sábado, 25 de dezembro de 2021

Eça & Outras

 N.º 160

O desconhecido sábio da minha rua

  Nesta estrada larga da vida passamos por muita gente em quem não reparamos, nós e eles metidos nos nossos mundos particulares. Quando nos lembramos do quanto poderíamos ter tido algum humano gosto se tivéssemos parado a conversar com eles na esquina, já é tarde, a roda do tempo já desandou e eles já cá não estão. Vem-nos então uma certa vontade de rebobinar a fita do tempo, puxar atrás o filme da nossa existência, mesmo sabendo que tal sempre será uma míngua da realidade e, quantas vezes, uma quase completa ficção motivada pela perda de pedaços do tempo que poderiam ter sido mais belos. Fazemo-nos então reparadores de factos passados com todos os equivocos que daí advêm, pois para eles reconstruímos palcos, repintamos cenários, inventamos falas e queremos que os enredos terminem em apoteoses. Esta é a pecha dos literatos. Nós, os historiadores, somos mais aprendizes de sacerdotes de Chronos, os únicos capazes, através de rituais próprios, muita insistência e adequados incensos, de ressuscitarmos aqueles que por nós passaram, para os voltarmos a trazer ao proscénio da vida. Ainda que por um novo breve instante.

  Todo este bocado de prosa surgiu porque o meu amigo Tony Klauf, mago do Ilusionismo, sem saber e sem querer (que o assunto era outro) me veio recordar que na rua da minha infância havia um sábio com quem nunca falei, mas de quem seguia com curiosidade os raios da sua aura que os vizinhos dispersavam em vaguíssimas alusões. Dele recordo a figura corpulenta, face bondosa quase sempre distante, cigarrilha no canto da boca, a originar um certo trejeito de olhos pisquentos, gabardine castanha sazonal, carregando duas amplas pastas de couro, uma de cada lado, que volta e meia pousava no chão para acariciar uma nossa gata gorda e ladina a quem dispensava regularmente tal familiaridade no trajeto entre a casa onde vivia e a paragem do elétrico (e depois do trólei) que o levavam e traziam do Porto, onde se dizia que dava aulas, mas ninguém sabia dizer ao certo em que academia, e por ali não havia aluno seu que o esclarecesse. Morava na casa do senhor Alberto alfaiate, que pouco tempo antes da sua morte descobriu que o sábio era seu pai e assim o divulgou urbi et orbi para espanto da vizinhança, que entre outras estorietas contava que o professor (assim o referiam e toda a gente logo sabia de quem se tratava) só estivera casado quinze dias até que a esposa fugiu irritada por todos os dias acordar com a cama conjugal pejada de livros. Os poucos que iam lá a casa, na rara oportunidade de tirar medidas para um novo fato ou para uns calções mais elegantes ou calças tipo golf, ficavam abismados com a quantidade de estantes a treparem pelas paredes das escadas de vários andares acima, ajoujadas de livros e revistas, não ao alto, como na biblioteca do liceu, mas deitados, empilhados uns sobre os outros, tantos eles eram. E, pelo meio, em vitrinas, estranhos aparelhos com ponteiros e quadrantes que certamente mediriam enigmáticos valores.

  Vim mais tarde a saber que “o professor” era o Dr. Mário de Morais Afonso, licenciado em Ciências Filosóficas pela primeira Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que foi, pelo menos, professor do Instituto Industrial do Porto, esteve ligado à Escola Moderna desta cidade, de inspiração anarquista, e que terá chegado a trabalhar com o Professor Santos Júnior na Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia então sediada na Faculdade de Ciências. Mas para que quereria ele o baú de aparelhos e truques de Ilusionismo fabricado por um nome de referência na Arte do início do século XX e que um dia, após muita insistência, vendeu a Tony Klauf?

A geração formada naquela primeira faculdade era bastante erudita, mas também demasiado eclética, conforme se pode verificar pelas obras e trabalhos que publicaram os seus professores e alunos, aliás na velha tradição dos deslumbrados enciclopedistas tardios do século XIX, quase que diríamos incapazes de se fixarem numa só ciência, de se especializarem. Sobre tal até Eça de Queirós escreveu a propósito do seu antigo professor Ramalho Ortigão, quando em determinada época «…o seu trabalho tinha… a irregularidade da sofreguidão: ia do socialismo à astronomia, da história à química, lendo hoje um estudo sobre o Jubileu de Bonifácio VIII, amanhã um compte-rendu sobre a refinação dos açúcares. Enchia-se de noções, de factos, de pontos de vista, de ideias» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas). E quantos eu tenho, entretanto, assim conhecido, mestres e discípulos de uma nunca consistente “Escola de Antropologia do Porto”?

Já nos anos oitenta do século passado, após a morte do professor, o alfaiate, seu revelado filho, vendeu a biblioteca a um alfarrabista de Braga, dispersando-se assim um espólio interessantíssimo reunido durante décadas, à excepção de algumas obras compradas por alguns avisados que moravam perto. A casa onde vivia foi demolida bem assim como outras antigas existentes na mesma rua, que hoje não passa de mais um local incaraterístico. A sua memória foi-se apagando e iria desaparecendo aos poucos não fora um acaso fortuito ter lançado nestes dias pontes de convergências diversas entre Tony Klauf e o Ilusionismo, António Manuel Silva e a Arqueologia, Nuno Oliveira e a Biologia e as memórias de infância do autor destas linhas. Havia efetivamente um sábio na rua da minha infância, mas por agora só estas recordações de cada um dos nomeados o voltaram a trazer ao convívio possível que a História proporciona.

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Autores, livros e revistas


Ricardo Charters d’ Azevedo, que tem dado à estampa diversas obras monográficas sobre Leiria e a sua região, acaba de publicar uma nova edição de Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, descrições das Terras do Lis nos séculos XVI e XVII, a partir de uma cópia de 1898, com um exaustivo estudo prévio sobre esta curiosa obra e as informações que disponibiliza aos leitores de hoje.



No passado dia 2 de dezembro no Palacete Araújo Porto da Santa Casa da Misericórdia do Porto, foi apresentado por Francisco Ribeiro da Silva, mesário para a Cultura, o volume com 484 páginas das Atas do V Congresso da instituição, o qual decorreu em março de 2020. Com uma comissão científica composta, entre outros, por Francisco Ribeiro da Silva, António Barros Cardoso, Jorge Fernandes Alves e José Manuel Tedim, o volume abre com o texto «Misericórdia, Liberdade e Património» pelo provedor António Tavares, e «Palavras de Apresentação do Congresso» por Francisco Ribeiro da Silva, a que se seguem as comunicações ali apresentadas, entre as quais, «Alguns Negociantes da Praça do Porto, Irmãos da Misericórdia no Período Constitucional (1818-1825)» por J. A. Gonçalves Guimarães (p. 103-120); «As Misericórdias na Conjuntura Crepuscular da I República: o I Congresso das Misericórdias (1924)», por Jorge Fernandes Alves (p.139-156); «O “Álbum da Sancta Casa da Misericórdia do Porto”, Fonte Histórica e Objeto Artístico», por Nuno Resende (p. 231-250); «Mercadores de Vinho do Porto, Beneméritos da Santa Casa (Século XVIII) – Fortaleza de Fé Manifestada em Boas Práticas», por António Barros Cardoso (p. 341-350); e terminando com «A Santa Casa da Misericórdia do Porto nos inícios da Restauração (1640-1650): Conflito Laboral com o Cirurgião Sucarelo e Suspeitas de Fraude na Eleição do Provedor» por Francisco Ribeiro da Silva (p. 459-479). Foi aí anunciado que o VI Congresso decorrerá em 2023.
     

