sexta-feira, 25 de julho de 2025

 

Eça & Outras, III.ª série, n.º 203, sexta-feira, 25 de julho de 2025

IIº Centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

A Confraria Queirosiana editora de obras escolhidas


Logo desde a sua criação que a associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana (ASCR-CQ) se foi lentamente tornando uma pequena editora de obras escolhidas: a primeira edição, coincidente com a sua fundação e feita em colaboração com outras entidades (e assim continuou a ser até por falta de capitais próprios) foi o álbum de Luís Manuel de Araújo, Imagens do Egipto Queirosiano. Recordações da jornada oriental de Eça de Queirós e o Conde de Resende em 1869, editado em 2002. Este autor, egiptólogo e professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, viria a ser convidado para diretor da nova série da Revista de Portugal, editada anualmente pela associação desde 2004, estando já no seu 22.º número neste ano de 2025. Naturalmente que o vamos também aí encontrar como autor de vários artigos sobre Egiptologia, viagens e recensões de obras diversas. Naquele mesmo ano de 2004 é publicada a primeira brochura informativa sobre a Confraria Queirosiana compilada por J. A. Gonçalves Guimarães, diretor-adjunto da Revista de Portugal e aí publicando artigos de fundo e de investigação sobre temas queirosianos, História, Arqueologia e Património. Seguir-se-ão em 2016 e 2023 outras edições desta brochura com outros colaboradores e diversas atualizações,

Em 2006, também com a colaboração de diversas entidades, é publicada a dissertação de mestrado de Susana Cristina Gomes Gonçalves Guimarães, sobre a Casa onde a associação tem a sua sede por protocolo com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, intitulada A Quinta da Costa em Canelas. Vila Nova de Gaia (1766 1816). Família, Património e Casa. Nesse mesmo ano a associação inicia a publicação de edições conjuntas com a Gailivro (que já colaborava na edição da Revista de Portugal) e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a que se seguirão edições conjuntas com câmaras municipais de São João da Pesqueira e de Vila Nova de Gaia, Associação dos Amigos de Pereiros, Palimage, Casa Ramos Pinto, Quinta da Boeira e várias outras instituições.

No ano seguinte Maria de Fátima Teixeira coordenará a edição do primeiro catálogo do Salon d’ Automne Queirosiano, que terá novas edições até 2019, apresentando obras de artistas plásticos profissionais e amadores associados.

O centenário da República foi evocado em 2010 com a publicação de Republicanos, Monárquicos e Outros. As Vereações Gaienses durante a 1.ª República (1910-1926), da autoria de J. A. Gonçalves Guimarães, e em 2012, a publicação, em edição conjunta com a editora Palimage, da dissertação de mestrado de Nuno Resende intitulada Vínculos Quebrantáveis. O Morgadio de Boassas e as suas Relações, séculos XVI-XVIII.

Desde a fundação do Gabinete de História a Arqueologia de Vila Nova de Gaia em 1982 que este grupo de trabalho profissional foi publicando estudos nessas áreas. Integrado em 2004 na associação e prosseguindo as intervenções arqueológicas em outras localidades e desde 2010 no Castelo de Crestuma, com a colabora das Águas e Parque Biológico de Gaia e para apoio de uma exposição itinerante, a associação publicou em 2013 a brochura Castelo de Crestuma. A Arqueologia em busca da História, da autoria de António Manuel S. P. Silva e J. A. Gonçalves Guimarães, corolário de um grande número de estudos e posters sobre esta intervenção dispersos por revistas e atas de congressos nacionais e estrangeiros que deverão vir a ser reunidos em monografia.

Em 2016, no âmbito das evocações do centenário da I.ª Grande Guerra publicou o relato, inédito por mais de um século, Memórias de um Expedicionário a Moçambique (1917-1919), de José Pereira do Couto Soares, com prefácio do jornalista e historiador Manuel Carvalho.

Do projeto dos investigadores-tarefeiros que desde 2006 a associação organiza no Solar Condes de Resende com o patrocínio da Câmara de Gaia, têm saído muitos textos de investigação, dissertações de mestrado e teses de doutoramento já publicados, alguns dos quais pela associação, como foi o caso de Cultura e Lazer. Operários em Gaia, entre o final da Monarquia e o início da República (1893-1914), de Licínio Santos; e Companhia de Fiação de Crestuma. Do Fio ao Pavio, de Maria de Fátima Teixeira, ambos em 2017.

