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n.º 8 – 25 de Abril de 2009
Portugal “descobre” J. Rentes de Carvalho
J. Rentes de Carvalho, Estevais do Mogadouro, Abril de 2009
Nos últimos tempos e na sequência da publicação do livro Com os Holandeses pela Quetzal, a opinião pública portuguesa “descobre” J. Rentes de Carvalho, o escritor nascido em 1930 em Vila Nova de Gaia que vive nos Países Baixos desde 1956 e que tão bem (e também) escreve sobre Portugal. Revistas de prestígio, como Ler e Actual (do Expresso, que puxou o escritor à primeira página em 18 de Abril), falam agora do autor de Ernestina, de A Sétima Onda e outros romances que o grande público há-de “redescobrir” em breve e que podem ser comprados (ainda) na Loja do Solar Condes de Resende, pois até aqui têm sido tratados entre nós como aquele precioso tabaco holandês, de perfume inigualável, que só se partilha com amigos e amigas muito íntimos.
Entretanto estivemos recentemente com o escritor em Estevais do Mogadouro, no seu avoengo refúgio transmontano, falando deste nosso mundo e das suas performances estupefactivas e malgré tout da vida simples e desprendida de quem apenas se importa com o que realmente é importante.
Depois do almoço no Artur de Carviçais, o jantar foi em casa e preparado por sua esposa Loechie que sabe há muito que estes gaienses/durienses são doidos por petiscos e vinhos e as restantes seis coisas boas que há na vida, incluindo nelas o estudo e a convivialidade. E desta feita o professor de Amsterdam ofereceu à Confraria Queirosiana do seu espólio pessoal mais alguns objectos muito do afecto, entre eles o seu computador portátil IBM de 1992 (que ainda funciona!), vários livros que foram de seu pai, publicações com artigos seus ou sobre si, diplomas da instrução primária quando havia prémios famosos, e uma notável colecção de suas fotografias feitas por grandes fotógrafos retratistas. Todo este espolio está catalogado e vai ser posto na Internete no blogue confrariaqueirosiana.blogspot.com.
A Confraria está a elaborar um projecto para a criação de uma Casa Rentes de Carvalho no Centro Histórico de Gaia, se possível no lugar, ou mesmo na casa, onde o escritor nasceu em 1930.
A “Ramalhal figura” em livro
Entretanto estivemos recentemente com o escritor em Estevais do Mogadouro, no seu avoengo refúgio transmontano, falando deste nosso mundo e das suas performances estupefactivas e malgré tout da vida simples e desprendida de quem apenas se importa com o que realmente é importante.
Depois do almoço no Artur de Carviçais, o jantar foi em casa e preparado por sua esposa Loechie que sabe há muito que estes gaienses/durienses são doidos por petiscos e vinhos e as restantes seis coisas boas que há na vida, incluindo nelas o estudo e a convivialidade. E desta feita o professor de Amsterdam ofereceu à Confraria Queirosiana do seu espólio pessoal mais alguns objectos muito do afecto, entre eles o seu computador portátil IBM de 1992 (que ainda funciona!), vários livros que foram de seu pai, publicações com artigos seus ou sobre si, diplomas da instrução primária quando havia prémios famosos, e uma notável colecção de suas fotografias feitas por grandes fotógrafos retratistas. Todo este espolio está catalogado e vai ser posto na Internete no blogue confrariaqueirosiana.blogspot.com.
A Confraria está a elaborar um projecto para a criação de uma Casa Rentes de Carvalho no Centro Histórico de Gaia, se possível no lugar, ou mesmo na casa, onde o escritor nasceu em 1930.
