quarta-feira, 25 de dezembro de 2013


Quadro queirosiano

Eça de Queirós
por A. Dias Machado, 2013

No mais recente capítulo da Confraria Queirosiana, que decorreu no dia 23 de Novembro passado no Solar Condes de Resende, a Confraria do Abade, de Braga, brindou a primeira com um quadro original da autoria do pintor famalicense A. Dias Machado, com uma figuração de Eça de Queirós inserida no universo da sua própria vida e na das suas personagens, sob o tema ali transcrito «A Arte é um resumo da Natureza feito pela imaginação», a frase com que Fradique Mendes resumiu uma discussão filosófica sobre o assunto (A Correspondência de Fradique Mendes).O seu autor, que reside em Riba D’Ave, tem participado e realizado numerosas exposições, encontrando-se presente em várias coleções no país e no estrangeiro, tendo já retratado várias personalidades como Camilo Castelo Branco ou Che Guevara. Nas suas obras distinguem-se um traço e uma cor muito expressivos, pelo que a coleção da Confraria, que se encontra no Solar Condes de Resende, ficou assim muito valorizada com esta representação do seu patrono, a quem o fenómeno artístico não era indiferente, muito antes pelo contrário, motivando-lhe sérias reflexões desde muito novo: «A Arte é a história da alma», escreveu nas Prosas Bárbaras. Ele próprio se dedicou ao desenho, à pintura e à modelação de figuras; se no seu espólio conhecido restam apenas alguns desenhos, os quadros a óleo que seguramente pintou em Paris poderão andar por aí perdidos sem identificação ou terem ido para o fundo do mar, com o seu retrato pintado por Columbano, boa parte dos seus livros, manuscritos e mobiliário, mandados para Portugal após o seu falecimento, num navio fretado pelo governo de então para trazer o espólio do Pavilhão Português na Exposição Universal, mas que naufragou à vista de Lisboa. Felizmente a viúva não pode ou não teve tempo para mandar empacotar todo o recheio de sua casa. Restará na Fazenda do Brejão, Santa Cruz das Palmeiras, São Paulo, Brasil, o pequeno quadro que Eça ofereceu ao seu amigo Eduardo Prado com «três gatos em uma praia, junto a um rochedo, contemplando o por do sol». O próprio Eça tinha em sua casa quadros de D. Carlos, Carlos Reis e Jaime Verde, entre outros, além dos quadros de sua sogra, D. Maria Balbina, Condessa de Resende, por sua vez filha do 1º Visconde de Beire, o primeiro inspetor da Academia Portuense de Belas Artes, que por isso mesmo lhe deve ter propiciado bons professores de desenho e pintura.

Nesta época de intensa democratização dos atos de criação estética, em que, com mais ou menos reconhecimento, todos podemos ser artistas, e em que novas formas de arte se afirmam no nosso quotidiano, grande parte delas, é certo, já nascidas com a doença da efemeridade, ou com uma desesperada falta de substância e de conteúdo louvada por exotéricos vendedores de “banhas da cobra” em grossos volumes de “artes gráficas” ou “design”, benzidos por banqueiros artisticamente ineptos, tão caros quanto inúteis, e cujo destino é forçosamente o caixote do lixo da História, este quadro do pintor A: Dias Machado permanecerá no Solar Condes de Resende como uma bela metáfora sobre o autor de A Relíquia que imediatamente suscitou a admiração dos confrades presentes que junto dele e com ele se fizeram fotografar. Há obras de Arte assim.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário mor da Confraria