Acaba de ser divulgado o e-book Sepulturas escavadas na rocha da fachada atlântica da Península Ibérica. Atas do Congresso Internacional que decorreu em 19 e 20 de outubro de 2017 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Coordenado pelo Professor Mário Jorge Barroca e editado pelo CITCEM, entre os muitos trabalhos publicados sobre o tema apresenta o estudo «As sepulturas escavadas na rocha do Castelo de Crestuma (Vila Nova de Gaia, Norte de Portugal). Contexto e problemática» da autoria de António Manuel S. P. Silva, Laura C. P. Sousa, Paulo A. P. Lemos e Filipe M. S. Pinto, arqueólogos da equipa da intervenção arqueológica no Castelo de Crestuma organizada pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR – Confraria Queirosiana.


No passado dia 10 de dezembro foi lançado na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto o 2.º volume da sua coleção “Memória Perecível” intitulado O Mundo que Vivi, tal como o colóquio organizado em 2015 por esta centenária instituição e que terminou em julho do ano seguinte. Apresentam-se agora publicadas as intervenções feitas nesse âmbito por César Príncipe, Fernanda Gomes e Júlio Gago. Memórias de outros tempos mas ainda presentes nestas primeiras pessoas.
 

Mário Cláudio

         Na sequência da edição em Espanha do livro Buenas noches señor Soares, no passado dia 14 de dezembro na Livraria Lé em Madrid decorreu «Uma Conversa com Mário Cláudio» integrada nas sessões “Diálogos com a Literatura” promovidas pelo Instituto Camões e a Embaixada de Portugal. No dia 18 de dezembro, na Biblioteca Municipal de Amarante, pólo de Vila Meã, este autor apresentou a sua recente obra Embora Eu Seja Um Velho Errante integrada no ciclo «Encontros com Autores», e que teve como enquadramento a inauguração da exposição «Cadernos, cartas, papéis e notas de um velho errante» pertença do autor.

Brasil

Alberto Rostand Lanverly; foto Felipe Camelo
Alberto Rostand Lanverly; foto Felipe Camelo

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas, Brasil, conferiu recentemente ao Professor Engenheiro Civil Alberto Rostand F. Lanverly de Melo a Comenda Professor Engenheiro Civil Hermano Cardoso Pedrosa «pelos relevantes serviços prestados à Engenharia, Agronomia e Geociências alagoanas». O agraciado é atualmente o presidente da Academia Alagoana de Letras.


Acaba de ser publicado no Brasil um novo livro de Mário Cláudio intitulado Um sopro em Nazaré e outros contos de Natal pela editora Pontes, Campinas, São Paulo, o qual reúne textos anteriormente dispersos por antologias, jornais e revistas.
 

Cinema

Eça de Queirós no Auditório de Gaia

         No passado dia 25 de novembro, dia de aniversário de Eça de Queirós, foi exibida no Auditório Municipal de Gaia a longa-metragem O Nosso Cônsul em Havana, do realizador Francisco Manso, filme muito belo – como é timbre das realizações deste cineasta – que recria a passagem ficcionada de Eça de Queirós por Havana enquanto cônsul em Cuba em 1872-1874, com viagem intercalar ao Canadá e Estados Unidos da América. Desta experiência profissional e política resultaram o relatório «A Emigração como Força Civilizadora», publicado a primeira vez apenas em 1979 por iniciativa do jornalista Raúl Rego; a novela O Mandarim (uma subtil vingança intelectual contra o status quo internacional); e as suas relações, ainda hoje mal conhecidas, com a estadunidense Mollie Bidwel recriada no filme e de quem chegou a estar noivo, e com a dinamarquesa Anna Conover, então ainda casada e curiosamente aqui omitida, relação essa que haveria de perdurar até ao fim das suas vidas.

Cursos

História – Património - Turismo

         Prosseguirá no próximo mês de janeiro no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Historia, Património e Turismo, presencial e por vídeo conferência. Assim, no sábado dia 8, como habitualmente entre as 15 e as 17 horas, terá lugar a 7.ª sessão intitulada «Ao Sabor de Portugal – Rotas de Turismo Gastronómico» pela Prof.ª Dr.ª Olga Cavaleiro, do Instituto Politécnico do Porto e no dia 22 a 8.ª sessão pelo Dr. Luís Pedro Martins, presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal

Escultura


No passado dia 27 de novembro o escultor Hélder de Carvalho apresentou ao público a sua mais recente obra, desta feita a estátua em meio corpo em bronze patinado do patrono da Fundação Eng.º António de Almeida, inaugurada na sua sede na cidade do Porto. São já numerosas as obras deste escultor espalhadas pelos espaços públicos e privados de Braga, Lisboa, Porto, Póvoa de Varzim, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Gaia, onde tem o seu ateliê. E outras terras do país.
 

Exposições

Água Fresca. Exposição de Cerâmica Popular Portuguesa

         No Solar Condes de Resende continua patente ao público esta mostra de dezenas de peças recolhidas por Armando de Mattos em 1938 para a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, e desde então acrescentadas com novas peças dos centros oleiros de Nisa, Bisalhães, Estremoz, Barcelos, Ossela, Açores, Loulé, Felgar, Caldas da Rainha e outros espalhados pelo país, tendo alguns destes núcleos sido já estudados e publicados por investigadores do Gabinete de História, Arqueologia e Património, cuja bibliografia também aqui se disponibiliza.  

