de Trindade Coelho a J. Rentes de Carvalho
J. Rentes de Carvalho assina protocolo
com a Confraria
Numa carta escrita por Trindade Coelho a um colega jornalista, a propósito do passamento de Eça de Queirós, o escritor mogadourense escreveu:
«Pobre homenagem será sempre a que prestemos ao Eça de Queirós. Não seria demais, - seria até bem pouco irmos esperá-lo à fronteira e trazê-lo em comboio onde só ele viesse, ele e os seus devotos… À volta de ti nos reuniremos. Foi ele o nosso Pai espiritual; ele quem educou o nosso coração e os nossos sentidos para não amarem senão a Verdade. Reúne a Associação dos Jornalistas e a Associação da Imprensa. Faz um apelo às outras todas, - a todo o público. É preciso obrigá-lo a pensar, cinco minutos que seja, nesse que a pensar o ensinou. Não desistas…
De mais a mais, trata-se também de um Santo – como Antero, como João de Deus. Depois pensaremos no mais. Agora só nele; no que dele nos resta, - e que é sagrado!»
A Confraria Queirosiana, nos passados dias 18 e 19 de Junho, no centésimo quinquagésimo aniversário do nascimento do escritor transmontano, foi a Mogadouro festejar a admiração de Trindade Coelho por Eça de Queirós e também a admiração que este tinha por Trindade Coelho ao indicá-lo para colaborador da sua Revista de Portugal.
A Confraria e os participantes nas 1.as Jornadas Culturais de Mogadouro foram recebidos no Salão Nobre do Município pelo seu presidente, António G. S. Moraes Machado e pelo presidente da Assembleia Municipal, Ilídio Granjo Vaz, tendo apresentado os cumprimentos em nome dos visitantes o presidente da direcção José Manuel Tedim.
Seguiu-se a deposição de uma coroa de louros na estátua de Trindade Coelho, seguida da aposição do carimbo do dia no selo dos CTT com a efígie deste escritor, tendo na ocasião proferido algumas palavras alusivas ao ato Virgínia Gomes, chefe da estação postal.
Aos que aí estiveram juntaram-se também as palavras escritas e expressamente enviadas por José Évora, de Cabo Verde, e de Dagoberto Carvalho Júnior, do Brasil. E também de Anabela Mimoso, António Manuel Silva, José António Afonso, Carlos d’ Abreu, João Bartolomeu Rodrigues, J. A. Gonçalves Guimarães e Maria de Fátima Teixeira.
Não nos iludamos, como Eça e Trindade Coelho se iludiram: nunca seremos muitos a recordá-los e o tanto que eles nos deixaram. A actual classe dominante e o povo em que eles depositaram tantas esperanças estão ocupados com outros exemplos e outros valores. Mas alguém tem de seguir pela estrada larga da vida, aquela onde todos cabem, se quiserem.
Em tempos de pessimismos encartados, como os de hoje, poderíamos ter ido ali dizer como nós compreendemos o suicídio de Trindade Coelho, quando lhe faltou a paciência para aturar um mundo que queria melhor e mais fraterno e que de todo não o era nem tem sido. Mas não, o que fomos ali recordar foram as suas crenças nos valores da cidadania a na procura da verdade, e também a memória de todos aqueles meninos que em qualquer remota vila ou aldeia, de horizontes tolhidos até pela geografia, não se deixam abater pelas fatalidades da existência, e pelas suas próprias pernas se vão ao mundo, o tomam pelas suas mãos e o devolvem aos seus conterrâneos e a toda a humanidade transformado em ciência, em arte, ou em literatura, como aconteceu com José Rentes de Carvalho, o escritor que se ergueu na Holanda, mas que escolheu Estevais de Mogadouro, a terra dos seus maiores, para repensar Portugal, a Europa e o Mundo em textos que aqui ouvimos ler no Sarau Cultural pelos jovens do grupo de teatro Aceitta, que interpretaram também textos de Trindade e Eça. Pela noite outros dançaram, tocaram e cantaram com uma frescura e vivacidade inusitadas, com especial destaque para as gaitas-de-foles, o instrumento mediterrânico que os pastores, da Palestina à Escócia, tocam para reunir os povos em volta da sua ancestralidade.
Já no dia 19, após a visita aos monumentos de Mogadouro, e antes da partida para Estevais, realizou-se no auditório das Quintas das Quebradas, por especial gentileza do seu proprietário, o escultor Manuel Barroco, a assinatura do protocolo entre a Confraria e José Rentes de Carvalho sobre a gestão do espólio que o escritor depositou no Solar Condes de Resende e a sua disponibilização aos investigadores, ficando numa das paredes uma lápide a assinalar o ato, ao qual esteve presente Teresa Sanches, vereadora do Pelouro da Cultura, seguindo-se uma sessão de autógrafos pelo autor de Ernestina.
Depressa a Confraria e os presentes perceberam que o tempo ia ser curto, ficando o colóquio “Que literatura para o século XXI?” como uma promessa adiada para tempos próximos.
Mesário-mor da Confraria
J. Rentes de Carvalho autografa livro
a Luís Filipe Menezes
Entre 26 de Maio e 12 de Junho decorreu no Porto a 81.ª edição da Feira do Livro, onde o romance La Coca de J. Rentes de Carvalho foi um dos livros mais vendidos.
Para além de outras feiras do livro um pouco por todo o lado, recordamos que o Solar Condes de Resende tem, todos os primeiros domingos de cada mês, uma feira de trocas de livros grátis, para além da loja onde se vendem as edições Gaianima e Confraria Queirosiana.
