Eça & Outras, quinta-feira, 25 de julho de 2024
500 anos do nascimento de Luís de Camões;
100 anos do passamento de Teófilo Braga
500 anos da Rua das Flores no Porto
No passado dia 15 de julho o Museu da
Misericórdia do Porto (MMIPO) celebrou os seus nove anos de existência com o
lançamento de duas obras de excecional importância para a memória da
instituição, do espaço onde se implantou, e da própria História da Cidade do
Porto. À cerimónia estiveram presentes o Provedor da Misericórdia, Dr. António
Tavares, o Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações dos 500 anos da
Rua das Flores, Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva, a Diretora da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Professora Doutora Paula Pinto
Costa, a Coordenadora Científica do CITCEM, Professora Doutora Inês Amorim, o
Provedor da Misericórdia de Gaia, Dr. Manuel Moreira, representantes de
diversos outros organismos e personalidades a título pessoal e o presidente da
associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana e outros
confrades, alguns dos quais autores de textos nos livros apresentados.
Associando-se à celebração
dos 500 anos da abertura da Rua de Santa Catarina das Flores, atual das Flores
(1521-2021) a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, através do seu
Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura Espaço e Memória (CITCEM) e a
Santa Casa da Misericórdia do Porto, através do Museu da Misericórdia do Porto
(MMIPO) estabeleceram um protocolo de colaboração científica que realizou o
Colóquio Internacional A Rua na Estrutura Urbana e a Exposição Rua
das Flores: Passagem e Permanência, dos quais foram agora lançadas em livro
uma seleção das comunicações no volume História da Arquitetura. Perspetivas
Temáticas (III). A Rua na Estrutura Urbana, editado pelo CITCEM, e o
catálogo Rua das Flores 500 anos. Passagem e Permanência 1521-2021,
editado pelo MMIPO.
A primeira obra foi
apresentada pelo Prof. Doutor Manuel Joaquim Moreira da Rocha, Professor
Associado de História da Arte e um dos seus coordenadores, que salientou que
desde o século XVIII esta rua «…foi conquistando o estatuto de rua comercial de
artigos sumptuários e de luxo, influenciando a dinâmica comercial da cidade».
Apresentando os resultados da investigação do grupo «Património Material e
Imaterial» do CITCEM, a obra tem colaboração de investigadores das
universidades de Barcelona, Berna, Brandenburg, Coimbra, Católica Portuguesa –
Porto, Complutense de Madrid, Hamburg, Lisboa, Málaga, Nápoles Federico II,
Nova de Lisboa, Oviedo, Politécnico de Viseu, Porto (Faculdades de Arquitetura
e de Letras), Santiago de Compostela e Udine, para além de profissionais da
História, da Arqueologia, do Património e da Arquitetura da Câmara Municipal do
Porto e da Misericórdia de Barcelos e alguns outros a título pessoal. Pelas
suas quinhentas páginas passam muitos estudos sobre Urbanismo e matérias
associadas em várias cidades e também nesta rua emblemática, numa boa
metodologia comparativa pelo universo europeu ou de influência europeia, de
casos similares em Barcelona, Calábria, Compostela, Ferrara, Granada,
Guimarães, Lisboa, Mileto, Nápoles, Palma, Pontevedra, Recife, Udine, Vila do
Conde e Viseu.
Ainda que integrados noutras
instituições, também neste volume participaram diversos associados e confrades
membros do Gabinete de História, Arqueologia e Património dos Amigos do Solar
Condes de Resende – Confraria Queirosiana, ou professores nos seus cursos
livres, de que destacamos Francisco Ribeiro da Silva – A Rua das Flores,
palco privilegiado de rituais urbanos e da religiosidade fora dos templos
(séculos XVI-XIX); Laura Sousa – Arqueologia na Rua das Flores, Porto
(2000-2021); (com Manuela Ribeiro, Carla Stockler e Sérgio Gomes); e Nuno
Resende, co-coordenador do volume.
A segunda obra, por natureza mais monográfica, foi apresentada pelo Prof.
