Isabel Ferreira, António Almada, António Lacerda, António Pinto, António Rua, Carolina Calheiros Lobo, Cerâmica do Douro, Emília Maia, Luísa Tavares, Rosalina Sousa, Rosa Dixe, Susana Moncóvio, Teresa Girão Osório e Valença Cabral. A mostra estará aberta até 31 de dezembro.


Próximos eventos
Teatro popular
         No próximo dia 28 de novembro, quinta-feira, na habitual palestra da última quinta-feira do mês no Solar Condes de Resende, pelas 21,30 horas, o Dr. José Vaz falará sobre «100 anos de um grupo popular de Teatro: os Plebeus Avintenses», paradigma do teatro amador em Vila Nova de Gaia.

Barcos e estaleiros
         No próximo dia 29 de novembro decorrerá na Casa do Infante no Porto, pelas 18 horas, uma palestra do ciclo No Museu ao Entardecer, subordinada ao tema «Barcos e Estaleiros do Porto» em que serão oradores os historiadores Amândio Barros e J. A. Gonçalves Guimarães e o jornalista Pedro Olavo Simões.

Curso sobre Revoluções e Constituições
No sábado, dia 30 de novembro, prossegue no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Revoluções e Constituições com a 4.ª sessão sobre: «O Cardeal Saraiva - a Constituição de Cádis de 1812 e o primeiro texto constitucional português», por António Barros Cardoso, professor da FLUP, seguindo-se a 7 de dezembro a 5.ª sessão sobre: «Da Revolução de 1820 ao triunfo do Liberalismo: a divisão na Igreja portuguesa», pelo Prof. Doutor José António Oliveira. O curso prosseguirá em janeiro de 2020.

Eça no Cinema
         No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Direitos do Homem, no próximo dia 10 de dezembro será apresentada no Teatro da Trindade INATEL em Lisboa, a versão em longa metragem do filme «O Nosso Cônsul em Havana», de Francisco Manso, recentemente apresentada em série na RTP, numa organização da Fundação INATEL, RTP e Francisco Manso Produção de Audiovisuais. Estará presente uma delegação da Confraria Queirosiana

Autores, Livros e Revistas
No passado dia 31 de outubro, com a presença de diversas autoridades civis e religiosas, foi lançada na igreja matriz de Trevões, S. João da Pesqueira, a obra A Igreja de Trevões Identidade e Legado, da autoria de Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Trata-se de um belo livro-álbum, uma obra de Arte erudita e visual, com atraente grafismo das imagens a cores que valorizam os frescos, as talhas, as pinturas, as esculturas, as alfaias religiosas e as arquitecturas desta restaurada e valorizada igreja monumento nacional e o seu prolongamento natural que é o Museu de Arte Sacra. Como seu contraponto indispensável um texto bem apoiado em documentos e com a revisão da bibliografia sobre a História da freguesia e das obras da igreja e do seu património renascentista e barroco, bem assim como da sua preservação e valorização até ao presente.


No passado dia 14 de novembro no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) foi lançado o 5.º volume da História do Douro e do Vinho do Porto, com o subtítulo de «O vinho do Porto e o Douro no século XX e o início do século XXI», com coordenação de François Guichard, Philippe Roudié e Gaspar Martins Pereira, e com textos de doze autores diferentes, dedicado à memória de dois deles já falecidos, François Guichard (1946-2002) e Fernando Peixoto (1947-2008), ambos antigos sócios dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, que deixaram textos para integrarem este volume concebido em 1998 no âmbito dos projectos do GEHVID (Grupo de Estudos de História da Vitivinicultura Duriense), do qual o 1.º volume foi lançado em 2006 e o 4.º em 2011. Na ocasião José Ribeiro, director das Edições Afrontamento, anunciou que os volumes 2 e 3 serão lançados no próximo ano.


Elogio à Poesia. Concurso Agostinho Gomes – 20 Anos de Poemas é uma edição da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, que apresenta, entre outros textos , os poemas premiados no Concurso Nacional de Poesia Agostinho Gomes (1918-1998), poeta e professor natural de Cucujães que viveu muitos anos em Vila Nova de Gaia e cujo espólio foi doado pela família ao município de sua origem. Para além das poesias premiadas, este livro abre com várias colaborações de familiares e amigos do homenageado que lembram a sua trajectória literária, mas também de seu filho Agostinho Bento Gomes aqui recordado por Maria Luísa Castro. Com desenhos do artista António Alves na capa e no interior, temos assim uma edição marcante no panorama editorial da Poesia portuguesa.
        
