terça-feira, 25 de novembro de 2025

 

Eça & Outras, III.ª série, n.º 207, terça-feira, 25 de novembro de 2025

 

IIº Centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

 

A Coleção Azuaga regressa ao usufruto dos cidadãos

Em quatro salas da ala norte do Solar Condes de Resende recentemente reencontrou o seu público uma boa parte da coleção oitocentista organizada por Marciano Azuaga (1840-1905), antigo ferroviário que foi chefe da estação das Devesas e que em 1904 a doou ao Município de Vila Nova de Gaia que nunca a tratou devidamente, sequer como decorria do compromisso de a ter recebido. O Museu Azuaga e o Museu de Numismática eram as duas únicas coleções públicas locais no princípio do século XX, tendo estado abertas ao público, em más condições, até aos anos trinta, quando a autarquia decidiu comprar ao escultor Teixeira Lopes (1866-1942) a casa-atelier onde este vivia e trabalhava com o seu recheio, que daí em diante passou a ser designada como Casa-Museu com o seu nome, e onde ele continuou a viver até à sua morte. Esta opção “encaixotou” as peças daqueles dois “museus”, tendo a coleção Azuaga sofrido desde então diversas vicissitudes, até que nos anos setenta transitou para uma arrecadação do novo edifício da Biblioteca Municipal, onde se quedou até aos anos oitenta afastada do público. Em 1987 transitou para o Solar Condes de Resende, então ainda em obras de adaptação, que não contemplaram a criação de salas adequadas para reservas desta coleção.

Com mais de duas mil e setecentas peças provenientes de todos os continentes, de várias épocas e de diversíssimos materiais, foi recebendo “incorporações posteriores” aos inventários iniciais, nomeadamente peças arqueológicas e etnográficas locais ou regionais, além de outra natureza, que lhe foram sendo acrescentadas. Mas até à década de noventa do século passado muito poucas destas peças foram estudadas e os seus estudos publicados, conforme se pode constatar pela sua bibliografia. E, no entanto, a coleção, no seu todo ou algumas delas, tinham já recebido a atenção de Leite de Vasconcelos, Ricardo Severo, José Fortes e sobretudo de Armando de Mattos, que nos anos trinta, como diretor da Biblioteca e dos Museus Municipais de Vila Nova de Gaia (o Azuaga e o de Numismática), e sobretudo como investigador, não só sobre elas publicou vários estudos, como os deu a conhecer e tentou impedir a sua anulação cultural. Quando tal aconteceu, foi-se embora.

