Mitos e História não
são a mesma coisa
Recentemente os investigadores que
estudaram, para posterior restauro, o retrato de D. Afonso de Albuquerque
existente no Museu Nacional de Arte Antiga descobriram que por debaixo da
evidente pintura existia a de uma outra figura histórica. Mas também vieram a
saber que tal já era conhecido há oitenta anos, mas tinha sido deliberadamente
escondido por questões de conveniência da política colonial do Estado Novo e da
sua iconografia oficial. Provavelmente a “História oficial” está cheia de
ligeirezas desta natureza. Agora que também se anuncia para 2020 o restauro dos
Painéis de São Vicente do mesmo museu, talvez também se volte a falar das repinturas
que os mesmos sofreram para os ajustar ao mito henriquino hipervalorizado desde
as comemorações de 1894.
Um retrato, para além da obra de Arte
que possa ser, quando contemporâneo do retratado e feito na sua presença, é
também um documento histórico que não deve ser alterado por intervenções
posteriores. Quando tal acontece estamos seguramente nos domínios da
mistificação, quase sempre propositada para atingir determinado fins pouco
sérios.
Mas para além destes casos mais
evidentes, porque iconográficos, as histórias oficiais estão cheias de
mistificações propositadas, mantidas por embusteiros profissionais ou
institucionais, nuns casos ingénuos crendeiros sem qualquer espírito indagador
e crítico, noutros casos deliberadamente mantidas por falsários da História.
Com o passar do tempo e a institucionalização dos mitos, fica difícil para os
historiadores reporem a verdade da sua origem e da evolução dos mesmos. Mas tal
não é impossível e as Ciências Históricas estão cada vez mais apetrechadas para
procurarem determinar a «clara certidão da verdade».
Esta introdução prende-se com a
publicação de uma obra que não tem tido divulgação entre nós, Los Mitos del Apóstol Santiago, de
Ofelia Rey Castelao, professora catedrática de História Moderna da Universidade
de Santiago de Compostela, editada pela editora galega Nigratea em 2011, logo
com uma edição francesa no mesmo ano, Les
mythes de l’ apôtre saint Jacques, édicions Cairn. Obra de síntese muito
bem arrumada, começa por analisar a bibliografia existente e a questão da
“intocabilidade” do mito. Nos dezassete capítulos que se seguem, a autora
“caminha” desde o epicentro do mito e do seu começo, a protecção régia ao “mito
oscilante” e a atitude dos papas perante o “mito confuso”, até à elevação do
mito ao patronato hispânico, sempre contestado aqui e ali (incluindo em
Portugal), depois substituído por Santa Teresa de Ávila pelos Filipes e,
curiosamente, pelas Cortes de Cádis de 1812. Analisa seguidamente o Caminho (os
caminhos) e os seus mitos, as peregrinações marcantes e as ditas em massa, a
evolução da catedral e o seu clero, o “voto de Santiago” e as extorsões em seu
nome e respectivas contestações populares e judiciais, até à critica histórica
contemporânea e a ressurreição do mito através da indústria do turismo. Um
livro verdadeiramente fascinante, cuja problemática a autora já tinha vindo e
tem continuado a estudar e a debater, sempre apoiada em irrefutável aparato
bibliográfico e documental, em outros trabalhos e obras, como, por exemplo, El voto de Santiago. Claves de un conflicto
(III), publicado na revista «Compostellanum», vol. 38, n.º 1-2, 1993, p.
195-240; Teresa, Patrona de España,
na «Hispânia Sacra», LXVII, n.º 136, 2015, p. 531-573; e El Apóstol Santiago y las Traditiones Jacobeas en el Teatro, em Subir a los altares: modelos de santidade en
la Monarquia Hispánica (siglos XVI-XVIII), Granada, 2018, p. 339-399.
Para a edição francesa a autora, entre
outras considerações, escreveu uma nota onde afirma «As vozes complacentes [do
mito] têm o apoio oficial dos dois lados, o oficial e o eclesiástico. As vozes
críticas também não estão isoladas: elas formam uma parte do fenómeno, como uma
espécie de mal necessário. Este livro faz parte duma muito antiga tradição
crítica. Ele apoia-se na convicção de que a função social e cultural dos
historiadores é a de proteger o passado contra todos aqueles que não o
respeitam. As lendas, as tradições e os mitos são uma parte do passado, mas a
sua consideração não deve jamais ser confundida com o renunciar à crítica, no
respeito das convicções e crenças de cada um.» (tradução). Mas já sabemos que
esta consideração humanista dos historiadores para com os mitómanos não é por
eles retribuída. Eles estarão sempre certos da excecionalidade do seu totem e
ai de quem o ponha em causa.