Grande Prémio da Crónica 2013

            A 10 de Dezembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Sintra, o escritor José Rentes de Carvalho recebeu em cerimónia pública este prémio pelo seu livro Mazagran, o qual lhe foi outorgado pela Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara Municipal de Sintra, como noticiamos na página anterior. Na ocasião proferiu a seguinte alocação que nos disponibilizou para divulgação neste blogue, endereçada a todos os nossos confrades espalhados por Portugal e Brasil, a qual partilhamos com os leitores do jornal As Artes entre as Letras, protocolado com a Confraria Queirosiana.
«Sintra: agradecimento pelo "Grande Prémio da Crónica – 2013"
Senhor Presidente da Câmara de Sintra, Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, minhas senhoras, meus senhores:
O dicionário define a timidez como sendo a inibição que se sente em face de situações novas, ou de pessoas que não se conhecem bem, e ainda como uma falta de apreço pelo convívio social. Por certo a timidez é tudo isso, mas, como por vezes acontece com as definições, é também o seu contrário: pode ser fraqueza, e ao mesmo tempo grande força. Evidentemente, como seria de esperar, o que me traz a Sintra é a honra do prémio e o proveito do cheque. Se apenas de mim dependesse, isso seria tratado num gabinete, com apertos de mão e dois dedos de conversa. Mas não depende, de modo que aqui me têm, a grande força da timidez impedindo que deite a fugir, mantendo-me preso ao respeito devido às pessoas e às conveniências. Até certo ponto, a falta de experiência explica a peculiaridade do meu comportamento, pois tendo recebido pela primeira vez um prémio aos nove anos, só aos oitenta e dois me calhou o segundo. Não que me queixe, longe disso, quero apenas tornar claro que, por ignorância da técnica, receber prémios ou ser convidado para dançar, me deixa em aflição igual. Não tive de agradecer o primeiro – um livrinho da Condessa de Ségur, e uma caderneta da Caixa com cinquenta escudos – pois bastou dar um beijo à professora. Para o segundo, o ano passado, na Câmara de Castelo Branco, consegui debitar meia dúzia de palavras de agradecimento e, porque era menos que o mínimo, juntei-lhe uma página de prosa. Agora em Sintra para o terceiro, se bem que ainda não possa aspirar ao estatuto de veterano em prémios, tenho a impressão de que me posso alargar. Fá-lo-ei menos em palavras de gratidão, pois essas estão implícitas no que já disse e no que direi, mas, sobretudo, pelo desejo de lhes poupar o enfado de ouvirem repetir frases feitas e lugares-comuns. Para a verdadeira gratidão as palavras nunca bastam, pois exprimem sempre pouco, ou sempre mal, o que se sente e se pretende dizer. Esperando que compreendam o meu pensar, sofram então que abuse da vossa paciência.
Um amigo quis saber de mim como é que, há mais de meio século a viver no estrangeiro, eu ainda consigo escrever uma prosa razoavelmente escorreita.
Conforme o infeliz hábito que tenho de responder sem pensar, e no tom de quem anuncia um facto irrefutável, declarei-lhe que nunca tinha deixado Portugal.
Por ir contra a evidência, e mostrar algum descaso pela sua curiosidade, gerou isso algum embaraço, e ele, homem cortês, mudou de assunto.
Fosse mais corrente o andamento da vida que tenho levado, seria caso para pôr em dúvida o meu juízo, e legítima a pergunta se em pequeno me deram chá.
Felizmente, era apenas uma questão de retórica. Exagerando, eu intentava dar ênfase ao sentimento que tenho desde que me conheço, o de que a minha língua, a nossa língua, me prende a este chão como uma forte e misteriosa raiz, que se faz sentir onde quer que me encontre.
E todavia, pelo acaso das bizarras circunstâncias do meu viver, o qual me obriga a ser poliglota, nela raro me exprimo ou penso.
Aqui chegados, e tal o amigo de que falei, é provável que comecem a ressentir algum incómodo, talvez mesmo a desconfiar da sanidade mental deste, que ora se diz preso à língua-mãe, e de seguida anuncia que pouco a fala, e só de longe a longe a usa para pensar.
Duvido que o esclarecimento satisfaça, mas acontece que, vivendo rodeado de gente exótica, falando idiomas arrevesados, estabeleci com a língua portuguesa uma relação que, à falta de melhor, chamarei maçónica.
É assim que, quase diariamente, me fecho no meu quarto de trabalho com o único propósito de escrever um texto em português.
Pouco importa o tamanho ou o assunto: pode ser a continuação de um trabalho, um apontamento, uma carta, uma entrada no meu diário.
Não poderei dizer com segurança se, nas horas que aí passo, também é em português que penso. Mas uma certeza tenho: canto. Em surdina, vou cantando o que escrevo.
É evidente que cada frase terá de exprimir algo, fazer sentido, mas só é aprovada quando a melodia se me acomoda ao ouvido.
A família não estranha, mas se alguém por acaso escutasse à porta, talvez se benzesse, supondo-me a fazer encantações.
Assim não é, nem o bruxedo ajudaria. Simplesmente, com medo de perdê-la, de esquecer a sua riqueza vocabular e a sua bela sonoridade, criei com a língua portuguesa esse extravagante ritual.
 Embora menos cordato, tenho ainda outro motivo para, cantando, lhe apurar a afinação: o da impotência de uma raiva que me tomou cedo na adolescência e não consigo esconjurar.
Ortega y Gasset escreveu um dia: "Nunca fui nacionalista; mas sempre fui nacional, e isso significa para mim sentir um entusiasmo sempre renascente para com a vintena de coisas espanholas que estão verdadeiramente bem, e um ódio inextinguível para com o restante que está verdadeiramente mal."
Igual ao filósofo espanhol, se me enterneço com tudo o que Portugal tem de bom, sobe em mim uma fúria desmedida ao confrontar o tanto que na nossa bela e carinhosa pátria está desnecessariamente mal, desleixadamente mal, criminosamente mal.
É por isso que na solidão do meu quarto de trabalho canto em surdina a nossa língua. Para não a perder. Para pacientar. Para resistir à tentação que por vezes me assalta de virar as costas à terra do meu berço, cortar a raiz que a ela me prende, que arrasto e pesa como grilhão de condenado.
Num momento como este é descabido o lamento, de modo que, mais conforme ao uso e às boas maneiras, numa tentativa de exprimir a minha gratidão pelo prémio que me atribuíram, lhes trouxe uma espécie de lembrança.
Nada de estimável, nada que possam levar para casa, apenas um apontamento, no qual, talvez por também ter sido escrito a cantar, se ouve aqui e ali alguma ressonância do fado menor, o outro sangue que nos corre nas veias.
É uma forma de recado à moda antiga. E porque vem de lugares onde o tempo parou e a vida esmorece, pode ser que lhes pareça em língua estranha, falando de coisas, terras e gentes como já não há.
Assim fosse. Assim não é.
Fragas, atalhos e arribas, cotovelos de estrada, searas, desfiladeiros, pomares, solidões. Torvelinhos de água. Dias de festa. Rostos, momentos, becos, janelas de grades, pardieiros, estrume a fumegar, cães de gado.
Tudo esboroa, mingua, some em nevoeiro, não se adivinha com que fim ou distingue para que longe.
Que resta do que pareceu e do que foi? Do que disseram? Do que julguei ouvir?
Juras, gestos, subentendidos, intenções, promessas. Aquele sorriso, aquele abraço, a partida, as voltas, os desencontros e as fugas, o retorno, a perdição.
Menino ainda, actor me criei, a fugir do que para mim avançava, corpos grandes, rostos fechados.
No sangue a intuição de perda, vinda do mais escuro do tempo, sabe Deus que mágoas dos que passaram sem deixar nome ou pegada, iguais aos bichos, como eles apodrecendo em campa rasa, lembrados por um jeito, um remoque, e pronto esquecidos.
Silhuetas apenas, desfilam no contraluz, de espessura e aspecto têm o que lhes empresto na fantasia, e um pouco do que guardei por ter ouvido, desde o começo a querer resgatá-los do esquecimento.
A alguns deles nem sequer conheço, ou sim, provavelmente são os que enterrei fundo no esquecimento, a vala comum dos amores traídos, das amizades findas, das derrotas, das traições e ignomínias a que o viver obriga, mesmo quando tem por norte a decência.
Espectros, pouco importa donde vêm, o que os traz ou significam. Chegam em turbilhão, imagens a desenlear um emaranhado de vivências sem lógica nem cronologia, mistura de retratos e histórias, frases sussurradas por vozes estranhas, de longe a longe uma de tom familiar.
Deitada no chão, pariu-o a mãe em manta de burel, lençol teve só o da mortalha, no esquife dos pobres em que o levaram a enterrar. A vida inteira fez cama na manjedoura, dormindo sobre a palha que depois atirava às burras, e elas, às patadas, ensopariam de bosta e mijo.
Vestimenta de esmola, toda em remendos. Chapéu de feltro, enrijado pelo sebo  de anos. Botas já sem cardas, ganhas faz muito com sete jeiras de monda e dez de vindima, o couro duro a moer pés nus, tormento que findava quando calejavam.
Conchego de amor nunca teve, nem conheceu mulher, de alegrias gozou as mais simples: o remanso da sombra na canícula, um cibo de carne na festa, copinho de aguardente, naco de queijo, talhada de melão.
O seu gólgota começa de madrugada, quando carrega nas burras os sacos de serapilheira, cheios do carvão de choça que a semana inteira andou a fazer.
Cortar lenha para a "sepultura", cova funda de metro e meio, acender o lume, cuidar que arda vagaroso, nem forte nem fraco, de modo que seja muita a brasa, pouca a cinza.
Reza se o céu escurece. Reza para que o vento pare. Reza as graças quando as nuvens passam sem chuva. Olhos no alto. Olhos na fogueira. Frio não sente, nem fome, nem sede, só pensa nas chamas, esperançado de assim as domar.
Ao escurecer, com gestos de semeador, atira-lhes punhados de terra, a que chegue para que não abafem logo e vão morrendo aos poucos.
Padece e teme. Menino ainda, de nada me serviria ouvir-lhe a fala, que por enquanto só tenho olhos, um começo de entendimento, guardo sem saber que o faço, ou para que depois, quase todas as palavras me são novidade.
Imagino. Repito. Volto a imaginar e desfio, alargo, componho, misturo, sem consciência nem saber, colhendo vidas e vozes, cheiros, cores, modos, desesperos.
É estar de fora, ser estranho, e ao mesmo tempo viver em todos eles, misterioso fado que mais tarde me levará a perguntar o sentido da vida, nunca apenas nossa, mas enredada nas que findaram, as que estão, as que se escondem num futuro que talvez nunca chegue.
À noite, agachado no banquinho, corta o centeio. Deita as fatias na água que já ferve, pitada de sal, fio de azeite, quatro batatas. Uma cebola.
Vai-se-lhe o pensamento para a cova da ladeira, onde as brasas devem ter esfriado.
O sono é morte súbita de que irá ressuscitar à cantada do galo, logo em prece para que na fogueira apagada seja muito o carvão.
O dia rompe quando avista a "sepultura", e o palpite é bom. Reza agradecido. Bom é também o carvão de brasas medianas, o que paga melhor, gastam-no as mulheres nos ferros de passar, nas braseiras e nos fogareiros.
Seis sacas encheu, das que guardou do adubo. Carga leve, três em cada besta, que fracas como andam, mal comidas, com mais não aguentariam as doze léguas de ida-e-volta, e o tempo que vai perder nas ruas da vila, pára aqui, pára além, batendo as aldrabas, chamando, rouco de apregoar "Brasas! Quem quer brasas!" Às tantas só pergunta nas casas onde costuma ter freguesia, a meio da tarde vendeu duas sacas, trinta mil réis. Um mal-encarado diz que lhe compra uma se mear o preço. Responde que não pode, e o homem vira-lhe as costas com um "Então guarda-as!"
Apiedada, a viúva deu-lhe uma tigela de caldo e água para as bestas, mas brasas tem de sobra, que no estio pouco gasta. Fora isso, a mercearia agora tem carvão de pedra, que dá bom calor e é mais em conta.
Nunca ouviu falar, nem sabe o que seja, carvão só conhece o que faz com lenha de carrasco, castanho, oliveira e sobreiro. Mas não pergunta. Agradece o caldo, seja pelas almas de quem lá tem, e ela diz, o Senhor te acompanhe.
Quando reparou no que tinha andado, já não se viam as casas nem ladravam os cães, o negrume viera de repente, mas de olhos fechados andaria o caminho que era o do seu único longe.
Quebreira, um ardeúme no peito, a oura a embaraçar-lhe o passo, queixoso de não haver por ali fio de água onde acalmasse a sede, nem porta a que pudesse bater.
Quis sentar-se na borda do caminho, mas a fraqueza pôde mais, e julgando que se endireitava rebolou, caiu de bruços, num derradeiro esforço virou a cara, anojado do pó que se lhe colava à boca. Foi esmorecendo, finou-se em paz, os que de madrugada o encontraram quase tinham passado adiante, julgando que dormia.
Deve ter sido outro, o que trouxeram atravessado na albarda de um jerico que mal aguentava o peso do morto e o do homem que o segurava.
Do que estou certo é tê-lo visto no esquife dos pobres, coberto por um lençol remendado na ourela. Lembro também que as mulheres tinham ido à ladeira em busca de flores, para que ele não fosse a enterrar sem ao menos um raminho.
*   *   *
Senhor Presidente da Câmara de Sintra, Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, minhas senhoras, meus senhores:
Lendo um texto que, ademais, nada tem a ver com o motivo de estarmos aqui, é possível que fiquem com a ideia de ter eu escolhido o caminho fácil, e me querer escasso em palavras de agradecimento.
Embora, como antes disse, me falte experiência para situações destas, por outro lado pouca dificuldade teria em alinhavar frases de solenidade e sentida gratidão. Pareceu-me, contudo, que se vinha para receber, ficava melhor trazer-lhes algo, mesmo de pouca valia, do que vir com as mãos a abanar.
Bem sei que, ao desviar-me do que suponho ser habitual nestas cerimónias, corri o risco de os aborrecer e, ao exceder-me no roubo de tempo, talvez mesmo de os afligir.
Se assim foi, espero que aceitem as minhas desculpas, e acreditem na sinceridade com que agradeço o prémio que me deram, e a atenção que me dispensaram.

