Eça & Outras, quinta-feira, 25 de julho de 2019
Comemorar Fernão de Magalhães
Desde o século XIX que Portugal entende
comemorar algumas figuras e feitos importantes da sua História, nomeando
comissões para o efeito que se obrigam à execução de programas com três
valências: festividades populares; debates científicos; lições políticas.
Pretende-se com estas comemorações avivar nos portugueses o conhecimento da sua
identidade e mostrá-la à comunidade internacional, perpetuando-a no tempo e, -
talvez o mais importante em termos de futuro - incentivar uma revisitação
profissional da biografia das figuras marcantes e dos referidos feitos, não só
para aumentar a sua credibilidade expurgando-os de adjacências espúrias, como
procurando dar-lhes um outro brilho que o avanço das ciências permite. Com
algumas outras pelo meio, foi assim com as Comemorações Camonianas (1880), as
do Caminho Marítimo para a Índia (1889); o 5.º Centenário do Infante D.
Henrique (1894); já no século XX, a Exposição Colonial (no Porto em 1934), os
Centenários de 1940, os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento
(1983), a Expo 98 e agora o 5.º Centenário da Viagem de Fernão de Magalhães.
Mas nem sempre os objetivos iniciais
foram alcançados: em 1898 Eça de Queirós viu assim as Comemorações realizadas
em Lisboa: «Imensas multidões – dizem que vieram da província mais de cem mil
pessoas. Ainda apanhei o cortejo cívico, que não tinha civismo nenhum, e onde
apenas ofereciam interesse, um bando de pretos de Moçambique, e, atrás do carro
da Agricultura (perfeitamente ridículo), um grande esquadrão de Campinos do
Ribatejo de uma incomparável beleza. Entusiasmo nenhum – o povo ainda não
percebeu quem era este Vasco da Gama. Aqui no Rossio, o Cortejo passou num
silêncio glacial, quase sombrio, um silêncio de 30 mil pessoas.» (Eça de
Queirós Correspondência, 20.05.1898).
Este afã comemoracionista, no que diz
respeito às atuais comemorações magalhãnicas, deverá concretizar-se em avanços
no conhecimento do feito (até porque, com comissão ou sem comissão, a
comunidade científica irá certamente continuar a produzi-los), mas tem a
obrigação de fazer com que eles cheguem ao público ou que este se importe com
eles, evitando assim que se continue a aludir a enganosos equívocos em volta do
navegador. E tal não se dará, certamente, por falta de informação atualizada: já
na obra Le Voyage de Magellan 1519-1522. La relation d’ Antonio Pigafetta du
premier voyage autour du monde. Paris: Chandeigne, 2017,
Michel Chandeigne, um divulgador da cultura portuguesa, tinha alertado para o
que NÃO era lícito comemorar a propósito dos 500 anos desta viagem (tradução e
adaptação nossa, pág.s 6-8): que antes dela “toda a gente” julgava
que a Terra era plana, ou seja, não redonda; que o navegador tinha proposto o
seu projeto a D. Manuel antes de o propor a Carlos V; que importa que o
navegador não fez a circum-navegação completa, mas apenas até ao arquipélago
das (depois chamadas) Filipinas, onde foi morto (a restante parte da “volta ao
mundo”, ou seja, entre as Filipinas e Lisboa, já a tinha feito no sentido inverso,
de Ocidente para Oriente, anos antes); que dos 237 homens que partiram, 91
sobreviveram e voltaram à Europa, e não quaisquer outros números que por aí
andam; que o navegador atravessou o Pacífico “às cegas”, porque na realidade já
conhecia a sua dimensão pela cartografia portuguesa anterior à viagem; que esta
travessia não foi uma «hecatombe», pelo contrário; que o móbil da viagem (chegar
às Molucas por Ocidente e confirmar a sua localização no hemisfério “espanhol”),
não seria garantido pelo lucro das especiarias aí produzidas, pois o seu
comércio, no imediato, não cobriria o investimento feito.