De forma
mais comezinha, e para o grande público, que nem sempre é um público grande,
recordemos aqui as palavras de Eça: «Um
grande pintor de Paris dizia-me o ano passado: - A multidão vê falso. Vê: em Portugal sobretudo. Pela aceitação passiva das
opiniões impostas, pelo apagamento das faculdades críticas, por preguiça de
exame - o público vê como lhe dizem
que é. Que amanhã o Diário de Notícias, ou outro órgão estimado, declare que
o Hotel Aliança, ao Chiado, é uma maravilhosa catedral gótica, que
insista nisto no local e no folhetim - e
numa semana o Público virá fazer no Largo do Loreto semicírculos extáticos e verá, positivamente verá, as ogivas, as
rosáceas, as torres, as maravilhosas
esculturas do Hotel Aliança. (
Eça de Queirós, Notas
Contemporâneas, «Ramalho Ortigão»).
E nessas suas visões,
nessas fantasias, se espojará com prazer e convições.
J. A. Gonçalves Guimarães
Mesário-mor
da Confraria Queirosiana
Eventos
passados
Hóquei em patins
No dia 8 de novembro, integrado nas
Oficinas de Investigação CITCEM 19/20 da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto sobre o tema «História do Desporto em Portugal: uma janela para a
sociedade», Licínio Santos, investigador do Gabinete de História, Arqueologia e
Património da ASCR – Confraria Queirosiana apresentou os seus estudos sobre «O
hóquei de patins em Portugal: internacionalização e ascensão (1930-1952)», tema
da sua tese de doutoramento.
Feira de S.
Martinho
No domingo dia 10 de novembro a partir das
10 horas da manhã, decorreu no Solar Condes de Resende a habitual Feira de S.
Martinho, durante a qual diversos feirantes apresentaram os seus produtos para
venda, entre os quais a D. Lídia de Pereiros, S. João da Pesqueira com o seu
inconfundível fumeiro duriense. Pelas 16 horas atuou o grupo musical Eça Bem
Dito que interpretou canções tradicionais portuguesas. A Feira decorreu com
apoio do bar do Solar.
Poemas de Rodrigo Emílio
No dia 11 de novembro na Cooperativa
Árvore no Porto foi lançado o livro Eu
Sou Este Rosto Enxuto Sou Este Canto Interdito, do poeta tondelense Rodrigo
Emílio (1944-2004), editado pelas Edições Sem Nome, comemorativo dos 75 anos do
seu nascimento. Foram apresentadores da obra José Valle de Figueiredo e José
Almeida.
A Valorização
do Território
No dia 16 de novembro a Associação dos
Amigos de Pereiros, com a colaboração de outras entidades e da autarquia local,
organizou no Museu do Vinho em S. João da Pesqueira um colóquio subordinado ao
tema «A Valorização do Território: a Economia Circular na Economia Social».
Entre os oradores presentes participou o presidente daquela associação Alberto
J. Silva Fernandes. No jornal Vida
Económica de 15 de novembro foi publicada uma reportagem sobre
«Organizações da Economia Social podem fazer crescer o interior do país» onde
sobressai a actividade daquela associação como dinamizadora da aldeia de
Pereiros.
Universidade
Portucalense
Foi recentemente nomeado reitor da
Universidade Portucalense Infante D. Henrique o Professor Doutor Engenheiro Sebastião
Feyo de Azevedo, ex- presidente da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto e reitor desta última até 2014, o qual será acompanhado na vice-reitoria
pelo Professor Doutor Carlos Brito, seu anterior Pró-reitor naquela outra
instituição académica. Do seu quadro docente faz parte o Prof. Doutor José
Manuel Tedim, atual presidente da associação dos Amigos do Solar Condes de
Resende, que tem como secretário da direção um antigo professor da instituição,
J. A. Gonçalves Guimarães, e como associados outros antigos professores e
vários ex-alunos, todos confrades queirosianos.