Muito obrigado.
J. Rentes de Carvalho»

Livros

A Década Furiosa

          A 6 de Dezembro, na Galeria Por Amor à Arte no Porto, Beatriz Pacheco Pereira lançou o seu mais recente livro de crónicas, coletânea de cerca de noventa publicadas em diversos jornais entre 2003 e 2013, abordando aspetos sobre aquela cidade e o Norte do país e temas culturais e educacionais, o qual, segundo a autora, poderia chamar-se «Portugal Visto Daqui» e onde escreve sobre «um país absolutamente desequilibrado com a hegemonia total da capital em todas as áreas económicas e culturais, com um Porto cada vez mais pobre e fraco, abandonado pelas empresas, bancos e governo central…».


Capela de Santo António

           
No passado dia 8 de Dezembro comemorou 20 anos de existência a Associação de Amigos dos Pereiros, de que tem sido presidente Alberto Silva Fernandes, com uma sessão na sua sede na aldeia do mesmo nome, no concelho de S. João da Pesqueira, durante a qual foram apresentados os livros “Os Ourives de Pereiros” da autoria do nosso confrade acima referido e já divulgado neste blogue e na Revista de Portugal n.º 10, e um novo livro, intitulado “Capela de Santo António, Pereiros, S. João da Pesqueira”, notável estudo de História da Arte deste pequeno templo seiscentista ali existente, da autoria de Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que ali o apresentou, em edição daquela associação produzida pelo nosso Gabinete de História, Arqueologia e Património, que ali se fez representar pelo seu coordenador e outros colaboradores.

            Na ocasião foi também lançada numa medalha comemorativa e um postal de Natal, com a reprodução de um presépio barroco existente na referida capela, pretendendo a associação que o livro seja o primeiro de uma série sobre as capelas do concelho elaborada por historiadores profissionais.


Crime de Canelas

           

No dia 21 de Dezembro foi apresentado no Solar Condes de Resende o último livro do nosso associado e membro do Gabinete de História, Arqueologia e Património, Francisco Barbosa da Costa, intitulado “Crime de Canelas – um crime que apaixonou o país”. Sobre o mesmo divulgou o seguinte texto:

«Ocorrido em 1930 e julgado em 1932, este crime, que teve como cenário Canelas (Vila Nova de Gaia), dadas as suas motivações, agentes, contornos e consequências, teve ampla e diversificada repercussão nacional, veiculada por todos os jornais diários do Porto e de Lisboa e de alguns regionais. Creio mesmo que se tivesse acontecido agora abriria os telejornais. A ânsia de obtenção de lucros indevidos, a partir de seguros elevados de uma casa, de carros e de animais, feitos junto de companhias, fez congregar em quadrilha vários indivíduos sem escrúpulos que não tiveram pejo em burlar, assassinar e matar, pelo fogo, um dos membros da quadrilha que, à última hora, ameaçou os seus comparsas de denúncia. Este trabalho foi desenvolvido a partir das notícias dos jornais, tendo o autor sistematizado o texto caracterizando os seus diversos protagonistas, o contexto internacional, nacional e local da época. Os jornalistas “autores” do trabalho fizeram-no com grande qualidade e minúcia que muito facilitaram a sistematização do autor. Desenvolve-se em vários capítulos, designadamente, o prólogo, a inquirição, o julgamento, a sentença e o epílogo, depois do relato de crimes semelhantes praticados pelo principal réu, em Mirandela. Há também a circunstância de ter estado escondido na casa – cenário do crime – o alegado assassino de Sidónio Pais. O trabalho é ilustrado com fotografias dos jornais, dos criminosos, dos juízes, dos investigadores, das testemunhas, da casa e dos carros incendiados» (FBC).
            Na ocasião estiveram presentes, além do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues e outros autarcas, muitos confrades e associados dos ASCR - CQ, tendo na ocasião falado, além do prefaciador, o coordenador do GHAP e diretor do Solar sobre a Imprensa como fonte histórica, terminando o autor do livro, que explanou as razões que o levaram a elaborar esta sua obra.