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Eça & Outras; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

 

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Eça & Outras

Festas de Natal da minha escola primária

         Sou um daqueles que guardam com apreço e inalterável afeição as recordações da sua escola primária. Situada ao fundo da rua onde vivia, voltada para a grande avenida, ficava a cinco minutos a pé de casa. Sendo eu oriundo de uma família tradicionalmente católica, a escola era evangélica, mas uma das suas virtudes que rapidamente assimilei foi a do horror a qualquer discriminação. Entendiam ali que cada um, no seu foro íntimo, privado ou familiar, era o que lhe ensinaram a ser, pelo menos até à emancipação, mas publicamente todos deveríamos ser iguais e solidários. Essa era a grande mensagem do seu fundador, o industrial têxtil de origem inglesa Diogo Cassels, que por vontade própria se fez benemérito e pedagogo e depois clérigo da Igreja Lusitana. Outra lição que deixou foi a de que a riqueza, sempre fruto do trabalho, devia ser reinvestida para se multiplicar e ser partilhada com os que pouco ou nada tinham. E ajudar a prepará-los para a vida, como bons cidadãos e trabalhadores capazes de proverem ao seu sustento e ao dos seus. Quando morreu em 1923 foi este o carisma que deixou na escola que fundou e que eu frequentei. Para além desta aura, pouco mais ali havia diferente das outras escolas: as professoras também eram idosas e o programa era o b-a-bá oficial. Os rios e os afluentes. As estações do caminho-de-ferro. As províncias ultramarinas. O instrutor de ginástica fardado de legionário e as catequistas católicas que as autoridades concelhias impunham, o primeiro a todos os alunos, as segundas, em reprise da catequese da paróquia católica de Mafamude, apenas aos alunos desta confissão dominante, que assim tinham duas doses semanais de catecismo romano, não fossem eles ficarem contaminados pelo luteranismo. A ideia que me ficou é que as autoridades civis, nomeadamente as ligadas ao ensino, respeitavam a Escola do Torne, talvez pelos seus princípios republicanos e beneméritos do Senhor Dioguinho, que era tido como santo, não só pelos que ainda o tinham conhecido, mas também pelos bons resultados que os alunos da sua escola continuaram a obter nos exames oficiais. Mas pelas autoridades religiosas católicas locais nem por isso: os alunos do Seminário de Trancoso, quando em grupos de dois iam passear as suas negras sotainas até ao Porto, eram instruídos para que, quando passassem em frente da Escola do Torne, deveriam virar a cara para o lado oposto em sinal de repúdio. Mas isso era lá com eles. Nós gostávamos da nossa escola, mesmo com uma ou outra reguada por lição mal estudada. Mas, pensando melhor, afinal havia ali algumas diferenças no ensino: a D. Francelina, professora da segunda e da quarta classes, mais nova do que as outras, falava-nos do Rei Ramiro e do Castelo de Gaia e certas manhãs, quando a grande porta se abria e por ela víamos entrar o Joaquim Pina Cabral, que já trabalhava naquela coisa recente que era a Rádio Televisão Portuguesa, era recebido com uma estrondosa salva de palmas, porque a seguir, montada a máquina de projetar, lá vinham os filmes de Charlie Chaplin, do Bucha e Estica e outros. Um regalo para nós.

         Outra realização muito esperada no calendário escolar era Festa do Dia de Natal. Na manhã do normalmente gélido dia 25 de dezembro a sala grande da escola apresentava-se diferente, com cadeiras destinadas ao bispo Senhor Fiandor, ao Senhor Soeiro do relatório da Associação dos Antigos Alunos, às autoridades da Câmara Municipal e da Delegação Escolar, aos pais e outros convidados, às professoras e aos alunos. Depois de uns discursos muito aplaudidos, lá vinham alguns alunos declamar versos, depois a moralizadora peça de teatro histórico, para a qual os diversos papéis eram distribuídos conforme as posses dos pais para alugarem o traje no Jaime Valverde. Por isso uns iam de reis, outros de mendigos. E o Madureira foi de Rainha Santa, que a escola não tinha meninas. Um ano houve cantoria, ensaiada por um senhor velhinho que usava chapéu, tocava harmónio e morava perto, que depois descobri que se chamava Armando Leça e era maestro e compositor. Canções de Natal. Mas o melhor de tudo eram os envelopes com os prémios em dinheiro, dados em nome de pessoas com nomes estrangeiros, como o de Horace Arnesby da Casa Sandeman que me calhou. O nosso tempo era então lento e esperançoso e por isso ficamos para sempre colegas de escola, na mesma ou adversária equipa de jogo de futebol de rua, antes que a rebeldia juvenil nos juntasse um dia mais tarde nos Jovens do Torne para tentarmos dar a volta ao mundo e à vida, enquanto recitamos Neruda, Brecht, Daniel Filipe, Mayakovski, e eu descobria Rendes de Carvalho, supondo então que deveria ser um jovem escritor cabeludo disfarçado de adequado “caixa d´óculos” pelo editor, enquanto cantávamos Zeca Afonso, Adriano e outros cantautores e Abril não chegava, apanhando-nos um dia na tropa ou noutras paragens europeias. De um modo especial a vida sorriu-nos, mas nunca esquecemos os que «vivem em buracos ignorados, dormem pelos bancos, escondidos nas sombras dos entulhos… comem de vez em quando; têm todas as dores que dá o frio, todas as agonias que dá a fome; … desejam o hospital como um refúgio, e um dia…» (Eça de Queirós, Uma Campanha Alegre). Apesar de tudo o que este texto, passados cento e cinquenta anos, ainda mantém de tristemente verdadeiro, dele excluímos que os pobres já não são «acolhidos pelos cocheiros na palha das cavalariças», por já não haver cavalariças; também não «andam sob o terror da polícia» porque esta geralmente se humanizou, e já não se vêm que «embrulhados numa serapilheira, são deitados à vala». Mas para melhorar o enorme resto de quanto tempo ainda precisaremos?

         Deixem-me regressar à escola da minha infância ao fundo da rua onde morava. E recordar a lição de Diogo Cassels, de que o que afinal verdadeiramente importa na vida é aquilo que partilhamos com os outros e que a todos faz falta. E entre outras coisas que a vida nos trouxe, as afetuosas memórias daquelas festas das manhãs de Natal.   

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

Capitulo da Confraria Queirosiana 2021

Aspeto do capítulo; fotografia de Fátima Teixeira

Como habitualmente e desde 2003 (com a exceção de 2020, o primeiro ano da pandemia) a associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana comemorou no passado sábado dia 20 de novembro o aniversário de Eça de Queirós, realizando o seu capítulo anual, este ano e pela primeira vez a partir das onze da manhã, quando os associados, confrades, convidados, individualidades, autoridades e outras instituições ali se deslocaram para o efeito, tendo-se dirigido em cortejo até ao salão nobre onde foram recebidos num primeiro momento musical interpretado por Iris Lopes, Joana Couto e Maria João Bernardino, violinos; Sara Barbosa, contrabaixo e Carla Quelhas, piano, todas professoras e alunas da Escola de Música de Perosinho que interpretaram o 1.º rondeau da suíte Adbelazer de Henry Purcell (1659-1695), após o que o presidente da mesa da assembleia geral, Cesar de Oliveira, apresentou e saudou as instituições presentes. 