Olhares Queirosianos em Leiria
Decorreu nos dias 3 e 4 de Junho em Leiria a 3.ª edição do evento Olhares Queirosianos, durante o qual, a nossa confrade, Ana Dinis Vieira apresentou o seu livro “A Leiria de Eça de Queiroz – Guia da Cidade”, editado pela Junta de Freguesia de Leiria.
Na cerimónia de abertura participou também o nosso confrade Orlando Cardoso, autor do anterior roteiro da Leiria Queirosiana.
Na Quinta do Vale Meão |
No passado dia 14 de Junho, Luísa e Francisco de Olazabal receberam na Quinta do Vale Meão em Vila Nova de Foz Côa, o escritor J. Rentes de Carvalho, que desejavam conhecer pessoalmente, depois de se tornam seus leitores fiéis e conhecedores da sua obra, acompanhado de J. A. Gonçalves Guimarães e Maria de Fátima Teixeira da redacção da Revista de Portugal.
O escritor visitou a “catedral” onde são produzidos os afamados vinhos e azeites desta quinta fundada por D. Antónia Adelaide Ferreira no final da sua vida e que hoje é propriedade desta família de seus descendentes.
O Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-CQ está também a colaborar na celebração do duplo centenário desta mítica figura duriense.
Mãos amigas de confrades (Carolina e Alberto Calheiros Lobo) trouxeram do Brasil notícias escritas, pessoais e publicadas de Dagoberto Carvalho J.or: “Revivendo o Cometa”, ano II, n.º2, Dezembro de 2010, dos alunos do 7.º ano do Instituto Barros de Ensino (IBENS), quase todo dedicado ao «grande eciano oeirense» e ao projecto «Chá com Eça»; depois a Revista Presença dedicada a Joaquim Nabuco com a publicação da sua palestra proferida em Teresina, em 10 de Abril de 2010 e também publicada na Revista de Portugal. E, last but not least, o Almanaque Biográfico que lhe é dedicado, organizado por Maria do Socorro Barbosa Barros, uma bela publicação com recordações desde a infância até à actualidade, espelho de uma brilhante carreira de médico, historiador, queirosiano e Homem de Cultura luso-brasileira ou brasileira-lusa, conforme a praia que escolhermos para observar as estrelas luminosas do nosso universo que é a Língua Portuguesa.
A. Campos Matos, através da Parceria A. M. Pereira, acaba de dar à estampa um livro que muita falta fazia no universo queirosiano que foi construindo ao longo da sua notável biografia: um “Roteiro da Lisboa de Eça de Queiróz e seus arredores”. De formato prático, ao longo das suas 176 páginas, apresenta ilustrações identificadoras dos locais a que o texto se refere, distribuídas por «A geografia urbana de Lisboa» e a de Sintra, Colares e Cascais, complementada ainda com plantas de alguns itinerários, como o «Passeio de Luísa com o Conselheiro Acácio…»; «Do Largo do Calhariz, pelo Chiado e Baixa aos Restauradores» e «Do Cais do Sodré pelo Terreiro do Paço ao Rossio», uma outra com a localização dos locais, edifícios e instituições queirosianas lisboetas e ainda uma «Referência geográfica dos locais da Sintra de Eça de Queiroz» e, por fim, uma utilíssima «Lista dos principais meios de transporte para os locais indicados neste livro».
O autor não precisa de mais encómios sobre a qualidade das suas obras e por isso salientamos apenas aqui a enorme utilidade cultural desta obra, coisa rara em muitos dos livros que se publicam.
Colóquio sobre Crestuma
No próximo dia 2 de Julho terá lugar no Centro Náutico de Crestuma, pelas 15 horas, um colóquio sobre o Castelo de Crestuma promovido pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património dos ASCR-CQ, com a colaboração da Águas e Parque Biológico de Gaia e a Junta de Freguesia local. Para além dos directores do estudo arqueológico desta estação, farão intervenções Álvaro Brito Moreira, sobre os vidros romanos ali encontrados, Teresa Pires de Carvalho sobre as cerâmicas importadas e Luís Carlos Amaral sobre o seu enquadramento na História Geral e Regional da Alta Idade Média.
Seguir-se-á uma visita ao Parque Botânico e Sitio Arqueológico de Crestuma e um beberete para os participantes.
Curso de Verão
A Fundação Eça de Queiroz vai realizar a 13.ª edição do seu Curso Internacional de Verão – Seminário Queirosiano, entre 25 e 29 de Julho, subordinado ao tema “Formas de Realismo”, dirigido a professores, estudantes universitários portugueses e estrangeiros e outros interessados na obra queirosiana. As inscrições terminam no dia 15 de Julho.
Tomar um Porto com:
Sim, gostaria de ir tomar um Porto com Leonard Cohen, porque a vida pode caber numa canção; Marisa Matias, a deputada europeia que nos quer livrar dos falsos medicamentos; Stanley Kubrick, porque a robótica produz brinquedos úteis.
Não, não brindo com: Luis Eloy, porque a Justiça já está demasiado má para que possa ser exercida por trapaceiros; Ratko Mladic, porque a inconsciência é uma ofensa à Humanidade.
Eça & Outras, IIIª. Série, n.º 33 – Sábado, 25 de Junho de 2011
Cte. n.º 506285685 ; NIB: 001800005536505900154
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J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638); redacção: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.
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