Desde então, a falta de quadros profissionais no município nas áreas da História, História da Arte, Arqueologia, Antropologia Cultural e Museologia mantiveram a coleção num olvido indicador de forte atraso cultural. Já vários investigadores compararam esta coleção com a do Museu Allen do Porto, do Museu de Manchester ou do Museu de Artes e Tradições Populares de Paris, mas essas coleções caíram em boas mãos, quer autárquicas, quer universitárias, quer estaduais, para até hoje cumprirem com garbo e novidade as suas missões. Com a coleção Azuaga, só após a criação do Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1982 e da sua implantação como grupo de trabalho autárquico em Vila Nova de Gaia é que a situação começou a mudar, devagar certamente, mas de forma decidida. Com a transferência de boa parte da coleção para o Solar Condes de Resende em 1987, onde já vinham sendo estudadas pelo Gabinete desde 1984 as peças da Necrópole de Gulpilhares e outras do núcleo de Arqueologia, é que na realidade começou o estudo pontual de algumas outras peças e núcleos. Como seu responsável a partir daquela data, não só estudei alguns e os dei a conhecer, como procurei atrair para essa tarefa, normalmente não remunerada, alguns especialistas de várias universidades, estagiários académicos bem orientados, alunos meus da Universidade Portucalense Infante D. Henrique e docentes e alunos da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto que comigo colaboravam nas semanas de estudos especializados do Museu de Sítio de Ervamoira no Vale do Côa, e outros investigadores profissionais com créditos firmados. Tendo a coleção uma muito significativa variedade e qualidade de núcleos cerâmicos, não admira que tenha sido em sua volta que se desenvolveram muitos dos seus estudos, para além de outros trabalhos. Assim foram sendo publicados, ou ainda estão à espera de publicação, de J. A. Gonçalves Guimarães (espólio do III.º milénio de Sintra, 1990; cerâmica esmaltada peninsular, 1992; núcleos cerâmicos, 1996; Bordalo Pinheiro, 1997; Ossela (com António Manuel S. P. Silva), 1998; retratos reais (com Susana Guimarães), 2000; 2006 e 2008; faianças, 2001; documentos chineses, 2005; objetos arqueológicos e outros de Trás-os-Montes e Alto Douro (com Eva Cristina Baptista e Maria de Fátima Teixeira), 2006; porcelanas chinesas, 2006; núcleo chinês (com Susana Guimarães), 2010; militária das Invasões Francesas (idem), 2011; aprestos e arreios equestres (idem), 2016; faiança inglesa, 2011; arqueologia em geral e vaso grego (idem), 2022; Maria José Lobato (machados de bronze, 1993; necrópole de Gulpilhares, 1996); Maria Cristina de Mendonça (cabeças humanas mumificadas, 1994); Mário Pedro Ribeiro Cordeiro Peneda (armas de fogo, 1994); Carla Cristina Teixeira Pinto (cerâmica popular, 1995; Niza e Estremoz, 1996; barros negros, 1997); Luís Manuel de Araújo (núcleo egípcio, 1995); António Sérgio dos Santos Pereira (índios do Brasil, 1995); Sónia Oliveira; Isabel Ferreira; Ana Cristina Prata (azulejos holandeses, 1996); José Manuel Grosso Silva (organismos marinhos, 1997); Sandra Passos Osório Arteiro Moreira (fósseis, 1999); Susana Cistina Gomes Gonçalves Guimarães (alfaias agrícolas, 2000); Elizabete Maria C. A. Martins de Carvalho; Paulo António dos S. P. da Rocha (núcleo mineralógico, 2007); Susana Moncóvio (peças artísticas, 2012); e Maria Inês Pires Vinagre (azulejos, 2019).

Importa também aqui recordar que nesta ação de valorização da coleção Azuaga várias das suas peças foram, entretanto, apresentadas em exposições temáticas, não apenas em Vila Nova de Gaia, mas também na Bretanha, França (Abadia de Daoulas); Lisboa (Museu de Etnologia e Museu das Comunicações); Oliveira de Azeméis (Museu local); Régua (Museu do Douro) e Vila Real (Museu de Arqueologia e Numismática).

Deixo aqui um agradecimento muito especial a Susana Guimarães que durante anos comigo trabalhou no Solar Condes de Resende na gestão desta coleção, na sua conservação e disponibilização para estudo, tendo realizado ela própria os trabalhos que acima se indicam e em 2018 comigo elaborado o estudo «Universalidade da coleção Marciano Azuaga e incorporações posteriores» desde então ali disponível e recentemente publicado com o título O Museu Azuaga na génese dos museus gaienses. Vila Nova de Gaia: ASCR – Confraria Queirosiana, 2025.

Agora que uma boa parte da coleção voltou a encontrar-se com o seu público com o apoio da vereadora Paula Carvalhal e com a qualidade profissional pelos colegas João Luís Fernandes e Lídia Baptista, aqui fica assinalada esta recente reparação que o município de Gaia devia à memória de Marciano Azuaga e à sua generosidade. E também aos investigadores profissionais que a mantiveram viva e que, com os seus trabalhos, evidenciaram a sua mais valia cultural, pelo menos «entre aqueles, porém, felizmente numerosos, que têm a religião do objeto de arte, e para quem o colecionar é a forma superior do viver…» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas).