Seguidamente o presidente da direção, José Manuel Tedim, fez uma breve alusão às atividades realizadas no presente ano pela associação e o secretário da direção J. A. Gonçalves Guimarães referiu-se aos associados e confrades que se distinguiram ou foram galardoados no presente ano, quer como cidadãos, quer como profissionais nas áreas sociais e políticas, na obtenção de graus académicos ou empregos, na publicação de livros e produção de obras, ou através de distinções públicas. 

         Na ausência de Luís Manuel de Araújo, diretor da Revista de Portugal, forçada por motivos de saúde, o secretário convidou os presentes a verem a apresentação do n.º 18, nova série, gravada on line, mencionando ali apenas os autores que colaboraram no presente número.

Seguiu-se um novo momento musical no qual Sara Barbosa em contrabaixo e Carla Quelhas ao piano, interpretaram o allegro da Sonata n.º 6 de Benedetto Marcello (1686-1739), procedendo-se depois à insigniação dos novos confrades: Dr.ª Ana Maria Alves Casas, administradora e acionista de sociedade comercial no grau de leitora; Dr. José Manuel Pedrosa Moreira, professor do Ensino Secundário e o Doutor Adrião Pereira da Cunha, historiador e produtor de vinho Verde, ambos no grau de louvados; e a Prof.ª Dr.ª Olga Cavaleiro, professora de Gastronomia e presidente da direção da Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal, como confrade de honra no grau de mecenas, que agradeceu em nome dos novos confrades e de si própria a distinção que lhe foi concedida. Encerrou a sessão a vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eng.ª Paula Carvalhal, aludindo à boa parceria entre a autarquia e a ASCR-CQ, a que se seguiu um terceiro momento musical no qual Mariana Lebre em violoncelo e Carla Quelhas ao piano interpretaram a Elegie de Gabriel Fauré (1845-1924).

Os confrades dirigiram-se em seguida ao jardim das Camélias onde depuseram uma coroa de louros na estátua de Eça de Queirós ali existente, sendo na ocasião recordadas pelo diretor da instituição as suas passagens por esta Casa. De novo no seu interior, a vereadora Pula Carvalhal procedeu à abertura da exposição «Água Fresca: Cerâmica Tradicional Portuguesa do Solar Condes de Resende», que ficará patente ao público nos próximos meses.

Seguiu-se o almoço de confraternização no pavilhão do Solar, com a atuação do guitarrista José Bordelo e do grupo cantante “Eça Bem Dito”, que entoou canções da Belle Èpoque.

História – Património - Turismo

Tendo tido início a 16 de outubro, prossegue no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Historia, Património e Turismo, o 29.º desta instituição, desde 2003 realizados em colaboração com a Academia Eça de Queirós da ASCR – CQ. Assim, no próximo dia 27 de novembro, entre as 15 e as 17 horas, presencialmente e por videoconferência, o Prof. Doutor Barros Cardoso falará sobre «Turismo Enófilo» e a 4 de dezembro, o Professor Doutor José Alberto Rio Fernandes apresentará o tema «Turistas na cidade e cidade de turistas». No dia 11, o Prof. Dr. D. Américo de Aguiar dissertará sobre «Turismo religioso».

Nos passados dias 4 e 5 de novembro, no Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (CLP-FLUC), em colaboração com a Facoltà di Interpretariato e Traduzione da UNINT - Università degli Studi Internazionali di Roma, decorreu um colóquio sobre «Viagens e Diplomacia. Um olhar sobre o Mundo» centrado em Eça de Queirós como diplomata e viajante, de cuja comissão científica fizeram parte, entre outros, Carlos Reis e Ana Teresa Peixinho, da Universidade de Coimbra, que apresentaram, respetivamente, as comunicações «Eça de Queirós ou o escritor como diplomata» e «Newcastle-on-Tyne, o primeiro posto consular europeu». Entre os muitos outros oradores das universidades Estadual de Londrina, Federal do Paraná, Firenza, La Sapienza, Minho, Napoli “I Orientale”, Roma Tre, São Paulo, e Torino, Annabela Rita da Universidade de Lisboa falou sobre «A fenomenologia da preocupação em Eça de Queirós». Numadas sessõs foi também lançada a obra «Eggitto. Appunti di viaggio» de Eça de Queirós, tradução de Federico Giannattacio.

Livros e Revistas

No passado dia 20 foi apresentado no capítulo da Confraria Queirosiana o n.º 18 da Revista de Portugal. Dedicada aos 150 anos do passamento de Júlio Dinis, conforme está devidamente referido no editorial assinado por um dos diretores-adjuntos, segue o artigo «Uma Coleção Internacional de Pratos-souvenir no Solar Condes de Resende», de J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães, seguido de «As Pequenas Diferenças» de Jaime Milheiro. Este número consagra uma parceria que se prevê frutuosa entre a associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana e a Academia Alagoana de Letras, aqui expressa pelos artigos de três dos seus académicos; «Nas Asas da Esperança, uma Academia Centenária», por Alberto Rostand Lanverly, «Os Dois Melros» por Carlos Méro, e cinco textos de Diógenes Tenório de Albuquerque Júnior. Prossegue depois o levantamento dos «Hotéis Queirosianos. Grande Hotel do Porto» de Maria Iolanda Pinto Sanches Ferreira de Almeida, e uma recensão sobre «J. A. Gonçalves Guimarães, Eça & Outras. Crónicas Queirosianas» por Luís Manuel de Araújo. Como habitualmente a revista apresenta a Bibliografia dos associados e confrades (referente ao ano 2020), organizada por Celeste Pinho, a que se segue o «Relatório de atividades…» referente ao mesmo ano e o «Acordo de Cooperação entre os Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (ASCR-CQ) e a Academia Alagoana de Letras (AAL).

        


No dia 28 de outubro a Academia Alagoana de Letras fez 102 anos de existência. Assinalando a efeméride foi lançado o n.º 25 da sua revista, que apresenta colaboração dos confrades queirosianos Ricardo Charters d’ Azevedo, «Faz 200 anos este ano que a Inquisição foi extinta»; de Maria Teresa Girão, «Corpo e Alma» (poema), e de J. A. Gonçalves Guimarães «De braço dado pelo Brasil com Eça e Dagoberto», iniciando-se assim a colaboração transatlântica que acima referimos também partilhada no nº. 18 da Revista de Portugal.

 

Os nomes Aurélio da Paz dos Reis, Alvão, Beleza, Medina e muitos outros, que desde o século XIX encontramos na cidade do Porto, recordam-nos que esta cidade está indiscutivelmente ligada à História da Fotografia em Portugal, todos eles aparecendo na obra «Prontuário de Fotógrafos e Casas Comerciais de Fotografia no Porto (~1840~1980)», editado como e-book pelo CITCEM, mas que em breve estará impresso em edição em papel. Livro indispensável para a história da Fotografia e da sua indústria e comércio, mas também com importantes pistas para os investigadores da iconografia, da antropologia física, dos trajos e costumes, dos monumentos e paisagens, da publicidade e do imaginário portuense e da região envolvente fixados em imagens fotográficas.

