terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Eça & Outras 25 de dezembro de 2023

Brinquedos

Desde a Pré-história que os humanos acumulam objetos que nunca foram essenciais para a produção ou recoleção de alimentos nem para a construção de abrigos de sobrevivência contra as intempéries, mas aos quais dedicaram afetos, atenções, muitas das suas horas de vida e razões de viver. Uns chamar-lhes-ão objetos devocionais ou votivos, outros simbólicos, obras de arte, outras denominações. Se não serviam para diretamente lhes darem de comer ou para lhes protegerem o frágil corpo, serviam para entretenimentos vários, psicológicos, religiosos, culturais, sociais ou patológicos. Variados nos seus materiais e envergaduras, chamemos-lhe simplesmente brinquedos, pois, ao fim e ao cabo, todos se destinavam a isso mesmo, a serem utilizados como suporte material das suas angústias e orfandades, fossem elas biológicas, pessoais, sociais ou culturais, neste último caso quando têm suficiente carga informativa ou simbólica capaz de algum futuro.

Abandonado o conforto da fogueira, a pele de bicho peludo para dormir e a profusão de pinturas parietais na caverna ou de gravuras nas rochas da periferia da cabana, os humanos deambulantes passaram a juntar brinquedos em santuários ou a transportá-los consigo de terra em terra, de casa em casa. É certo que também tiveram de transportar as ferramentas, as armas, as vestes, os arreios, as tendas, outros objetos que, por esse motivo, se chamariam móveis e mobiliário, quantas vezes no dorso de animais, que por isso mesmo também seriam objeto de considerações. Ou nesse maravilhoso objeto chamado carro, rapidamente também embrinquedado devido à sua utilidade simbólica muito para lá da utilidade prática, que depois se estenderia aos barcos, aos aviões, aos aparelhos voadores até aos nossos dias e do futuro.

Mas longe vão os tempos das frugalidades e hoje, salvo os milhões de pessoas em situação de pornográfica pobreza ou de desistência, uma boa quantidade de humanos vive em simulações de palácios cheios de móveis, aparelhos e objetos, quantos deles bugigangas, souvenires, tralhas para brincar e afagar nas suas solidões. Para além daquelas que alguns herdam, outros compram-nas e armazenam-nas e outros produzem-nas, enquanto a acumulação vai ganhando foros de pesadelo. Todos nós temos amigos que vivem esse drama e eu próprio é melhor ficar-me por estas reflexões e esconder a minha realidade como quem esconde qualquer coisa de muito pessoal ou vergonhoso. Artistas, pintores, ceramistas, bibliófilos, colecionadores de garrafas com bebidas ou barcos, enchem todos os espaços livres das suas moradias com coleções incríveis de livros, presépios, chapéus, pratos velhos, santos de várias crenças, mudos violinos, tambores magrebinos, cangas minhotas, tégulas de Pompeia, calendários autografados de Sophia Loren, mas também de barbies de plástico ou porcelana, armas antigas, comboios elétricos, postais, emblemas e quadros, muitos quadros a óleo, estampas e fotografias, desde incêndios em florestas que nunca viram até às eternas flores, frutos e naturezas mortas ou vivas, que a menina nua é só para gabinetes mais restritos. Não possuem Rembrands originais, mas sempre têm um ou outro quadro da freirinha que pinta angústias florais.

Bem podíamos atentar na prédica de Ega, quando ele, «…passeando pela sala, com as mãos enterradas nos bolsos do seu prodigioso robe-de chambre [dizia], eu não tolero o bibelot, o bric-à-brac, a cadeira arqueológica, essas mobílias de arte… Que diabo, o móvel deve estar em harmonia com a ideia e o sentir do homem que o usa! Eu não penso nem sinto, como um cavaleiro do século XVI, para que me hei de cercar de coisas do século XVI? Não há nada que me faça tanta melancolia, como ver numa sala um venerável contador do tempo de Francisco I recebendo pela face conversas sobre eleições e altas de fundos. Fazem-me o efeito dum belo herói de armadura de aço, viseira caída e crenças profundas no peito, sentado a uma mesa de voltarete a jogar copas. Cada século tem o seu génio próprio e a sua atitude própria.» (Eça de Queirós, Os Maias).

De modo que, se quiserem um conselho de um alarmado com situações destas com que se vai deparando, sus e alheias, na próxima mudança de casa, abdiquem dos brinquedos que tiveram (ou que não tiveram) desde meninos, comprem apenas uma boas botas, roupa confortável para inverno e verão, uma mochila não muito grande, os cartões de crédito, o IPad e o telemóvel que fotografa e filma, um livro que valha a pena, e acampem em vossa ampla e nua casa, enquanto no écran vêm as séries Os Tudors ou A Ovelha Choné, ou ouvem o último CD com a música de Pinho Vargas, como se estivessem a caminho das estrelas e de outras galáxias onde já existem tralhas que cheguem sob a forma de poeiras e meteoritos e restos esquecidos de naves e satélites.

E mesmo o nosso Eça não pode ser levado muito a sério nas suas contradições: bem pregava frei Ega, mas na realidade também ele era um acumulador de livros, documentos e tralhas, viciado frequentador dos bouquinistes de la Seine, ajuntador de quadros e bibelots, chegando ao pecado venial de também os produzir, o que despertou as iras de Poseidon que acolheram no fundo do mar da costa vicentina o velho cargueiro fretado pelo estado Português a quem a sua viúva, no regresso de Paris e para poupar uns cobres ao futuro nubloso, confiou uma boa parte dos seus pertences. E andou ele a elogiar aqueles «…felizmente numerosos que têm a religião do objeto de arte, e para quem o colecionar é a forma superior do viver…» (Eça de Queirós, Notas Contemporâneas, Uma coleção de arte). São as religiões que criam os ateísmos e todos, crentes e descrentes, colecionam tralhas. Desde a Pré-história.

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

Arqueologia Paleocristã

Batistério Paleocristão do Castelo de Gaia, séc. VI;
fotografia Empatia, direitos reservados.

No princípio de dezembro uma equipa da empresa Empatia Arqueologia, Conservação e Restauro, liderada pela arqueóloga Sofia Soares e a realizar acompanhamento arqueológico no âmbito dos trabalhos de requalificação, renovação de estruturas e instalação de elevações mecânicas levados a cabo pelo Município de Vila Nova de Gaia em diversos arruamentos na área classificada do Castelo de Gaia, colocou a descoberto um batistério paleocristão datável da segunda metade do século VI. Estes trabalhos são também acompanhados por uma equipa do Gabinete de História, Arqueologia e Património (ASCR-CQ), dirigida pelo arqueólogo António Manuel S. P. Silva, que igualmente procedeu ao enquadramento do achado no trabalho global sobre a área que está a elaborar para a autarquia. Existem em Portugal diversos batistérios desta época mas quase todos na parte sul do país, sendo o da basílica de Conimbriga, até agora, o situado mais a norte. Este batistério poderá estar relacionado com o edifício da mesma época escavado nos finais do século passado no interior da igreja do Bom Jesus de Gaia por J. A. Gonçalves Guimarães, que sobre o mesmo publicou diversos estudos. Este achado, bem assim como outros da mesma cronologia aparecidos na mesma área, vêm reequacionar a problemática da difusão do cristianismo na região, bem assim como a questão da localização da primitiva diocese portucalense nos finais da Antiguidade Tardia e inícios da Alta Idade Média. Face à importância do achado vários profissionais da Arqueologia e de outros setores da Cultura expressaram já às autoridades competentes a sua oposição à desmontagem, preferindo a sua musealização in loco, conjuntamente com outros da sua periferia que aguardam igual oportunidade.