 

J. A. Gonçalves Guimarães

historiador

 

XXIII.º Capítulo Anual



No passado dia 22 de novembro decorreu no Solar Condes de Resende o XXIIIº capítulo da Confraria Queirosiano com a presença de oitenta confrades e acompanhantes de Portugal e do Brasil, a partir das 10, 30 da manhã, quando o Secretário de Estado da Cultura, Dr. Alberto Santos, o adjunto da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Dr. Paulo Ferreira do Amaral em representação do presidente Dr. Luís Filipe Meneses, J. A. Gonçalves Guimarães, presidente da Confraria Queirosiana e o Dr. João Fernandes responsável pelo Solar Condes de Resende, estando também presente a ex-vereadora do pelouro da Cultura da Câmara de Gaia, Eng.ª Paula Carvalhal na sua qualidade de confrade e dos novos que iam ser insigniados na sessão que em breve iria decorrer, procederam à abertura ao público da Sala Rentes de Carvalho que passa ali a homenagear a vida e obra do escritor que presentemente se encontra em Amsterdam com os seus 95 anos ativos e atentos. Após este ato dirigiram-se ao salão nobre já cheio de confrades e acompanhantes onde formaram a mesa e o agrupamento musical Eça Bem Dito entoou o Hino de Gaia. Seguidamente o presidente da assembleia geral Prof. Doutor José Manuel Tedim saudou as entidades e associações presentes e lembrou os confrades que foram distinguidos no ano presente.

Seguidamente o Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, diretor da Revista de Portugal, apresentou o seu nº 22, a que se seguiu a interpretação do Hino D. Pedro IV para introduzir o momento da saudação da Academia Alagoana de Letras feita pelo seu presidente Doutor Alberto Rostand Lanverly, que na ocasião entregou à Confraria Queirosana uma placa comemorativa desta visita.

Foram insigniados os novos confrades, grau leitor: Dr.ª Ângela Moreira; Dandara Correia de Lima; e Eng.ª Nádia Oliveira. Grau Leitor: Dr. João Bernardo Pena Gouveia de Campos e Dr. Manuel Gonçalves Morim. Como confrades de honra, grau mecenas, a Dr.ª Manuela Fernanda da Rocha Garrido; e o Eng.º Mário Armando Martins Duarte; grau louvado, o Ator Francisco de Assis; grau mecenas, o Dr. Alberto Santos, secretário de estado da Cultura; escritor e fundador da Escritaria. Pelos insigniados falou o Ator Francisco de Assis que declamou alguns poemas e exprimiu o quanto se sentia honrado por passar a fazer parte da confraria falando seguidamente o Dr. Alberto Santos sobre a vida e obra de Eça de Queirós, após o que os novos confrades, acompanhados por toda a assistência fizeram o juramento e entoaram, com os Eça Bem Dito, o Hino da Confraria. A mesa e os novos confrades dirigiram-se depois ao jardim das Camélias onde depor uma coroa de loureiro na estátua de Eça de Queirós e fazer as fotografias habituais, bem assim como na escadaria do pátio do Solar.

O programa continuou com um almoço numa quinta de eventos perto, no final do qual atuou a Academia do Fado, da Canção e da Guitarra de Coimbra aqui representada por Hélder Ribeiro (guitarra); João Figueiredo (viola); António Ribeiro e Luís Réis (cantores), a que se seguiu um novo momento literário pelo ator e poeta brasileiro Francisco de Assis, com poemas de José Régio e prosa de Eça de Queirós.



A ASCR-CQ esteve em…

No sábado, dia 1 de novembro, os dirigentes J. A. Gonçalves Guimarães e António Manuel S. P. Silva estiveram na Biblioteca Pública de Perosinho no lançamento do livro do nosso confrade escritor Afonso Reis Cabral, O Último Avô recentemente editado pela D. Quixote. Perante uma sala repleta o autor explicou a génese do livro e as andanças interiores da narrativa até esta forma agora publicada, que bem trazer ao seu público a problemática das memórias da geração que esteve na Última Guerra Colonial Portuguesa, no caso vertente a inventar uma narrativa para esconder frustrações desenvolvidas naquele conflito, uma espécie de trauma deixado pelo que não foi, mas poderia ter sido. Esta obra foi Prémio Leya e Prémio Literário José Saramago.