No capítulo da Confraria Queirosiana acima referido, apresentado pelo seu director, Luís Manuel de Araújo, foi lançado o n.º 16 da Revista de Portugal, nova série, tendo na capa uma pintura sobre tema queirosiano do pintor Adias Machado. No seu interior, o editorial do director adjunto J. A. Gonçalves Guimarães alude às comemorações sobre os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães e da utilidade das mesmas para repor a História no lugar dos mitos. Segue-se uma homenagem a três sócios falecidos, o pintor amador António Rufo, o Comendador Dr. António Gomes da Costa, anterior presidente do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e Eng. Querido Loureiro. A série de artigos abre Arqueologia e História Antiga abre com «Os nomes e os lugares de Portucale» por Jorge de Alarcão, seguindo-se «O edifício de tradição romana sob a igreja do Bom Jesus de Gaia destruído nos últimos dias do reino dos Suevo», por J. A. Gonçalves Guimarães. Os ensaios sobre o quotidiano têm «Sorrisos Lágrimas Poemas» de Jaime Milheiro, depois sobre Cultura Portuguesa «António Sérgio, temas essenciais de vida e obra» por A. Campos Matos, e sobre temas queirosianos, «Um, para mim, estranho silêncio de Eça de Queirós» por César Veloso, e «Eça de Queirós e a colecção de Fredéric Sptizer (1815-1890), por Susana Moncóvio. Segue-se «Há 40 anos na Fundação Calouste Gulbenkian: Reconstituição do túmulo da rainha Nefertari», pelo egiptólogo Luís Manuel de Araújo, e um apontamento sobre Verdemilho intitulado «Aveiro e a Fundação Eça de Queiroz», por Jorge Campos Henriques. Como habitualmente a revista encerra com a bibliografia dos sócios da ASCR – Confraria Queirosiana e o Relatório de Atividades referentes a 2018. A edição da revista contou com o apoio da Urbiface advertising agency do Porto.

Também no Capítulo acima referido foi lançado o livro Eça de Queirós e o Caminho de Ferro, de Joana Almeida Ribeiro, elaborada no âmbito dos trabalhos do projecto dos investigadores-tarefeiros do Solar Condes de Resende, que decorre no Solar Condes de Resende desde 2005, por protocolo celebrado entre a Confraria Queirosiana e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Com prefácio de José Manuel Lopes Cordeiro sobre o enquadramento do tema na industrialização de Portugal, e um pós-fácio de J. A. Gonçalves Guimarães sobre a produção de estudos queirosianos editados pela Confraria, trata-se de um ensaio sobre a temática expressa no título, que a autora perseguiu até à exaustão, fazendo uma analise completa, mas emocionante, do mundo ferroviário português, europeu e americano que Eça de Queiroz viu nascer e desenvolver, e do qual faz mesmo um outro personagem dos seus textos e da sua própria vida. Como aqui se demonstra, o caminho-de-ferro está omnipresente no universo queirosiano em todas as suas dimensões.
Numa época em que Portugal se volta a discutir a política da ferrovia, este livro é, com certeza, muito útil, divertido e oxalá proveitoso. Para além da reflexão sobre um tema ainda actual, que se prolongará para o futuro próximo, apresenta a possibilidade de o leitor desfrutar de páginas impagáveis sobre o caminho-de-ferro, um dos mais interessantes meios de transporte oitocentistas que marcou a vida e as memórias de muitas gerações.
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 135, segunda-feira, 25 de novembro de 2019; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; 
C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; 
email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; 
eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração Arménio Costa.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Eça & Outras