Curso sobre História Local e Regional


Com início no passado dia 14 de outubro pelas 15 horas, o Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia procedeu à sua abertura com uma lição sobre a evolução económica e social em Vila Nova de Gaia nos últimos 10 anos, seguida do lançamento do livro «O Património Régio dos Julgados de Gaia, e de Vila Nova, em 1346» da autoria do Professor Doutor José Marques, pelo seu editor, J. A. Gonçalves Guimarães. A 28 de outubro o curso prosseguiu com a aula da Professora Doutora Assunção Araújo sobre «Vila Nova de Gaia: geomorfologia e evolução do território»; a 4 de novembro com a aula do Prof. Doutor Sérgio Monteiro-Rodrigues sobre «A Pré-história do concelho de Vila Nova de Gaia»; a 18 de novembro a aula do Prof. Doutor António Manuel S. P. Silva sobre «O “tempo dos castros" em Vila Nova de Gaia: novidades e interrogações»; e a 16 de dezembro a aula do Prof. Doutor Rui Morais sobre «Os Romanos entre nós. Glocalização e ecologia marítima no contexto da navegação e comércio romano na Fachada Atlântica do NW Peninsular»
O curso prossegue no sábado 6 de janeiro com uma aula pelo Prof Dr. Manuel Real sobre A Alta Idade Média.

Palestras, Conferências e Colóquios

250 Anos de Nasoni

No passado dia 27 de outubro decorreu no Palácio do Freixo no Porto a sessão de encerramento do programa desenvolvido em 2023 para assinalar os 250 anos da morte do arquiteto Nicolau Nasoni que concebeu a Torre dos Clérigos e muitos outar obras emblemáticas do barroco português. Estiveram presentes, entre muitas outras personalidades e representantes de instituições que ao longo do ano colaboraram na programação, o historiador Joel Cleto, que coordenou o programa de visitas guiadas a espaços nasonianos, e outros investigadores, nomeadamente os historiadores José Manuel Alves Tedim, da Universidade Portucalense, Nuno Resende, da Faculdade Letras da Universidade do Porto, e Francisco Queiroz.

Henrique Galvão

No passado dia 9 de novembro na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, o Doutor Adrião Pereira da Cunha proferiu uma conferência sobre «Henrique Galvão - revolucionário, intelectual (novas revelações)». Doutorado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, leciona no ensino superior e é autor, entre outras obras, de Humberto Delgado no Portugal de Salazar e de Humberto Delgado nos bastidores de uma campanha. Desta feita apresentou Henrique Galvão como figura complexa e controversa da oposição ao salazarismo, de que começou por ser admirador, protagonizando em 1961 um dos atos mais espetaculares de repercussão internacional da luta política em Portugal, o assalto ao paquete “Santa Maria”.

Palácio de Cristal do Porto

No dia 16 de novembro, também na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, dissertou a propósito da exposição de fotografias de Tavares da Fonseca sobre «O Palácio de Cristal Portuense: imagens da sua destruição», de que foi curador, e que documentam o desmantelamento desta construção da Arquitetura do Ferro..

J. Rentes de Carvalho, escritor. Personalidade do Norte 2023

Como noticiamos na página anterior, no passado dia 24 de novembro a CCDR-Norte I. P. atribuiu o galardão de Personalidade do Norte 2023 ao escritor José Rentes de Carvalho, nascido em Vila Nova de Gaia a 15 de maio de 1930 e a viver em Amsterdam, com visitas regulares a Estevais do Mogadouro, a aldeia dos seus ancestrais. No passado dia 29 de novembro na habitual palestra da última quinta-feira do mês no Solar Condes de Resende, J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre a vida e obra do escritor e das ações da Confraria Queirosiana, de que é secretário e o homenageado Confrade de Honra, na preservação, estudo e divulgação do seu espólio de que a instituição é fiel depositária.

Natal, Janeiras e Reis: palestra-concerto

No próximo dia 28 de dezembro, também na última palestra da última quinta-feira do mês deste ano no Solar Condes de Resende, o Dr. Henrique Guedes falará sobre «"Das partes do Oriente": tradições poético-musicais do natal português», sendo a sessão abrilhantada pelo grupo musical da Confraria Queirosiana “Eça Bem Dito”, do qual o palestrante faz parte, dirigido pela pianista Maria João Ventura, e que entoará canções portuguesas, brasileiras e internacionais sobre o tema.

Reuniões e Celebrações

Focus Group Cultura 2035

No passado dia 16 de novembro a direção da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, a convite da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, participou numa reunião do Focus Group Cultura 2035, dinamizado por uma empresa de comunicação contratada para o efeito e que decorreu no Arquivo Municipal, tendo estado também presentes diversas outras instituições e associações que normalmente desenvolvem programas de profissionais e amadores da Cultura. Esta reunião destinou-se a uma primeira abordagem para sugestões a incorporar numa agenda cultural a médio e longo prazo.

Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, 25 anos


No passado dia 30 de novembro decorreu no Auditório Municipal de Gaia a gala de celebração dos 25 anos desta federação, por sua vez filiada na Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura Recreio e Desporto que nestes  dias comemora o seu 100º aniversário. Presentes numerosas associações e outras coletividades, entre as quais os Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana representados pelo secretário da direção e pela funcionária, mas igualmente presentes outros dirigentes em representação das mais diversas coletividades.



FAMP

No passado dia 6 de dezembro reuniu em Lisboa no Museu dos Coches a direção da Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP) na qual esteve presente o secretário da ASCR-CQ. Entre outras questões foram abordados os seguintes pontos: presença ativa da FAMP a 16 de novembro no 1.º Encontro de Grupos de Amigos dos Museus, Monumentos e Palácios da Direção Geral do Património Cultural que se realizou no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, representada pela sua presidente Dr.ª Maria do Rosário Alvellos, com intervenção num painel que refletiu sobre o futuro dos grupos de amigos; preparação do Encontro e Assembleia Geral da FAMP que terá lugar na Fundação das Casas de Fronteira e Alorna no próximo dia 16 de março; prémio FAMP da sustentabilidade nos museus, que será lançado em 2024 e atribuído em 2025; perspetivas de adesão de novos grupos de amigos à FAMP; necessidade de abordagem da questão das sedes dos grupos de amigos e da sua interação com a direção dos museus, monumentos e palácios; organização de uma publicação sobre a FAMP no presente mandato.