No dia 20 de novembro, J. A. Gonçalves Guimarães, por convite do Chefe do Estado Maior do Exército e do Ajudante-General do Exército, esteve presente a representar a associação no Dia Festivo do Comando do Pessoal do Exército que decorreu no Quartel de Santo Ovídio no Porto, com a presença das mais altas hierarquias deste ramo das Forças Armadas, de militares no ativo e na reserva, pessoal civil, familiares e convidados, durante o qual foi apresentado pelo coronel Homero Abrunhosa comandante da unidade aquartelada na Serra do Pilar, o livro por si organizado Quartel da Serra do Pilar: Fé e Fortaleza, com a presença dos autores (ver abaixo). Seguiu-se um momento musical por uma orquestra destacada da Banda Militar em que atuaram três dos seus solistas, seguindo-se um almoço de confraternização.

 


Nesse mesmo dia, António Pinto Bernardo, em representação da direção da ASCR-CQ e o ator Francisco de Assis confrade de honra a ser insigniado dia 22, estiveram presentes na abertura do Congresso Internacional Eça com Norte nos 180 anos do seu nascimento, o qual decorreu no Marco de Canavezes no Centro Cultural Emergente, organizado pela autarquia local com a colaboração da Clepul (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias), universidades de Aveiro, Lisboa, Complutense (Madrid) e Porto (FLUP) e o apoio da Confraria Queirosiana e da Fundação Eça de Queiroz, ente outras entidades. A conferência de abertura, sobre o tema «Eça de Queirós e a estética como revolução», foi proferida pela nossa confrade honorária Professora Doutora Isabel Pires de Lima. Nas diversas sessões participaram, entre outros, os nossos associados e confrades Irene Fialho e Mário Cláudio.

Ainda no dia 20 de novembro, mas às 21 horas, J. A. Gonçalves Guimarães em representação da direção, participou na 1.ª Mostra Associativa de Canelas organizada pela respetiva Junta de Freguesia, onde apresentou os objetivos da associação e as suas principais atividades nesta realização que juntou quinze coletividades das mais diversas atividades e enquadramentos institucionais da Igreja Católica, da Igreja Adventista e associações laicas.

 

A ASCR-CQ organiza e promove…

Palestra das últimas quintas-feiras do mês

A próxima palestra será na quinta-feira, dia 27 de novembro, entre as 18,30 e as 19,30 horas e terá como tema «As capas da nova série da Revista de Portugal» e será palestrante J. A. Gonçalves Guimarães, presidente da direção da ASCR-CQ.

Curso sobre os 200 anos de Camilo Castelo Branco

Prossegue no Solar Condes de Resende este curso livre evocativo dos 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-2025) organizado pela Academia Eça de Queirós dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana iniciado a 4 de outubro passado. Depois da primeira lição proferida pelo Prof. Doutor Sérgio Sousa, da Universidade do Minho, sobre «Teoria da Literatura: o que é? Para que serve?», a segunda sobre «Camilo Castelo Branco e Vila Nova de Gaia» realizou-se no dia 11 de outubro, proferida pelo Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães, da Academia Eça de Queirós e a terceira no dia 25 de outubro sobre «A Gastronomia em Camilo» pela Prof. Dr.ª Elzira Queiroga, da Casa de Camilo – Centro de Estudos Camilianos de Vila Nova de Famalicão. No dia 8 de novembro o Dr. João Luís Fernandes falou sobre «Abade Santana de Mafamude, personagem camiliano» e no próximo dia 29 de novembro, a Prof.ª Doutora Cármen Matos Abreu falará sobre «Retratos de Gaia pela objetiva literária»

 

Atividades dos Associados

 


No passado dia 7 de novembro no Engenho da Barra, Barra de São Miguel, Alagoas, Brasil, uma mesa redonda sobre os 200 Anos de Camilo Castelo Branco e das Relações Diplomáticas entre Brasil e Portugal promovida pela Academia Alagoana de Letras, na qual foram palestrantes Alberto Rostand Lanverly, Diógenes Tenório Júnior e Fernando Maciel.