O comboio vai partir à descoberta do universo queirosiano
Logo desde a sua criação em 2002 que a associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana se assumiu também como entidade editora de estudos sobre o muito que ainda falta aclarar na infinita bibliografia sobre temas queirosianos.
Se é certo que a ela aderiram eçógrafos e eçólogos como A. Campos Matos, Carlos Reis, Isabel Pires de Lima, e outros, que regularmente publicam trabalhos profissionais sobre a vida e a obra do escritor, dela também fazem parte literatos como Mário Cláudio e J. Rentes de Carvalho, que já prolongaram a narrativa da galeria ficcional queirosiana, refundindo ou expandindo obras suas. Mas logo entre o “núcleo duro” dos fundadores e dos primeiros membros dos corpos gerentes, se foi difundindo a prática de continuar os estudos queirosianos mais pela via da exegese histórica da sua biografia, da dos seus condiscípulos e da dos seus contemporâneos, do que pela via das análises ou interpretações literárias, as quais, de tão trabalhadas que já foram, poucas mais novidades nos poderão dar, para além da necessária atualização das lunetas da observação e releitura de textos com a genial marca do escritor nos seus escritos sobre a perenidade da zoologia humana e social. Mas mesmo assim persiste-se. Às vezes ainda com surpreendentes resultados.
Logo em 2002 a Confraria publicou Imagens do Egipto Queirosiano. Recordações da jornada oriental de Eça de Queirós e o Conde de Resende em 1869, de Luís Manuel de Araújo, que à viagem de Eça e do seu antigo condiscípulo no Colégio da Lapa haveria de dedicar outros estudos que se lhe seguiram, enquanto organiza viagens àquele destino e à Palestina.
Retomada a publicação da Revista de Portugal, logo desde o primeiro número desta nova série foram aparecendo recentes estudos sobre o Solar Condes de Resende e a família da mulher de Eça, sobre o roteiro queirosiano de Vila Nova de Gaia e todos os outros, sobre os condiscípulos do escritor no Porto, em Coimbra e depois os seus compagnons de route até aos Vencidos da Vida. Também sobre a obra e as obras de Eça de Queirós, desde as suas referências gastronómicas e enófilas até ao colecionismo queirófilo. Como a revistas é anual e limitada a cerca de 80 páginas, muitos dos estudos produzidos no Solar Condes de Resende por funcionários, investigadores-tarefeiros, estagiários e outros membros do Gabinete de Historia, Arqueologia e Património da Confraria têm também visto a luz do dia em outras publicações, como as revistas Douro - Vinho, História e Património - Wine, History and Heritage, e Vinho Verde - História e Património. History and Heritage, ambas da Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/GEHVID), bem assim como em outras revistas e atas de jornadas e congressos. Uma já extensa lista bibliográfica que pode ser consultada nas “Bibliografias” publicadas na Revista de Portugal desde o número 3, de 2006, já para não falarmos em outros textos cronísticos publicados na página (blogue) Eça & Outras, parcialmente republicado no jornal Artes Entre As Letras, do Porto, para além de prefácios vários e outros textos mais circunstanciais, mas onde permanentemente a lição ou a interrogação queirosianas sempre servem de ponto de partida para inquietações culturais e sociais.
Entretanto sucedem-se os livros e estudos mais desenvolvidos sobre os tempos queirosianos ou da Belle Époque, editados pela Confraria com a colaboração de diversas editoras e entidades: logo em 2006 é publicado o livro A Quinta da Costa em Canelas, Vila Nova de Gaia (1766-1816). Família, Património e Casa, de Susana Guimarães e, nesse mesmo ano, republicado (talvez a primeira vez em livro autónomo), o conto S. Cristóvão de Eça de Queirós, com estudos complementares de Anabela Mimoso, J. A. Gonçalves Guimarães e José Manuel Tedim, a que se seguiu, em 2008, Marquês de Soveral, Homem do Douro e do Mundo/ The Marquis de Soveral, Son of the Douro, Man of the World, de J. A. Gonçalves Guimarães, também autor de Republicanos, Monárquicos e Outros. As vereações gaienses durante a 1.ª República (1910-1926), publicado em 2010, e de Adriano Ramos Pinto. Vinhos e Arte (em colaboração com Graça Nicolau de Almeida), publicado em 2013. Seguiu-se em 2016, Memórias de um Expedicionário a Moçambique (1917-1919), de José Pereira do Couto Soares; em 2017, Cultura e Lazer. Operários em Gaia, entre o final da Monarquia e o início da República (1893-1914), de Licínio Santos; e Companhia de Fiação de Crestuma. Do fio ao pavio, de Maria de Fátima Teixeira. Mais recentemente, em 2018, a obra Património Cultural de Gaia. Património Humano – Personalidades Gaienses, coordenada por J. A. Gonçalves Guimarães e Gonçalo Vasconcelos e Sousa, o primeiro volume de um projeto em execução pela Confraria Queirosiana com o patrocínio da Camara Municipal de Gaia, onde se pode ler a síntese biográfica de Eça de Queirós e de alguns dos seus contemporâneos ligados a este município.
Neste ano de 2019, para além do livro de que abaixo falaremos, a Confraria publicará no n.º 16 de Revista de Portugal mais dois curiosos textos sobre temática queirosiana.
Feito este breve balanço da sua actividade editorial, que se não esgota nos assuntos queirosianos, e numa análise meramente estatística, sobre aqueles temas, em dezassete anos, a Confraria Queirosiana publicou 17 textos tipo ensaio, 9 outros textos de análise, e onze livros, num total de 37 textos escritos por 23 autores diferentes.
Temos pois agora publicada a obra Eça de Queirós e o Caminho de Ferro, de Joana Almeida Ribeiro, elaborada no âmbito dos trabalhos propostos no projecto dos investigadores-tarefeira do Solar Condes de Resende, que aqui decorre desde 2005 por protocolo celebrado entre a Confraria Queirosiana e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Tendo um lustro de gestação, só agora o apoio mecenático da Urbiface possibilitou a sua edição. Este tempo de espera, que também serviu para apurar o texto e as suas incidências, se é certo que viu entretanto crescer alguma bibliografia queirosiana essencial – biografias e fotobiografias, dicionários, e quantos outros – não viu publicado nenhum ensaio sobre a presente temática, que a autora aqui perseguiu até à exaustão, fazendo uma analise completa, mas emocionante, do mundo ferroviário português, europeu e americano que Eça de Queiroz viu nascer e desenvolver, e do qual faz mesmo um personagem dos seus textos e da sua própria vida. Como aqui se demonstra, o caminho-de-ferro está omnipresente no universo queirosiano em todas as suas dimensões.
Numa época em que Portugal volta a discutir a sua política da ferrovia, entre o progressivo abandono de linhas históricas e de úteis e necessários itinerários, e o sonho de comboios ultrarrápidos a ligarem o país a quimeras desconhecidas, será com certeza muito útil, divertido e enfim, oxalá proveitoso, voltar a reler o que sobre tal escreveu, em todas as suas vertentes, um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos. Para além da reflexão sobre um tema ainda actual, que se prolongará para o futuro próximo, ganharemos assim o desfrutar de páginas impagáveis sobre o caminho-de-ferro, um dos mais interessantes meios de transporte oitocentistas que, ao contrário das ronceiras carroças, dos problemáticos automóveis, dos dependentes navios e dos imprevisíveis aeróstatos e aviões, nos levou a considerar com outra sensibilidade a geografia dos povos e dos territórios, a dos afetos e também a dos tempos necessários para os percorrer, mudando nas grandes gares cosmopolitas, ora descendo ora subindo nos pequenos apeadeiros da vida.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor da Confraria Queirosiana