Tendo como revisores científicos, entre outros, António Barros Cardoso (UP-Faculdade de Letras); Francisco Ribeiro da Silva (UP-Faculdade de Letras); J. A. Gonçalves Guimarães (Solar Condes de Resende); e Nuno Resende (UP-Faculdade de Letras), acaba de ser publicado o n.º 8 da revista «Douro, Vinho, História, Património, Wine, History and Heritage» 2019, dedicado ao Professor Doutor Alberto Vieira (1956-2019), ex-diretor do Centro de Estudos de História do Atlântico – CEAH e um dos fundadores da Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho/ GEHVID, além de autor de numerosa bibliografia sobre a História vinícola, sobretudo a da Madeira. Entre os artigos publicados neste número, destaquemos o do diretor da revista, António Barros Cardoso, sobre «Contrabando e contrabandistas de vinho no Douro (1756-1770)», que igualmente assinou o In memoriam e o editorial.



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Eça & Outras, III.ª série, n.º 159, quinta-feira, 25 de novembro de 2021; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

 

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Eça & Outras

Bicentenário da Revolução de 1820

        
        No mesmo dia 12 de outubro em que o atual governo entregou na Assembleia da República o orçamento para 2022, escassas horas antes, pelas 17 horas, decorreu na sala do senado a abertura solene do Congresso Internacional do Bicentenário da Revolução de 1820, adiado desde agosto do ano passado devido à pandemia. A sessão foi aberta pelo Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que deu as boas-vindas aos congressistas, seguindo-se no uso da palavra o Presidente das Comemorações do Bicentenário do Constitucionalismo Português, Guilherme de Oliveira Martins, a Presidente da Comissão Organizadora deste congresso, Maria Halpern Pereira, tendo o discurso de encerramento sido proferido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lembrou que, passados duzentos anos, alguns dos ideais vintistas ainda são objetivos para os dias de hoje.

         Mas os trabalhos já tinham começado pela manhã em duas salas de reuniões do Palácio de S. Bento, abrindo assim um extenso programa, distribuído pelos seguintes temas: as revoluções na América do Sul; as revoluções na Europa do Sul; cortes e constituição; cultura e redes políticas de exílio; economia e finanças públicas; educação, cultura e ciência; estado e poderes periféricos; estado, igreja e religo; ideologias e correntes de pensamento político; indivíduos, grupos e movimentos sociais; linguagens, representações e opinião pública; nação e império; processo político: revolução e contrarrevolução, os quais viriam a ser desenvolvidos por dezenas de investigadores vindos de Portugal, da Europa e da América do Sul de muitas universidades e outras instituições académicas, para além de investigadores a título individual. Estiveram presentes representantes de: Agrupamento de Escolas de Vila Verde; Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Gabinete de História, Arqueologia e Património); Athens School of Fine Arts, (Department of Theory and History of Art); British School at Athens; Centro Universitário de Brasília; École Pratique des Hautes Études; Escola Superior de Educação do Porto; Hemeroteca Municipal de Lisboa; Instituto Politécnico de Bragança; Instituto Politécnico de Leiria; Instituto Politécnico de Viseu; Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE); Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Northumbria University; Queen Mary University of London; Universidad Autónoma de Madrid; Universidad Complutense de Madrid; Universidad de la República (Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación); Universidad de La Rioja; Universidad de Sevilla; Universidad del País Vasco/ Euskal Herido Unibersitatea; Universidad Nacional de Educación a Distancia; Universidade Católica de Pernambuco; Universidade Católica Portuguesa; Universidade da Madeira (Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais); Universidade de Aveiro; Universidade de Coimbra (Faculdade de Letras, CEIS20; Centro de História da Sociedade e da Cultura; Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos); Universidade de Évora (CIDEHUS); Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras, CLEPUL; Instituto de Ciências Sociais; Centro de História; Centro de Estudos Anglísticos, Instituto de Educação); Universidade de São Paulo (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas); Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Universidade do Minho; Universidade do Porto (Faculdade de Letras, CITCEM); Universidade dos Açores; Universidade Estadual de Londrina; Universidade Estadual do Maranhão; Universidade Federal de Juiz de Fora; Universidade Federal de Ouro Preto; Universidade Federal de São Paulo (Departamento de História); Universidade Federal do Espírito Santo; Universidade Federal Fluminense; Universidade Nova de Lisboa (Centro de Estudos de História Religiosa; Centro de Humanidades; Centro de I&D sobre Direito e Sociedade; Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, FCSH; FCSI; Faculdade de Direito; IHC); Universidade Pablo de Olavide; Università di Pisa (Dipartiment di Civiltà e Forme del Sapere); Universitat de Barcelona; Universitat de València; Universitat Rovira i Virgili.

         Destas instituições vieram nomes consagrados da historiografia nacional e internacional, mas também muitos jovens investigadores que revisitaram os temas propostos ou trouxeram novidades esquecidas nos arcanos da História sobre uma realidade por nós ainda hoje vivida, e desejada noutras latitudes geográficas e ideológicas: a responsabilidade individual e coletiva vivida numa liberdade convencionada, consentida e consensualizada. O autor destas linhas, no dia 12 na Fundação Calouste Gulbenkian, numa sessão coordenada pelos professores Jorge Fernandes Alves e Viriato Capela, recordou na comunicação «Os negociantes da praça do Porto e a Revolução de 1820» que a mesma não foi levada a cabo apenas por jurisconsultos e militares, mas também pelos representantes das forças produtivas da região, os armadores-negociantes que se iniciavam então na indústria. No dia 13 o congresso encerrou com uma mesa redonda que teve a participação de Miriam Halpern Pereira, Gabriel Paquette e Guilherme d’ Oliveira Martins, dissertando sobre «O Antigo Regime em questão: continuidades e mudança».

         Eça de Queirós, de certo modo ele próprio imbuído do perdurar dos valores vintistas – seu pai nasceu no Rio de Janeiro, onde seu avô se encontrava ao serviço da Corte de D. João VI, o qual em 1828, já em Portugal, viria a ser o mentor da revolta de Aveiro e depois do Porto contra o absolutismo miguelista, o que levou a que fosse condenado à morte, felizmente não concretizada – ainda muito jovem escreveu: «As revoluções sociais são revoluções de princípios: é a antiga luta da luz com a sombra, e de Deus com Satã; é a liberdade que quer expulsar o privilégio; a razão que quer expulsar o preconceito; a justiça que quer substituir o arbitrário; a lei que pretende excluir a vontade. É uma nobilíssima luta em que vêm para a arena os grandes sentimentos, as fecundas dedicações, as nobres esperanças e os santos heroísmos. Pretende-se então reformar. Pretende-se extinguir o sofrimento social causado pela política deplorável dos herdeiros das tradições: pretende-se que todos tenham a igualdade, a abundância, o bem-estar, o trabalho livre, a propriedade respeitada. Pretende-se enfim aquele decálogo social que é o evangelho da democracia moderna, como foi outrora o código da velha liberdade. Código austero então; doce evangelho hoje!» (Eça de Queirós, Distrito de Évora, 1867).