Este autor refere estes e outros erros
comuns em obras publicadas sobre o navegador e a viagem deste, pelo menos desde 1864
pelo chileno Barros Araña, passando por Alderley (1874), Zweig (1938), a que
poderíamos juntar Roditi (1989) e muitos outros autores não profissionais da
História, mais antigos ou mais recentes, muitos deles fazendo eco da fake new do seu pretenso nascimento em
Sabrosa ou, mais recentemente, de uma outra invenção que lhe quer dar o berço
em Ponte da Barca. Nesta obra que vimos a citar, procura-se expurgar o erro da
menção de Sabrosa, «tirada de documentos falsificados aparecidos no século XIX»
(p. 10, trad.) mas, como foi escrita antes de 2017, não cita ainda os mais
recentes textos dos historiadores Amândio Barros («Vila Nova de Gaia. Os
Forais, o Rio e o Mar» in O Foral Manuelino de Vila Nova de Gaya
1518-2018. Vila Nova de Gaia: Câmara Municipal, 2018), onde na página 58 se lê «Magalhães…que, de resto, teve fortíssimas ligações a Gaia e ao Porto,
correndo teoria acerca do seu nascimento num destes locais»; e de Rui Manuel
Loureiro (Em demanda da Biblioteca de Fernão de Magalhães. Lisboa:
Biblioteca Nacional de Portugal, 2019), onde na página 17 este escreveu:
«Fernão de Magalhães terá nascido na região do Porto, na margem sul do rio
Douro, como sugerem alguns documentos de arquivo… Dois testemunhos portugueses
um pouco mais tardios confirmam esta hipótese.». As hipóteses Porto (aliás já
anteriormente assimilada por muitos historiadores portugueses), e Vila Nova de
Gaia, são assim reequacionadas com base em documentos autógrafos do navegador,
ganhando esta última uma cada vez maior consistência. Não é esta uma questão
menor nem a sua clarificação pode ser encarada como a afirmação de qualquer
bairrismo bacoco, mas sim a procura da verdade histórica que proporcione uma
mais correta interpretação da sua vida e feitos, nomeadamente sobre o ambiente
portuário em que foi criado, a formação intelectual que teve, e quem o levou
para a Corte e aí o protegeu na sua carreira de mareante.
São pois hoje completamente ridículas
as fantasias artísticas (literárias e materializadas em escultura, pintura ou
desenho…ou em rótulos de garrafas de Vinho do Porto) de um menino a brincar com
barquinhos nas águas do Alto Douro e a sonhar com a travessia do Pacífico
distante ou outras que tais. E isso leva-nos à “lição moral” desta crónica:
vamos vendo em concursos escolares e recreações lúdicas, publicadas em jornais
ou exibidas em exposições e vídeo-filmes, várias imagens antigas ou agora criadas,
a quererem representar o navegador em atos ou ações em que nunca esteve, a
atribuir-lhe feitos que nunca fez, ou ideias que nunca teve, em total desacordo
com a História. Alguns artistas gráficos atuais mostram nos seus desenhos que
sobre a sua vida só sabem o que leram em textos que propagam as tais fake news, ou, no mínimo, interpretações
erradas sobre a sua missão, já desacreditadas pelos historiadores. Não me
venham com o falacioso argumento da liberdade de criação, pois a liberdade é
irmã gémea da verdade, não da mentira. E os artistas, como quaisquer outros
profissionais que se querem credíveis e úteis à sociedade que lhes paga o
salário ou as encomendas devem informar-se e estudar as matérias sobre as quais
querem exercer a sua Arte, pois em Arte não “vale tudo” para gozo dos papalvos.
Quanto às exposições bibliográficas e documentais sobre Fernão de Magalhães
elas poderão ser interessantes se forem acompanhadas de algum aparato
cronológico e crítico, pois não tem qualquer valor pedagógico meter na mesmo
vitrina obras sérias de historiadores profissionais ao lado de desbragadas
fantasias de literatos locais escritas para satisfazer clientelas locais ou
mesmo nacionais cujos interesses não são consentâneos com a verdade histórica.