Eventos passados
Marcelo Silva Malta (à direita do leitor) com dois outros confrades
Academia de Alagoas, Brasil
            No passado dia 4 de outubro foi empossado na Cadeira Literária n.º 01 como membro honorário da Academia de Letras, Artes e Pesquisa de Alagoas (ALAPA) o vice-prefeito de Satuba, município da área metropolitana de Maceió, Brasil, Dr. Marcelo Silva Malta. Esta agremiação cultural foi fundada no dia 3 de agosto de 2012 para estudar, preservar e difundir a cultura do Estado de Alagoas localizado na ponta este atlântica do Brasil.
            Aquele activista da cultura alagoense será empossado como confrade da Confraria Queirosiana no Solar Condes de Resende no capítulo do próximo dia 23 de novembro.

Conversas às Quatro
            No passado dia 9 de outubro na habitual palestra “A hora dos Fundos” no Arquivo Distrital do Porto, o historiador Jorge Fernandes Alves e outros falaram sobre «Fontes para a História dos Transportes na Área Metropolitana do Porto: caminhos documentais pelos fundos do(s) Arquivo(s)».

D. Duarte Pio visita Estevais
            No passado dia 13 de outubro D. Duarte Pio, chefe da Casa Real Portuguesa, numa sua visita a Trás-os-Montes esteve na aldeia de Estevais, onde em determinadas épocas do ano vive o escritor gaiense J. Rentes de Carvalho, nesta data ainda não regressado da sua outra habitual residência em Amsterdam. Na ocasião, para além de ter conversado com os moradores sobre as suas preocupações quotidianas, partilhou com os jornalistas as suas interrogações sobre os critérios de escolha das obras literárias recomendadas para o ensino oficial.
            D. Duarte Pio e J. Rentes de Carvalho têm, pelo menos, cinco coisas em comum: um profundo amor e respeito por Portugal e pelos Portugueses, independentemente dos emboras de cada um; nasceram ambos no mesmo dia (15 de maio); ambos estão ligados a Vila Nova de Gaia, J. Rentes de Carvalho pelo nascimento; D. Duarte por aqui ter vivido vários anos na Quinta da Portela; ambos são confrades queirosianos de honra; ambos foram insigniados no mesmo capítulo.