Ainda em 2016, e por proposta da Câmara Municipal de Gaia, a associação organizou uma vasta equipa de investigadores para darem corpo ao projeto PACUG, do qual em 2019 foi publicado o primeiro de dez volumes intitulado Património Cultural de Gaia. Património Humano. Personalidades Gaienses, organizado por J. A. Gonçalves Guimarães e Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, com mais 23 autores, a que se seguiu em 2022 o volume Património Cultural de Gaia. Património de Gaia no Mundo, dirigido por J. A. Gonçalves e Francisco Queiroz com mais 26 autores. Ainda em 2019 foi publicado um outro novo estudo de uma investigadora-tarefeira, Eça de Queirós e o Caminho de Ferro, da autoria de Joana Almeida Ribeiro.

Em 2021, em colaboração com o Arquivo da Igreja Lusitana, a associação publicou uma edição fac-similada do Esboço – Boletim dos Jovens do Torne. 50 anos de persistências (1970-2020), publicação ecuménica que à época foi mandada suspender pelas autoridades por ser ilegal e “inconveniente” e em cuja elaboração então participaram diversos atuais dirigentes da associação. E nesse mesmo ano é lançado o livro Eça & Outras. Crónicas Queirosianas, de J. A. Gonçalves Guimarães, que em 2022 terá aqui publicada a sua tese de doutoramento, A Frota Mercantil do Porto e o Comércio com o Brasil entre 1818 e 1825.

Em 2023 a associação publica uma obra de José Marques, antigo professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que lha deixara para esse fim, o Património Régio nos Julgados de Gaia e de Vila Nova em 1346 e a antiga revista anual do Gabinete de História e Arqueologia volta a ressurgir, agora com a nova designação Gaya. Estudos de História, Arqueologia e Património, coordenada por António Manuel S. P. Silva, cujo n.º 2 se publicou em 2024.

Em 2025, para além da espectável publicação do n.º 3 da revista acima referida, do n.º 22 da Revista de Portugal e do PACUG 3, Património Cultural de Gaia. Gaia no Século XX, dirigido por J. A. Gonçalves Guimarães e José Alberto Rio Fernandes, tendo sido entretanto publicado pela associação um seu capítulo em edição autónoma intitulada O Museu Azuaga na génese dos museus gaienses, da autoria de J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães.

Como vemos pelo quase-catálogo acima descrito, a ASCR-CQ tem-se esforçado por levar ao mundo dos leitores um novo universo de temas queirosianos mas também da galáxia das Diversidades universais.

Não, já não acreditamos que «…fora de França apenas cinco mil pessoas talvez terão lido Victor Hugo – e que não passará decerto de dez mil o número de criaturas que lhe saiba o nome, incluindo mesmo a vasta massa democrática de que ele é o épico oficial. E já isto constitui um famoso progresso – desde o tempo em que Voltaire ambicionava ter cem leitores!» (Eça de Queirós, Cartas de Inglaterra). Todos estes livros e revistas estão à vossa disposição on line ou na próxima Feira do Livro do Porto.

 

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

 

J. Rentes de Carvalho Prémio D. Diniz

 

No passado dia 23 a Fundação Casa de Mateus divulgou os vencedores do prémio D. Diniz 2024. O júri, composto por Fernando Pinto do Amaral (presidente) e Pedro Mexia e Mário Cláudio, atribuiu este galardão, que já existe desde 1980, a Carlos Ascenso André, pela sua tradução de A Arte de Amar de Ovídio, e ao escritor natural de Vila Nova de Gaia, J. Rentes de Carvalho, pela sua obra Cravos e Ferraduras, coletânea de textos referente aos 50 anos posteriores ao 25 de Abril. Neste momento com 95 anos de idade e em Amsterdam, este nosso confrade honorário, que doou todo o seu espólio à Confraria Queirosiana, para além dos prémios que tem vindo a receber e do enorme reconhecimento dos leitores Portugueses e Holandeses pela sua obra, vai também ser homenageado pela associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, EUP, através do lançamento de um livro da autoria de J. A. Gonçalves Guimarães que será lançado na próxima Feira do Livro do Porto. Entretanto a entrega do Prémio D. Diniz será feita na Fundação Casa de Mateus, em Vila Real, em data a anunciar.