Capítulo da
Confraria Queirosiana
Mesa que presidiu ao capítulo; fotografia de Arménio Costa |
Como habitualmente, no dia 25 de novembro de cada ano, ou no sábado anterior como neste de 2019, no passado dia 23 a Confraria Queirosiana celebrou o seu 17.º capítulo anual no salão nobre do Solar Condes de Resende. A partir das 17,30 aí começaram a afluir os confrades vindos de diversas terras portuguesas e brasileiras, a que se juntaram vários convidados, individualidades, autoridades e instituições. A mesa foi constituída por José Manuel Tedim, presidente da direção; César Oliveira, presidente da MAG; Luís Manuel de Araújo, vice-presidente da direção e diretor da Revista de Portugal; J. A. Gonçalves Guimarães, secretário da direção e mesário-mor da Confraria; e Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia em representação do presidente da Câmaras. A sessão teve início com um momento musical pela Escola de Música de Perosinho, a que se seguiu a abertura do Capítulo pelo presidente da direcção José Manuel Tedim, seguida da apresentação das confrarias e outras instituições presentes pelo presidente da mesa da assembleia geral César Oliveira. De seguida o mesário-mor J. A. Gonçalves Guimarães lembrou alguns dos confrades que se distinguiram em 2019, a que se seguiu o lançamento do n.º 16 da Revista de Portugal, nova série, pelo seu director Luís Manuel de Araújo, que chamou os autores dos artigos e o autor da pintura da capa
Seguidamente procedeu-se ao lançamento do livro Eça de Queirós e o Caminho-de-Ferro, tendo na ocasião Susana
Moncóvio apresentado a autora, a historiadora Joana Almeida Ribeiro, tendo a
obra sido apresentada por José Manuel Lopes Cordeiro, estudioso da
industrialização em Portugal. Foram ainda assinados dois protocolos de
colaboração, um com a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/GEHVID)
representada pelo seu presidente António Barros Cardoso, e outro com a agência
de viagens Novas Fronteiras, no ato representada por Teresa Neves, que tem
organizado as viagens ao Egito e Terra Santa com o apoio desta confraria. Em
seguida foram insigniados os novos confrades de número, grau leitores, Mara Verónica Sevinatti Jónatas dos Santos, João
Cardoso de Albuquerque, Marcelo Silva Malta, (este vindo propositadamente
do estado de Alagoas, Brasil) e Nuno
Luís Cameira de Sousa Botelho. Como confrades de número no grau de louvados, Carlos
Henrique Figueiredo e Melo Brito e Levi Eugénio Ribeiro Guerra. Por
decisão da mesa da Confraria, devido as serviços prestados à mesma, foi elevado
à categoria de mecenas o confrade António
Pinto Bernardo. Como confrades de honra grau louvado foi agraciado Francisco
Manso. o realizador da série «O nosso cônsul em Havana» recentemente exibida na
RTP.
Após o discurso de encerramento da cerimónia os
confrades prestaram homenagem
a Eça de Queirós na sua estátua existente no Jardim das Camélias depositando aí
uma coroa de louros e camélias.
Entretanto
abriu ao público nas salas contíguas uma exposição de oitenta Pratos-Souvenir propriedade que foi do
coleccionador Fernando de Oliveira Pinho (1910-1996), com exemplares de várias
partes do mundo.
Seguiu-se no pavilhão do Solar o jantar
queirosiano, com a atuação do grupo musical Eça Bem Dito, que interpretou canções
portuguesas e brasileiras do tempo de Eça de Queirós e a atuação dos campeões
de Dança Jorge Vieira e Dores Magalhães do Ritmo das Formas – Club de Dança, a
que se seguiu o Baile das Camélias.
Exposições
Organizado pela Comissão de Arte da
associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, abriu ao
público no dia 9 novembro, sábado, no
auditório do Solar Condes de Resende, a edição de 2019 do Salon d’Automne
Queirosiano, este ano com obras de Abel Barros, Ana Isabel Ferreira, António Almada, António Lacerda, António Pinto, António Rua, Carolina Calheiros Lobo, Cerâmica do Douro, Emília
Maia, Luísa Tavares,
Rosalina Sousa, Rosa Dixe, Susana Moncóvio, Teresa Girão Osório e Valença
Cabral. A mostra estará aberta até 31 de dezembro.