Tuna Musical de Santa Marinha

No passado dia 8 de dezembro realizou-se a sessão evocativa dos 99 anos da Tuna Musical de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, com a presença de diversas personalidades que marcaram presença no evento, nomeadamente o presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, Dr. Albino Almeida, a vereadora da Cultura do Município, Eng.ª Paula Carvalhal, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Dr. Manuel Moreira, e o Prof. Doutor J. A. Gonçalves Guimarães em representação da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana. A festejada coletividade popular gaiense está a preparar o programa do seu 100º aniversário.

Jantar de Natal no Solar Condes de Resende

Como já se tornou tradição, no passado dia 13 de dezembro reuniram-se em jantar de Natal no bar do Solar Condes de Resende os funcionários da casa e os membros dos corpos gerentes da ASCR-CQ, comendo bacalhau com batatas, rabanadas e outras iguarias próprias da época confecionadas pela cozinheira Doroteia Santos, agora já reformada, mas sempre prestável para estas ocasiões. Estiveram igualmente presentes a vereadora Eng.ª Paula Carvalhal, o Dr. João Fernandes, atual diretor do Solar, D. Amélia Cabral ex-tesoureira da Confraria, a funcionária Dr.ª Maria de Fátima Teixeira e o confrade convidado Dr. Ricardo Haddad. Depois da troca de lembranças, os comensais continuaram em animado convívio refletindo sobre os próximos objetivos da associação.

Autores, Livros e Revistas


Editado com o apoio de, entre outras entidades, a Escola Secundária Eça de Queirós e o Centro Cultural Eça de Queirós, ambos em Lisboa, através da diretora do jornal As Artes Entre As Letras, Dr.ª Nassalete Miranda, chegou-nos às mãos o interessante livro Memórias de um Condomínio. 40 Anos. Juntos a Construir Harmonia, Amizade, Futuro 1969-2009, editado em 2010 pela associação Sala de Convívio do Lote 398 da Rua Vila de Catió, Olival-Sul, Lisboa, com colaboração dos moradores mas também de muitos dos seus convidados palestrantes e cantantes, nomeadamente da canção coimbrâ, como Fernando Rolim, Luiz Goes e outros. Um documento raro de um associativismo pouco conhecido.

No passado dia 24 de novembro, na sede da associação O Progresso da Foz, Porto, foi lançado o livro História do Batel Vai Com Deus e da sua Companha, da autoria de Raúl Brandão, comemorativa dos 100 anos do centenário de Os Pescadores, edição com um estudo do Dr. Joaquim Pinto da Silva, que fez a apresentação da obra.

Vito Olazabal

No jornal O Tripeiro (7.ª Série, Ano XLII, n.°11), do passado mês de novembro, Manuel de Novaes Cabral publicou o artigo «Vito Olazabal, plantar e colher», uma homenagem pessoal, mas certamente partilhada por muitos dos que conhecem Francisco Javer de Olazabal y Rebelo Valente, o “granjola” que transporta consigo memórias de D. Antónia, Rebelo Valente e várias outras figuras portuguesas e ibéricas, «uma vivência rica e multifacetada» consubstanciada numa personalidade muito própria e no seu vinho Quinta do Vale Meão.


Da autoria de Inês Vinagre, e acabado de publicar, «”Menino Simão… Crescer é que não!” conta-nos a história de um alegre menino de sete anos que, depois de ver a sua irmã mais velha sair de casa para estudar noutra cidade, decide não querer crescer nunca mais, receando perder o amor dos pais. Na companhia do seu gato Capitão e por entre mil e uma peripécias, Simão tentará de tudo para evitar que o seu oitavo aniversário aconteça! Esta é uma história de pequenas grandes aventuras, mas sobretudo de união e afeto, que nos relembra o conforto que sempre encontramos na família e nas pessoas que nos são mais queridas».


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Eça & Outras, III.ª série, n.º 184, segunda-feira, 25 de dezembro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral.








segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Eça & Outras

Dia natalício do escritor Eça de Queirós (1845-1900)

Confraria Queirosiana 20 anos

Quando se constata que são poucos os cidadãos que se dedicam às coletividades, convém saber um pouco da sua história e como foram evoluindo desde o século XIX até aos dias de hoje. E quais as motivações ou objetivos da sua existência e a experiência dos seus fundadores e mantenedores. Portugal, como muitos outros países europeus, tem uma boa, mas relativamente desconhecida, tradição associativa de instituições religiosas, de solidariedade social, de proprietários, agricultores, comerciantes, industriais e prestadores de serviços, no sindicalismo, nas profissões, nas associações filosóficas ou cívicas, no clubismo social, na música, no desporto, no recreio, na caça e pesca, no excursionismo, na afirmação comunitária (grupos de folclore e monográficos), no teatro, nas artes, na museografia, no colecionismo, nas organizações científicas, de proteção da natureza, às vezes muito especializadas e dedicadas a um só objetivo, mas na sua maior parte com atividades em diversas áreas. A sua génese é muito diversa e, embora haja convergências de motivos entre elas, outras há que devem a sua fundação a causas muito específicas. É o caso da associação cultural de interesse público Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, que este ano de 2023 perfaz 20 anos de existência, e que nasceu no complexo edificado com aquela denominação situado na freguesia de Canelas e adquirido em 1984 pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para casa municipal da Cultura nas áreas da História, Arqueologia, Antropologia Cultural e Património gaienses e as suas relações com o mundo, mas também com uma inapagável ligação à família dos antigos almirantes de Portugal (Condes de Resende) e de outros notáveis portugueses, na qual veio a entrar Eça de Queirós, um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos, quer pela via da convivialidade colegial com os jovens daquele título, com o mais velho dos quais irá ao Egito e Palestina em 1869, e depois pelo casamento com a sua irmã Emília de Castro Pamplona em 1886. Aberto ao público a 20 de setembro de 1988, na véspera de receber as sessões do «Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua época», organizado pela Universidade do Porto, este equipamento cultural já aí tinha acolhido o Gabinete de História e Arqueologia fundado em 1982 por professores e alunos da sua Faculdade de Letras.