A “Ramalhal figura” em livro
Pela mão do incansável A. Campos Matos acaba de ser publicado pela Livros Horizonte mais uma obra imprescindível para os estudiosos, os amantes e os simples curiosos do universo queirosiano. Trata-se de Eça de Queiroz - Ramalho Ortigão. Retrato da “Ramalhal Figura”. Como o autor explica no texto introdutório, «só por alturas de 1995… nos pudemos dar nitidamente conta de que algo de estranho existia na amizade entre os dois confrades, que, no que a Ramalho dizia respeito, suava a falso». E vai daí este livro analisa exaustivamente, para além de aspectos biográficos dos dois escritores, os “dossiers” A Batalha do Caia; a Revista de Portugal; Ramalho e a morte de Eça; Ramalho e as obras póstumas; a autoria e as correcções de O Mistério da Estrada de Sintra; a revisão de A Cidade e as Serras, tudo muito bem documentado com correspondência entre ambos e de ambos para outros, o que leva o autor a concluir que, sobre a amizade de Ramalho por Eça, «temos razões de sobra para pensar que Eça talvez se tenha enganado nesta apreciação, ou que, pelo menos, ela merece cuidadosos matizados».
Como sempre nas suas obras, A. Campos Matos dá-nos Eça “ao vivo” e, desta vez, também Ramalho Ortigão, esse verdadeiro poseur oitocentista, que para a posteridade quis fazer-se passar por santarrão no que ao amigo diz respeito. O autor usa de todas as cautelas e elegâncias de escrita para não ter de ter um duelo com algum ramalhista na Arca d’Água do Porto, como aconteceu com Antero e o autor de A Holanda. Sobre este livro, certo de que há quem ainda ache que, se «em Eça não se pode tocar nem com uma flor» como disse um dia, piadalando, o pouco risonho José Régio, talvez os mesmos achem que em Ramalho não se mexe nem com um alho-porro.
Lembro-me aqui das palavras de A. de Almeida Fernandes quando mexeu na sacrosanta convicção regionalista de que D. Afonso Henriques teria nascido em Guimarães: «coragem intelectual é o mesmo que honestidade intelectual, porque a verdadeira coragem é sempre honesta, mesmo quando erra» (Viseu - Pátria de D. Afonso Henriques).
Neste livro sobre as relações de Eça com Ramalho só vi honestidade intelectual e, além do mais, nenhum erro. Ramalho foi assim. As grandes figuras têm todas as suas grandezas e misérias.
Confraria das Tripas do Porto
No passado dia 18 de Abril a Confraria Queirosiana fez-se representar no VIII Capítulo da Confraria Gastronómica das Tripas à Moda do Porto que se realizou no Palácio da Bolsa daquela cidade e de que é presidente da Direcção o Chefe Hélio Loureiro.
Na ocasião foram insigniados, entre outros novos confrades de honra e de número, os queirosianos D. Duarte Pio e o Prof. Doutor José Manuel Tedim, da Academia Eça de Queirós.
Depois da homenagem ao Infante D. Henrique, patrono da Confraria, na sua estátua da autoria de Tomás Costa que se ergue no jardim fronteiro, e do magnífico jantar, seguiu-se animado baile que durou até às tantas, como antigamente e também agoramente e como, assim o esperamos, também futuramente.
Porto Palácio Hotel:
Jantares com Confrarias
O Porto Palácio Hotel e a Solinca, pela mão do Chefe Hélio Loureiro, estão a organizar um conjunto de jantares temáticos com algumas confrarias portuguesas que têm pugnado pela defesa das nossas boas tradições gastronómicas e culturais. O primeiro desses jantares decorreu no passado dia 27 de Março no Restaurante Le Coin, tendo como convidada a Confraria Queirosiana. Participaram no repasto na mesa de honra, presidida pelo Chefe Hélio Loureiro, vários confrades, alguns dos quais vindos de Lisboa para saborearem o “Caldo de galinha com fígado e moela”, o “Bacalhau com pimentos e grão-de-bico” o “Arroz de favas e perna de vitela assada”, os “Ovos queimados”, as “Trouxas de ovos” e a “Charlotte russe”, menu incontornável do universo gastronómico queirosiano, executado com rigor e qualidade, mas com o toque actual que o próprio Eça deve ter aplaudido, pois ele próprio esteve permanentemente à mesa ao longo da animada conversa em que se transformou este jantar-tertúlia com conversadores natos e infatigáveis.