Doutor Nuno Resende, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
também ele, com o apresentador da obra anterior, coordenadores científicos
deste «catálogo [que] é uma homenagem à emblemática rua do Porto, que há cinco
séculos liga história, arte e cultura» e que teve coordenação geral do Doutor
José Ferreira e Silva da SCMP. Na sua apresentação destacou que «…a cidade do Porto ganha uma obra
absolutamente inédita e importante na sua História e até na historiografia
portuguesa (…). Depois, porque a História da cidade, conquanto tenha uma longa
genealogia de estudos históricos, a prevalência do amadorista sobre o
científico tem trazido o pitoresco, o anedótico e a curiosidade por vezes
mórbida sobre a cidade e seus cidadãos, algo que cada vez mais se evidencia
como supérfluo e desnecessário num universo de visitantes que não procuram
apenas o óbvio. A História da Cidade é suficientemente rica, interessante e
densa, sem que seja necessário transformá-la em estória».
Como na obra
anterior, também nesta participaram diversos profissionais queirosianos:
Francisco Ribeiro da Silva - Apresentação; A cidade do Porto e o
poder central nos tempos de D. Manuel I. A Confraria da Misericórdia; Notas
sobre o Regimento do Hospital de D. Lopo de Almeida; O Bairro da Rua das
Flores; Inês Vinagre – Papelaria Araújo & Sobrinho; Livraria
Chaminé da Mota; Pérola da Índia; Banco Carregosa; J. A.
Gonçalves Guimarães – A Rua das Flores no período constitucional; e Nuno
Resende – Introdução. Rua das Flores Passagem e Permanência (com Manuel
Joaquim Moreira da Rocha); Pintura representando Santa Catarina; «Rua
de ourives e poetas»: a Rua das Flores nos séculos XIX e XX; O Álbum
da Santa Casa da Misericórdia do Porto (1891); Desenho representando
o Largo da Feira e a Porta de Carros (com MJMR); A arte urbana na Rua
das Flores; Edifício Mota & Faria, Lda.; Papelaria Reis
Cidade das Profissões.
Se é certo que a
Rua das Flores do Porto, com o seu meio milénio, não teve nunca «armazéns
servidos por três mil caixeiros», nem «mercados onde se despejam os vergéis e
lezírias de trinta províncias», nem «bancos em que retine o ouro universal»,
nem «fábricas fumegando com ânsia, inventando com ânsia», nem «bibliotecas
abarrotadas, a estalar com a papelada dos séculos» e hoje, como outrora,
continua a ter todos os dias «…uma vaga humanidade, fervilhando, a ofegar,
através da Polícia, na busca dura do pão ou sob a ilusão do gozo» (Eça de
Queirós, A Cidade e as Serras), tem, contudo, um inegável caráter único
que a presença da Santa Casa da Misericórdia do Porto e do seu Museu trazem das
brumas do passado a dar qualidade aos dias de hoje e do futuro.
J. A. Gonçalves Guimarães
historiador
Palestras
e Conferências
No próximo dia 1 de
agosto, quinta-feira, decorrerá a título excecional no Solar Condes de Resende
(deveria ser no dia 25 de julho, mas foi adiada para essa data), entre as 18,30
e as 19,30 horas, presencial e por vídeoconferência, uma palestra-concerto
sobre Das ruas e dos salões do
Império à Era da Rádio: um século de canções do Brasil (1830-1930), pelo historiador
Henrique Guedes, com a atuação do
grupo musical Eça Bem Dito dirigido pela pianista Maria João Ventura.
Para além da lição histórica serão interpretadas canções desde D. Pedro IV
incluindo alguns clássicos da música popular brasileira até meados do século
passado.