Próximos eventos
Teatro
popular
No próximo dia
28 de novembro, quinta-feira, na habitual palestra da última quinta-feira do
mês no Solar Condes de Resende, pelas 21,30 horas, o Dr. José Vaz falará sobre
«100 anos de um grupo popular de Teatro: os Plebeus Avintenses», paradigma do
teatro amador em Vila Nova de Gaia.
Barcos e
estaleiros
No próximo dia 29 de novembro decorrerá
na Casa do Infante no Porto, pelas 18 horas, uma palestra do ciclo No Museu ao
Entardecer, subordinada ao tema «Barcos e Estaleiros do Porto» em que serão
oradores os historiadores Amândio Barros e J. A. Gonçalves Guimarães e o jornalista
Pedro Olavo Simões.
Curso sobre Revoluções e Constituições
No sábado, dia 30 de novembro, prossegue
no Solar Condes de Resende o curso livre sobre Revoluções e Constituições com a
4.ª sessão sobre: «O Cardeal Saraiva - a Constituição de Cádis de 1812 e o
primeiro texto constitucional português», por António Barros Cardoso, professor
da FLUP, seguindo-se a 7 de dezembro a 5.ª sessão sobre: «Da Revolução de 1820
ao triunfo do Liberalismo: a divisão na Igreja portuguesa», pelo Prof. Doutor José
António Oliveira. O curso prosseguirá em janeiro de 2020.
Eça no Cinema
No âmbito das comemorações do Dia
Internacional dos Direitos do Homem, no próximo dia 10 de dezembro será
apresentada no Teatro da Trindade INATEL em Lisboa, a versão em longa metragem
do filme «O Nosso Cônsul em Havana», de Francisco Manso, recentemente
apresentada em série na RTP, numa organização da Fundação INATEL, RTP e
Francisco Manso Produção de Audiovisuais. Estará presente uma delegação da
Confraria Queirosiana
Autores, Livros e
Revistas
No passado dia 31 de outubro, com a
presença de diversas autoridades civis e religiosas, foi lançada na igreja
matriz de Trevões, S. João da Pesqueira, a obra A Igreja de Trevões Identidade e Legado, da autoria de Nuno Resende,
professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Trata-se de um belo
livro-álbum, uma obra de Arte erudita e visual, com atraente grafismo das
imagens a cores que valorizam os frescos, as talhas, as pinturas, as
esculturas, as alfaias religiosas e as arquitecturas desta restaurada e
valorizada igreja monumento nacional e o seu prolongamento natural que é o
Museu de Arte Sacra. Como seu contraponto indispensável um texto bem apoiado em
documentos e com a revisão da bibliografia sobre a História da freguesia e das
obras da igreja e do seu património renascentista e barroco, bem assim como da
sua preservação e valorização até ao presente.
No passado dia 14 de novembro no
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) foi lançado o 5.º volume da História do Douro e do Vinho do Porto,
com o subtítulo de «O vinho do Porto e o Douro no século XX e o início do
século XXI», com coordenação de François Guichard, Philippe Roudié e Gaspar
Martins Pereira, e com textos de doze autores diferentes, dedicado à memória de
dois deles já falecidos, François Guichard (1946-2002) e Fernando Peixoto
(1947-2008), ambos antigos sócios dos Amigos do Solar Condes de Resende –
Confraria Queirosiana, que deixaram textos para integrarem este volume
concebido em 1998 no âmbito dos projectos do GEHVID (Grupo de Estudos de
História da Vitivinicultura Duriense), do qual o 1.º volume foi lançado em 2006
e o 4.º em 2011. Na ocasião José Ribeiro, director das Edições Afrontamento,
anunciou que os volumes 2 e 3 serão lançados no próximo ano.
Elogio
à Poesia. Concurso Agostinho Gomes – 20 Anos de Poemas é uma edição da
Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, que apresenta, entre outros textos , os poemas premiados no Concurso Nacional de
Poesia Agostinho Gomes (1918-1998), poeta e professor natural de Cucujães que
viveu muitos anos em Vila Nova de Gaia e cujo espólio foi doado pela família ao
município de sua origem. Para além das poesias premiadas, este livro abre com
várias colaborações de familiares e amigos do homenageado que lembram a sua
trajectória literária, mas também de seu filho Agostinho Bento Gomes aqui
recordado por Maria Luísa Castro. Com desenhos do artista António Alves na capa
e no interior, temos assim uma edição marcante no panorama editorial da Poesia
portuguesa.