Não tendo o município instituições culturais que projetassem no espaço lusófono aquela incontornável ligação queirosiana, que desde 1995 vinha sendo assinalada com uma festa no Solar em volta do dia 25 de novembro, dia natalício do escritor, em 2002 o então diretor, alguns funcionários e outros frequentadores habituais das suas realizações decidiram constituir uma associação de amigos que logo granjeou enorme simpatia e deu origem a uma comissão instaladora que propôs que se legalizasse sob a forma de uma confraria de leitores, estudiosos e divulgadores da vida e obra de Eça de Queirós e de outros “Vencidos da Vida” e das interrogações do seu tempo que ainda se refletem no nosso quotidiano. Mas desde logo ficou evidente que a associação, tal como a vida e a obra do seu patrono, não teriam um âmbito local ou regional, mas sim nacional e internacional. A 23 de novembro realizou-se a assembleia geral constituinte para aprovação dos estatutos e a 25 é lançada a sua primeira edição, o álbum Imagens do Egipto Queirosiano, do egiptólogo Luís Manuel de Araújo. Os estatutos são registados no notário a 31 de janeiro de 2003, dia em que é publicada a primeira página Eça & Outras, que ainda hoje perdura ao dia 25 de cada mês, agora num blogue e parcialmente republicada no jornal As Artes entre as Letras. Em maio é nomeada uma comissão para proceder à republicação da Revista de Portugal, fundada por Eça de Queirós em 1882, e é feito o primeiro protocolo com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia para a associação ter no Solar a sua sede, gerir o bar e a loja e colaborar diretamente com a autarquia na dinamização das suas atividades, nomeadamente na organização dos seus cursos livres. Entretanto a comissão instaladora organiza uma lista candidata aos corpos gerentes 2003/2005 a qual, depois de eleita, toma posse a 11 de outubro, organizando o primeiro capítulo da Confraria a 22 de novembro seguinte no salão nobre do Solar onde foram insigniados os primeiros confrades.

Estava criado o modelo de funcionamento da associação que, com o tempo, foi tendo cada vez mais sócios e confrades e diversificando as suas atividades. Em 2004 alguns dos seus historiadores e arqueólogos que pertenciam ao Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia, perante dificuldades no seu financiamento e organização, propõem em assembleia geral que o mesmo encerre a atividade como associação autónoma e que se integre como grupo de trabalho profissional na nova associação, com a designação de Gabinete de História, Arqueologia e Património, o que foi aprovado e desde então, já sob a nova designação, prosseguiu as suas atividades no Alto Douro (Ervamoira, Vale do Côa; São João da Pesqueira) e em Vila Nova de Gaia (Castelo de Crestuma, Castelo de Gaia) e outros locais, enquanto iam sendo publicados livros e trabalhos de levantamento, investigação e divulgação naquelas áreas, dos quais o mais importante é o projeto sobre o Património Cultural de Gaia (PACUG) patrocinado pela autarquia gaiense e do qual foram já publicados dois volumes a que outros se seguirão.

De tempos a tempos, para além do capítulo anual, realizam-se outros extraordinários: a 17 de fevereiro de 2006 no Grémio Literário em Lisboa para celebrar um protocolo de colaboração e homenagear o grande queirosianista A. Campos Matos aí insigniado; a 13 de outubro de 2008 no Solar Condes de Resende para homenagear o maior divulgador de Eça de Queirós no Brasil, Dagoberto Carvalho Júnior, presidente da Sociedade Eça de Queirós do Recife; a 1 de maio de 2009 na Junta de Freguesia de Leiria para homenagear esta cidade queirosiana; a 19 de maio de 2018 também no Solar para homenagear o confrade de honra escritor J. Rentes de Carvalho, pelos seus cinquenta anos de carreira literária; a 15 de março de 2022 ainda no Solar para acolhimento de uma delegação da Academia Alagoana de Letras, Brasil, para celebração de um protocolo de cooperação.

Assim nascida, assim crescida, nesta associação-confraria neste ano de 2023 vão ser insigniados os primeiros confrades juniores: o futuro está pois por aqui a chegar.      

J. A. Gonçalves Guimarães

secretário da direção

21º Grande Capítulo

Como habitualmente, e desde novembro de 2023, realizou-se hoje, dia 25 de novembro, o 21.º capítulo anual da Confraria Queirosiana comemorativo do aniversário de Eça de Queirós no Solar Condes de Resende, a casa onde o escritor se apaixonou por aquela que viria a ser sua esposa. Esta festa reúne os confrades espalhados pelo país e Brasil, gente das mais diversas profissões e ocupações que testemunharam a insigniação dos novos confrades de número, os apreciadores e cultores da sua obra, e dos confrades de honra, aqueles que já se distinguiram na sua divulgação, ou que apoiaram as ações da Confraria. E pela primeira vez a Confraria acolheu associados jovens.

  A cerimónia iniciou-se a partir das 10,30 horas com a receção dos sócios, confrades, convidados, individualidades, autoridades e representantes de outras instituições que aqui se deslocaram para o ato, formando cortejo até ao Salão Nobre, onde foram acolhidos por um momento musical interpretado por Leonor Isabel Magalhães em guitarra clássica, que tocou de H. Villa-Lobos o “Prelúdio nº3”, seguida de Sofia Pinto que no violoncelo interpretou “O cisne” de C. Saint-Saens, e de Carolina Barriga Oliveira que também neste instrumento tocou a “Sicilienne” de Fauré, ambas acompanhadas ao piano pela professora Ana Maria Teixeira e todas da Escola de Música de Perosinho. De seguida o Grupo Cantante Eça Bem Dito da Confraria Queirosiana interpretou o hino “Canção Vilanovense” de João António Ribas e Passos Manuel, de 1826 e. em diversos momentos da manhã, o “Hino de Amélia ou de D, Pedro IV”,  de 1832, o “Hino de Gaia” de 1934”, terminando com o Hino da Confraria Queirosiana. O presidente da direção, José Manuel Tedim, apresentou o balanço das atividades do ano, o presidente da assembleia geral, César Oliveira, as instituições presentes, e o secretário, J. A. Gonçalves Guimarães, os associados que se distinguiram durante o presente amo, e em nome do seu diretor Luís Manuel de Araújo ausente no Egito, o conteúdo do n.º 29 da Revista de Portugal lançada nesta ocasião.