 

Realizações da ASCR-CQ

 

No passado dia 26 de junho a palestra da última 5.ª feira do mês organizada pela ASCR-CQ no Solar Condes de Resende, presencial e por videoconferência, foi proferida pela jornalista Filipa Júlio, licenciada em Comunicação Social e atualmente mestranda na Universidade de Coimbra, sobre o tema «Raízes: património cultural e afetivo de Grijó e Sermonde, Vila Nova de Gaia, através das memórias de vida dos seus habitantes mais velhos», baseada no seu livro recentemente publicado Raízes. Memória a fazer cultura, premiado num concurso promovido pela Junta de Freguesia de Grijó e Sermonde que o editou. No prefácio do mesmo, J. A. Gonçalves Guimarães escreveu:

«Tendo [Filipa júlio] ido ouvir os grijoenses que nasceram durante a 2.ª Grande Guerra ou poucos anos depois, indagando as suas vivências desde a infância, foi dar voz e para sempre fixar as memórias que o tempo apagaria se não fora este trabalho ora editado. Contrapontando o discurso direto de pessoas analfabetas ou de poucas letras, mas de incontornáveis experiências de vida, a uma só voz ou em coros de opiniões convergentes ou divergentes, que diversos são os pontos de vista nesta comunidade assumidamente interdependente, a autora arrumou as conversas pelo calendário da vida, desde os gritados nascimentos em casa e os esporádicos recursos ao sistema hospitalar… passando pelas parlengas e cantigas infantis “para enganar a fome”, as escola do engano nas miragens de vida justa, as ansiedades das festas populares a quebrarem a modorra dos dias, os bailes e os namoros, as que casavam de branco para terem filhos e serem viúvas e as outras que nunca o seriam, as associações e coletividades, a economia local de subsistência e as promessas de indústrias, as crenças, as terapêuticas empíricas com o recurso a espécies botânicas apanhadas na paisagem circundante que a dispendiosa botica ignorava, as rezas e imprecações aos entes do panteão tradicional, a relação de cada um e de todos com os representantes dos poderes distantes, o estado, a igreja e o destino, materializados nos seus representantes municipais e locais, pastores então atentos aos tresmalhos do rebanho».

 

A ASCR-CQ esteve em…

 

No dia 05 de junho passado teve lugar a tomada de posse dos corpos sociais da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, de cujos corpos sociais passou a fazer parte o nosso confrade Dr. António Pinto Bernardo, vogal da direção da ASCR-CQ.

No dia 4 de julho presentes no concerto realizado no salão nobre do Solar Condes de Resende «Da renascença a Oitocentos: a Música na vida social e privada do século XIX», apresentado pelo Dr. João Fernandes e com a atuação do Ensemble de Guitarras do Conservatório Regional de Gaia.

No dia 5 de julho a ASCR-CQ colaborou com a Casa da Arquitetura, Matosinhos, na realização do seu programa anual Open House, tendo J. A. Gonçalves Guimarães guiado uma série de visitas ao Mosteiro da Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia, monumento que desde há anos vem a estudar, agora integrado numa equipa que está a escrever um livro a editar no final do ano pelo Exército Português.

Nesse mesmo dia e a convite da coligação Bloco de Esquerda+Livre+ Outros, o mesmo profissional da Cultura participou na Escola Secundária António Sérgio num debate sobre as eleições autárquicas e em especial a Cultura em Vila Nova de Gaia. Por força dos Estatutos ASCR-CQ, esta associação tem como objetivos, entre outros, «promover a investigação arqueológica, antropológica, histórica, patrimonial, artística, literária e científica, sobre quaisquer formas de expressão e outras ações que valorizem e divulguem o conhecimento» (Art.º 4.º c) e deve «manter boas relações com todas as instituições que tenham objetivos culturais semelhantes» (Idem, f), como deverá ser o caso das associações cívicas conhecidas como partidos políticos. Na sequência das últimas eleições para os seus corpos gerentes a associação contatou todos as organizações partidárias com assento na assembleia municipal de Vila Nova de Gaia para lhes apresentar o seu programa de atividades para os próximos quatro anos, bem assim como para debater com elas aspetos da Cultura a nível local, nomeadamente aqueles que tocam diretamente os seus objetivos estatutários, como é o caso do Solar Condes de Resende. Refira-se, a propósito, que apenas aceitaram a proposta e reuniram com a direção da ASCR-CQ, o Bloco de Esquerda, o PCP/CDU e o PSD, não tendo recebido qualquer contacto dos restantes partidos ou coligações. Naquele propósito e nas reuniões havidas foi reafirmada a nossa disponibilidade para, como associação cultural com estatuto de utilidade pública, continuar a debater aquelas questões sempre que tal seja julgado oportuno, como é o caso das próximas eleições autárquicas e da consequente renovação do executivo municipal. Por esse motivo o presidente da direção aceitou o convite da coligação Bloco+Livre+Independentes de Vila Nova de Gaia para estar presente naquela sua realização, assim como aceitará participar, nas mesmíssimas condições, em iniciativas semelhantes de todas as forças partidárias que o queiram, para debate de conceitos, equipamentos, agentes e programas que convinha serem repensados e renovados nos próximos anos a nível local, regional, nacional e internacional.