Cursos, palestras e lições

Lição de Musicologia

           No passado dia 6 de Dezembro proferia a sua Última Lição o Professor Doutor Mário Vieira de Carvalho, Catedrático Jubilado do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, intitulada «Música, teatro e impasses da esfera pública: um olhar sobre o século XVIII em Portugal». O agora jubilado professor tem também publicada uma notável obra sobre a Música e Eça de Queirós.

História Empresarial e Institucional

            Prossegue no Solar Condes de Resende aos sábados à tarde entre as 15 e as 17 horas, este curso organizado pela Academia Eça de Queirós, tendo já apresentado as suas investigações sobre o tema J. A. Gonçalves Guimarães, Silvestre Lacerda, Ana Cristina Correia de Sousa e Nuno Resende. O primeiro voltará no dia 4 de Janeiro a dissertar sobre “A História da Casa Ramos Pinto: Vinhos e Arte”, a que se segue, no dia 18 de Janeiro, Laura Peixoto sobre “Indústrias de Cerâmica oitocentistas do Porto e Gaia”.

Palestras do Solar

            No próximo dia 23 de Janeiro, quinta-feira, serão retomadas as palestras das quintas-feiras no Solar Condes de Resende às 21,30, com entrada livre, sendo o primeiro palestrante José Manuel Tedim, Professor da Universidade Portucalense, diretor da Academia Eça de Queirós e presidente da direção dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, que dissertará sobre o tema: «O pintor Felix Vallotton e o Movimento Nabis».

Curso de Verão

     No próximo mês de Julho, organizado pelo CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço & Memória» da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em colaboração com o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e coordenado por Gaspar Martins Pereira, decorrerá o I Curso de Verão sobre «O Vinho do Porto: Memória, Identidade e Recursos», em que serão formadores, entre outros, para além do coordenador, Amândio Barros, António Barros Cardoso, Carlos Brochado de Almeida e J. A. Gonçalves Guimarães, que também costumam lecionar nos cursos do Solar, e ainda Pedro Pereira, da equipa de arqueologia do Castelo de Crestuma do GHAP. Para mais informações e inscrições, citcem@letras.up.pt ou gfec@letras.up.pt
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Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 64 – quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154
IBAN: PT50001800005536505900154; email:queirosiana@gmail.com; www .queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras .blogspot .com; vinhosdeeca.blogspot.com; academiaecadequeiros.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013, dia natalício de Eça de Queirós

O braço dado de Eça a Dagoberto

Todos os anos (quase todos os anos) um novo livro de Dagoberto Carvalho J.or vem enriquecer a minha biblioteca onde se alinham já, depois de lidos, doze volumes deste autor eciano que desde, pelo menos, 1980 persegue a História eclesiástica do Piauí (História Episcopal do Piauí, 2.ª edição, revista e aumentada 2011); a História da sua terra amada Oeiras, pelo menos desde 1982 (Passeio a Oeiras, 6.ª edição, 2010); a Arte e Ciência de «andar clinicando», pelo menos desde 1989 (A Obstetrícia no Piauí, que agora dourou com Tempo da Farmácia, 2013); a História da Arte da sua região, pelo menos desde 1990 (A Talha de Retábulos no Piauí, 2.ª edição, 2005, sem esquecer a Arte Sacra Popular e Resistência Cultural, deste mesmo ano), e Eça, muito Eça de leitura, saber e afeto, que lhe chegou logo no berço, pois foi em 1948 que foi fundado no Recife o Club de Amigos de Eça de Queiroz, que daria a atual Sociedade Eça de Queiroz a que preside e que em 2010 deu origem à Confraria Eça-Dagobertiana.
Os seus escritos sobre o escritor poveiro datam, pelo menos, de 1994, quando publica A Cidadela do Espírito. Considerações sobre a Arte Sacra na Obra de Eça de Queiroz, com prefácio de Paulo Cavalcanti e apresentação de Dário de Castro Alves, e cuja segunda edição apareceria revista e ampliada em 2007. Mas já em 2001 reunira uma série de ensaios, conferências, prefácios, artigos e discursos, publicados no glorioso Diário de Pernambuco, onde é cronista há mais de vinte anos, no livro Eça de Queiroz Retratos de Memória, a que se seguem Revolução pela Palavra. Notas sobre Eça de Queiroz e a Geração de 70 (2004); A Boa Mesa de Eça de Queiroz (2008); Eça de Queiroz e Machado de Assis. O Realismo de cada um, com prefácio de A. Campos Matos (2009), D’Eça (Nabuco, Gilberto) e d’outros (com o acrescento dos seus versos Canto da Lembrança e da Província; 2010), a que juntou o presente volume, onde naturalmente o autor de A Relíquia está (sempre) presente.
Não tenho toda a sua obra, mas este conjunto dos seus volumes na minha biblioteca está muito bem enquadrado por prateleiras de outros autores amigos comuns na Confraria Queirosiana, a que Dagoberto Carvalho J.or pertence desde que foi insigniado a 13 de outubro de 2008 no Solar Condes de Resende em Vila Nova de Gaia, como Carlos Reis, analista maior da prosa do autor de Os Maias, Luís Manuel de Araújo, egiptólogo queirosiano; A. Campos Matos, eçófilo, eçógrafo e eçólogo maior, o “Papa eciano”; Mário Vieira de Carvalho, musicólogo e melólogo eciano; J. Rentes de Carvalho que perpetua o mestre na roupagem do século XXI; Ana Margarida Dinis Vieira apaixonada pelo olhar do escritor e das suas personagens, e tantos outros que compõem a minha “queirosiana”, onde encontro os mais variados textos sobre o escritor que a todos nos uniu na tentativa cavalheiresca de tentarmos redimir o mundo através da Arte e do bom gosto, rindo das nossas próprias fraquezas e caricaturando as alheias, as dos reizinhos, reizecos e rainhonas que Eça inexoravelmente despiu nas suas obras enquanto desfilam pela calçada da vida, ainda que atapetada pela passadeira vermelha das conveniências. Depois dos seus magistrais romances, nunca mais o mundo foi o mesmo e se ainda está tão mauzote, tal só se pode justificar pela falta de leitura das suas obras nas Nações Unidas, no FMI, nas cimeiras dos países emergentes.
Tal não acontece no Brasil – está bem de ver pela sua performance – porque aí o escritor é bem lido, bem amado, bem cultivado, lê-se na esplanada, no avião, na universidade, em toda a parte. E para tal muito tem contribuído a ação de homens e mulheres esclarecidos que de há muito se deliciam com uma boa e inteligente gargalhada provocada por essas tiradas de prosa bronzina do autor de Os Maias, tão grande quanto humano, tão cultivador dos valores do espírito, da alma individual e coletiva e deste corpo que Deus nos deu, que as albergam enquanto por cá andamos, enquanto não passamos a outros este nosso breve testemunho de humanidade que cada um transporta com a missão de o enriquecer e passar mais valioso, mais gentil, aos vindouros. Suponho que assim pensava Eça de Queirós. Assim pensa Dagoberto, homem, médico, historiador e escritor desdobrado entre tantos afetos – a Medicina, a Arte, a História, a Literatura, e o Pensamento e, o que é mais, a Família e os Amigos, que nos dá agora um livro novo onde reúne seus escritos sobre as últimas novidades da vida e obra do escritor, que as vai tendo, pois então, mas também sobre as suas personagens e aqueles lugares onde Eça gostaria de ter ido – mormente ao Brasil – mas onde mandou a sua prosa, a sua curiosidade, a sua maneira de ser, o seu humano aceno de afeto, que Dagoberto também materializa nestas crónicas que mantêm este autor presente, vivo e atuante no grande país do Atlântico Sul, que desde António Vieira e, porque não, de D. João VI, faz jus ao sonho de ser o ponto bem central do império da lusa fala e da maneira de ser tão humanamente humana (não tenho mais redundâncias!) que a mesma transmite ao mundo.
Por isso, para mim, estes livros são como que preciosos diários sobre um Eça que anda por aí à conversa em Pernambuco e que Dagoberto vai apresentando, com aquele seu jeito sabedor às gerações que se sucedem. Como tal os tenho e acarinho com grande estima num local de destaque nas minhas estantes.