Por isso nos dias de hoje, para além
das multidões, dos cortejos, dos carros alegóricos, da falta de entusiasmo e
dos silêncios glaciais e sombrios, estas comemorações dos 500 anos da viagem de
Fernão de Magalhães deverão servir para uma renovada abordagem histórica da
figura e do feito, um efetivo salto qualitativo na historiografia nacional e,
já agora, também do incremento da fraternidade entre os povos que, pelas mais
diversas razões, se conheceram nesta aventura humana protagonizada por um
português nascido e crescido nas margens do Douro perto da sua entrada no
Atlântico.
J.
A. Gonçalves Guimarães
mesário-mor da Confraria Queirosiana
Amigos e Confrades Queirosianos agraciados
JOEL CLETO
No passado dia
11 de junho, feriado municipal, a Câmara Municipal de Matosinhos agraciou o
historiador Dr. Joel Cleto, seu ex-funcionário e coordenador do Gabinete
Municipal de Arqueologia e História, com a Medalha de Mérito Dourado, no mesmo
dia em que lançou a terceira edição da sua obra Senhor de Matosinhos. Lenda,
História e Património.
JOSÉ VALLE FIGUEIREDO
No dia 9 de
julho, na Casa do Roseiral, a Câmara Municipal do Porto agraciou com a Medalha
Municipal de Mérito o escritor e promotor cultural Dr. José de Magalhães Valle
de Figueiredo «pelos seus méritos pessoais», nomeadamente na divulgação e
promoção cultural da Foz do Douro.
Livros
e Revistas
Acaba
de ser posta à venda a edição comercial do primeiro volume da coleção Património
Cultural de Gaia. Património Humano – Personalidades Gaienses,
coordenado por J. A. Gonçalves Guimarães e Gonçalo de Vasconcelos e Sousa,
produzido pelo Gabinete de História Arqueologia e Património da ASCR- Confraria
Queirosiana e editado pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, com a
colaboração das Edições Afrontamento para esta reedição. O livro, totalmente a
cores, apresenta 250 biografias de homens e mulheres nascidos ou determinantes
na vida do município gaiense desde o século I até a século XX, escritas por
vinte e cinco historiadores. Com um preço de capa de 30 €, o qual já inclui IVA
e portes, pode ser adquirido por via postal, devendo os pedidos ser enviados
para queirosiana@gmail.com.
A
Libreria Visor, tem em distribuição o livro In Tempore Sueborum. El Tiempo de
los Suevos en la Gllaecia (411-585). El Primer reino Medieval de Occidente.
Volumen de Estudios, coordenação de LÓPEZ QUIROGA, na versão e-book e
papel, editado pela Deputacion Provincial de Ourense, Galiza, o qual
complementa a exposição europeia ali realizada em 2017, na qual estiveram
presentes quatro objetos arqueológicos de Vila Nova de Gaia, exumados nas
escavações organizadas pelo Gabinete de História, Arqueologia e Património da
ASCR – Confraria Queirosiana, presentemente em exibição no Núcleo Museológico
de Arqueologia do Solar Condes de Resende, depois de estudadas e divulgadas
pelos seus investigadores.
No
presente volume, o mais recente e internacional repositório de estudos sobre o
Reino dos Suevos, constam, entre muitos outros, os trabalhos de Manuel Luís
Real e António Manuel Silva sobre «Portucale Castrum Novum na época sueva»; de
J. A. Gonçalves Guimarães sobre «O edifício de tradição romana sob a igreja do
Bom Jesus de Gaia (Vila Nova de Gaia – Portugal) destruído nos últimos dias do
reino dos Suevos» e de Lino A. Tavares Dias «A igreja tardo-antiga em
Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses, Porto)
No dia 17 de
julho, no Centro de Interpretação da Cultura Local de Castelo de Paiva, foi
apresentado o livro Do Castelo da Ilha à Ilha do Castelo, da autoria do arqueólogo
e professor António Lima, que realizou escavações nos anos noventa do século
passado nesta hoje ilha que se encontra no Rio Douro, entretanto transformada
em parque de lazer.