No
capítulo da Confraria Queirosiana acima referido, apresentado pelo seu
director, Luís Manuel de Araújo, foi lançado o n.º 16 da Revista de Portugal,
nova série, tendo na capa uma pintura sobre tema queirosiano do pintor Adias
Machado. No seu interior, o editorial do director adjunto J. A. Gonçalves
Guimarães alude às comemorações sobre os 500 anos da viagem de Fernão de
Magalhães e da utilidade das mesmas para repor a História no lugar dos mitos.
Segue-se uma homenagem a três sócios falecidos, o pintor amador António Rufo, o
Comendador Dr. António Gomes da Costa, anterior presidente do Real Gabinete
Português de Leitura do Rio de Janeiro, e Eng. Querido Loureiro. A série de
artigos abre Arqueologia e História Antiga abre com «Os nomes e os lugares de
Portucale» por Jorge de Alarcão, seguindo-se «O edifício de tradição romana sob
a igreja do Bom Jesus de Gaia destruído nos últimos dias do reino dos Suevo»,
por J. A. Gonçalves Guimarães. Os ensaios sobre o quotidiano têm «Sorrisos
Lágrimas Poemas» de Jaime Milheiro, depois sobre Cultura Portuguesa «António
Sérgio, temas essenciais de vida e obra» por A. Campos Matos, e sobre temas
queirosianos, «Um, para mim, estranho silêncio de Eça de Queirós» por César
Veloso, e «Eça de Queirós e a colecção de Fredéric Sptizer (1815-1890), por
Susana Moncóvio. Segue-se «Há 40 anos na Fundação Calouste Gulbenkian:
Reconstituição do túmulo da rainha Nefertari», pelo egiptólogo Luís Manuel de
Araújo, e um apontamento sobre Verdemilho intitulado «Aveiro e a Fundação Eça
de Queiroz», por Jorge Campos Henriques. Como habitualmente a revista encerra
com a bibliografia dos sócios da ASCR – Confraria Queirosiana e o Relatório de
Atividades referentes a 2018. A edição da revista contou com o apoio da
Urbiface advertising agency do Porto.
Também no Capítulo acima referido foi
lançado o livro Eça de Queirós e o
Caminho de Ferro, de Joana Almeida Ribeiro, elaborada no âmbito dos
trabalhos do projecto dos investigadores-tarefeiros do Solar Condes de Resende,
que decorre no Solar Condes de Resende desde 2005, por protocolo celebrado
entre a Confraria Queirosiana e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Com
prefácio de José Manuel Lopes Cordeiro sobre o enquadramento do tema na
industrialização de Portugal, e um pós-fácio de J. A. Gonçalves Guimarães sobre
a produção de estudos queirosianos editados pela Confraria, trata-se de um
ensaio sobre a temática expressa no título, que a autora perseguiu até à
exaustão, fazendo uma analise completa, mas emocionante, do mundo ferroviário
português, europeu e americano que Eça de Queiroz viu nascer e desenvolver, e
do qual faz mesmo um outro personagem dos seus textos e da sua própria vida.
Como aqui se demonstra, o caminho-de-ferro está omnipresente no universo
queirosiano em todas as suas dimensões.
Numa época em que Portugal se volta a
discutir a política da ferrovia, este livro é, com certeza, muito útil,
divertido e oxalá proveitoso. Para além da reflexão sobre um tema ainda actual,
que se prolongará para o futuro próximo, apresenta a possibilidade de o leitor
desfrutar de páginas impagáveis sobre o caminho-de-ferro, um dos mais interessantes
meios de transporte oitocentistas que marcou a vida e as memórias de muitas
gerações.
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Eça &
Outras, III.ª série, n.º 135, segunda-feira, 25 de novembro de 2019;
propriedade dos Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana;
C.te. n.º 506285685; NIB:
0018000055365059001540; IBAN:
PT50001800005536505900154;
email:
queirosiana@gmail.com;
www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com;
eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J.
A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia
Cabral; colaboração Arménio Costa.
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