As atas deste congresso deverão aparecer em tempo breve ficando assim uma memória criativa deste bicentenário que irá continuar a ser recordado em outras das suas consequências: o constitucionalismo, a extinção da Inquisição, a independência do Brasil, a vontade de um constante aperfeiçoamento do indivíduo e da sociedade formando comunidades livres e solidárias.

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

História – Património - Turismo

No passado dia 16 de outubro, com uma aula sobre «Le Grand Tour e o fenómeno do turismo de massas» pelo Prof. Doutor José Manuel Tedim, abriu este curso livre no Solar Condes de Resende e também por videoconferência, o qual contou com a presença da vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eng.ª Paula Carvalhal, que na ocasião referiu a já longa tradição destes cursos na programação deste equipamento municipal, de que este é o 29.º curso. Seguiu-se no dia 23 a segunda sessão sobre «Roteiros Queirosianos e outros» pelo Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães. Prosseguirá no dia 6 de novembro com uma aula intitulada «Da jornada à viagem: o Turismo e a Literatura» pelo Prof. Doutor Nuno Resende

Entretanto a direção do Solar Condes de Resende e a Academia Eça de Queirós da associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana estão já a organizar o curso do próximo ano letivo que será integrado nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil e do centenário da Primeira Travessia Aérea Lisboa-Rio de Janeiro.

Investigadores do GHAP

         Vários historiadores profissionais do Gabinete de História, Arqueologia e Património (GHAP), ainda que convidados ou integrados noutras instituições, prosseguem a sua ação no levantamento, estudo e divulgação de variados temas nas áreas da História, Arqueologia, História da Arte, Património e outras especialidades, apostando também na realização de visitas guiadas a vários locais que as materializam. Assim, no passado dia 2 de outubro, José Manuel Tedim conduziu uma visita à igreja da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos subordinada ao tema «O porto de Miragaia, organizada pela confraria local. E no passado dia 23 de outubro, o mesmo investigador e professor de História da Arte, para a Associação Cultural Amigos de Gaia conduziu uma visita de estudo à capela de S. Mateus em Arnelas e a sua notável talha joanina.

         Entretanto no Castro da Madalena, Vila Nova de Gaia, terminou no passado dia 5 de outubro a segunda campanha de escavações arqueológicas, que pôs a descoberto duas casas castrejas, deixando assim adivinhar a existência de um povoado que deverá estender-se por toda a evidente colina. O projeto é conduzido pelo arqueólogo António Manuel Silva do Centro de Arqueologia de Arouca, com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, tendo a colaboração do Solar Condes de Resende. Os trabalhos foram visitados pela vereadora da Cultura da CMVNG, Eng.ª Paula Carvalhal, e pelo diretor do Solar e coordenador do GHAP, J. A. Gonçalves Guimarães.

Livros e Revistas


Atas do Congresso Douro e Porto – Memória com Futuro

            Foram recentemente publicadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, IP, no formato e-book, as atas deste congresso que decorreu entre 19 a 22 de julho passado, depois de adiado um ano devido à pandemia. Entre muitas outras comunicações, aí se apresentam os textos das seguintes: «O Vinho do Porto – um trunfo no jogo da diplomacia luso-britânica de Pombal», por Francisco Ribeiro da Silva; «Arte Publicitária dos Vinhos do Douro e do Porto: os artistas estrangeiros», por J. A. Gonçalves Guimarães; «Do Vinho do Douro ao Porto do Vinho», por António Barros Cardoso; «O Anuário da Região Duriense 1940: uma fonte para o estudo sincrónico do Douro», por Nuno Resende; «O Visconde de Beire produtor de Vinhos do Douro no século XIX – novos dados», por Suana Guimarães.

O Padre Luiz Cabral e Jorge Amado


No passado dia 1 de outubro, integrados numa homenagem ao Padre Luís Cabral, SJ (Foz do Douro 1.10.1866; Baía, Brasil 28.1.1939), foi lançado o livro O P.e Luiz Cabral e Jorge Amado. Dos estreitos limites do internato fui salvo pelo mar, da autoria do seu sobrinho-bisneto Manuel Novaes Cabral, edição de O Progresso da Foz, no qual descreve, com aparato documental, como o grande escritor brasileiro quando era menino sujeito ao cinzento programa de ensino num colégio jesuíta da Baía, jamais esqueceu as fascinantes lições deste seu professor de Literatura Portuguesa, um episódio pouco conhecido da sua biografia. Desta celebração do seu 155.º aniversário constou ainda o descerramento de uma placa evocativa na casa onde nasceu na rua que ostenta o seu nome na Foz, seguida de um Porto de Honra no Orfeão da Foz do Douro, ao Passeio Alegre.

Convento de Santa Clara, no Porto


    Numa ocasião em que o Convento de Santa Clara no Porto reabre ao público completamente restaurado, a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) acaba de lançar o primeiro de quatro livros da coleção “Património a Norte”, que lhe são totalmente dedicados, apresentando o resultado de dois anos de investigação histórica e patrimonial dos historiadores da Arte e professores da FLUP Cristina Sousa e Nuno Resende, os quais contribuem assim para um olhar mais íntimo sobre um dos mais belos monumentos da cidade do Porto. 

Colóquio Queirosiano

Nos próximos dias 22 a 27 de novembro vai decorrer em Lisboa o 6.º Colóquio Internacional Luso-Brasileiro e o 26.º Colóquio Eça de Queiroz, organizado pelo Centro Cultural Eça de Queirós de Telheiras, Lisboa, sob o tema «O Mundo novo pós-Pandemia», com sessões que decorrerão na Escola Secundária Eça de Queirós, Escola Secundária António Damásio, Junta de Freguesia de Telheiras e no Palácio da Independência. Entre muitos outros oradores estarão presentes a Prof.ª Doutora Annabela Rita, Arquiteto Campos Matos, Dr. Fernando Andrade Lemos e a Dr.ª M. Alda Salgueiro. 

Capitulo da Confraria Queirosiana 2021

No próximo dia 20 de novembro, sábado, a partir das 11 horas da manhã, vai realizar-se no Solar Condes de Resende o 18º Capítulo anual da Confraria Queirosiana. Não se tendo realizado no ano transato devido à pandemia, sido então simbolicamente substituído por uma videoconferência, este ano os Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana vão comemorar o aniversário de Eça de Queirós pela primeira vez a partir das 11 horas da manhã com a entronização de novos confrades, a que se seguirá o habitual almoço com animação, além de outros contributos queirosianos, no salão nobre, no jardim das Camélias e no pavilhão do Solar. Será também lançado o n.º 18 da nova série da Revista de Portugal, pela primeira vez com colaboração dos membros da Academia Alagoana de Letras do Brasil.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 158, segunda-feira, 25 de outubro de 2021; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.