Referente
ao mês de junho deste ano acaba de ser distribuído o n.º 88 do Boletim da Associação Cultural Amigos de
Gaia, o qual, entre outros artigos apresenta, de Virgília Braga da Costa,
«O combate ao analfabetismo em Portugal – as escolas primárias de Mafamude (1846-1962)
– 3.ª parte» e de Salvador Almeida «Camilo Castelo Branco e os seus editores –
Eduardo da Costa Santos, comandante dos Bombeiros de Vila Nova de Gaia».
NOVA INSCRIÇÃO DE CRESTUMA
Não obstante estarem temporariamente
suspensas as escavações no Castelo de Crestuma, a equipa do Gabinete de
História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ afeta a este projeto continua a
estudar o espólio já exumado e a apresentar e publicar o seu estudo em diversos
eventos culturais e científicos, enquanto no terreno contínua o estudo da
implantação da estação arqueológica. Foi numa dessas ações que recentemente o
coordenador do projeto, António Manuel Silva, encontrou uma ara romana que
veio relançar o estudo da epigrafia desta estação. Logo que estudada passará a
estar exposta no Núcleo Museológico de Arqueologia do Solar Condes de Resende.
Eventos
passados
ALUNOS DA FLUP
No passado dia 6
de julho decorreu na Faculdade de Letras da Universidade do Porto o almoço
comemorativo dos 100 anos desta instituição que teve presentes muitos dos seus
antigos alunos, nomeadamente um representativo grupo dos alunos de História
finalistas do curso de 1982/83, entre os quais Silvestre Lacerda, diretor da
Torre do Tombo, J. A. Gonçalves Guimarães, diretor do Solar Condes de Resende,
e José António Martin Moreno Afonso, professor na Universidade do Minho.
NASONI CENÓGRAFO
No
passado dia 13 de julho na sala do capítulo do Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra o historiador da Arte Prof. Doutor José Manuel Tedim apresentou a
comunicação «Nicolau Nasoni cenógrafo do barroco portuense» integrada no IX
Festival Internacional de Polifonia Portuguesa – Seminário “O Barroco e a
Polifonia em Portugal” organizado pela Fundação Cupertino de Miranda
MÁRIO CLÁUDIO
No
passado dia 17 de julho na Biblioteca Municipal Almeida Garrett no Porto, foi
lançado o romance Tríptico de Salvação, de Mário Cláudio, editado pelas
Publicações D. Quixote, no ano em que se comemoram os 50 anos da sua vida
literária.
BIENAL DE GAIA
Encerrou no
passado sábado dia 20 a 3.ª Bienal Internacional de Arte de Gaia organizada
pela Cooperativa Artistas de Gaia, a qual teve o seu núcleo central nas
instalações da antiga Companhia da Fiação de Crestuma em Lever, propriedade do
Dr. Ricardo Haddad que tem vindo a recuperar as suas notáveis instalações para
eventos sociais e culturais de grande envergadura, como foi agora o caso. Nesta
mostra, uma das maiores do país, participaram vários artistas amigos e
confrades queirosianos.
EÇA BEM DITO
No dia 23, pelas 21 horas, o grupo
musical Eça Bem Dito da ASCR – Confraria Queirosiana que ensaia regularmente no
Solar Condes de Resende, fez uma atuação na abertura do Festival Italiano que
decorre no Cais de Gaia até ao dia 29 de julho. Composto por Maria João
Ventura, pianista, João Santos, contrabaixo, António Rua, José Bordelo e
Valença Cabral, vozes, interpretaram canções napolitanas clássicas do final do
século XIX e inícios do século XX.
Palestras
SENHOR DA PEDRA
Hoje, dia 25 de julho pelas 21,30 horas,
decorrerá no Solar Condes de Resende mais uma das habituais palestras das
últimas quintas-feiras do mês, desta feita apresentada pelo Dr. Henrique Guedes
sobre «Senhor da Pedra: Espaço Memória, Vivência, Identidade», sendo o
palestrante autor de uma monografia sobre um dos mais emblemáticos monumentos
do litoral português situado em Vila Nova de Gaia.