        Seguiu-se a insigniação dos novos confrades leitores, louvados e mecenas: João Martins Cardoso de Albuquerque, nascido a 28 de novembro de 2012 e que frequenta o 6.º ano do ensino no colégio La Sale em Barcelos, tendo como padrinho o Dr. António Pinto Bernardo; Luísa Martins Cardoso de Albuquerque, nascida a 10 de novembro de 2010 e que frequenta o 8.º ano do ensino também no colégio La Sale em Barcelos, mesmo padrinho; Dr. Pedro César Lapas Oliveira, licenciado em Criatividade e Inovação Empresarial pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, padrinho César Oliveira; Dr.ª Benedita Isabela Alves Neves Couto, licenciada em Economics and Business Economics pela Universidade de Amsterdam e em Gestão de Empresas pela Universidade da Maia, padrinho Prof. Dr. Pedro Almiro Neves; Dr.ª Leonor Lapas Oliveira, licenciada em Línguas para Relações Internacionais pelo Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior e Educação, padrinho César Oliveira; Dr.ª Inês Cunha Jorge, licenciada em Tradução e Interpretação (Português, Inglês e Francês) pelo Instituto Superior de Assistentes e Intérpretes do Porto (ISAI), padrinho o Dr. António Pinto Bernardo; Eng.º António Manuel Fernandes Ribeiro, licenciado em Engenharia Informática pela faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, também o mesmo padrinho; Dr.ª Filomena Margarida Venâncio Frazão de Aguiar,, licenciada em Psicologia do Trabalho e Organizações e em Psicologia Clínica e mestra em SIDA pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, também com o mesmo padrinho; Dr. Fernando Jorge Alves Pinto, psicólogo e professor na Escola Secundária Eça de Queirós em Lisboa, madrinha Dr.ª Maria de Fátima Teixeira; Dr. Joaquim Pinto da Silva, associado n.º 432, licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e pós-graduado em Tradução Literária, ex-funcionário da Comissão Europeia entre 1984 e 2013, condecorado pelo governo português com a Ordem do Infante D. Henrique e designado Amigo da Flandres pelo governo regional flamengo na Bélgica, padrinho o Eng.º Manuel Névoa. A que se seguiram os confrades de honra: D. Amélia Maria de Sousa Cabral, funcionária da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia no Solar Condes de Resende e uma das associadas fundadoras (n.º 6) dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana e desde então, e durante 20 anos, sua tesoureira. Foi padrinho Gonçalves Guimarães; Dr. João Luís da Mota Torres Fernandes, licenciado em História da Arte e mestre em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e atual responsável pelo Solar Condes de Resende desde 1 de novembro de 2022. Foram padrinhos Gonçalves Guimarães e Maria de Fátima Teixeira; e o Dr. Afonso dos Reis Cabral, licenciado e mestre em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Universidade Nova de Lisboa e, como escritor, detentor de vários prémios de Literatura. É desde 2022 presidente da Fundação Eça de Queiroz, com quem a Confraria Queirosiana tem um protocolo de colaboração celebrado a 22 de abril de 2006. Foram padrinhos José Manuel Tedim, pela Confraria Queirosiana, e Paula Carvalhal, vereadora da Câmara Municipal d Vila Nova de Gaia

Em nome dos insigniados falou este último distinguido, aludindo ao significado da obra do patrono de ambas as instituições e às perspetivas de futura colaboração, encabeçando depois, ladeado pelos dois confrades mais novos, o conjunto dos presentes que foram depositar uma festiva coroa de louros na estátua de Eça de Queirós no Jardim das Camélias.

Seguiu-se um almoço queirosiano com animação de canto e dança: as canções da Belle Époque foram iterpretadas pelo Grupo Cantante Eça Bem Dito com a pianista Maria João Ventura, e a dançarina de competição Maria Rita, do polo de Dança da Associação Recreativa de Canidelo, classe do campeão nacional Prof. Tomás Pedro, executou diversas Danças Latinas muito aplaudidas pelos comensais.

Estiveram presentes várias confrarias e diversas instituições e entidades ligadas à Cultura e ao Associativismo, nomeadamente a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), as confrarias da Cabra Velha, da Caldeirada do Peixe e do Camarão de Espinho, do Anho Assado com Arroz de Forno do Marco de Canavezes, dos Ovos Moles de Aveiro, Enogastronómica da Madeira, Gastronómica “As Sainhas” de Vagos; a Federação dos Amigos dos Museus de Portugal (FAMP); a Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia (FCVNG); a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas (FPCG); os jornais As Artes Entre As Letras e O Gaiense, a Junta de Freguesia de Canelas, Vila Nova de Gaia e a Urbiface. 

Personalidade do Norte 2023

         Ontem, dia 24 de novembro, no Fórum Competitividade Regional e Pós 2030: o Note na União Europeia, que decorreu na Fábrica de Santo Thyrso promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento – Norte, I. P. (CCDR-N), esta entidade homenageou o escritor gaiense, antigo professor da Universidade de Amsterdam e confrade queirosiano José Rentes de Carvalho como Personalidade do Norte 2023. Com os seus noventa e tês anos ativos e nestes dias presente naquela cidade holandesa, o homenageado delegou no secretário da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, J. A. Gonçalves Guimarães a presença naquela cerimónia e a receção em seu nome do troféu evocativo da distinção, o qual esteve presente ao lado do seu busto no Solar Condes de Resende durante o capítulo da Confraria Queirosiana hoje ocorrido, de onde seguirá para as mãos do homenageado. Produzido em duralumínio através de tecnologia 3D, é uma criação da designer Cristina Massena.

         Neste fórum empresarial participaram ainda outros confrades queirosianos em representação de diversas instituições e empresas, nomeadamente o Dr. Albino Almeida, presidente da Associação Nacional das Assembleias Municipais (ANAM) e a Dr.ª Ana Casas, em nome da internacional na área dos cosméticos Mesosystem, que integrou um painel liderado pela comissária europeia Prof. Doutora Elisa Ferreira.

Âmbito Cultural: El Corte Inglês de Gaia

         No passado dia 7 de novembro abriu ao público no edifício do El Corte Inglês em Vila Nova de Gaia a sua sala de Âmbito Cultural onde já decorrem vários cursos e sessões de divulgação com a presença de comunicadores mediáticos, como é o caso do historiador Joel Cleto que fez parte do painel de três oradores que abriu esta inauguração. Presentes diversas entidades políticas, religiosas, culturais e associativas, tendo estado a Câmara Municipal de Via Nova de Gaia representada pela vereadora do Pelouro da Cultura, Eng.ª Paula Carvalhal e a associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana pelo presidente da direção José Manuel Tedim e o secretário J. A. Gonçalves Guimarães. O evento incluiu um concerto de Música e Poesia por parte da cantora de jazz Maria João, o teclista João Farinha e o diseur José Anjos. Na ocasião foi disponibilizada a publicação «Magazine Cultural» referente a novembro/ dezembro de 2023.