O presidente da Câmara Eduardo Vitor Rodrigues na abertura do curso,
tendo à sua direita Manuel Filipe de Sousa e à sua esquerda Carlos Sousa e J. a. Gonçalves Guimarães.
Curso sobre Revoluções e Constituições
            Como anunciado, decorreu no passado dia 19 de outubro a abertura oficial do curso livre do Solar Condes de Resende sobre Revoluções e Constituições, comemorativo dos 200 anos da revolução de 1820, o qual se estenderá, ao ritmo de duas sessões mensais, até ao próximo mês de março. A mesa que presidiu à abertura foi formada por Eduardo Vitor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia; Manuel Filipe Sousa, presidente do conselho fiscal da Confraria Queirosiana; Carlos Sousa em representação do director do Centro de Formação de Associação de Escolas Gaia Nascente, e J. A. Gonçalves Guimarães, coordenador dos cursos e responsável pelo Solar Condes de Resende. Estiveram também presentes os vereadores a Cultura e dos Recursos Humanos da autarquia, respectivamente Eng.ª Paula Carvalhal e Dr. Manuel Monteiro, vários professores que aqui têm leccionado, além dos alunos.
            Na primeira parte, depois da abertura pelo presidente da Câmara, o responsável pelos cursos falou sobre o que foi o anterior, sobre Música & Músicos. Aspetos do Património Musical Português, a partir do qual apresentou uma proposta para a autarquia criar um espaço museológico e arquivístico dedicado a este tema na antiga Casa dos Condes das Devesas. Seguiu a distribuição dos certificados de frequência aos alunos e de leccionação aos professores deste curso. No final, José Bordelo, tocou três temas musicais em guitarra clássica.
            Após um breve intervalo, na segunda parte, o Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues, como professor de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, falou sobre o tema «Revoluções e Mudanças Sociais», como introdução ao curso que vai continuar a decorrer nos próximos fins-de-semana.

Autores, Livros e Revistas

Ephemera da Mesa

No passado dia 12 de outubro decorreu no Solar Condes de Resende uma conferência de encerramento ao público da exposição «Ephemera da Mesa: Menus e outros documentos em Portugal e na Europa (1850-2016)» por Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, proprietário da colecção e das peças expostas e autor do livro com o mesmo título editado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e então apresentado pela vereadora da Cultura, Eng.ª, Paula Carvalhal e pelo responsável pelo Solar.
Antes da conferência, o espaço expositivo foi abrilhantado no salão nobre com a atuação da escola de Dança Ritmo Azul que se exibiu em ritmos dos anos vinte.
Tendo aberto ao público no capítulo da Confraria Queirosiana a 24 de novembro de 2018, esta exposição estará ainda visitável até 31 de outubro próximo.


85 anos da Biblioteca de Gaia
No passado dia 18 de outubro na Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia, com a presença do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e de vários vereadores, foi lançado o livro Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia. 85 anos ao serviço da Cultura, editado pelo município local. Coordenado por Francisco Barbosa da Costa, o livro apresenta em diversos capítulos a vida da instituição nas suas diversas valências, nomeadamente as realizações aí efectuadas nos anos oitenta e noventa pelo então denominado Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia, nascido na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1982 e depois sediado naquela instituição até 1987, hoje Gabinete de História, Arqueologia e Património integrado como grupo de trabalho profissional na associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana. Para além dos textos introdutórios de Eduardo Vitor Rodrigues, Paula Carvalhal, Abel Barros, Francisco Barbosa da Costa, Rui Manuel Pinto Barbot Costa (Mário Cláudio); Alberto Luís Rocha Moreira, e outros, seguem-se os capítulos redigidos por outros quatro autores.  