Exposições
“HORROROSA
MOSTRA SOBRE O TÚMULO DE TUTANKHAMON” NO PARQUE DAS NAÇÕES EM LISBOA
Nota
da redação: Parecem estar na moda as exposições sobre temas culturais feitas
por diversas entidades que atuam nas áreas do Turismo e da Comunicação sem
qualquer critério profissional, entregues a curadores que nunca estudaram as
matérias expostas ou que das mesmas terão um vaguíssimo entendimento,
destinadas ao público em geral, às escolas ou aos turistas e que partem do
princípio de que todos são ignorantes e que se contentam com o deslumbramento
do design e do “espectáculo”, numa clara e ignara ofensa aos critérios da
cultura, do saber, da verdade, da qualidade e do trabalho dos estudiosos, cujas
publicações e realizações são, quantas vezes, pirateadas em proveito das
mesmas. Do Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, egiptólogo, professor jubilado
da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e diretor da Revista de
Portugal recebemos o e-mail que a seguir publicamos. Vários comentários sobre
esta desastrosa exposição podem também ser vistos no blogue Faraó e Companhia:
«Ao cuidado da Direção da Exposição sobre Tutankhamon
Ex.mos Senhores
Como professor da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, da área de História Antiga e de Egiptologia, alerto a
organização para os erros espantosos de várias legendas da exposição sobre
Tutankhamon, com dislates grosseiros e, em certos casos, até insultuosos
para os visitantes que pagaram o seu bilhete de entrada no Pavilhão de
Portugal, que pertence à Universidade de Lisboa.
À direção da exposição, e às pessoas que
organizaram o percurso expositivo e selecionaram as «peças», apenas interessou
o lucro com as entradas, porque na verdade algumas «réplicas» horrorosas, toscas e frustes nem
deviam lá estar expostas, elas desvirtuam o brilhantismo da arte funerária do
antigo Egito e conspurcam a cultura, a ciência e a arqueologia, para já não
falar da estética e da história da arte.
Em minha opinião, o público visitante e os
cidadãos que lá se dispuserem a ir deveriam boicotar aquela arrepiante mostra e
só entrar depois de a organização ter alterado muitas das displicentes e
toscas legendas e de ter retirado algumas «réplicas» nojentas que lá
se encontram (algumas das quais nem têm nada a ver com o espólio tumular do
famoso rei Tutankhamon).
Fui visitar a exposição a muito custo, só
porque um grupo de antigos alunos da Universidade, alguns dos quais ainda
frequentam os cursos livres que a Reitoria vai organizando, me pediu para os
acompanhar, e muitos deles (que nem são da área de História Antiga),
repararam nos erros crassos e hebefrénicos que por lá abundam, e que até
podem ser detetados por alunos do ensino básico.
Entre as muitas e graves acusações de
desleixo, incúria, ganância, ignorância e desprezo e desrespeito
pelo público, avulta o facto de a mostra ser apresentada como «uma
experiência fascinante e pedagógica» (como um dos vossos painéis anuncia…), o
que é gravíssimo porque poderá iludir os alunos do ensino básico que,
eventualmente, lá possam ir com os respetivos professores em visita de
estudo.
Já em 2017, quando fui com um grupo de
alunos da Faculdade de Letras visitar a exposição no Pavilhão de Portugal (que
pertence à minha Universidade) tinha chamado a atenção de um senhor (cujo nome
não recordo e que parecia ser da organização) sobre os clamorosos erros que lá
se encontram, mas ficou tudo na mesma, o que só confirma aquilo que muitas
pessoas pensam: é apenas uma questão de ganância, o que interessa são os
lucros com as entradas - quanto ao resto, a cultura, a ciência, o
rigor, o respeito pela história e pela arqueologia... ah, isso não
interessa para nada!
Com o mais veemente protesto, como cidadão
e como docente de História,
Luís Manuel de Araújo
Professor da Faculdade de
Letras
Universidade de Lisboa»
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Eça & Outras, III.ª série, n.º 131,
quinta-feira, 25 de julho de 2019; propriedade dos Amigos do Solar Condes de
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n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com;
www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com;
vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação da página: J. A. Gonçalves Guimarães
(TE-164 A); redação: Fátima Teixeira e Amélia Cabral; inserção: Licínio Santos.
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