No dia 9, o presidente da direção da ASCR-CQ participou numa tertúlia no antigo Quartel General no Porto, intitulada «Quartel de Santo Ovídio, Passado e Presente», a qual foi organizada pelo coronel Homero Abrunhosa com o mesmo propósito da anteriormente realizada no Mosteiro da Serra do Pilar, a publicação de um livro sobre deste monumento pelo Exército Português. Nela participaram os autores indigitados para a sua concretização, tendo na ocasião J. A. Gonçalves Guimarães recordado que foi ali vizinho e proprietário da Quinta de Santo Ovídio, o comandante do Regimento de Infantaria 18 do Porto e herói da luta contra as Invasões Francesas, Manuel Pamplona Carneiro Rangel Barreto de Figueiroa, visconde de Beire, marechal de campo, governador de Armas do Porto, morgado da Quinta da Costa (em Canelas, hoje Solar Condes de Resende) e bisavô dos filhos de Eça de Queirós.

No dia 14 de julho, Dia Nacional da França, por convite do Dr. Manuel de Novaes Cabral, cônsul honorário de França no Porto e confrade queirosiano, muitos Franceses e Portugueses encontraram-se para celebrar o evento no Lycée Français Internationale de Porto, entre os quais diversos confrades em representação de várias entidades da cidade, da região e do país. A sessão abriu com a audição do hino da União Europeia, seguido do hino nacional Português, e por fim do hino nacional da França, a que se seguiram momentos de convívio nos jardins. A ASCR-CQ esteve representada pelo presidente da direção.

No sábado 19 decorreu no auditório da Associação Empresarial do Porto em Matosinhos um ciclo de conferências evocativo dos 50 anos do STSS - Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, onde esteve presente como convidado um dos seus fundadores em 1975, o atual presidente da direção da ASCR-CQ. Seguiu-se um almoço de confraternização numa quinta das imediações.

 

A ASCR-CQ vai estar em…

 

Amanhã dia 26 de julho, sábado, a partir das 14 horas no Mosteiro de Grijó, em Vila Nova de Gaia, J. A. Gonçalves Guimarães vai participar como historiador profissional do Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ na V Conferência Pelos Caminhos de Santiago organizada pela Confraria de Santiago da Paróquia de São Salvador de Grijó, com uma comunicação intitulada «Pelos Caminhos de Santiago: uma abordagem histórica». Esta mesma comunicação será apresentada na “Palestra da última quinta-feira do mês” no próximo dia 31 de julho no Solar Condes de Resende, presencial e via Zoom.

Encontro FAMP

Nos dias 26 a 28 de setembro vai decorrer no Museu do Douro, na Régua e na região envolvente, o Encontro Nacional FAMP 2025, organizado com a colaboração da direção do museu e da Associação de Amigos do Museu do Douro. Destina-se à partilha de experiências entre a federação e os diversos grupos de amigos nela filiados, devendo ser fomentada a presença dos Jovens FAMP neste seu encontro anual que vai realçar a importância da comemoração do Dia Europeu dos Amigos dos Museus, a 12 de outubro.

____________________________________________________________Eça & Outras, III.ª série, n.º 203, sexta-feira, 25 de julho de 2025; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães; redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: António Pinto Bernardo.

Sem comentários: