segunda-feira, 26 de maio de 2025

 

Eça & Outras, III.ª série, n.º 201, domingo, 25 de maio de 2025

IIº Centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

O que tenho andado para aí a escrever sobre José Rentes de Carvalho

No passado dia 15 de maio o escritor José Rentes de Carvalho completou 95 anos de vida lúcidos, atentos e irónicos na sua casa de Estevais de Mogadouro, onde voltou recentemente vindo de Amsterdam na companhia da sua esposa Loeckie. Sem querer perturbar o seu habitual recato e relações familiares, um grupo de amigos e admiradores foi de Vila Nova de Gaia a Trás-os-Montes saudá-lo e com ele conviver um pouco nas vésperas desta data jubilosa: o autor destas linhas; Maria de Fátima Teixeira, curadora do seu espólio; António Manuel Silva, arqueólogo e membro dos corpos sociais dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana; Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara de Gaia; a que se juntaram os votos de felicitações de outros amigos, como Eva Batista, que mandou o jornal «Melhor Escola» com a entrevista que os seus alunos fizeram ao escritor publicada no passado dia 25 de abril nas páginas de O Gaiense; Nelson Campos de Moncorvo que, na impossibilidade de também estar presente, mandou vinhos e abraços. Por estes caminhos, e ainda com os amigos Carlos de Abreu, poeta e historiador da Revista Memória Rural e das relações transfronteiriças; seu colaborador Carlos Seixas, advogado de Felgar; Ana Proença  Filipe, vereadora da Cultura da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, também minha ex-aluna de Património na Universidade Portucalense Infante D. Henrique. Com todos eles fomo-nos inteirando do desenvolvimento cultural e social da região e falando da nossa associação e do seu projeto para a concretização do roteiro cultural rentesiano entre Vila Nova de Gaia, Porto, linha do Douro, Pocinho (Vila Nova de Foz Côa), Moncorvo, Estevais e Mogadouro, obviamente sem esquecer Amsterdam e a sua universidade, e o mundo que o escritor liofilizou nas páginas dos seus muitos livros, libertando a sua literatura da água lustral dos localismos e dos contextos temporários, musculando-a com eternidades.

Visitando o escritor em Estevais do Mogadouro desde 2005, fomos dando conta que a aldeia se vai renovando e espairecendo, com casa renovadas e o empreendimento da Casa Grande de Estevais transformada em unidade hoteleira pelo Dr. Jorge Noronha que perpetua a memória do seu antigo proprietário, o Dr. Armando Pimentel, amigo que foi de José Rentes de Carvalho recordado em textos, na lavra do azeite e de outros mimos locais destes montes virgilianos e na fachada da Biblioteca que ali ostenta o seu nome.

Mas para além das prendas de cortesia que lhe trouxemos, que retribuiu com novas peças para acrescentar ao seu espólio, algumas muito pessoais, como o livro Montyn, de Dirk Ayelt Kooiman, oferecido a sua mulher Loeckie num almoço no Palácio Real Huis Tem Bosch em Haia pelo príncipe consorte Claus, com dedicatória autografada num cartão pessoal datada de 13 de novembro de 1995, entendi que estes noventa e cinco anos mereciam da minha parte uma prenda mais ampla que pudesse partilhar com todos os outros amigos e os atuais e futuros leitores do escritor e usufruidores do seu legado cultural. E para tal concretizar decidi reunir num livro a totalidade de todos os textos que sobre ele publiquei desde que o conheci pessoalmente em 2005, apresentados pela ordem cronológica com que foram divulgados, o que dá origem a inevitáveis repetições de alguns pormenores, desde simples notícias sobre novas edições das suas obras em Portugal e na Holanda até às ligações biográficas a Vila Nova de Gaia refletidas na sua obra, uma abordagem á história e ao urbanismo do lugar do Monte dos Judeus onde nasceu, a escola primária do Estado Novo que frequentou, até peripécias do seu retorno a Vila Nova de Gaia nos últimos anos e a homenagem que a autarquia lhe fez, bem assim como a sua insigniação na Confraria Queirosiana e um capítulo extraordinário que lhe foi dedicado e a doação de todo o seu espólio pessoal que se encontra depositado e a ser inventariado no Solar Condes de Resende. Em duas entrevistas procurei chegar à génese da sua prosa e ao seu significado na Literatura Portuguesa e europeia, e tentar perceber o enorme sucesso dos seus livros entre os leitores portugueses e holandeses e do início da sua difusão noutros países. Não sendo a análise literária a minha profissão, como historiador de História Contemporânea procuro enquadrar as suas tremendas incursões no Portugal de hoje num tempo já longo que a sua longevidade lhe permite e nos apraz.

Inicialmente publicados em eca-e-outras.blospot.com, a news letter mensal da Confraria Queirosiana, alguns destes textos foram também publicados no jornal O Primeiro de Janeiro, no As Artes Entre As Letras (de portas sempre escancaradas para o escritor pela sua diretora Nassalete Miranda), na Revista de Portugal e em mais algumas publicações periódicas, tendo outros permanecido praticamente inéditos porque apenas divulgados em âmbitos muito específicos ou como e-mails.

Aqui os reuni como homenagem ao maior escritor português vivo, a que acrescentei o programa do curso livre «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril», o 32.º curso organizado pelo autor desta compilação no Solar Condes de Resende desde 1991, por motivos óbvios de que convém ficar registo. Estará disponível na Feira do Livro do Porto deste ano.

Por último recordemos aqui a afetiva e intelectual ligação de J. Rentes de Carvalho, desde juvenil idade, à prosa, ao saber, à ironia e à figura de Eça de Queirós, o que o levou a promover a edição das suas principais obras em Neerlandês pela Uitgeverij De Arbeiderspers, Amsterdam/ Antwerpen – A Relíquia, 1989; O Crime do Padre Amaro, 1990; A Cidade e as Serras, 1992; O Primo Basílio, 1994; Os Maias, 2001 – acompanhados de estudos complementares, que fizeram com que este escritor oitocentista passasse a ser tão conhecido nos Países Baixos como Fernando Pessoa ou Saramago. Como o escritor poveiro, também Rentes de Carvalho poderia hoje escrever: «Na minha terra, onde nem vivo, eu sou apenas um cansado e velho fazedor de livros que passa… a presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar, tanta criancinha sem pão, e a incapacidade ou indiferença de monarquias ou repúblicas para realizar a única obra urgente do mundo, a “casa para todos, o pão para todos”, lentamente me tem tornado um vago anarquista entristecido, idealizador, humilde, inofensivo… Anarquismo, mesmo vago; tristeza, mesmo filosófica; idealização, mesmo escondida não compõem um bom cortesão» (Eça de Queirós, A Rainha, 1898). Mas esta seria apenas uma das facetas queirosianas do autor de Ernestina, pois é bem possível que uma outra mais prazenteira se revelasse em expressões como estas na sua perene atitude: «Em resumo adoro a Vida – de que são igualmente expressões uma rosa e uma chaga, uma constelação e (com horror o confesso) o concelheiro Acácio… Creio na Vida todo-poderosa, criadora do Céu e da Terra…» (Idem, A Correspondência de Fradique Mendes).

O que eu gostaria de ter andado para aí a escrever sobre José Rentes de Carvalho se tivesse arte para tal e não apenas esta canhestra admiração infinita pela sua pessoa e pela sua obra.

 

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

 

A ASCR-CQ esteve em…

 

                                                                 Fotografia António Manuel S.P. Silva

No passado dia 9 de maio uma delegação da associação composta por J. A. Gonçalves Guimarães. António Manuel S. P. Silva e Maria de Fátima Teixeira, que teve também a presença da confrade Paula Carvalhal, vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, deslocou-se a Estevais do Mogadouro para cumprimentar o confrade de honra José Rentes de Carvalho, que no dia 15 completou noventa e cinco anos de vida, tendo sido recebidos pelo escritor e sua mulher Loeckie, tendo na ocasião lhe sido comunicado que na próxima Feira do Livro do Porto será lançado uma antologia de crónicas e outros textos em sua homenagem. Para além de ter oferecido mais algum espólio documental à associação, foram ainda abordadas diversas outras ações relacionadas com a promoção da sua obra a partir do mesmo. A delegação contatou ainda com o Dr. Nelson Campos, do Museu do Ferro de Moncorvo, o Doutor Carlos de Abreu da Revista Memória Rural e a Dr. Ana Proença Filipe, vereadora da Cultura de Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, e o Dr. Jorge Noronha da Casa Grande de Estevais (Biblioteca Armando Pimentel), sobre a nossa proposta da organização de um roteiro rentesiano.

 


                                                                Fotografia Micael Fernandez (QSP)

No dia 22 de maio J. A. Gonçalves Guimarães participou na Tertúlia Quartel da Serra do Pilar Passado e Presente, em Vila Nova de Gaia, em que foi palestrante sobre «O Mosteiro da Serra do Pilar, a moldura paisagística e a sua transformação em Praça Militar» conjuntamente com o Prof. Doutor Sérgio Veludo sobre «O Quartel da Serra do Pilar, a sua importância ao longo da História desde o início do Séc. XIX até meados do Séc. XX» e os Tenentes Coroneis José Batista e Alexandra Nascimento sobre «O Quartel da Artilharia, sua importância na Guerra do Ultramar e no 25 de abril de 1974. A transferência do RA5 para Vendas Novas e o Comando do Pessoal no Quartel da Serra do Pilar» tendo o painel sido coordenado e moderado pelo Coronel de Artilharia Homero Abrunhosa, Homero Abrunhosa, comandante da unidade, tendo estado presentes o Tenente General João Pedro Boga Ribeiro e outras autoridades militares e civis, e vários associados e confrades entre o público interessado. Esta ação foi também a apresentação pública de um projeto de realização de um livro bilingue sobre este complexo monumental que deverá ser lançado no final do ano.

                                                            Fotografia Paula Carvalhal (CMVNG)

No dia 23, J. A. Gonçalves Guimarães participou na igreja do Mosteiro de Corpus Christi na zona histórica de Vila Nova de Gaia, no debate de abertura do XVII Festival Internacional da Máscara Ibérica, subordinado ao tema «A regeneração das Tradições», conjuntamente com Carlos Magno, jornalista e professor universitário, Alexandra Pereira, coordenadora da área de Turismo do ISLA e a moderação do sociólogo Hélder Ferreira, da organização, apresentando diferentes perspetivas sobre as festividades dos rituais com máscara.

No próximo dia 29 de maio pelas 18,30 horas, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês, presenciais e via zoom, o Dr. João Fernandes historiador da Arte e responsável pelo Solar Condes de Resende, falará sobre «A Procissão das Cinzas da Ordem Terceira de São Francisco do Porto».

        

Curso no Solar

No Solar Condes de Resende decorreu ontem dia 24 de maio a sessão de encerramento do curso livre «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril», com a presença de vários dos seus professores e membros dos corpos socais da associação e do Dr. João Fernandes, responsável pelo Solar. Logo no início, J. A. Gonçalves Guimarães começou por fazer um balanço desta ação educativa analisando cada uma das aulas ministradas pelos diversos professores de várias universidades, passando de seguida à apresentação do programa do próximo curso a iniciar a 4 de outubro, evocativo dos 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-2025). Contando esta sessão com a presença de diversos membros do conselho editorial da revista Gaya. Estudos de História, Arqueologia e Património, do Gabinete de História, Arqueologia e Património da associação, o seu coordenador, Prof. Doutor António Manuel S. P. Silva, fez a apresentação de cada um dos artigos deste n.º 2 desta nova série, convidando cada um dos autores presentes a comentar o seu trabalho, após o que se seguiu um convívio entre todos os presentes no bar do Solar.

 

Outras conferências por diversos associados

Vários associados e confrades têm também realizado outras conferências e palestras ao serviço de outras entidades. Assim recentemente o Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo lecionou no El Corte Inglês – Gaia um curso em três sessões sobre o «Antigo Egito. Uma civilização com três mil anos». No mesmo espaço o Prof. Doutor José Manuel Tedim lecionou um curso breve sobre «Pintura Portuguesado séculos XV e XVI, de Nuno Gonçalves a António Campelo», tendo ainda proferido para os alunos do Colégio de Nossa Senhora da Bonança, Vila Nova de Gaia no dia 30 de Abril uma palestra sobre «O 25 de Abril e a Arte», que também repetiu nas suas aulas no Instituto D. António Ferreira Gomes no Porto.

No passado dia 12 de maio no I Colóquio Internacional da Universidade Lusófona e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o Professor Doutor David Rodrigues do Conselho Nacional da Educação e da Universidade de Lisboa falou na conferência de abertura sobre «Educação inclusiva. Viver juntos e justos».



No próximo dia 27 de maio, numa realização da Associação de Solidariedade Social dos Professores de Évora na Biblioteca Pública local, o Professor Doutor Carlos Reis da Universidade de Coimbra fará uma conferência sobre «Eça de Queirós – do Jornalismo à Ficção».


Livros & Periódicos

 


Como acima já referimos, no passado dia 24 no Solar Condes de Resende foi lançado o número 2 da nova série da revista Gaya. Estudos de História, Arqueologia e Património, editada pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ, que apresenta os seguintes artigos: «Trabalhos arqueológicos no Castro da Madalena, Vila Nova de Gaia (2020-2023) – revelar um passado ou inventar um futuro?», por António Manuel S. P. Silva; «Anéis e alianças de vidro no contexto do espólio das escavações arqueológicas da Igreja do Bom Jesus de Gaia» por J. A. Gonçalves Guimarães; «A numária antiga em Vila Nova de Gaia» por Henrique Pereira Ferreira; «A estrutura fundiária e senhorial no vale inferior do rio Febros no século XVII» por Paulo Jorge Cardoso de Sousa e Costa; «José Maria Santana e Silva, pároco de Mafamude» por João Luís Fernandes; «A 1.ª República e a Lei da Separação do Estado das Igrejas: o caso de António Pinto de Paiva Freixo em Crestuma, Vila Nova de Gaia» por Maria de Fátima Teixeira; «Património escolar edificado gaiense: proposta de enquadramento para a sua salvaguarda» por Ana Vaz, Eva Baptista e José António Afonso. O preço de capa (incluindo portes e embalagem) é de 15 €, podendo ser comprado por via postal.

 


Em edição da Câmara Municipal de Alfândega da Fé e de Lema d’ Origem Editora foi recentemente apresentado o livro O Lagar d’ El Rei em Alfândega da Fé. Um património sempre presente, da autoria do Dr. Paulo Sousa e Costa, que nesta edição aborda desde os conceitos de Património, passando pelo estabelecimento do morgadio dos Távora e seus descendentes, a história deste equipamento rural e da sua importância na olivicultura da região e do país, incluindo ainda um trabalho inédito do agrónomo alfandeguense José António Ochoa, apresentado como dissertação final no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa em 1885 e intitulado «Cultura da Oliveira no Distrito de Bragança».



David Rodrigues vai lançar um novo livro de poemas sobre o qual escreveu o seguinte no texto de apresentação: «A etimologia esclarece que “astrolábio” é um buscador de estrelas, um meio criado para, através delas, encontrar uma orientação. Uma orientação que sendo etimologicamente o ato de mostrar o oriente, se modificou de forma a indicar a posição, o sentido, a direção, um rumo para um caminho ou uma ideia. (…) Aproveitei a simbologia dos pontos cardeais para organizar os poemas deste livro. No Norte reuni os poemas menos vibrantes, mais introspetivos e até mais desanimados, poemas mais sombrios. Ao Sul destinei poemas de gratidão e de alegria, aceitando o convite da luz e do calor. Nestes poemas não falta o toque de humor que tão boa companhia me tem feito na vida. No Leste juntei os poemas de amor e de amizade. Amor pela vida, pelas pessoas e amor romântico que, tal como a poesia, é sempre uma ponte entre o real e o imaginário. No Oeste agrupei os poemas mais reflexivos, com uma vertente mais introspetiva sobre os valores da vida e o mundo». O autor fará uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa pelas 17 horas no dia 7 de junho; uma apresentação na Reitoria da Universidade do Porto no dia 9 de julho; uma outra sessão de autógrafos na Feira do livro do Porto no dia 30 de agosto e uma outra sessão de lançamento em data posterior em Lisboa.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 201, domingo, 25 de maio de 2025; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães; redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Micael Fernandez (QSP); Paula Carvalhal (CMVNG)

sexta-feira, 25 de abril de 2025

 

Eça & Outras, sexta-feira, 25 de abril de 2025

 

IIº Centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

 

Corrupções e empenhos

 

A palavra corrupção berra-se nos dias de hoje por todo o lado, na comunicação social, na rua, no café, nos cartazes eleitorais, à porta dos tribunais e creio que também lá dentro nas salas das sessões. Parece uma novidade nova, mas não é. Dispenso-me aqui de piadas sobre a mulher de César. E ardilosamente vou tentar perceber de que é que estamos a falar nos dias de hoje. Porque isto é matéria para sorrisinhos cúmplices ou para assobios para o lado. Para nos fazermos desentendidos e apelar ao vaguíssimo princípio de que há corrupção e corrupção, de que não é tudo a mesma coisa, que uma coisa é alva e outra é branca e que é preciso contextualizar as coisas. A chamada “conversa da treta”, tem aqui matéria para teses de doutoramento em variadíssimas universidades. Vamos a coisas concretas: o velhíssimo Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, 14.ª edição, Lisboa: Livraria Bertrand, volume I, 1949, página 739, diz que corrupção é o «acto ou efeito de corromper. Devassidão. Desmoralização…». Da mesma época, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa/ Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Limitada, vol. 7, página 794, apresenta tal como «a acção ou efeito de corromper. Podridão; putrefacção; decomposição... Devassidão, depravação, perversão… Meios que se empregam para desviar alguém dos seus deveres, induzir a proceder contra a sua consciência, etc; suborno; prevaricação: corrupção eleitoral; juiz suspeito de corrupção…». Por sua vez o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, I Volume A-F. Lisboa: Verbo, 2001, página 994, define-a como «acção ou resultado de corromper ou de se corromper… Degradação ou deterioração dos valores morais, dos bons costumes… Acto de agir ou aliciar alguém a agir contra a lei, através da oferta de dinheiro ou de outros valores…».

Não nos faltam, pois, catecismos onde nos doutrinemos sobre estes pecados pessoais e sociais: «vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar» escreveu a poetisa Sophia e cantou o padre Fanhais. Portugal é um país adulto, mas ainda tem muito boa gente que não sabe ver, nem ouvir, nem ler e muito menos cantar. Não vemos, não ouvimos e não lemos nada de jeito. Saramago escreveu para nós um Ensaio sobre a cegueira para ver se passamos a enxergar melhor; a Música para surdos é possível e desejável; a Humanidade já se pôs a ler de há milénios para cá. Não há, pois, desculpas. Assumamo-nos.

E, no entanto, esta coisa das corrupções já vem de longe: sem precisarmos de ir à Pré-história (no drama da morte de Otzi, o homem do gelo (c. 3350 BC) pode ter havido já então alguma corrupção, o que leva alguns a concluírem apressadamente que o fenómeno está-nos na “massa do sangue”). Muito mais perto de nós, no século XVIII, encontramos esta afirmação: «quem com prudência considerar o estado do Mundo, e a corrupção de Portugal em todo o género de cousa, verá claro quão necessário seja plantar novo Reyno, novos homens, novas Leys, novos costumes» (Diogo Barbosa Machado, Memórias para a História de Portugal…, Lisboa: 1737, T. II, Parte II, Liv. I, Cap. XVIII, p. 257). A que acrescentaria novas mulheres, pois não queremos de modo algum aqui qualquer descriminação sexista que a literatura judicial bem depressa anularia. Mas já antes, quando Portugal estava em dificuldades e tinha de vencer e vencer-se, como foi o caso da desgraçada jornada de Alcácer-Quibir, já não faltou aí quem se aproveitasse da mesma em proveito próprio: «o desamor E desordem dos officiaes E ministros por quem corriam as despesas mais amigos do seu acrescentamento, que de acudir a sua obrigação… E ouue tanta devassidão no procedimento delas e gasto de dinheiro com que se faziam, que sabidamente ouue ministro, por quem este dinheiro corria, que lhe ficaram na mão mais de cento E sincoenta mil cruzados» (Jornada D’ El Rei D. Sebastião…, Liv. I Cap. 15. Lourenço Marques, 1972). Enfim, a coisa já vem de longe. Não é pois novidade. 

Não conheço estudos sobre este verdadeiro desígnio nacional que sejam claros, conclusivos, diagnósticos, e muito menos terapêuticos. Havendo por aí, apesar de tudo, tanta bolsa de investigação para irrelevâncias, bem que poderia haver algumas para historiadores, economistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos ou juristas que tratassem deste fenómeno a nível doutoral. Assim sempre teríamos conclusões científicas e não apenas algumas vagas alusões étnicas, distribuindo culpas pelos “celtas”, romanos, suevos ou visigodos â vez, ou mouros, viquingues, africanos e ciganos. E, obviamente, estrangeiros, sobretudo espanhóis que ainda não nos devolveram Olivença. Ou pelas crenças que nos teriam ficado de bruxos remotos, de judeus, de cristãos, de mouros, de protestantes, de ateus; ou pelas acusações folclórico-regionalistas empíricas sobre os seriíssimos transmontanos, como o senhor comendador que tem loja aberta mas não passa recibos; o minhoto que fez de um clube de futebol o seu negócio pessoal; o beirão “tu cá tu lá” com os ministros das obras públicas; o alentejano que vendeu um equipamento publico pago por dinheiros europeus; o madeirense que enriqueceu a vender carcaças de trigo aos pobres na África do Sul; o açoriano que não distinguia um pó branco vindo da Colômbia daquele que se usa na delicada pele dos bebés. Toda uma república de mitologias distrativas e de fugas à realidade que nos circunda e que nem sequer brilha na Literatura, pois que os escritores raramente vão além dos pobres diabos, dos Malhadinhas (Aquilino), dos Meças (Rentes de Carvalho). Estou mesmo para ver se o banqueiro vai ter um romance ou um estudo histórico-analítico, dado que o Zézinho já se tem esforçado com uns livrecos e cursos pudim royal a tentar convencer-nos que é um perseguido pela nossa falta de entendimento ou pela teimosa esquizofrénica da justiça. E lembro aqui que também o vigarista Alves dos Reis escreveu um pungente O Segredo da Minha Confissão, em dois volumes, Lisboa: Novo Mundo e Edições Europa, 1931-1932, que a cadeia deu-lhe tempo para isso, mas que não logrou convencer a morte.

Mas se corrupções que se prezam lidam com milhões de euros, dólares ou rublos, elas têm uns parentes mais lhanos e que se contentam com muito menos e arranjam facilmente teoria para a sua prosa mais económica: «O empenho, tão caluniado pelos austeros, é, por fim, a salvação do País. O empenho é o correctivo do bom senso público aplicado ao disparate oficial. Sempre que um Regulamento, saído dum antro burocrático, impõe ao público uma prática tola – o público coliga-se por meio do empenho, para lhe anular os efeitos funestos (…). Tal é o grande, nobre papel do empenho na sociedade portuguesa: ele é a conjuração do bom senso positivo contra o idealismo obsoleto e tolo das instituições» (Eça de Queirós, Carta a Oliveira Martins de 29.07.1886). Mas assim também não vamos lá, pois a solução para o enguiço será sempre a de atualizar a mensagem e criar um novo País, novos cidadãos, novas leis, novos hábitos quotidianos, um novo paradigma de cidadania, sem corrupções ou empenhos, ainda que justificadíssimos segundo Eça ou qualquer um de nós.

 

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

 

Entrevista a J. Rentes de Carvalho

Que magnífica comemoração do 25 de Abril. Hoje, como complemento da edição do jornal O Gaiense, o caderno «Melhor Escola» elaborado pelos alunos e professores do Colégio da Bonança, Vila Nova de Gaia, homenageia o escritor José Rentes de Carvalho nascido em Gaia em 1930 e que no próximo dia 15 de maio completará 95 anos vivos e ativos. Entre muitos outros livros, crónicas e textos dispersos, é o autor de "Ernestina", o melhor romance sobre o Centro Histórico de Gaia, mas também de "Portugal a Flor e a Foice" e de «A Revolução Exemplar e a Revolução Invisível», o qual temos como confrade honorário, doador do seu espólio e patrono do curso sobre os 50 anos do 25 de Abril que decorre no Solar Condes de Resende. Neste caso aqui se publica uma entrevista que o escritor e antigo professor da Universidade de Amsterdam concedeu aos alunos deste colégio da sua terra natal. A ler e meditar. A ASCR-CQ, com todo o gosto, deu a colaboração que lhe compete e continuará sempre a dar em casos semelhantes para divulgação da via e obra deste escritor Português, Holandês e do Mundo.

 

Novos corpos sociais da FAMP

Como noticiamos na página anterior, no passado dia 22 de março decorreram eleições para os corpos sociais da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP) no Museu dos Coches em Lisboa, nos quais a direção da ASCR-CQ, continuou a estar representada pelo presidente da direção J. A. Gonçalves Guimarães como vogal, que na ocasião, e por estar em serviço noutra atividade, esteve representado pelo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, vice-presidente da ASCR-CQ e presidente da direção do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia (GAMNA). A direção da FAMP continuou a ser assegurada pela Dr.ª Maria do Rosário Alvellos do Grupo de Amigos do Museu do Oriente.


A ASCR-CQ esteve em…

No dia 1 de abril uma delegação do Gabinete de História, Arqueologia e Património formada pelos coordenadores J. A. Gonçalves Guimarães e António Manuel S. P. Silva e a investigadora Maria de Fátima Teixeira, estiveram reunidos com o Prof. Doutor Álvaro Campelo, antropólogo e docente da Universidade Fernando Pessoa para o convidar a dirigir a concretização do volume sobre o Património Cultural de Gaia - Património Etnográfico (PACUG 6), tendo essa reunião prosseguido no dia 22 do esmo mês para operacionalizar os capítulos que constituirão o volume. Refira-se que estão em bom ritmo os trabalhos referentes ao Património Cultural de Gaia - Património Arqueológico (PACUG 4), de que é coordenador o arqueólogo António Manuel S. P. Silva, e o Património Cultural de Gaia - Património Institucional (PACUG 5), aguardando-se a publicação para breve do volume do Património Cultural de Gaia – Século XX (PACUG 3), já entregue na gráfica e dirigido por José Alberto Rio Fernandes.

 

Curso no Solar

Prossegue no Solar Condes de Resende e por videoconferência o curso livre «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril». Assim, no passado sábado dia 22 de março ocorreu a aula sobre «"Quando pertencer ao povo o que o povo produzir": poder popular e socialismo durante a Revolução Portuguesa (1974-75)», pelo Prof. Doutor Ricardo Noronha do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, seguindo-se no sábado 5 de abril a aula sobre «As Artes e a Revolução» pelo Prof. Doutor José Manuel Tedim e no próximo sábado 26 de abril a aula sobre o tema «Explorando os Arquivos da PVDE-PIDE-DGS no ANTT: os antifascistas naturais do concelho de Vila Nova de Gaia», pelo arquivista Dr. Silvestre Lacerda, ex-diretor do Arquivo Nacional Torre do Tombo.

 

Trasladação de Eça para o Panteão

Na sequência do programa que a convite do grupo de trabalho para a Concessão de Honras de Panteão Nacional a José Maria Eça de Queiroz pela Assembleia da República a ASCR-CQ tem vindo a organizar no Solar Condes de Resende, presenciais e por vídeoconferência nas últimas quintas-feiras do mês, no passado dia 27 de março, entre as 18,30 e as 19,30, a aconfrade honorária Prof.ª Doutora Cristina Petrescu da Universidade Babeș-Bolyai de Cluj-Napoca, falou sobre «Eça de Queirós na Roménia».

No dia 24 de abril será a vez de J. A. Gonçalves Guimarães que falará sobre «Os Roteiros Queirosiano e o Turismo Cultural» no mesmo local e hora.

Está previsto este programa sobre esta invocação terminar com uma visita guiada ao Roteiro Queirosiano do Porto num sábado dos finais de Maio ou princípios de Junho deque em breve se fará a divulgação.


Outras conferências por diversos associados

No passado dia 31 de março, na Casa Comum (Reitoria da Universidade do Porto), o Professor Doutor David Rodrigues, professor catedrático aposentado da Universidade de Lisboa, conferencista, poeta e músico de Jazz, apresentou uma comunicação e aula prática sobre «Haiku: o sentir da poesia do Japão difundido no mundo». Autor de 12 livros sobre esta modalidade literária hoje largamente difundida, em determinada fase da conferência envergou o trajo próprio dos seus cultores nipónicos, no caso uma preciosa peça honorífica em seda do século XIX.

 


Na quinta-feira dia 3 de abril pelas 18 horas, no círculo de tradução "Micaela Ghi,tescu" da Faculdade de Letras da Universidade Babeș-Bolyai de Cluj-Napoca, Romênia, a Prof.ª Doutora Cristina Petrescu falou sobre a canção medieval portuguesa «Ondas do Mar de Vigo» de Martin Codax, uma "canção sobre um amante" (cantiga de amigo), acompanhada da sua interpretação, enquadrada numa abordagem à poesia e música dos trovadores medievais peninsulares.


Seminário Queirosiano na FEQ

Entre os próximos dias 21 a 25 de julho de 2025, a Fundação Eça de Queiroz, em parceria com o Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, organiza mais uma edição do Seminário Queirosiano, este ano subordinado ao tema «Lógicas e Figurações da Personagem Queirosiana», o qual terá lugar na Casa de Tormes, em Santa Cruz do Douro (Baião), e terá a participação de investigadores, docentes e leitores queirosianos para uma reflexão aprofundada sobre a representação das personagens na obra de Eça de Queiroz, sendo esta ação acreditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, com a duração de 18 horas, para professores dos grupos 200, 210, 220 e 300.

Realizado com o apoio do Ministério da Cultura, do Centro de Literatura Portuguesa e do Município de Baião, propõe uma análise de personagens queirosianas como Carlos da Maia, Jacinto e Basílio, sem esquecer as figuras secundárias que enriquecem o universo narrativo de Eça.

A FEQ dispõe de bolsas de frequência para estudantes portugueses e estrangeiros cuja informação está disponível em https://feq.pt/actividades/ seminario-queirosiano/logicas-e-figuracoes-da-personagem-queirosiana/.

 

Na próxima quarta-feira, dia 30 de abril decorre nas suas instalações em Vila Nova de Gaia a partir das 19 horas a Feira Solidária do ISLA Gaia. O evento, organizado pela comunidade académica, inclui um concerto solidário a partir das 20h e disponibilizará uma zona alimentar, cujos resultados revertem para uma causa solidária, sendo esta realização aberta a toda a comunidade. A ASCR-CQ estará presente ara divulgar as suas atividades numa perspetiva de interação com as instituições universitárias gaienses.


 

Livros

Finalmente está disponível a edição crítica de A Cidade e as Serras publicada pela Imprensa Nacional, o vigésimo terceiro título das Obras de Eça de Queirós que decorre há três décadas de trabalho para restituir aos textos queirosianos a sua genuína fiabilidade por uma equipa de filólogos sob a direção do Professor Doutor Carlos Reis docente da Universidade de Coimbra. Tendo resultado da ampliação do conto Civilização, este romance foi publicado pela primeira vez em 1901, portanto após a morte do escritor em 16 de agosto de 1900, tendo sido objeto em muitas e variadas edições de intervenções apócrifas elaboradas com critérios muito discutíveis por Ramalho Ortigão e outros e de que a presente edição, com uma extensa introdução pelo Prof. Doutor Frank F. Sousa dá conta.

 

Distinções

Na Festa Literária Internacional de Paraty – Rio de Janeiro (FLIP), realizada a 11 de novembro de 2024, a Editor e rede internacional de Livrarias “Mágico de Oz” outorgou o Prémio Carioca de Excelência Ensaística à Prof.ª Doutora Annabela Rita, presidente da Academia Lusófona Luís de Camões, diretora da Associação Portuguesa de Escritores e confrade queirosiana.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 200, sexta-feira, 25 de abril de 2025; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães; redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Cristina Petrescu; FAMP; FEQ..

terça-feira, 25 de março de 2025

 

 

Eça & Outras, terça-feira, 25 de março de 2025

 

IIº Centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890)

 

O Porto como centro histórico de migrações

No passado dia 10 de março tive o gosto e o prazer de dar a segunda aula na Biblioteca Municipal Almeida Garrett do Porto no curso breve intitulado «Porto Romântico, lugar de chegada e de partidas: migrantes e viajantes». O desafio era falar de «Viajantes e migrantes do Porto para outras partes. Figuras e factos relacionados com a partida do Porto para portos estrangeiros; os armadores de navios; os negociantes dos dois lados do Atlântico; os que ficaram do outro lado do mar e a marca que ali deixaram». Um mundo de dados a sintetizar em duas horas. Como não conhecia a assistência, o grau de conhecimentos já adquiridos e as apetências para o tema, e partindo do princípio que não me conheciam como historiador ou o que tinha já produzido nestas áreas do saber, achei por bem começar por me apresentar profissionalmente, no que toca a habilitações e experiência docente ou como investigador nestas áreas. Também as minhas ligações familiares à cidade do Porto, não fosse o acharem que eu era um desconhecido, ou pior, um arrabaldino preconceituoso. Uma tentativa de um tu cá tu lá historiófilo com os inscritos. E já agora apelar à clareza de conceitos, nomeadamente o de Romantismo e de romântico, socorrendo-me da historiadora brasileira ROMEIRO, Adriana (2010) – Arte e modernidade nos séculos XIX e XX: herói romântico, apud GUIMARÃES, J. A. Gonçalves; GUIMARÃES, Susana (2012) – Aspectos românticos na vida do 1.º Visconde de Beire. In SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e, coord. (2012) – Actas do I Congresso O Porto Romântico, vol. II. Porto: Universidade Católica, pp. 287-289, que bem lembrou que o romântico é um migrante por convicção «que passa pelo exílio ou é um exilado, ainda que no seu próprio país». Isto já o confirmara em alguns trabalhos que publiquei sobre as migrações ou sobre figuras do Romantismo.

E, entretanto falei também dos viajantes que por aqui passaram ao longo dos tempos e que de tal deixaram registos escritos e até iconográficos, como foi o caso de Cosme de Médicis em 1669, uma descrição da cidade, suas gentes e suas azáfamas e a mais antiga e pormenorizada vista desenhada pelo seu pintor Pier Maria Baldi a partir do alto de Vila Nova. E muitos outros viajantes se lhe seguiram até Madame Ratazzi, que deixou no seu Portugal à vol d’ oiseau (1880), descrições e considerações que Camilo, esse outro irrequieto migrante mas apenas no território português continental, haveria de zurzir com o seu habitual sarcasmo. Mas viajantes, ou mesmo peregrinos e agora turistas, são apenas migrantes temporários, deixam episódios mas não deixam sagas.

Se é certo que para cada tipo de migrantes nos socorremos da excecionalidade dos que deixaram marcas no seu tempo, não podemos ignorar que na sua maioria são massas anónimas que só esporadicamente logram ter lugar na história. Tendo falado em alguns desses grupos de gente que desde tempos remotos demandaram por barco a barra do Douro ou que, desde há dois mil anos, percorrem a estrada Norte/ Sul que aqui atravessa o rio, alguém da assistência me lembrou que estava a esquecer os ciganos, aqui chegados desde o século XVI; não, não esqueci, nem esse nem outros grupos humanos entre nós minoritários, mas nem por isso menos dignos de atenção. Só que, em duas horas, não era possível particulariza-los a todos. E mencionei também os meus projetos falhados ou não desenvolvidos, como o estudo do paleocristianismo no Vale do Douro, imigrantes que trouxeram para aqui essa crença e de onde vieram eles; ou o do estudo das tampas sepulcrais armoriadas de Cabo Verde e, por extensão, as do Império Colonial Português, curiosos monumentos de migrantes espalhados pelo mundo ainda sem um estudo sistemático. E, neste caso, quantos portuenses nelas não se tentaram perpetuar desde, pelo menos, o século XIV, quando aqui a construção naval contribuiu para a Expansão Europeia pelas estradas do mar que levaram tantos emigrantes registados como marinheiros, soldados, colonos, missionários, artesãos, aventureiros, à procura de melhor vida.

Falamos então dos imigrantes que para aqui vieram e se fixaram, como os “ingleses” (mais propriamente, britânicos), negociantes não apenas de vinhos, mas de outras muitas mercadorias, e até militares. De galegos, entre os trabalhos braçais e as padarias, as saboarias e outras ocupações. De “italianos”, de espanhóis, de chineses, de um sueco. E sobretudo dos emigrantes que do Porto partiram para o Oriente, para a Europa, para a Patagónia, e sobretudo para o Brasil, muitos dos quais regressaram, deixando marcas lá e retornando à sua terra ou ao seu país de origem, a concretizarem sonhos de entreajuda. Uma migração muito especial que tem já abundante bibliografia e muitos retratos espalhados pelas galerias de várias instituições. Por fim alguns daqueles que migraram dentro de Portugal, e que com isso marcaram o seu trajeto de vida e as terras onde se acolheram a produzirem conhecimento ou riqueza. E falamos também da migração desse símbolo associado a tudo isto que é o Vinho do Porto, que daqui parte acompanhando os emigrantes, ou aqui se queda aguardando que nele venham diluir amarguras ou brindar êxitos longínquos. Sem esquecer esse notabilíssimo monumento ao migrante, a estátua O Desterrado de Soares dos Reis, esculpida em 1872 quando o autor estava migrado em Roma e que daí ambos se retornaram, estando hoje esse tributo à diáspora portuguesa exposto para todos no Museu Soares dos Reis no Porto.

«Em Portugal quem emigra são os mais enérgicos e os mais rijamente decididos; e um país de fracos e de indolentes padece um prejuízo incalculável, perdendo as raras vontades firmes e os poucos braços viris.» (Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre). Mas tudo o que de melhor o escritor estudou e escreveu sobre este tema está em A Emigração como força civilizadora, relatório escrito em 1874, só publicado em 1979, e hoje geralmente desconhecido. Talvez por não ser muito romântico, mas utilmente necessário e atual nos seus pressupostos humanísticos.

Sei lá que sangues antigos me correm nas veias; mas sei que na mente trago abraços para todos os migrantes com quem me cruzo na vida.