J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor da Confraria Queirosiana

Capítulo da Confraria Queirosiana

O 168º aniversário de Eça de Queirós foi comemorado no passado sábado, dia 23, no Solar Condes de Resende com a realização do XIº capítulo da Confraria Queirosiana, com o salão nobre da instituição repleto de confrades vindos de vários pontos do país e também com os representantes da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas e das confrarias da Doçaria Conventual de Tentúgal, da Fogaça de Santa Maria da Feira, do Moliceiro da Murtosa, dos Ovos Moles de Aveiro, dos Sabores de Sintra, da Chanfana de Vila Nova de Poiares, do Abade de Braga, Gastronómica e Enófila de Carregal do Sal, e O Rabelo de S. João da Pesqueira. Também presentes representantes da Associação Cultural Amigos de Gaia, Associação de Amizade Portugal – Egito, Centro Cultural Eça de Queiroz de Lisboa, Junta de Freguesia de Canelas, Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e jornal O Gaiense.
Presidiu ao ato a mesa composta por César Oliveira, presidente da mesa da assembleia geral; José Manuel Tedim, presidente da direção; J. A. Gonçalves Guimarães, mesário-mor da Confraria Queirosiana, ladeados pela vereadora Elisa Cidade, em representação de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do município de Vila Nova de Gaia, e Olga Cavaleiro em representação da FPCG.
Foram entronizados confrades de número, como leitores, Sílvia Alexandra Santos, Alcina Santos Silva, Vítor Ferraz e José Ferraz, e louvado César Veloso; como confrades de honra, leitores, Adelaide Canastro, Madalena Carrito e louvados Nuno Oliveira e Manuel de Novaes Cabral.
Neste ato foi lido e assinado o protocolo de cooperação entre a Confraria Queirosiana e o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, enviado pelo seu presidente Dr. António Gomes da Costa. Seguiu-se a apresentação do livro Adriano Ramos Pinto Vinhos & Arte, da autoria de Graça Eça de Queiroz Nicolau de Almeida e J. A. Gonçalves Guimarães, produzido pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-CQ, comentado por José Manuel Tedim na sua qualidade de académico de História da Arte, e a Revista de Portugal, n.º 10, pelo seu diretor Luís Manuel de Araújo. A sessão foi abrilhantada por um duo de saxofones do Conservatório de Música de Gaia, tendo a Confraria do Abade brindado a anfitriã com a oferta de um quadro a óleo de temas queirosianos, da autoria do pintor Dias Machado, que divulgaremos na próxima edição, tendo ainda Ricardo Charters d’Azevedo dedicado à biblioteca a sua mais recente obra sobre Leiria no século XIX. De seguida os presentes foram à estátua de Eça no Jardim das Camélias colocar uma coroa de louros.
Seguiu-se o jantar que reuniu uma centena de comensais que tiveram também ocasião de provar vinhos da Sociedade Agrícola Terras do Picoto, S. João da Pesqueira, oferecido pelo confrade Narciso Lopes. Durante o jantar foram entoadas cançonetas de compositores do tempo de Eça de Queirós, e ainda fados de Lisboa e de Coimbra, além do Hino da Confraria, por António Rua, Ilda Castro e Henrique Guedes, acompanhados ao piano por Maria João Ventura, a que se seguiu a atuação do grupo de danças de competição da Associação Recreativa de Canelas, sob a direção da professora Luísa Freitas, tendo sido ainda apresentado um sortido de chocolates queirosianos elaborados e registados por Ilda Castro e que serão em breve comercializados pela Confraria Queirosiana. No final decorreu o habitual Baile das Camélias.

Dia Nacional da Cultura Cientifica

A 24 de Novembro o Parque Biológico de Gaia celebrou este dia, instituído em 1997 para homenagear o nascimento de Rómulo de Carvalho, com um conjunto de palestras no Estuário do Douro, no Parque Botânico do Castelo em Crestuma e no Parque Biológico de Gaia, tendo falado, entre outros, os confrades Gonçalves Guimarães e Nuno Oliveira.

História Empresarial e Institucional

Como anteriormente noticiamos, teve inicio no passado dia 16 de Novembro o curso livre sobre História Empresarial e Institucional que decorrerá até Abril do próximo ano ao ritmo de duas tardes de sábado, entre as 15 e as 17 horas. Nesta primeira sessão foram entregues os certificados de frequência do curso anterior, tendo presidido ao ato o Prof. Doutor José Manuel Tedim, presidente da direção.
A primeira lição sobre “Ambito, objetivos e interesse social, económico e cultural da História Empresarial e Institucional” foi proferida por J. A. Gonçalves Guimarães e a próxima sessão, dia 30 de Novembro, será apresentada por Silvestre Lacerda, diretor do Arquivo Nacional/Torre do Tombo.
Este curso é organizado pela Academia Eça de Queirós e certificado pelo Centro de Formação de Associação de Escolas Gaia Nascente.

Salon d’Automne queirosiano 2013

Abriu ao público no passado dia 16 de Novembro no Solar Condes de Resende a oitava edição deste certame artístico anual que reúne os artistas profissionais e amadores da Confraria que aí apresentam desenho, pintura, cerâmica e escultura, estando este ano representados Abel Barros, Adélio Martins, Alexandre Rufo, Angelina Rodrigues, António Pinto, António Rua, Beatriz Correia, Carolina Calheiros Lobo, Cerâmica do Douro, Emília Maia, Ilda Gomes, Luísa Tavares, Migó, Natércia Barbosa, Rosário Sousa, Rui Soares e Susana Moncóvio.
Muitas das peças expostas destinam-se à venda a favor da Confraria.

Arqueologia na FLUP

Laura Sousa
No passado dia 15 de Novembro apresentou na Faculdade de Letras da Universidade do Porto a sua dissertação de Mestrado intitulada “A Fábrica de Louça de Santo António de Vale da Piedade, em Gaia: arquitetura, espaços e produção semi-industrial oitocentista” a nossa associada Laura Sousa, colaboradora do Gabinete de História, Arqueologia e Património como arqueóloga da equipa do Castelo de Crestuma, tendo sido aprovada com a classificação de 20 valores.
Esta tese passa agora a ser uma referência fundamental para a compreensão da produção de faiança em Vila Nova de Gaia e região do Porto.
Ainda na mesma faculdade, no passado dia 21 de novembro, foi realizada uma sessão de homenagem ao arqueólogo Professor Doutor Armando Coelho Ferreira da Silva, entretanto jubilado, um dos fundadores do Gabinete e iniciador da arqueologia científica em Vila Nova de Gaia em 1979, sendo as suas obras referências europeias sobre a Proto-História, Romanização e Cultura Castreja. Esteve presente entre outros, J. A. Gonçalves Guimarães, que falou sobre a sua ação no desenvolvimento da arqueologia gaiense e a fundação daquele gabinete em 1982.
Ao homenageado foi entregue a medalha de ouro da Universidade do Porto em sessão solene presidida pelo reitor.