A 22 de novembro o nosso confrade de honra Eng.º Ricardo Charters-d’Azevedo proferiu uma conferência sobre o Almanach de Gotha na Casa das Artes em Arcos de Valdevez no âmbito do 7.º Congresso Internacional “A Casa Nobre um património para o futuro”

 

Publicações: livros e revistas




No passado dia 20 de novembro no Quartel de Santo Ovídio no Porto, conforme acima se noticia, foi lançado o livro Serra do Pilar Fé e Fortaleza Faith and Strength, organizado pelo Coronel Homero Gomes Abrunhosa, com a colaboração de Micael Angelo de Oliveira Fernández, e a autoria de vários autores nas suas 168 páginas: J. A. Gonçalves Guimarães que escreveu o capítulo I. Moldura Paisagística Landscape Framework (pp. 6-16); II. O Mosteiro, Edificação e Ocupação Religiosa The Monastery, Edification and Religious Occupation (pp. 7-41); e ainda O culto religioso na Serra do Pilar The religious worship in Serra do Pilar (pp. 129/130); o capítulo III, O Quartel da Serra do Pilar ao longo da História é da autoria do Prof. Doutor Sérgio Veludo Coelho; o capítulo IV, O quartel da Serra do Pilar desde a segunda metade do século XX, da autoria dos Tenentes Coronéis José Baptista e Alexandra Nascimento. O capítulo V, Património e Memória relata diversos aspetos específicos ou muito localizados no tempo, escritos ou compilados por J. A. Gonçalves Guimarães, Dr.ª Manuela Alves, Sérgio Veludo Coelho e pelos organizadores da edição, equipa que trabalhou a partir do Quartel da Serra do Pilar, Vila Nova de Gaia, sendo a edição inteiramente bilingue da responsabilidade do Exército Português.

A obra foi prefaciada pelo General Chefe do Estado-Maior do Exército, Eduardo Manuel Braga da Cruz Mendes Ferrão; pelo Bispo do Porto, Dom Manuel da Silva Rodrigues Linda; pelo Tenente-General Ajudante-General do Exército, João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro, com uma Introdução do Coronel Comandante do Quartel da Serra do Pilar, Homero Gomes Abrunhosa. Tem ainda ilustrações especialmente concebidas para esta edição por Ekaterina Ivannikova, fotografias de Hélder Rodrigues, e o planeamento da edição da Dr.ª Inês Costa e direção de impressão e design de Dr. Lopes de Castro e Dr. Pedro E. Santos, e tradução da Dr.ª Maria Elisa Teixeira.

 


Pela mão da delegação da Academia Alagoana das Letras (AAL) presente no Capítulo da Confraria chegou-nos à mão a Edição 29 da sua Revista anual que tem colaboração de membros da entidade editora, da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras e da Confraria Queirosiana. Com uma introdução de Alberto Rostand Lanverly e um seu artigo nas páginas seguintes, aí encontramos textos de confrades comuns como Arnaldo Paiva Filho e Carlos Méro. A Confraria Queirosiana está representada nesta edição por Alexandre Farinhote, historiador e secretário da direção da ASCR-CQ, com o estudo «Emigração gaiense para o Brasil durante a 1.ª Grande Guerra», pp. 203-208; J. A. Gonçalves Guimarães, historiador, presidente da direção da ASCR-CQ e sócio correspondente da AAL, o estudo «O culto de São Gonçalo Garcia: do Japão para o Porto e daí para o Recife e Alagoas», pp. 209-212; e J. Pereira da Graça, juiz conselheiro jubilado e associado da ASCR-CQ, com o texto «Camilo Castelo Branco e a justiça», pp. 213-217.