 

sábado, 25 de setembro de 2021

Eça & Outras

Na Feira do Livro do Porto

          Este ano a associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana esteve presente na Feira do Livro do Porto pela primeira vez. Produzindo e publicando diversos títulos escritos pelos seus associados e confrades, e a Revista de Portugal, quis assim ir ao encontro de um público mais vasto e diversificado. Sendo também herdeira do Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia, fundado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1982, e da Cooperativa Afons’eiro (1987), que também publicaram diversas edições ainda hoje procuradas, como a revista Gaya e o Al-manak de Gaia, além de outras raridades, a continuação das edições exige a procura de novas oportunidades de divulgação, até porque o mercado livreiro mudou muito. Esta presença, para além da venda das edições referidas, teve também como objetivo a divulgação da associação, das suas atividades e dos seus propósitos a um público mais vasto, entre eles a vida, obra e consequentes reflexões de Eça de Queirós e da sua época, e dar a conhecer o Solar Condes de Resende como casa queirosiana internacional, congregando os interessados nestas problemáticas que ainda hoje nos rodeiam a estabelecerem uma rede institucional que a elas se dedique no mundo lusófono e internacional, contribuindo na medida das suas possibilidades para o apoio aos que as estudam, produzem textos e oportunidades para, compreendendo o passado, querem modernizar a sociedade pondo fim às suas misérias ancestrais.

       Durante a feira a direção organizou a sua presença através de turnos de atendimento com membros dos corpos sociais e investigadores dos seus projetos para atenderem os clientes e estabelecerem contatos, não apenas com o público em geral, mas também com profissionais da História e da escrita em geral, da imagem, das artes cénicas, editores e agentes culturais. Na duração dos seus quinze dias foi assim o que as feiras costumam ser: um local de convívio, de oportunidade de negócios, neste caso de edições raras ou recentes, mas também de acumulação de ideias para o que virá a seguir.

       Os jardins do Palácio de Cristal são um ótimo local para este evento organizado pela Câmara Municipal do Porto, que atraiu milhares de pessoas, tendo a organização sido eficiente. Já o mesmo não poderemos dizer do enquadramento dito cultural, sobretudo por falta de compreensão do que é, ou deve ser, uma feira, um local de festa, de alegria, de divertimento, de perspetivas de futuro. A programação foi entregue a uma empresa que deve ter uma estranha e deprimente ideia do que tal deve ser: começando logo pelo programa distribuído à entrada, impresso a prata sobre fundo vermelhão, o calendário de atividades era ilegível porque alguém deixou os designers à solta a fazerem coisas para a satisfação do seu ego. Depois, na maior parte do tempo, uma música ambiente experimental, mais adequada para uma visita de estudo noturna ao Cemitério da Lapa, mas não para uma ocasião destas. Quando muito apenas nas horas previstas para alguns criadores nos informarem da sua criatividade.

       Livros e suportes de texto e imagem havia-os para todos os gostos e bolsas, desde os livros raros e os clássicos, aos indispensáveis, os que fazem falta, os para ter, para ler e para trabalhar, mas também muito desabafo pessoal, memórias, versos e literatura de supermercado. Alguns autores presentes e apresentações na Capela de Carlos Alberto, excelente cenário para tal pelo seu intimismo, e uma extensa fila de gente com um livro da autoria de uma menina que tem um blogue de banalidades que certo público gosta muito, e que ali perto do lago dava autógrafos.

     No meio de tudo isto a cereja em cima de qualquer coisa que ainda está a ser digerida, a reabertura do Museu Romântico com o desaparecimento de cena dos seus objetos alusivos à denominação e a sua substituição por um conjunto d’“aquilos”. Este museu tem estado amaldiçoado em anos recentes: não vai há muito tempo que lá foi filmada uma sessão de culinária, não na cozinha a ser confecionada, ou numa sala de jantar a ser servida, como seria de esperar, mas numa sala com reposteiros, quadros e bibelots a assistirem ao refogado numa panela sobre um fogão ladeada por um chefe de cozinha e um presidente da Câmara. Não acreditam? Vejam nos arquivos, que deve lá estar. Depois gastaram um dinheirão a refrescar a museografia daquele atordoado cenário. Mas agora chegou a suprema ousadia performativa de quase só lá deixar uma folha de loureiro do herbário de Júlio Dinis, condimento insuficiente para os 150 anos do seu Romantismo tardio. Parece que só quatro tipos de público gostaram da gracinha: os que a encomendaram, os que a conceberam e uns sujeitos que sempre aparecem nestas circunstâncias a engraxar ao promotores para um dia mais tarde também terem a sua oportunidade para exibirem as suas bizarrias de efémero efeito destinadas ao fracasso. Mas o problema maior não é serem “avançados”, mas sim avençados.

   Mas então isto fica assim? Fica, pois já nem sabemos mimoseá-los com uma boa gargalhada. Já Eça o lamentava no seu tempo: «Eu ainda me recordo de ter ouvido, na minha infância e na minha terra, a gargalhada – a antiga gargalhada, genuína, livre, franca, ressoante, cristalina !... Vinha da alma, abalava todas as vidraças duma casa, e só pelo seu toque puro, como o do ouro puro, provava a força, a saúde, a paz, a simplicidade, a liberdade! Nunca mais a tornei a ouvir, esta gargalhada magnífica da minha infância. O que hoje se escuta, às vezes, é uma casquinada ou uma cascalhada (por ter o som do cascalho que rola), seca, dura, áspera, curta, que vem através de uma resistência como arrancada por cócegas e que bruscamente morre, deixando as faces mudas e frias. Eis a risada do nosso século!» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas). A deste é pior, pois é quase só um esgar e um encolher de ombros.

  Para o ano deveremos voltar à Feira do Livro do Porto, um excelente local e acontecimento que continua com potencialidades para ser um grande fórum cultural.