Revistas e Livros

   Hoje, dia 25 de novembro, dia natalício de Eça de Queirós, foi lançado o n.º 20 da Revista de Portugal, nova série, fundada pelo escritor em 1882 e atualmente dirigida pelo egiptólogo Luís Manuel de Araújo que, pela primeira vez de há vinte anos para cá, não pode fazer a sua apresentação por se encontrar a conduzir uma viagem de estudo ao Médio Oriente, razão pela qual a mesma foi apresentada pelo diretor-adjunto J. A Gonçalves Guimarães, que para a mesma redigiu o editorial: «20 anos: dos que partem aos que ficam» alusivo ao tempo de existência da associação e à memória dos associados e confrades que partiram. Aliás o presente número dedica a capa a Alfredo Campos Matos, e logo nas primeiras páginas um «In Memoriam» recorda Susana Moncóvio, A. Campos Matos, Carlos Santarém Andrade, Aurora Rego e A. Silva Fernandes. O confrade da capa é também recordado por Isabel Pires de Lima no artigo «Alfredo Campos Matos: um “formidável” legado queirosiano» e da autoria de João Nicolau de Almeida, se publica o discurso que proferiu nas comemorações deste ano no «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas: Peso da Régua». Nas páginas seguintes, de novo J. A. Gonçalves Guimarães recorda «Os 25 anos da FAMP», a Federação dos Amigos dos Museus de Portugal na qual a associação editora desta revista está inscrita, fazendo parte dos atuais corpos gerentes, publica a lista das associações filiadas. Segue-se a colaboração de três escritores brasileiros, membros da Academia Alagoana de Letras e confrades queirosianos, segundo protocolo entre ambas as instituições, com os artigos «De onde vim», por Alberto Rostand Lanverly, sobre as suas origens portuguesas e europeias, a que se seguem os dois saborosos contos «O marinheiro» de Arnaldo Paiva Filho e «O preço da tentação» de Carlos Méro, numa inexcedível arte de contar a que já nos habituaram. Nos domínios da investigação histórica e como resultado do seu trabalho de catalogação das coleções do confrade Ricardo Haddad, a patrimonióloga Maria de Fátima Teixeira apresenta o seu estudo sobre a identificação de um retrato desse acervo da autoria de um pintor do tempo de Eça de Queirós pouco conhecido, «A propósito de um possível retrato de Francisco António Diniz por Adolfo Greno». Uma das últimas visitas guiadas a diversas civilizações pelo Professor Luís Manuel de Araújo está por si descrita em «Portugueses na Turquia: fazendo a ponte entre o Ocidente e o Oriente», enquanto Maria Alda Barata Salgueiro aqui deixa as suas reflexões sobre uma viagem «Pelas terras dos antigos Cátaros». Seguem-se várias «Recensões» de Luís Manuel de Araújo, Jorge Fernandes Alves e J. A. Gonçalves Guimarães, sobre livros recentemente publicados, e a habitual «Bibliografia» dos associados, referente ao ano de 2022, seguida do também habitual «Relatório de atividades em 2022 da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana». Um número variado que reflete o querer e o sentir desta instituição e a sua partilha com as sociedades em que se revê.

Da autoria de Guilherme de Oliveira Martins foi recentemente publicado um importante volume de reflexões sobre o Património Cultural imprescindível para todos aqueles que se interessam pela sua problemática. Segundo a Gradiva Edições trata-se de um contributo dos «grandes nomes da nossa cultura num registo de grande riqueza intelectual. Um livro em que se fala da cultura como realidade viva, como movimento permanente onde o presente se encontra com o tempo longo, no qual o que recebemos das gerações passadas se projeta agora e para o futuro, num incessante processo complexo de criação e metamorfose, sempre imperfeito e inacabado, tendo a possibilidade mágica de dialogar com quem nos antecedeu. Eis o enigma». Entre outras abordagens ai se constata que «uma biblioteca é a melhor metáfora do mundo. É um labirinto cujos caminhos se fazem de perguntas e respostas. E há um misterioso fio de Ariadne que nos leva em cada estante, em cada livro, em cada palavra, à descoberta dos enigmas que nos permitem vislumbrar os contornos dos sentidos que a humanidade reveste.»

                Assinalando a efeméride, acaba de ser editada a brochura Confraria Queirosiana 20 anos, compilada por Amélia Cabral, António Pinto Bernardo, César Oliveira, J. A. Gonçalves Guimarães, José Manuel Tedim, Manuel Moreira e Manuel Nogueira, e a colaboração de Maria de Fátima Teixeira e de Manuel Pena, a qual apresenta um texto de Apresentação sobre a associação, em português e inglês, os órgãos sociais eleitos para 2020-2024, o diploma da Presidência do Conselho de Ministros que lhe atribuiu o estatuto de utilidade publica, os Estatutos e o Regulamento Interno atuais, as comissões de trabalho, o juramento dos Confrades, o Hino da Confraria, a listagem dos associados e dos confrades, In Memoriam (associados e confrades falecidos) e várias fotografias a cores sobre a sua sede no Solar Condes de Resende, as suas insígnias, atividades e publicações. A edição foi custeada por três membros dos corpos gerentes e é gratuita para os associados.

Memorial do Covid

         No próximo dia 27 de novembro, pelas 10 horas, terá lugar no Palácio do Raio, em Braga, a inauguração do Memorial evocativo das vítimas do Covid e de reconhecimento àqueles que combateram a pandemia, da autoria do escultor Hélder de Carvalho, mandado levantar pela Santa Casa da Misericórdia de Braga, que perfaz a proveta idade 510 anos de existência ao serviço dos mais desfavorecidos pela natureza, pela sociedade ou por ambos.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 183, sábado, 25 de novembro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Fátima Teixeira; João Fernandes; O Gaiense.

Nota: devido à celebração do 21.º Capítulo no dia 25, esta página só foi divulgada no dia 27 de novembro.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Eça & Outras

Ano do Centenário do “Vencido da Vida” e diplomata Luís Maria Pinto de Soveral, Marquês de Soveral (1851-1922)

Património Régio gaiense em 1346, por José Marques

No passado dia 14 de outubro, na abertura do 31.º curso livre no Solar Condes de Resende comemorativo dos 40 anos das 1.as Jornadas de História Local e Regional organizadas entre 19 e 23 de novembro de 1983 pelo então Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia, foi lançado o livro Património Régio nos Julgados de Gaia e Vila Nova, em 1346, da autoria do já falecido Professor Doutor José Marques, antigo docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e da Universidade Portucalense Infante D. Henrique, trabalho inicialmente apresentado naquelas jornadas, mas nunca publicado, conforme se conta no posfácio.

Tendo a Idade Média sido a época histórica que aqui começou por interessar três estudantes daquela faculdade que viriam a fundar em 1982 aquele grupo de trabalho coordenado pelo Professor Doutor Humberto Baquero Moreno, e que então escreveram um trabalho sobre O Foral de Gaia de 1255. Um texto e a sua época, publicado em 1983, bem depressa o exercício profissional os chamou para outras especializações e esses estudos foram rareando ou tendo por aqui pouco impacto académico e cultural. Mesmo assim a medievalidade local teve entretanto textos fundamentais daquele catedrático sobre O Julgado de Gaia e os seus homens no reinado de D. João I (1984), mas também com grandes contributos de outros jovens professores, como Luís Carlos Amaral (São Salvador de Grijó na segunda metade do século XIV, 1994); José Augusto de Sotto Mayor Pizarro (Os Patronos do Mosteiro de Grijó, 1995, depois desenvolvido na tese de doutoramento Linhagens Medievais Portuguesas. Genealogias e Estratégias (1279-1325), publicada em 1999; Mário Jorge Barroca, na sua Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), publicada em 2000, e mais recentemente em As Quatro Faces de Rodrigo Sanches (2013) sobre o monumental sarcófago existente também neste mosteiro, estudos esses que muito contribuíram para que seja um dos mais conhecidos cenóbios do País. Enquanto J. A. Gonçalves Guimarães na sua dissertação de mestrado em Arueologia teimava em tentar compreender o povoamento de Gaia e Vila Nova na Idade Média. Arqueologia de uma área ribeirinha (1995), em demanda do Castelo de Gaia e do seu atual Centro Histórico, o Município de Santa Maria da Feira patrocinava estudos sistemáticos sobre a região, convidando o Professor Doutor José Mattoso e a sua equipa a publicar O Castelo e a Feira. A Terra de Santa Maria nos séculos XI a XIII (1989), que originaria depois clarificações como A Terra de Santa Maria na Idade Média. Limites Geográficos e Identidade Peculiar (MATTOSO, 1993) e de novo com a sua equipa A Terra de Santa Maria no Século XIII. Problemas e Documentos (1993), tendo J. A. Gonçalves Guimarães entretanto apresentado uma Introdução ao Estudo do Povoamento Medieval da Terra de Santa Maria (1991-1992, atualizado em 2009) e sido publicados alguns outros trabalhos de diversos investigadores. Se é certo que a Feira daí tirou lição e proveito para a reabilitação do seu castelo e a realização anual de uma reconstituição medieval, também o é que deixou de patrocinar os estudos académicos sobre a Idade-Média no município e na região. Mas Vila Nova de Gaia permaneceu-lhes alheia: ainda recentemente as “comemorações dos 1100 anos do Mosteiro de Grijó” passaram sem qualquer impacto e a única atividade cultural que tiveram foi a realização de um concerto pela orquestra do Conservatório de Gaia.