J. A. Gonçalves Guimarães

historiador

 

Acordo de Parceria

No passado dia 5 de fevereiro foi assinado entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, representada pelo seu presidente Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues, e a associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, EUP, representada pelo seu presidente da mesa da assembleia geral mandatado para o efeito, Prof. Doutor José Manuel Alves Tedim, um acordo de parceria que «… tem por objeto a colaboração financeira entre os outorgantes nos domínios da divulgação do Roteiro Queirosiano de Vila Nova de Gaia, do Solar Condes de Resende, bem como da vida e obra de Eça de Queiroz, e, bem assim, no âmbito da realização de trabalhos de investigação no Centro de Documentação, nomeadamente, no que respeita à coleção Marciano Azuaga, coleção etnográfica e espólio arquitetónico entre outros bens de elevado valor cultural e histórico, que integram o acervo do Solar Condes de Resende, durante o ano de 2025». Estes projetos, que têm como executantes investigadores-tarefeiros profissionais formados em História, Arqueologia, Antropologia Cultural, História da Arte e Património, tiveram início em 2004 e produziram já dezenas de trabalhos sobre este património gaiense com larga difusão em revistas da especialidade ou de divulgação e algumas dissertações de mestrado, teses de doutoramento e bases de dados disponíveis para todos os investigadores que para tal demandam o Solar Condes de Resende ou o Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ.

 

A ASCR-CQ esteve em…

                                        

Gravura 1: sentados: Carlos Méro; António Pinto Bernardo; Alberto Rostand Lanberly. Em pé: Marcelo Silva Malta; Arnaldo Paiva Filho; Francisco Assis e Fernando Maciel

No passado dia 24 de setembro na cidade de Maceió, Brasil, foi criada a Irmandade Queirosiana de Alagoas (IRQUAL) pelos confrades António Pinto Bernardo, seu patrono, e tendo como afilhados Alberto Rostand Lanverly, Arnaldo Paiva Filho, Fernando António Barbosa Maciel, Chico Assis, Marcelo Silva Malta e Carlos Méro, «espelhada nos propósitos institucionais e culturais da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana e irmanados com a Academia Alagoana de Letras», depois apresentada no capítulo de 23 de novembro do ano passado. Mais recentemente, no passado dia quinze de janeiro na cidade de Barra de São Miguel, Alagoas, reuniu esta agremiação sob a direção do confrade António Pinto Bernardo, tendo estado presentes os confrades queirosianos Alberto Rostand Lanverly, presidente da Academia Alagoana de Letras, Arnaldo Paiva Filho, Carlos Barros Méro, Chico de Assis, Fernando António Barbosa Maciel e Marcelo Silva Mata, e ainda as senhoras Ana Lanverly, Cleide Tavares Méro e Rose Maciel. Para além de palavras sobre a vida e obra do patrono Eça de Queirós e da sua importância para as novas gerações nas escolas alagoanas, foi ainda comunicado aos presentes que na biblioteca daquela academia passará a haver um espaço reservado para exposição das obras do escritor recentemente trasladado para o Panteão Nacional em Lisboa. Na ocasião o confrade Chico de Assis declamou poemas e prosas de diversos autores portugueses e brasileiros, dando especial enfase aos de Eça de Queirós. Esta irmandade tem como objetivos fazer ações de divulgação da obra do escritor no mundo lusófono.

Prossegue no Solar Condes de Resende o ciclo de conferências, presenciais e por videoconferência, organizadas pela associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, EUP evocativo da concessão de Honras de Panteão Nacional a José Maria Eça de Queiroz pela Assembleia da República. Assim, no passado dia 27 de fevereiro, via zoom, Irene Fialho falou sobre «”Entre a Arcada e S. Bento” – Eça de Queirós vê Lisboa».

Nos passados dias 28 de fevereiro e 1 de março decorreram as sessões do 35.º Fórum Avintense na Junta de Freguesia de Avintes, nas quais participaram diversos associados e confrades queirosianos, tendo as sessões sido encerradas com a comunicação «Um trajo folclórico de Avintes e um outro de São Paio de Oleiros, tudo Terra de Santa Maria» por J. A. Gonçalves Guimarães sobre dois trajos regionais em tempos oferecidos à ASCR-CQ.

Na sexta-feira dia 07, o presidente da direção, a funcionária e outros associados estiveram presentes no Centro Cultural de Paredes no 7.º Aniversário do Café Literário onde decorreu a apresentação da 7.ª edição da Revista Cultural Orpheu Paredes na ocasião apresentada pelo Prof. Dr. Joel Cleto e com textos de, entre muitos outros autores, dos confrades Nassalete Miranda, Levy Guerra e José Valle de Figueiredo.

No dia 8 de março no Solar Condes de Resende e por videoconferência prosseguiu o curso livre «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril» com a aula «Liberdade, querida liberdade: canções de protesto, de intervenção e outras músicas», pelo Prof. Doutor Jorge Castro Ribeiro da Universidade de Aveiro, tendo prosseguido no sábado 22 de março com a aula sobre «"Quando pertencer ao povo o que o povo produzir": poder popular e socialismo durante a Revolução Portuguesa (1974-75)» pelo Prof. Doutor Ricardo Noronha do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

Ainda no dia 8 de março, o presidente da direção e a funcionária estiveram no Cinema Batalha no encerramento do 45.º Festival Internacional de Cinema do Porto organizado pelos confrades Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira

No dia 10 de março, no curso breve «# 32 – Porto Romântico, Lugar de Chegadas e de Partidas: migrantes e viajantes», organizado pelo Prof. Doutor Francisco Queiroz para a Câmara Municipal do Porto, e cujas sessões decorreram na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre «Viajantes e migrantes do Porto para outros portos. Figuras e factos relacionados com a partida do Porto para portos estrangeiros; os armadores de navios; os negociantes dos dois lados do Atlântico; os que ficaram do outro lado do mar e a marca que ali deixaram» (ver editorial).

 

No dia 14 o presidente da direção, o secretário da mesa da assembleia geral Dr. Henrique Guedes e a funcionária foram cumprimenta a associada honorária Prof. Doutora Cristina Petrescu que se deslocou a Famalicão para participar no Congresso Internacional «Camilo Castelo Branco, 200 anos depois», como oradora, moderadora e cantora, pois para além da sua própria comunicação sobre o tema, como professora de Língua e Literatura Portuguesa moderou alguns painéis e num concerto interpretou, acompanhando-se à viola, as canções “Stelele-n Cer”. Letra: Mihai Eminescu. Música: Nicolae Bretan; “Sara pe Deal”. Letra: Mihai Eminescu. Música: Vasile Popovici; “Noite Serena (A Barquinha)”. Letra: Camilo Castelo Branco/ José Sanches da Gama (o refrão). Música: José Doria; e "Perdida", Letra de Camilo Castelo Branco e Música de Cristina Petrescu.