Presença
da associação
A
associação ASCR-CQ tem marcado a sua presença em diversos acontecimentos
culturais desde a última edição desta página: assim, a dois de julho passado o
presidente da direção e Maria de Fátima Teixeira, curadores do espólio do
escritor J. Rentes de Carvalho, voltaram a casa do escritor em Estevais do
Mogadouro onde receberam de suas mãos mais algum espólio pessoal para
acrescentar ao já recebido e atualmente em tratamento arquivístico na sede. Na
ocasião e dado que igualmente foram tratar da concretização de um roteiro
rentesiano que envolverá esta aldeia transmontana, percorreram com o escritor,
sua esposa Löeckie Carvalho e o atual proprietário, Dr. Jorge Noronha Alves, a
Casa Grande de Estevais, em fase de adaptação do complexo edificado para
agroturismo e biblioteca Dr. Armando Pimentel. Seguindo para Moncorvo, sobre o
mesmo assunto reuniram ainda com o Dr. Nelson Campos, do Projeto Arqueológico
da Região de Moncorvo (PARM), dado que têm em curso um projeto candidato à
CCRD-N ainda no presente ano.
No
dia oito o presidente da direção esteve presente numa reunião de associações
culturais e recreativas na sede da Federação das Coletividades de Vila Nova de
Gaia convocada por esta estrutura associativa e pelo jornal O Gaiense, tendo sido dirigida por Paulo
Rodrigues, dirigente da primeira e Anabela Carvalho, da redação daquele
semanário, para darem conta do andamento dos trabalhos para a concretização do
concurso e gala da edição deste ano do Gaia
é Fado.
No
dia 14 o presidente esteve a representar a associação no Lycée Français
International de Porto na comemoração o dia 14 de Julho por convite do Cônsul
Honorário de França no Porto, Dr. Manuel Cabral.
No dia 15 o presidente e vários associados e confrades estiveram presentes na Igreja da Misericórdia do Porto no lançamento de duas obras comemorativas dos 500 anos da Rua das Flores (ver editorial e secção Livros)
Nova direção,
cumprimenta e reúne
A
atual direção da ASCR-CQ, para além da totalidade dos associados, tem vido a
apresentar cumprimentos e a solicitar reuniões de trabalho a diversas entidades
com quem normalmente tem programas comuns, nomeadamente a Academia Alagoana de
Letras, a Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, a Câmara Municipal de Vila
Nova de Gaia, a Federação de Amigos dos Museus de Portugal (FAMP), a Federação
Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, o jornal O Gaiense, os partidos políticos Bloco de Esquerda, CDS-PP, CDU, CHEGA,
Iniciativa Liberal, LIVRE, PAN, PSD, e PS, além da vereadora da Cultura e da
Programação Cultural da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eng.ª Paula
Carvalhal e do vereador do Associativismo, Dr. Elísio Pinto, a que outros se
seguirão.
Prémios
e distinções
Revista de Portugal
Por declaração da Senhora Ministra da Cultura, Professora Doutora Dalila Rodrigues, a edição da Revista de Portugal – 2024, a publicar em novembro próximo e dedicada aos 500 anos de Luís de Camões, aos 100 anos de Teófilo Braga, aos 50 anos do 25 de Abril e à homenagem de Mogadouro a J. Rentes de Carvalho, foi declarada em 18 de julho passado, como «projeto de interesse cultural» podendo os seus patrocinadores «usufruir dos benefícios fiscais previstos no regime de Mecenato Cultural».
Prémio Literário
Guerra Junqueiro
Integrado no encerramento das sessões evocativas do centenário da morte de Guerra Junqueiro (1850-1923), no passado dia 7 de julho o presidente da Câmara Municipal de Freixo-de-Espada-à-Cinta, Nuno Pereira entregou ao escritor Mário Cláudio o prémio literário Guerra Junqueiro Lusofonia.
Prémio “Cultura Sustentável – ODS”
A Federação dos Amigos dos Museus de
Portugal (FAMP) acaba de divulgar o regulamento do seu Prémio Cultura Sustentável
– ODS, que tem o patrocínio da Fundação Millennium BCP e que «pretende
contribuir de uma forma ativa para a promoção de uma Cultura sustentável inspirada
pelos desafios propostos nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
da Agenda 2030 das Nações Unidas. Este Prémio visa distinguir projetos e
iniciativas desenvolvidos pelos Amigos dos Museus, que, pelo impacto no seu
Museu e/ou na comunidade, correspondam à implementação de pelo menos um dos 17
ODS. Podem candidatar-se os Grupos de Amigos dos Museus, associados da FAMP,
que poderão contar com a colaboração dos próprios Museus ou de outras
entidades, cuja participação seja fundamentada. A apresentação das candidaturas
decorrerá entre 2 e 15 de janeiro de 2025.