J. A. Gonçalves Guimarães

Curso livre sobre História – Património - Turismo


    A direção do Solar Condes de Resende e a Academia Eça de Queirós da associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana vão realizar o 29.º curso livre (2021/2022) sobre um dos fatores mais importantes da retoma económica, a área do Turismo Cultural, onde a História e o Património são a base indispensável. Com início a 16 de outubro, ao ritmo de duas sessões mensais, presenciais e por videoconferência, serão professores, entre outros, Prof. Doutor José Manuel Tedim sobre «Le Grand Tour e o fenómeno do turismo de massas»; Prof. Doutor Nuno Resende, «Da jornada à viagem: o Turismo e a Literatura»; Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães sobre «Roteiros Queirosianos e outros roteiros literários»; Professor Doutor José Alberto Rio Fernandes, sobre «Turistas na cidade e cidade de turistas»; Prof. Dr. D. Américo de Aguiar, sobre «Turismo religioso»; Prof.ª Mestre Olga Cavaleiro, sobre «Ao Sabor de Portugal – Rotas de Turismo Gastronómico»; Prof. Doutor Barros Cardoso, sobre «Turismo Enófilo»; Prof.ª Doutora Elisa Lessa, sobre «Turismo Musical»; Prof. Doutor Sérgio Veludo Coelho, sobre «Turismo Militar»; Prof.ª Mestre Fátima Teixeira, sobre «Hotéis queirosianos»; Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo sobre «O roteiro queirosiano do Egito e Terra Santa; Professor Doutor Carlos Costa sobre «Turismo como fator económico, social e cultural».

Livros e Revistas

  No passado dia 8 de setembro foi lançado em Lisboa o livro Homo Líder – Histórias de Homens Comuns, da autoria de Luís Filipe Menezes, médico e político, ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, editado pela Lisbon Press, depois também apresentado no auditório da Santa Casa da Misericórdia do Porto no passado dia 16. Segundo o autor, «este livro mostra a forma como convivi com homens e mulheres normais, que com mais ou menos merecimento chegaram ao topo.

Se ele servir para que cada vez mais cidadãos aceitem esta verdade como sendo inevitável e até desejável, estaremos sempre mais defendidos das tentações providenciais que procuram reeditar cenários passados, indesejáveis e inconsequentes».


    Também a 15 de setembro foi apresentado na Biblioteca Municipal Tomaz Ribeiro em Tondela o número 7 da revista D. Jaime: Cadernos de Cultura, de que é diretor o Dr. José Valle de Figueiredo.

«Por Ordem na História?»


 No passado dia 9 de setembro, pelas 21,30 horas decorreu por vídeo-conferência um colóquio sobre o tema em epígrafe, o 6.º Encontro com História organizado pela associação Histórias Sábias – Património Cultural, Arqueológico e Artístico, através da respetiva página do Facebook, para «debater a regulação da profissão de historiador e a sua credibilização».
Participaram como convidados André Varela Remígio, conservador-restaurador; Cristina Moscatel, historiadora e arquivista, J. A. Gonçalves Guimarães, arqueólogo e patrimoniólogo; e José Pedro Tenreiro, arquiteto e investigador em História da Arquitetura, tendo o debate sido moderado por Francisco Queiroz, historiador da Arte e genealogista.
Foram referidas as tentativas de organização profissional de historiadores e arqueólogos ao longo do tempo e debatida a pertinência da fundação de uma associação atuante contra os atropelos ao seu exercício profissional quer no setor público quer privado.

Museu Ubuntu Gaia

          No passado dia 11 de setembro, no Auditório do Centro Paroquial de Mafamude, Vila Nova de Gaia, com a presença da vereadora do Pelouro da Cultura, Eng.ª Paula Carvalhal, foi inaugurado o Museu Ubuntu Gaia, numa iniciativa do Instituto Padre António Vieira com o patrocínio da Câmara Municipal local. Dedicado às pessoas, falou na ocasião o historiador J. A. Gonçalves Guimarães sobre os gaienses constantes no livro Património Cultural de Gaia – Património Humano. Personalidades Gaienses, primeiro volume de um projeto em curso realizado pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ com a colaboração do Solar Condes de Resende e patrocinado pela autarquia. Na ocasião foram também apresentados outros gaienses que estão a liderar projetos atuais de cidadania e promoção social da comunidade. Aquele historiador passou a ter uma galeria com o seu nome no referido museu virtual, no qual, entre muitos outros casos de afirmação identitária local, também se podem visualizar doze entrevistas sobre gaienses singulares do passado através do endereço wwwgaia.museuubuntu.org.

Roteiros Queirosianos

            O Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, egiptólogo e vice-presidente da direção da ASCR-CQ, em colaboração com a empresa Novas Fronteiras, continua a dirigir viagens de estudo ao Próximo Oriente ( e também aos países do Mediterrâneo e do leste europeu). Assim, entre 18 e 30 de setembro estará no Cáucaso em viagem pela Geórgia e Arménia; entre 9 e 18 de outubro na Grécia e entre 28 de outubro e 7 de novembro, de novo no Egito, onde regressará entre 26 de dezembro e 3 de janeiro, para nova visita com festa de passagem de ano em cruzeiro no Nilo.

Amigos dos Museus de Portugal

          No passado dia 22 de setembro reuniram por videoconferência os corpos sociais da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal, da qual faz parte a associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, tendo em vista a organização de um encontro nacional no próximo ano. Entretanto no dia 24, com um jantar de associados, retomou as suas atividades públicas a Associação de Amigos do Museu do Azulejo em Lisboa, tendo estado presentes representantes daquelas duas primeiras entidades. O tema em destaque foi a necessidade de admissão de sócios jovens para renovação das associações aderentes a este ativo movimento cultural.

Homenagem a Carlos Reis

Nos próximos dias 27 de setembro, segunda-feira, ente as 14 e as 18 horas, e dia 28, terça-feira, entre as 9,30 e as 18 horas, decorrerá no Teatro Paulo Quintela, em Coimbra, um Colóquio de Homenagem ao Professor Doutor Carlos Reis, ex-professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e grande estudioso da obra de Eça de Queirós, promovido pelo Centro de Literatura Portuguesa daquela faculdade. A entrada é livre sujeita a inscrição prévia.

Jornadas Europeias de Património 2021

          No próximo sábado, dia 2 de outubro, decorrerá no Solar dos Condes de Resende de forma presencial e por videoconferência a partir das 15 horas uma sessão das Jornadas Europeias de Património 2021, organizadas em Portugal pela Direção Geral do Património Cultural, este ano sob o lema «Património Inclusivo e Diversificado», e localmente organizadas pelo Solar Condes de Resende com a colaboração do Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ. Do programa constam as seguintes participações: «As fábricas de Sulfureto de Carbono em Vila Nova de Gaia» por Cristiana Borges; «Transporte humano de cargas como modo de vida» por Tânia Ferreira; «A Coleção de Cerâmica Tradicional Portuguesa do Solar Condes de Resende» por J. A. Gonçalves Guimarães e Susana Guimarães; «A Villa Portela em Leiria», por Ricardo Charters d’ Azevedo; «O Leverense, um jornal republicano» por Maria de Fátima Teixeira; «Algumas escavações arqueológicas recentes em Vila Nova de Gaia» por Joaquim Ramos» e «O movimento associativo centenário», por Licínio Santos. Entre as sessões e no final haverá debate sobre os temas apresentados.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 157, sábado, 25 de setembro de 2021; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.