 

No dia 15 de março no Centro Recreativo de Mafamude, Vila Nova de Gaia, J. A. Gonçalves Guimarães participou numa das habituais Conversas CRM, desta vez sobre «Camilo Castelo Branco obra poética e literária», em que igualmente participaram Cláudia Rocha ao piano e David Morais Cardoso que leu poemas do escritor.

No dia 18 no jantar-palestra promovido pelo Rotary Club Gaia Sul em que foi palestrante o confrade Dr. Manuel Moreira, na qualidade de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, sobre o tema «A missão social da Misericórdia de Vila Nova de Gaia». Estiveram presentes o presidente da direção e outros associados, ainda que em representação de outras entidades.

No sábado 22 a direção da ASCR-CQ esteve representada pelo seu vice-presidente, Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo e pelo vogal Dr. Manuel Nogueira na assembleia geral da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal, que teve lugar no Museu dos Coches em Lisboa e durante a qual foram eleitos os seguintes órgãos sociais para o quadriénio 2025-2029: mesa da assembleia geral - presidente: Luís Brito Correia (Grupo de Amigos do Museu do Oriente); primeiro secretário: Maria do Sameiro Barroso (Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia); segundo secretário: Fernando Valério (Grupo de Amigos do Museu da Pólvora Negra). Conselho fiscal - presidente: José Rocha de Abreu (Grupo de Amigos do Museu de Marinha); vogal: Sílvia Moreira (Grupo de Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior); vogal: António José Oliveira (Associação dos Amigos do Museu Alberto Sampaio). Direção - presidente: Maria do Rosário Alvellos (Grupo de Amigos do Museu do Oriente); vice-presidente: Luís Cabral de Oliveira (Liga de Amigos do Museu de Machado de Castro); secretária: Maria Leonor Marinho (Grupo de Amigos do Museu Nacional do Traje); tesoureiro: Domingos Rebelo de Andrade (Grupo de Amigos do Museu do Oriente); vogal: Joaquim Gonçalves Guimarães (Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana); vogal: Fernanda Maia (Grupo de Amigos da Casa- Museu Dr. Anastácio Gonçalves); vogal: João Faria (Liga de Amigos do Museu de Machado de Castro); vogal suplente: Luís Dinis Correia (Associação dos Amigos do Museu do Douro). Continuou assim a direção da ASCR-CQ representada nos órgãos sociais da FAMP, havendo ainda outros dos seus dirigentes nos órgãos diretivos de outras associações congéneres.

A sessão decorreu com notável sucesso, tendo sido exitosamente cumprida a ordem de trabalhos, que culminaram com a entrega de vários prémios a alguns museus, financiados pela Fundação Millenium BCP. Quando chegou a vez do Prof. Luís Manuel de Araújo falar como presidente da direção do Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arqueologia (GAMNA), apresentou aos presentes naquela sessão a ideia-convite para uma visita às vastas instalações internas, agora desnudadas, enquadrada no programa «Aberto para Obras», que permitirá aos visitantes saber em que estado se encontram os projetos das empreitadas e os planos para os futuros espaços. Depois, falando como vice-presidente dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana, justificou a ausência do seu presidente da direção, devido a uma realização cultural que decorreu no mesmo dia no Solar, em Canelas, no âmbito das atividades diversificadas que são regularmente aí organizadas, com uma significativa aceitação de muitos interessados. Entretanto, ficou estabelecido pela nova direção da FAMP que um dos projetos a levar a cabo seria uma viagem cultural ao estrangeiro que estivesse de acordo com os interesses dos seus membros, que seria visitar um país que dispusesse de grandes atrativos a nível de museus (Espanha, França, Itália, Grécia, entre outros) tendo colhido algum entusiasmo a hipótese de ser o Egito. Seguiram-se momentos agradáveis com o simpático almoço num restaurante próximo, que foi um animado convívio, após o que foram até ao Palácio da Ajuda para ver o espetacular Museu do Tesouro Real, sendo a visita conduzida pelo seu diretor, e no final combinou-se que no mês de setembro aquele egiptólogo iria lá falar de «Tesouros reais do antigo Egito», um tema bem propositado no contexto.

Ontem, dia 24 de março, decorreu no Solar Condes de Resende, presencial e por videoconferência, a assembleia geral da ASCR-CQ para análise, discussão e aprovação do relatório e contas da direção referente a 2024 e apresentação do respetivo parecer do conselho fiscal, os quais foram aprovados e que serão publicados na Revista de Portugal de novembro próximo.

 

Livros

 

A convite da Editora Bertrand o nosso associado Doutor Joaquim Armindo Pinto de Almeida, publicista sobre temas religiosos, comentou recentemente a Autobiografia de Francisco – Esperança, no qual o papa conta «…as mais variegadas histórias da sua vida, filho de migrantes italianos, bem conheceu desde muito novo as agruras da vida, mas ao mesmo tempo que se tornou um presbítero, não negando a sua condição de criança, mas acentuando-a. Francisco salienta, portanto, que “O verdadeiro amor é inquieto”, dando um contributo essencial para a compreensão do que é ser cristão ou cristã, e fala a todos os homens e mulheres daquilo porque se “inquieta”. (…) Ao longo das suas 350 páginas Francisco o bispo de Roma e papa – como quer ser chamado – escreve um livro que qualquer homem ou mulher de boa vontade deverá ler e saborear».



No passado dia 8 de março a direção do FAPAS (Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade) na sua sede em Pedroso, Vila Nova de Gaia, procedeu ao lançamento do livro Núcleo Português de Estudos e Proteção da Vida Selvagem – 1974-2024 I 50 anos, apresentado por Eugénio Rietsch Monteiro, primeiro presidente da AG do NPEPVS, José Alberto Rio Fernandes, atual presidente da AG da FAPAS e o confrade Nuno Gomes Oliveira, antigo secretário-geral do NPEPVS e atual presidente da direção da FAPAS.

 

O Grémio Literário em Lisboa, instituição protocolada com a ASCR-CQ, atribuiu recentemente à Professora Doutora Teresa Pinto Coelho, professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, o Prémio Grémio Literário 2024 pelo seu livro Eça de Queirós no Egipto e a Abertura do Canal de Suez, publicado pela Tinta da China em outubro passado, o qual será objeto de uma recensão crítica pelo egiptólogo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo a publicar no próximo número da Revista de Portugal.

 

Exposições

 

Entre 22 de fevereiro e 14 de março esteve patente ao público no Pavilhão Municipal de Fânzeres a exposição de escultura «Pedra com Vida» do confrade António Pinto, organizada pela ARGO – Associação Artística de Gondomar.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 199, terça-feira, 25 março de 2025; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães; redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: António Manuel S. P. Silva; Cristina Petrescu; Luís Manuel Araújo.