Amor de Mar
No passado dia 19 de outubro, no final da tarde, realizou-se ainda no Solar Condes de Resende o lançamento do livro de poemas Amor de Mar, da autoria de Joaquim Armindo, o qual teve a apresentação via internet do Prof. Doutor Rogério Santos seguida de palavras de apresentação do autor e da obra por J. A. Gonçalves Guimarães, mesário mor da Confraria Queirosiana. A sessão foi ainda abrilhantada com obras de piano pela pianista Maria João Ventura que também acompanhou a soprano Carla Vioti Cardoso.

Mário Cláudio
O escritor Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Barbot Costa, no próximo dia 6 de novembro fará setenta e oito anos de vida. Tendo no ano 2000 sido agraciado com o grau de comendador da Ordem de Santiago da Espada, no passado dia 29 de agosto foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Desde ontem, dia 24, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e até 26 de outubro, em vários outros locais, os municípios do Porto e de Paredes de Coura vão celebrar os seus cinquenta anos de vida literária.
        Entretanto este criador literário deu á estampa um novo livro intitulado Doze Mapas, «uma safra poética de 50 anos, umas vezes assumida, outras envergonhada, e maioritariamente inédita», conforme declarou a propósito desta edição.

Próximos eventos

Cursos
 Revoluções e Constituições
No próximo sábado, dia 26, prossegue no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Revoluções e Constituições. Na 2.ª sessão o historiador J. A. Gonçalves Guimarães falará sobre «Da Revolução Americana à Revolução Francesa» e a 9 de novembro na 3.ª sessão sobre «Das revoluções oitocentistas à Revolução Republicana de 5 de Outubro».
No dia 30 de novembro, na 4.ª sessão, o Prof. Doutor António Barros Cardoso da Faculdade de Letras da Universidade do Porto falará sobre «O Cardeal Saraiva - a Constituição de Cádis de 1812 e o primeiro texto constitucional português»

Palestras
O castelo de Castelo de Paiva
No próximo dia 31 de outubro, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês no solar Condes de Resende, o arqueólogo e professor António Lima iá apresentar a sua mais recente investigação sobre «O castelo de Castelo de Paiva e os castelos da Alta Idade Média no Baixo Douro». A entrada é livre.

Exposições
Salon d’ Automne queirosiano 2019
Organizado pela Comissão de Arte da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, no próximo dia 9 novembro, sábado, pelas 17,30 horas, abrirá ao público no auditório do Solar Condes de Resende a edição de 2019 do Salon d’Automne Queirosiano, este ano com obras de Abel Barros, Ana Isabel Ferreira, António Almada, António Lacerda, António Pinto, António Rua, Cerâmica do Douro, Emília Maia, Luísa Tavares, Rosalina Sousa, Rosa Dixe, Susana Moncóvio, Teresa Girão Osório, Valença Cabral. A mostra estará aberta até 31 de dezembro.

Feira de S. Martinho
            No dia seguinte, domingo dia 10, a partir das 10 horas da manhã, decorrera também naquela Casa a habitual Feira de S. Martinho, durante a qual diversos feirantes apresentarão os seus produtos para venda. Pelas 16 horas está prevista a atuação do grupo musical Eça Bem Dito que interpretará canções tradicionais portuguesas. A Feira decorre com apoio do bar do Solar.

Capítulo da Confraria Queirosiana
No próximo dia 23 de novembro vai decorrer no Solar Condes de Resende o 17.º capítulo anual da Confraria Queirosiana a partir das 17,30 horas com receção aos sócios, confrades, convidados, individualidades, autoridades e outras instituições vindas de vários pontos de Portugal e do Brasil. Serão homenageados vários confrades que se distinguiram em 2018 e insigniados novos confrades de honra e de número. Serão igualmente assinados protocolos entre a Confraria e outras instituições para a efectivação de vários projectos de roteiros queirosianos e publicação de estudos sobre a vinha e os vinhos na vida e obra do escritor. Como habitualmente será apresentado o número anual da Revista de Portugal (16.º) e lançada a obra Eça de Queirós e o Caminho de Ferro de Joana Almeida Ribeiro. Abrirá também ao público uma exposição temporária de Pratos-souvenir, que permanecerá até fevereiro de 2010.
Depois da homenagem a Eça de Queirós na sua estátua existente no Jardim das Camélias, seguir-se-á o jantar queirosiano, com atuação do grupo musical Eça Bem Dito, com canções da Belle Époque e de uma Escola de Dança, seguindo-se o Baile das Camélias.
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 134, sexta-feira, 25 de outubro de 2019; propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te. n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração António Pinto Bernardo e Celeste Pinho.