Se é certo que sobre a Idade Média local se tinha começado muito bem em 1971 com a publicação da obra Le Cartulaire Baio-Ferrado du Monastère de Grijó (XI.e-XIII.e siècles), por Robert Durand, a última fonte medieval aqui publicada antes desta obra agora apresentada foi o Livro das Campainhas (códice da segunda metade do século XVI). Mosteiro de São Salvador de Grijó, de Jorge de Alarcão e Luís Carlos Amaral, editada em 1986 também pelo Gabinete de História e Arqueologia.  Passados estes anos todos, o primeiro destes autores, mais conhecido pelos estudos de Arqueologia Romana, trouxe-nos ainda outras importantes contribuições como O nome e os lugares de Portucale e  Do Douro ao Mondego. De Afonso Magno a Almançor, ambos publicados em 2019.

Este livro que ora se publica vem assim dar uma importantíssima retoma ao que atrás se elencou. Dos 51 documentos transcritos, 47 são referentes a propriedades nos julgados de Gaia e de Vila Nova, terrenos localizados nos arredores do Castelo de Gaia, Coimbrões, Maravedi, Mafamude, Trancoso, Laborim e outros lugares na sua vizinhança, deixando adivinhar uma paisagem agrária, balizada pelo Monte Grande, sulcada por ribeiros e com várias fontes, semeada de casais e lugares, mas onde ainda havia maninhos de matos, tojais, devesas e salgueirais, além de agros, campos, gândaras, leiras, lavrados ou a romper para deles se colher o pão e o vinho, com searas de trigo e mesmo de milho, o cultivo do linho, a colheita de figos. As vinhas, os bacelos, são muitas vezes referidos e havia vários moinhos e azenhas. A pesca, certamente de rio e de mar, e a criação de gado e o comércio local, a construção naval e o comércio à distância estão igualmente presentes. Território percorrido por vários caminhos, carreiras e estradas, com estatutos diversos (defesas, publicas), mas já com algum urbanismo até institucional, pois aí se fala de um «Paço del Rey em Gaia» e um outro «que estaa a par de Coymbraaos», para além do castelo e do «celeyro de nosso senhor el rei», as igrejas paroquiais referidas pelos seus abades, mas também o lugar da forca e o dos gafos, a gafaria, num dos documentos é mesmo mencionado um monumento pré-histórico, a Mamoa de Cama em Coymbraos, um dos vários existentes nas imediações e que outros registos de várias épocas referem, mas que entretanto terão sido destruídos. Muitos destes documentos deixam perceber uma íntima relação entre pessoas e interesses em ambas as margens do Baixo Douro, entre Gaia, Vila Nova e a cidade do Porto.

Conheci o Professor Doutor José Marques na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e a partir de 1991 passamos a encontrar-nos na Universidade Portucalense Infante D. Henrique, onde lecionávamos como professores convidados. Perguntava-me sempre pelos meus projetos e pelas atividades do Gabinete e ouvia-os com atenção. E volta e meia falava sobre este trabalho. Não obstante a sua grande atividade de investigação e de docência de elevada exigência era um homem afável que convivia com colegas e antigos alunos sempre que a ocasião se proporcionava. Certa vez, vindos de Lisboa, encontramo-nos no comboio e a conversa só terminou, com pesar meu, quando tive de sair em Vila Nova de Gaia, continuando o Professor José Marques para a sua cidade de Braga. Explicada assim a razão da minha presença no contexto da edição deste livro pelo facto de o autor mo ter confiado para publicação e me ter pedido colaboração para o ajudar com a toponímia, os índices e outros dados sobre a Idade Média local, ao importante estudo e documentos que agora se publicam tomei a liberdade de acrescentar algumas palavras, lembrando-me que os estudos medievais foram a minha primeira opção como jovem historiador, mas sem grande sequência, como atrás referi, pelo que ainda hoje o território carece de uma boa síntese medieval. E é também por isso que esta obra se vai tornar de consulta imprescindível.

Meu Caro e saudoso Professor Doutor José Marques, ainda que canhestras, tome como homenagem estas linhas de um seu antigo aluno e admirador.

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador 

Palestras e Colóquios

No passado dia 28 de setembro, pelas18,30 horas no Solar Condes de Resende, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês, J. A. Gonçalves Guimarães falou sobre os 40 anos passados desde «As Primeiras Jornadas de História Local e Regional em 1983 e o seu legado», que decorreram em novembro daquele ano em Vila Nova de Gaia organizadas pelo Gabinete de História e Arqueologia, fundado em 1982 na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e depois acolhido como grupo de trabalho autárquico pela Câmara Municipal nesse mesmo ano. Esta realização, que reuniu então 98 participantes, dos quais 41 conferencistas, sendo 26 deles profissionais da História, da Arqueologia e da História da Arte, marcou a vida cultural do município até aos dias de hoje. O curso livre deste ano letivo no Solar procurará fazer um balanço destes 40 anos de evolução do conhecimento nestas áreas.

    No próximo dia 26 de outubro, também na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês do Solar Condes de Resende promovidas pelos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, presenciais e por videoconferência, o Dr. João  Luís Fernandes, mestre em Historia da Arte, Património e Cultura Visual pela FLUP vai falar sobre «Doadores da Coleção Marciano Azuaga».