Caricatura de Eça de Queirós, Barros 1979,
Núcleo J. Rentes de Carvalho, S.C.R.
CAFÉ SIM E CAFÉ NÃO ATÉ AGORA:
Continuam a chegar-nos sugestões para aceitação de convites para ir tomar café com gente ilustre ou com simpáticos(as) desconhecidos(as) ou recusas perentórias com outros tantos. Informamos, mais uma vez, que não há aqui qualquer ideia prévia ou de censura, e a prova de tal é que aparecem alguns nomes comuns nos sins e nos nãos. Este passatempo é uma mera curiosidade, mas que dá que pensar, lá isso dá. Aliás também é a única coisa que “dá”.
Sim, gostaria de tomar café com:
Aldo Naouri; Alexandre Soares dos Santos; Ana Gomes; Augusto Mateus; Beyoncé; Beppino Englaro; Carlos Pinto Coelho; Charles Darwin; Dalai Lama; Dom Duarte Pio; Elvira Fortunato; Eva Hábil Kyrolos; Harrison Ford; Hugo Chavez; Isabel Pires de Lima; Jamie Oliver; João Cravinho; Jorge Miranda; José Mourinho; José Rentes de Carvalho; José Sócrates; Leonard Cohen; Luís Afonso; Luís Filipe Menezes; Manuel Alegre; Manuel Maria Carrilho; Manoel de Oliveira; Miguel Esteves Cardoso; Muntadhar al-Zaidi; Norah Al Fayez; Orlando Figes; Rui Sá; Rui Vilar; Salman Rushdie; Vasco Pulido Valente.
Não gostaria de tomar café com:
Adão da Fonseca; Alberto Costa; Alberto João Jardim; Albino Almeida; Armando Vara; Augusto Santos Silva; Avelino Ferreira Torres; Avigdor Lieberman; Bento XVI; Berlusconi; Bill Gates; Carolina Salgado; Dias Loureiro; Domingos Névoa; Durão Barroso; Ehud Barak; Esther Mucznik; Fátima Felgueiras; Ferreira de Oliveira; George Bush; Hugo Chavez; Isaltino Morais; Jaime Gama; Jaime Neves; Jean-Marie Le Pen; João Cordeiro; João Rendeiro; Joaquim Jorge; Joe Berardo; Jorge Nuno Pinto da Costa; José António Pinto Ribeiro; José Sócrates; Lopes da Mota; Luís Caprichoso; Manuel Fino; Manuel Pinho; Manuela Ferreira Leite; Margarida Moreira; Mário Nogueira; Mesquita Machado; Mikhail Khochorkovski; Netanyahu; Nino Vieira; Oliveira e Costa; Omar al-Bashir; Paulo Portas; Pedro Passos Coelho; Robert Mugabe; Santana Lopes; Valentim Loureiro; Vasco Graça Moura; Vieira da Silva.
Próxima actualização: 25 de Maio
CLUBE DE GENEALOGIA
Anda por aí muita gente à procura dos avós para saber, documentalmente falando, de quem descende. É simples, nem sempre é fácil, não é caro, é instrutivo e permite descobrir no presente e no futuro um passado às vezes insuspeitado. Além do mais, coleccionar avós é uma actividade muito menos solitária do que coleccionar selos, pois podem sempre partilhar-se as “descobertas” com milhares de outros cidadãos vivos que têm os mesmos antepassados comuns.
É assim que às quintas-feiras, de quinze em quinze dias, reúne no Solar dos Condes de Resende o “Gota gaiense, club de genealogia”, para troca de opiniões, métodos, fontes, problemas, obras feitas e por fazer, para iniciados e veteranos. O objectivo último seria fazer o Gota gaiense, uma obra informática onde se registassem o nome e demais dados de todos os nascidos em Vila Nova de Gaia ou gaienses de adopção.
A família de Eça de Queirós, seus ascendentes e descendentes, se bem que já estudada, carece de uma muito boa actualização. É um bom ponto de partida.
VERDEMILHO SERÁ DESTA?