São os seguintes os 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável: ODS 1 – Erradicar a Pobreza; ODS 2 – Erradicar a
Fome; ODS 3 – Saúde de Qualidade; ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 –
Igualdade de Género; ODS 6 – Água Potável e Saneamento; ODS 7 – Energias
Renováveis e Acessíveis; ODS 8 – Trabalho Digno e Crescimento Económico; ODS 9
– Indústria, Inovação e Infraestruturas; ODS 10 – Reduzir as Desigualdades; ODS
11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis; ODS 12 – Produção e Consumo
Sustentáveis; ODS 13 – Ação Climática; ODS 14 - Proteger a Vida Marinha; ODS 15
– Proteger a Vida Terrestre; ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes; ODS
17 – Parcerias para a Implementação dos Objetivos.
Para mais informações consultar https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/
Livros
Diário Incontínuo,
de Mário Cláudio
Publicado
pela D. Quixote, Mário Cláudio apresenta aos seus leitores o seu Diário Incontínuo, cuja escrita iniciou
em 1958 aos dezasseis anos e que desde então prosseguiu, com algumas
interrupções, nesta edição até 10 de setembro de 2019, num diálogo consigo próprio, como é próprio de um diário, embora neste
caso, e devido à personalidade multifacetada do autor, seja interessante o
leitor procurar descobrir as conversas entre o Doutor Mário Cláudio e o Dr. Rui
Barbot Costa. Ligado a uma família de Vila Nova de Gaia, será também
interessante acompanhar as suas reflexões sobre o tempo em que foi diretor da
Biblioteca Pública local, numa fase de transição entre o acanhado espaço que
ocupava na Casa-Museu Teixeira Lopes e a sua transferência para o novo edifício
construído de raiz e inaugurado em 1979, de que ficou o livro Cale. Antologia e textos sobre Gaia, de
que foi o organizador e prefaciador, publicado pela autarquia em 1976. E
depois, muitos mas mundos.
Noventações, de César Fonseca Veloso
Dez
anos depois de Oitentações, este
autor apresentou no passado dia 29 de junho, na Casa do Concelho de Tomar em Lisboa, a
sua mais recente obra sobre a mais rente década da sua vida. Apresentado pela
Prof.ª Doutora Maria Alexandra Leandro, a sessão contou com momentos de leitura
e também musicais a que se associaram diversos familiares e amigos do autor que
entre si procuravam alvitrar o título que o livro dos cem anos terá: Cemsações foi o mais sugerido.
ROCHA, Manuel
Joaquim Moreira da; RESENDE, Nuno, coordenadores (2024) – História da Arquitetura Perspetivas Temáticas (III). A Rua na estrutura
urbana. Porto: CITCEM/ MMIPO, 500 páginas; ver notícia acima.
SILVA, José Ferreira e, coordenação
editorial; ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da; RESENDE, Nuno, coordenadores
científicos (2024) - Rua das Flores 500 anos. Passagem e Permanência 1521-2021. Porto: MMIPO; ver
notícia acima
ANA MAGALHÃES RODRIGUES, FOTÓGRAFA
Entre 13 e 18 de abril passado decorreu em Matosinhos e no Museu Soares dos
Reis no Porto o Congresso «Aurélio de Souza. Mulheres artistas em 1900», em
cujas atas, em vias de publicação, Nuno Resende, professor da FLUP e secretário
da ASCR-CQ publica o estudo «Ana Magalhães Rodrigues (1869-1937). Uma fotógrafa
através da sua fotografia»
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série, n.º 191, quinta-feira, 25 de julho de 2024; propriedade da associação
cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição
de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende,
110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB:
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Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção:
Amélia Cabral.
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