    No próximo sábado, dia 28 de outubro, decorre no Porto na Casa do Infante o Colóquio evocativo dos 900 anos do primeiro foral portuense “O Porto Medieval: do burgo do bispo à cidade dos mercadores”, coordenado por António Manuel Silva e Luís Carlos Amaral e organizado pela Divisão Municipal de Arquivo Histórico da Câmara Municipal do Porto com a colaboração do CITCEM/ FLUP. Entretanto nesse mesmo dia decorre no Solar Condes de Resende a 2.ª sessão do 31.º curso livre (2022/2023) sobre o tema «40 anos depois: História Local e Regional» em que será conferencista a Professora Doutora Maria Assunção Araújo catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde lecionou diversas unidades curriculares, geralmente na área de Geografia Física e onde em 1991 defendeu uma tese de doutoramento intitulada «Evolução geomorfológica da plataforma litoral da região do Porto». Os seus interesses científicos englobam a Geomorfologia e o estudo do Quaternário, tendo uma especial predileção pelo estudo dos terraços marinhos e da sua possível afetação pela tetónica recente (neotetónica). Tem anda desenvolvido trabalhos sobre o património geomorfológico e também sobre as variações recentes do nível do mar.

Prémios

No passado dia 19 de outubro pelas 17h decorreu no Auditório III da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, no âmbito do V Congresso de História da Arte que ali decorreu entre os dias 18 a 20, a atribuição dos Prémios Associação Portuguesa de Historiadores da Arte (APHA)/ Millennium bcp José-Augusto França, que se destinam a distinguir anualmente a melhor dissertação de mestrado e a melhor tese de doutoramento em História da Arte. Na ocasião foram apresentados os dois trabalhos vencedores e publicados em formato de e-book.

Esta iniciativa teve como finalidade também homenagear José-Augusto França, Professor Catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, historiador e crítico de arte, e um dos que mais contribuiram para a renovação e afirmação do campo disciplinar da História da Arte no nosso país e além-fronteiras, falecido em 18 de setembro de 2021.

         O prémio Melhor Dissertação de Mestrado 2020/2021 foi atribuído a João Luís da Mota Torres Fernandes, com o título «A procissão de Cinzas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco doi Porto – da fundação da Ordem a 1905», apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O autor é o atual responsável pelo Solar Condes de Resende e sócio da Confraria Queirosiana. Link para descarregar o ebook: https: //aha.pt/archives/6558

José Vaz

            O escritor e historiador José Vaz foi oficialmente nomeado na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, como um dos candidatos ao prémio Astrid Lindgren Memorial Award 2024 (“Pipi das Meias Altas”), galardão sueco para a literatura infanto-juvenil. A decisão final do Conselho Sueco das Artes será anunciada a 9 de abril de 2024. Este autor gaiense é autor de muitos títulos nesta área da Literatura, mas também de obras de caráter historiográfico. Mas a sua obra prima é a novela Alzira, a Santa Suplente: Porto: Campo das Letras, 1999.

Livros

     No passado dia 14 de outubro, como acima se comenta no editorial, foi lançado no Solar Condes de Resende o livro Património Régio, nos Julgados de Gaia e Vila Nova, em 1346, da autoria do Professor Doutor José Marques. Editado pela ASCR-CQ, com índices e um pós-fácio de J. A. Gonçalves Guimarães a quem o autor confiou a edição antes de falecer a 29 de janeiro de 2021, a coletânea de documentos agora publicada é uma preciosa fonte para o estudo de Vila Nova de Gaia no tempo de D. Afonso IV e as suas relações com o vizinho concelho do Porto, referindo os proprietários, as atividades e a estratificação social de Gaia, Vila Nova, Coimbrões, Mafamude, Maravedi, Laborim, Trancoso e outros lugares antigos do município. O preço de capa é de 15€ podendo ser pedido por e-mail e pago por transferência bancária.

Mário Cláudio

No passado dia 6 de setembro na Casa das Artes no Porto e no dia 21 de outubro na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, foi apresentado o novo livro do escritor Mário Cláudio intitulado Teoria das Nuvens. O autor informou os seus leitores: «Continuo a pastorear de lugar em lugar as minhas "nuvens"».

Charters d’Azevedo


        No passado dia 28 de outubro, pelas 15 horas, no Celeiro da Casa do Terreiro (Fundação Caixa Agrícola) em Leiria, foi apresentado o novo livro de Ricardo Charters d’Azevedo intitulado Vozes sobre o Passado. Cronistas e Historiadores na Construção e Identidade de Leiria.

Convívios

         Chegam-nos ecos da participação de confrades queirosianos em vários convívios, a saber:

   No dia 9 de outubro o Dr. Ricardo Haddad presentemente em Portugal reuniu um grupo de seus familiares e amigos num restaurante em Matosinhos para degustarem um notável bacalhau de cura amarela, gentileza do dono do restaurante que o mandou preparar de acordo com as melhores normas da Gastronomia Portuguesa. De entre os qualificados vinhos presentes à mesa, a garrafeira do anfitrião brindou os comensais com um Madeira 1894 ainda na pujança de todas as suas excelsas qualidades.

   No dia 14 de outubro o Dr. António Pinto Bernardo reuniu um numeroso grupo de familiares e amigos no Palácio da Bolsa no Porto para lhe festejarem os seus oitenta anos, alguns dos quais atravessaram o Atlântico para lhe darem o seu abraço, nomeadamente os seus amigos e confrades de Alagoas, Brasil, mas também vindos de Barcelona, de Lisboa, de Baião e de outras longitudes e latitudes. A direção da Confraria Queirosiana esteve representada por vários membros da direção e corpos gerentes e muitos confrades.

        No dia 16 de outubro o bar do Solar Condes de Resende administrado pela Confraria Queirosiana viu reunirem-se ali num jantar diversos confrades que festejaram o aniversário da historiadora Maria de Fátima Teixeira que diligenciou não só um prato de tradicional bacalhau islandês de cura amarela, mas também um glorioso tacho de queirosianas favas, acompanhas por Vale Meão 2019, gentileza do seu criador Francisco de Olazabal, que foi um dos comensais, a que se juntaram Paula Carvalhal, Ricardo Haddad, José Manuel Tedim, Ilda Tedim, João Fernandes, Inês Vinagre, António Silva e Amélia Cabral. De recordação em recordação, de brinde em brinde, saudaram-se a aniversariante, os presentes, o ausente em Amsterdam confrade J. Rentes de Carvalho, os 20 anos da Confraria Queirosiana e os 40 anos das 1.as Jornadas de História Local e Regional de Vila Nova de Gaia organizadas em 1983 pelo Gabinete de História e Arqueologia, de que estavam também presentes dois dos fundadores, J. A. Gonçalves Guimarães e José António Martin Moreno Afonso.

         No dia 21 de outubro reuniram-se em convívio anual num restaurante do Porto os antigos alunos do Curso de História (variantes História, Arqueologia e História da Arte) finalistas em 1982 da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, entre os quais alguns confrades queirosianos dos corpos gerentes da ASCR-CQ e que através desta associação desenvolvem projetos nas áreas profissionais do Gabinete de História, Arqueologia e Património, como é o caso dos dois últimos historiadores acima nomeados.

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Eça & Outras, III.ª série, n.º 182, quarta-feira, 25 de outubro de 2023; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública); C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: João Fernandes