Como habitualmente, também neste capítulo da Confraria Queirosiana foi lançado mais um número, o n.º 22, desta nova série anual, apresentado pelo seu diretor Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, o qual apresenta o seguinte conteúdo nas suas páginas: o editorial «Eça de Queirós no Panteão» subscrito por J. A. Gonçalves Guimarães, seguido do «In Memoriam de Francisco Javier de Olazabal» associado queirosiano  recentemente falecido, a que se seguem os discursos proferidos no Panteão Nacional aquando da trasladação no dia 8 de janeiro de 2025 por Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa; por José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República; a «Evocação fúnebre de Eça de Queiroz» por Afonso Reis Cabral, presidente da administração da Fundação Eça de Queiroz e confrade queirosiano; a «Honras de Panteão Nacional Português a Eça de Queiroz» por Dagoberto Carvalho J.or, confrade queirosiano do Recife, Brasil. Segue-se o exaustivo artigo «Eça de Queirós na Roménia» por Cristina Petrescu professora na Universidade de Cluj-Napoca e, abrindo o outro tema desta revista, o artigo «Camilo a bicentenarizar-se» por J. A. Gonçalves Guimarães. Segue-se a colaboração dos membros da Academia Alagoana de Letras e também confrades queirosianos, o texto «O monstro despertado pelas mãos do homem» por Alberto Rostand Lanverly; «Consequências das publicações das Farpas no Brasil» por Arnaldo Paiva Filho; e «Testemunha de vista» por Carlos Méro. Segue-se o artigo «Rotary Clube de Lisboa, cem anos de solidariedade» por Luís Manuel de Araújo que assina as duas seguintes recensões: «Teresa Pinto Coelho, Eça de Queirós no Egipto e a Abertura do Canal de Suez. Viagem, Orientalismo e Império»; e «António Carlos Silva, Memórias das Pedras Talhas. Fragmentos da vida de um arqueólogo acidental», seguindo a recensão de António Manuel S. P. Silva ao livro lançado na pretérita Feira do Livro do Porto «J. A. Gonçalves Guimarães, Eça & Outras 2. J. Rentes de Carvalho 95 Anos». Segue-se a «Bibliografia 2024» dos associados da ASCR-CQ e o «Relatório de atividades em 2024 da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana» e a divulgação da capa do estudo «O Museu Azuaga na génese dos Museus Gaienses» de J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães. A capa da revista, da autoria de António Rua, apresenta sobre uma gravura do Panteão Nacional em 1863 o cabeçalho registado da revista e as indicações editoriais, as efígies de Eça e de Camilo a dourado legendadas a caixa alta «EÇA NO PANTEÃO» e «CAMILO 200ANOS» com o logótipo da ASCR-CQ: na contra-capa o cartaz do curso a decorrer no Solar Sobre Camilo Castelo Branco, também do mesmo artista gráfico.

 


«…dentro das prisões estão pessoas. Pessoas como todas as outras, com defeitos mas também com qualidades ( e tenho visto reclusos com mais qualidades do que têm pessoas que nunca foram presas), pessoas possuidoras de afetos, pessoas com famílias que as querem bem, pessoas que em fases da vida trilharam cainhos que as levaram à prisão». Esta é uma das frases que o Eng.º Manuel Hipólito Almeida dos Santos, da Obra Vicentina de Apoio aos Reclusos (O.V.A.R.), nos deixa para reflexão como cidadãos preocupados com o seu semelhante neste seu livro sobre o Panorama do Sistema Prisional Português, recentemente editado a propósito de uma amnistia/perdão de penas aceite pela Assembleia da República a propósito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e da Bula do Papa Francisco para o Jubileu de 2025, mas rejeitada pela maioria dos partidos políticos. A obra apresenta uma detalhada análise da atual realidade prisional em Portugal.

 


Na já abundante biografia publicada pelo Doutor Joaquim Armindo Pinto de Almeida sobressaem os livros de poesia e das suas memórias de vida e dos amigos, de infância, dos Jovens do Torne, da tropa, de outras lides profissionais e sociais, de ecologia, de teologia, de ecumenismo, de abraços fraternos. Desta feita, e tal como o livro anterior assinado simplesmente como Joaquim Armindo, Neste livro onde falamos de ti poesia, dedicado aos seus netos, apresenta-nos uma mão cheia de reflexões poéticas e de estórias e pessoas que com o autor calcorrearam em tempos as mesmas ruas de Gaia e do Porto, emoldurados por uma bela pintura de Isabel Ribas que também lhe assina o prefácio.

 

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