De há anos a esta parte que o arquitecto A. Campos Matos vem escrevendo cartas ao presidente da Câmara de Aveiro para que a autarquia assuma a dignificação da Casa do avô de Eça de Queirós em Verdemilho, onde o escritor viveu em criança, tempo esse importante na sua vocação futura de contador de estórias, evitando a sua derrocada, libertando-a de acrescentos espúrios, recolocando o brasão na platibanda da fachada e consolidando o que há de autêntico no edifício através de uma intervenção minimalista. Posteriormente, «quando houver dinheiro» o mesmo arquitecto propõe que seja construído por detrás da consolidada fachada um espaço-museu discreto e útil.
Finalmente o Sr. Presidente da Câmara, Dr. Élio Maia, respondeu-lhe a dizer que a Câmara vai expropriar o edifício por «interesse municipal», a figura jurídica que pode cobrir estas situações.
Se bem se recordam, o município de Aveiro foi um daqueles que gastou milhões num inútil e caro estádio de futebol que custará ainda mais inúteis milhões se Portugal e Espanha tiverem de organizar o Campeonato não sei quê de Futebol, lá para o ano de dois mil e não sei quantos. Mas para isso tem havido, há, e continuará a haver dinheiro, pois assim como o Estado impede que bancos de banqueiros pulhas vão à falência, também a classe dirigente tudo fará (à nossa custa, claro) para que o seu amado futebol não vá à falência, ainda que os estádios continuem vazios.
Regressando a coisas concretas, já agora também convinha que no pacote de dignificação da Casa de Verdemilho não fosse esquecido o jazigo da família paterna de Eça existente no cemitério da terra.
Será desta? Ou será só campanha eleitoral? Veremos o que o tempo nos reserva, pois é nele que as verdades e as mentiras se inscrevem, às vezes disfarçadas umas nas outras.
ECOTURISMO E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
No passado dia 22 de Abril o Parque Biológico de Gaia inaugurou o seu parque para autocaravanas, equipamento imprescindível nesta instituição cada vez mais procurada por turistas em busca de valores naturais.
Na ocasião foi lançado o novo livro de Nuno Oliveira intitulado Ecoturismo e Conservação da Natureza, com uma excelente introdução teórica sobre o assunto, seguida de bons, maus e exemplos assim assim um pouco por todo o mundo, desde o Quénia, passando por S. Tomé e Príncipe, Reino Unido, Vinhais e Vila Nova de Gaia, aqui com a interrogação prospectiva de saber-se se uma grande cidade pode ainda ser destino ecoturístico. Em anexo final as declarações do Quebeque e de Alcanena sobre a temática deste livro.
Lembram-se das preocupações ambientalistas de Eça de Queirós em A Cidade e as Serras? Vão ler outra vez, fazem favor!
Na ocasião foi lançado o novo livro de Nuno Oliveira intitulado Ecoturismo e Conservação da Natureza, com uma excelente introdução teórica sobre o assunto, seguida de bons, maus e exemplos assim assim um pouco por todo o mundo, desde o Quénia, passando por S. Tomé e Príncipe, Reino Unido, Vinhais e Vila Nova de Gaia, aqui com a interrogação prospectiva de saber-se se uma grande cidade pode ainda ser destino ecoturístico. Em anexo final as declarações do Quebeque e de Alcanena sobre a temática deste livro.
Lembram-se das preocupações ambientalistas de Eça de Queirós em A Cidade e as Serras? Vão ler outra vez, fazem favor!
Eça & Outras, IIIª. série n.º 8 – Sábado, 25 de Abril de 2009
Cte. n.º 506285685
NIB: 001800005536505900154
IBAN: PT50001800005536505900154
Email : queirosiana@gmail.com
confrariaqueirosiana.blospot.com
eca-e-outras.blogspot.com
Coordenação da página:
J. A. Gonçalves Guimarães (TE-638)
Redacção: Fátima Teixeira
Inserção: Amélia Cabral
Colaboradores desta edição:
J. A. Gonçalves Guimarães;
Fátima Teixeira; A. Campos Matos
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