Escultor gaiense na Amazónia

Neca Machado no Solar
No passado dia 18 de novembro o diretor do Solar Condes de Resende recebeu nesta Casa Municipal de Cultura a investigadora brasileira Neca Machado, vinda diretamente de Amapá para entregar a esta instituição gaiense a sua investigação sobre a vida e obra de António Pereira da Costa, nascido em Valadares, Vila Nova de Gaia, em 1901, o qual embarcou para o Brasil com treze anos, aí se juntando a seu pai que trabalhava na construção civil, tendo ambos restaurado, entre outros edifícios, o Teatro de Manaus. Tendo frequentado a Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, partiu depois para a região da Amazónia onde deixou inúmeras obras de escultura e arquitetura.
Após uma visita à igreja de Valadares, onde o escultor terá sido batizado, a referida investigadora fez uma palestra no Solar Condes de Resende, à qual assistiram diversos confrades ligados à Escultura e à História da Arte.

Festa de S. Martinho

Nos dias 9 e 10 de Novembro, como habitualmente, decorreu no Solar Condes de Resende a Feira de S. Martinho, organizada pela Confraria Queirosiana com a colaboração da Junta de Freguesia de Canelas. Estiveram presentes os produtos do Douro e Beira Alta, doçaria tradicional e artesanato urbano.

60 anos do TEP

O Teatro Experimental do Porto, atualmente sediado em Vila Nova de Gaia, completou este ano 60 anos de existência, tendo tal facto sido assinalado com um colóquio organizado pelo Círculo de Cultura Teatral/TEP e pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da FLUP, que decorreu nesta instituição nos dias 29 e 30 de Outubro passado, durante o qual, entre outros conferencistas, o nosso associado Júlio Gago dissertou sobre «A solidão do corredor de fundo: o TEP e o Teatro em Portugal».
A Confraria Queirosiana dedicou a capa da sua Revista de Portugal a esta efeméride, apresentando o cartaz do espetáculo da adaptação de Os Maias que o TEP tem em cena, exibindo-o em formato gigante na sala do jantar do seu Capítulo, bem assim como os trajos usados pelos atores nesta peça, que será reposta em cena a partir de fevereiro de 2014.

Amigos do Museu Nacional de Arqueologia

Esta associação, tal como os Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana filiada na Federação Portuguesa dos Amigos de Museus de Portugal, que já visitou o Solar Condes de Resende e participa nas viagens ao Egito organizadas pelo egiptólogo Luís Manuel de Araújo, nosso vice-presidente, tem agora este professor universitário como seu presidente recentemente eleito. Recordamos que o dossier da instalação definitiva e condigna do Museu Nacional de Arqueologia continua em aberto.

Livros e revistas

Grande Prémio para J. Rentes de Carvalho

O Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (APE), patrocinado pela Câmara Municipal de Sintra, resultante da apreciação de 34 obras a concurso publicadas entre 2011 e 2012, foi atribuído ao escritor J. Rentes Carvalho pelo seu livro Mazagran, publicado pela Quetzal e apresentado pelo responsável por esta página na Biblioteca Municipal de Matosinhos (ver Eça & Outras, IIIª série n.º 50, 25 de Outubro de 2012 e As Artes entre as Letras de 14 de Novembro de 2012.
O escritor é convidado oficial da próxima 15ª edição de Correntes de Escrita que decorrerá em fevereiro na Póvoa de Varzim e que reunirá autores de expressão ibérica na terra onde nasceu Eça de Queirós.

Revista de Portugal

Acaba de ser publicado o n.º 10 da Revista de Portugal, com direção de Luís Manuel de Araújo, tendo como adjuntos J. A. Gonçalves Guimarães e José Manuel Tedim. Este número comemorativo dos 125 anos da edição de Os Maias, apresenta artigos de António Manuel Silva «Arqueologia do Castelo de Crestuma (Vila Nova de Gaia)» Susana Moncóvio «Francisco Pinto da Costa (1826-1869); desfiar a memória»; Luís Manuel de Araújo «Eça de Queirós e o Egito do backchich»; J. A. Gonçalves Guimarães «Roteiros queirosianos: da biografia à ficção literária»; Anabela Mimoso «Revisitar a Geração Coimbrã à luz do integralismo de José Rebelo Bettencourt»; José Pereira Gonçalves «A juventude e o mar. O projeto Lusito; Maria Alda Tavares Barata Salgueiro «Rentes de Carvalho: o desafio de um narrador na primeira pessoa» e José António Afonso, uma recensão sobre o livro de Violante F. Magalhães Sobressalto e Espanto, a que se segue a bibliografia dos confrades queirosianos e as atividades dos ASCR-CQ em 2012.

De lembrança em lembrança

Entre os dias 14 e 16 de Novembro decorreu em Oeiras, Piauí, o VIII Festival de Cultura de Oeiras, durante o qual o nosso confrade falou sobre o “Museu de Arte Sacra de Oeiras: memória e identidade”, tendo no mesmo certame sido apresentado no Solar das Doze Janelas o seu mais recente livro intitulado “De lembrança em lembrança – Eça de Queirós e outras memórias” pela professora Cassi Neiva, presidente da Confraria Eciana de Oeiras, cujo prefácio tivemos a honra de escrever e que aqui divulgamos no início desta página. Mas as gentilezas do autor para com os seus confrades portugueses não se ficaram por aí, pois para além da dedicatória, e da capa, com a figura de Eça na margem gaiense em frente do Porto, o livro apresenta, para além da omnipresença do escritor que faz a ponte do afeto e da cultura entre os dois povos irmãos, muitas referências aos seus amigos e admiradores “de cá” e “de lá”, ao Solar Condes de Resende, à Confraria Queirosiana, aos Calheiros Lobo que nos fizeram encontrar, a Campos Matos, a J. Rentes de Carvalho, rematando com três memórias históricas, uma delas sobre S. Gonçalo de Amarante, o mesmo santo que em Gaia os mareantes, matulas e barqueiros também celebrarão no próximo mês de Janeiro.

Adriano Ramos Pinto Vinhos & Arte

Nos dias 8, 9 e 10 de Novembro foi lançado em Lisboa o livro “Adriano Ramos Pinto Vinhos & Arte” de Graça Nicolau de Almeida e J. A. Gonçalves Guimarães, primeiro no restaurante 100 Maneiras, depois na FNAC – Chiado e por fim numa prova eno-histórica (assim lhe chamou João Nicolau de Almeida) no Encontro com os Vinhos e Sabores 2013 que decorreu na FIL de Lisboa.
Depois de também ter sido apresentado no Capítulo da Confraria Queirosiana, será lançado no próximo dia 10 na FNAC-Porto (Rua de Santa Catarina) e no dia 11 na própria Casa Ramos Pinto.

Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 63 – segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154  IBAN: PT50001800005536505900154; Email:queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; academiaecadequeiros.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Eça & Outras


 Sovados, humilhados, arrasados!

Como historiador profissional sempre entendi que a História tem uma importante função social a desempenhar. Se assim não for não passará de uma decoração natalícia, vistosa e piscante, com lugar certo na vida das comunidades, mas que logo depois se guarda nos arrumos à espera de nova ocasião de uso, em que se oscila entre a tradição e a inovação, mas apenas decorativa e efémera. Ora não é esse o conceito da História que tenho trabalhado, ensinado e divulgado, como aliás não é o de muitos outros bons companheiros de jornada, antigos e atuais. Claro que ainda hoje, mesmo pessoas com formação académica, à História preferem a mitologia, por ser mais “cultural”, mais pacífica, mais preenchente do ego, pouco questionável (para quê, se são mitos?), mais decorativa, ou seja mais inútil, porque incapaz de produzir pão, máquinas e riqueza para o dia-a-dia de milhões de seres em todo o mundo. Compreendo que os famintos de pão, de trabalho, de dinheiro, de sossego e de convívio humano, ainda que ricos, se sintam inclinados para os mitos, as grandes ou pequenas fantasias, as grandes ou pequenas burlas, as mais das vezes revestidas com papéis prateados da “técnica”, da “saúde”, da “ciência” e, oh deuses! “da cultura”, e mais recentemente “do social” ou dos “media”. Compreendo, mas não aceito, porque eles não fazem sequer ideia do que é a solidão dos fraternos, dos desalinhados, dos caminheiros infatigáveis em busca da humana felicidade, essa «…pluma que o vento vai levando pelo ar» (Vinícius de Morais, parabéns por seus 100 anos de eterna juventude. Sarabá!) Mas então quais são as diferenças ensinadas pela História? São simples, como quase tudo na vida: os pobres são consumidores e divulgadores de mitologias. Os ricos produzem-nas e institucionalizam-nas para se manterem no poder. Os remediados, quando têm algum incómodo social, trocam de mitologias e, quando alguns deles chegam a ricos depois das revoluções, passam a produzir novas mitologias para os povos passarem a consumi-las. Sempre assim tem sido. Nos últimos tempos tem crescido o número de ricos e de pobres e há cada vez menos remediados, razão pela qual as mitologias se têm vindo a reforçar sem conseguirem mudar nada nem coisa nenhuma. Por isso, nestes dias em que o terrorismo de Estado e dos fundamentalistas, nacional e internacional, nos entra a toda a hora pela casa adentro, lembro-me daquelas palavras de Eça quando um dia imaginou (ingénuo!) meter medo aos políticos portugueses colocando no mercado uma ficção sobre a invasão de Portugal pela Espanha. Imaginava então ele que «sovados, humilhados, arrasados, escalavrados, tínhamos de fazer um esforço desesperado para viver. E em que bela situação nos achávamos! [Sem governo], sem essa caterva de políticos, sem esse tortulho [da troika], porque tudo desaparecia, estávamos novos em folha, limpos, escarolados, como se nunca tivéssemos servido. E recomeçava-se uma história nova, um outro Portugal, um Portugal sério e inteligente, forte e decente, estudando, pensando, fazendo civilização como outrora… Meninos, nada regenera uma nação como uma medonha tareia… Oh! Deus de Ourique, manda-nos o [banqueiro internacional]! (Eça de Queiroz, Os Maias, [com atualização de expressões da minha responsabilidade], sossegando-nos porém, através de Ega, que a «… invasão [da troika] não significa perda absoluta da independência. Um receio tão estupido é digno só de uma sociedade tão estupida como a do Primeiro de Dezembro. Não havia exemplo de [dez] milhões de habitantes serem engolidos, de um só trago, por um [consórcio de algumas centenas de banqueiros que devem viver algures, dormir em mansões de luxo e ir à sanita de vez em quando como qualquer mortal].
Depois ninguém consentiria em deixar cair nas mãos [deles] esta bela linha de costa de Portugal [e a sua área marítima exclusiva que vale quinquilhões]. Sem contar as alianças que teríamos a troco das [regiões autónomas] – das [regiões autónomas] que só nos servem, como a prata de família aos morgados arruinados, para ir empenhando em caso de crise… Não havia perigo; o que nos aconteceria, dada uma invasão [dos mercenários da União Monetária Internacional], num momento de guerra europeia, seria levarmos uma sova tremenda, pagarmos uma grossa indeminização, perdermos uma ou duas [regiões autónomas], ver talvez a Galiza estendida até ao Douro…» (idem, idem, idem, peço desculpa pela atualização, meu Eça, mas tem de ser). Ora eu, não querendo ser troikano, também não quero ser galego, nem castelhano, nem alemão. Sou português, gaiense, portucalense, duriense, alentejano, açoriano, madeirense, algarvio, lisboeta, e o mais que for preciso, desde que universal pela mão de Camões, de Vieira ou de Rentes de Carvalho, tal como tu, meu Eça.
Já estamos a ser sovados desde o século passado. Será que estamos a aprender? Estamos efetivamente a regenerarmo-nos? Meu Eça, como eu desesperadamente quero que isso seja verdade. Se tal acontecer, irei a pé à tua imaginada Torges em peregrinação, pensando «… que outros homens [e mulheres], com uma certeza mais pura do que é a Vida e a Felicidade, dariam como eu com o pé no lixo da supercivilização, e, como eu, ririam alegremente da grande ilusão que findara, inútil e coberta de ferrugem» (Eça de Queirós, Civilização).

J. A. Gonçalves Guimarães

Livros

O Crime do Padre Amaro

No âmbito das comemorações dos 500 anos da Biblioteca da Universidade de Coimbra, o jornal O Público está a divulgar uma coleção de primeiras edições fac-similadas do espólio daquela instituição, entre as quais Os Lusíadas, de Luís de Camões; As Praias de Portugal, de Ramalho Ortigão, com a Granja por onde passaria Eça de Queirós; Coração, Cabeça e Estomago, certamente o melhor romance de Camilo Castelo Branco; e O Crime do Padre Amaro de Eça de Queirós, posto à venda em livro em 1876. Quanto às restantes obras, ai encontramos autores como o Padre António Vieira, Vitorino Nemésio, Almeida Garrett, Soeiro Pereira Gomes, Almada Negreiros, Mário de Sá Carneiro, Raul Brandão e Maria Angelina, José Régio, António Nobre, Irene Lisboa, Natália Correia e Fernando Pessoa.


Saúde Mental

No passado dia 10 de Outubro, na Ordem dos Médicos do Porto foi lançado o livro, O Centro de Saúde Mental de Vila Nova de Gaia de Jaime Milheiro, no dia mundial dedicado à saúde mental, tendo o livro sido oferecido a todos os presentes.
Segundo o autor, «particularizado em Gaia, neste livro discutem-se problemas assistenciais e mentalidades, estigmas e comunidades. Fazendo história e solicitando futuro, discute-se a forma como se ganha ou como se perde a Saúde Mental de todos e de cada um, numa narrativa breve… feita na primeira pessoa».



Obra Selecta

No dia 11 de Outubro, no salão nobre da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim foi lançado o Tomo II vol. I das obras completas do Professor Doutor João Francisco Marques, dedicado a temas sobre Religião, Política e Sociedade. O autor é professor jubilado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Vinhos e Arte

No próximo dia 7 de Novembro, no restaurante 100 Maneiras em Lisboa, será feita a pré-apresentação do livro Adriano Ramos Pinto Vinhos e Arte de Graça Nicolau de Almeida e J. A. Gonçalves Guimarães, num jantar organizado pela Casa editora. O livro traça a biografia do fundador e dos seus diretos sucessores à frente da empresa, dando especial destaque ao seu universo de inconfundível Arte Publicitária, divulgando muitos documentos e imagens inéditas do seu Arquivo.




Os Idiotas

No dia 26 de Outubro, na livraria Traga-Mundos de Vila Real, o escritor José Rentes de Carvalho apresentará o primeiro romance do escritor Rui Ângelo Araújo intitulado Os Idiotas, imprescindível para percebermos com que linhas se tem cosido o Portugal democrático e como ele se tem implantado por essa paisagem fora.


Leiria no século XIX



Ricardo Charters de Azevedo continua a divulgar preciosos textos sobre Leiria, desta vez William Charters, um oficial inglês em Leiria no século XIX, obra que terá a sua apresentação no Arquivo Distrital de Leiria no próximo dia 16 de Novembro, e que abarca o período das «invasões francesas, as guerras liberais e as vivências socioculturais, com um estudo sobre a família Charters».



Cinema e visitas

Os Maias no cinema

A filmografia queirosiana conta já com muitas e várias versões de obras do escritor. Nestes dias o realizador João Botelho está a rodar a primeira adaptação cinematográfica de Os Maias, a qual deverá aparecer a público em Setembro do próximo ano e conta com um elenco de grandes atores portugueses e brasileiros. Será apresentada em duas versões, uma para cinema, outra como série televisiva.


O Porto de Eça

No próximo dia 27 de Outubro, o jornalista Germano Silva vai continuar uma série de passeios à descoberta da cidade do Porto, desta vez subordinado ao tema “Eça de Queirós e o Porto”, cidade onde o escritor frequentou o ensino secundário no Colégio da Lapa, onde casou em 1886 e onde teve os seus principais editores, não só em vida, mas mesmo ao longo do século XX.
No próximo número da Revista de Portugal será publicado um novo artigo sobre os roteiros queirosianos que se vão fazendo em todas as latitudes relacionadas com a vida e obra do escritor.

Cursos, colóquios e centros

História Empresarial

A partir de 16 de Novembro próximo, a Academia Eça de Queirós, grupo de trabalho profissional dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, vai realizar no Solar Condes de Resende um curso livre sobre este tema. Se é certo que sobre História Institucional existem muitas obras publicadas, algumas de grande valia, sobre a História Empresarial elas são muito escassas, sendo na realidade esta área historiográfica muito pouco cultivada pelos profissionais portugueses da História Moderna e Contemporânea. Daí a grande oportunidade deste curso, que decorrerá ao longo de 13 sessões, aos sábados à tarde, entre as 15 e as 17 horas, ao ritmo de duas por mês.
Serão conferencistas os investigadores Ana Cristina Correia de Sousa; Francisco Ribeiro da Silva, J. A. Gonçalves Guimarães, Joel Cleto, José Manuel Tedim, Laura Peixoto, Nuno Resende, Silvestre Lacerda e Susana Moncóvio.
O programa definitivo poderá ser visto em confrariaqueirosiana.blogspot.com
A todos os participantes será entregue no final do Curso um certificado de frequência e um CD com os textos dos professores.
A frequência do Curso implica a inscrição prévia.

XIX Colóquio dos Olivais

O Centro Cultural Eça de Queiroz e outras entidades, vão promover nos dias 25 a 30 de Novembro próximo o seu XIX Colóquio nas Escolas Secundárias Eça de Queirós e António Damásio em Lisboa. Coordenado pelo nosso confrade Fernando Andrade Lemos, no programa participarão ainda, entre outros, os confrades Luís Manuel de Araújo e César Veloso, num programa evocativo, entre muitos outros aspetos, dos 125 anos da publicação de Os Maias.

Centro Mário Cláudio

Foi recentemente inaugurado no lugar de Venade, freguesia de Ferreira, Paredes de Coura, um centro com o nome deste escritor, autor de As Batalhas do Caia, obra inspirada em Eça de Queirós. Foi o mesmo instalado na antiga escola primária, há muito desativada devido à desertificação humana do mundo rural. O centro destina-se a ser «um local de pesquisa sobre literatura portuguesa do século XX» onde estarão presentes, entre outros, os escritores Afonso Ribeiro, pioneiro do neorrealismo e José Rentes de Carvalho, um dos mais internacionais dos escritores portugueses do nosso tempo, para além, obviamente, do próprio patrono, que sazonalmente vive na casa fronteira ao centro agora criado com o apoio da autarquia local e ao qual cedeu o seu arquivo documental.

Confrarias

Propostas da Confraria Queirosiana

Mais duas novas propostas estão a ser equacionadas pela Confraria Queirosiana para apresentar às entidades nacionais, regionais e locais.
A primeira é a criação de uma comissão regional para a evocação da I Grande Guerra, até porque em Vila Nova de Gaia, onde a Confraria tem a sua sede, no Regimento de Artilharia foram formados batalhões para a Flandres e também para Angola e Moçambique, onde morreram muitos mais soldados do que no teatro europeu, muitos deles de fome, doença e abandono por parte das autoridades portuguesas da época; depois porque aqui, no Seminário dos Carvalhos, teve origem o culto de Nossa Senhora das Trincheiras, que seria depois obscurecido pelo de Nossa Senhora de Fátima; finalmente porque a gripe pneumónica, que destruiu milhares de vidas em Portugal e no mundo, foi difundida a partir dos expedicionários das colónias regressados àquele regimento em 1918. Já existe uma comissão militar para a evocação mas, parafraseando Clemenceau «A guerra é demasiado importante para ser entregue apenas a militares».
Uma outra proposta que a Confraria vem trabalhando de há anos a esta parte é a criação de um Centro José Rentes de Carvalho, na casa onde o escritor nasceu e viveu os primeiros quinze anos de vida, no Monte dos Judeus à Beira Rio, colaborando na reabilitação do local e da casa e aí guardando o seu espólio num centro de ligação entre os povos europeus e o mundo, levando este escritor tão incidente na cultura portuguesa e europeia atuais, mormente na Holanda, a partilhar a sua intensa humanidade com os seus conterrâneos gaienses e com todos os cidadãos do mundo que com ele queiram partilhar a alegria de estarmos vivos. Com todos os desgostos que a espécie humana nos dá, e dos quais estamos fartos, ainda não desistimos de criar o céu na terra.

Jantar de Confrarias

No passado dia 18 de Outubro decorreu na Quinta da Boeira em Vila Nova de Gaia um jantar de Confrarias Gastronómicas do Norte do pais promovido pela Federação das Confrarias Gastronómicas Portuguesas para promover o seu maior conhecimento mútuo e o alinhamento de estratégias como imprescindível parceiro social no âmbito da Cultura, da Saúde, do Turismo, da Gastronomia e da Enofilia. O evento foi muito participado, estando a Confraria Queirosiana representada pelos confrades José Manuel Tedim, presidente da direção, J. A. Gonçalves Guimarães, mesário-mor e Fátima Teixeira.

XI Capítulo da Confraria Queirosiana

No próximo dia 23 de Novembro terá lugar o XI Capítulo da Confraria Queirosiana no Solar Condes de Resende com a insigniação de novos confrades de honra e de numero, a apresentação de obras realizadas pelos seus investigadores, o lançamento do numero 10 da Revista de Portugal, para além da assinatura de um protocolo de cooperação com o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, a que se seguirá um jantar queirosiano com a atuação musical de confrades queirosianos e que terminará com o habitual Baile das Camélias, este ano com a colaboração do Grupo de Danças de Salão da Associação Recreativa de Canelas.


Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 62 – Sexta-feira, 25 de Outubro de 2013
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