sexta-feira, 25 de outubro de 2024

 

Eça & Outras, sexta-feira, 25 de outubro de 2024

 

500 anos do nascimento de Luís de Camões;

100 anos do passamento de Teófilo Braga

 




Eça de Queirós na Barra de São Miguel, Brasil

Entre 8 e 13 de outubro decorreu na Barra de São Miguel, Alagoas, a 5.ª edição da Festa Literária FliBarra, que incluiu a 7.ª edição do Festival Portugal em Cena, com curadoria do escritor Carlito Lima, que homenageou o escritor português Eça de Queirós tomado como patrono. Estes eventos foram organizados e acolhidos pela Prefeitura Municipal de Barra de São Miguel com o apoio da Academia Alagoana de Letras e, em Portugal, com a colaboração da associação Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana, agraciada pelo município local com o troféu comemorativo.

Para além das manifestações sobre a Língua Portuguesa com a evocação de seus poetas e músicos de ambos os países, outros aspetos da vida em comunidade foram considerados e também aí tiveram lugar intervenções sobre a problemática do ambiente, e mais concretamente sobre a proteção da Amazónia; a abordagem de casos de desastres ambientais de repercussão internacional; e a inteligência artificial e a transformação digital. Programa rico e variado apresentou acontecimentos verdadeiramente atraentes para todo o tipo de públicos, tais como: «O que é um museu e suas finalidades»; peças de teatro para os mais novos; «Poesia, para quê e para quem?» e «minerando poesia»; música coral, «oficina de ritmos nordestinos», banda de pífanos, fado tropical, samba de periferia e outras músicas e sons; aula show com alunos e professores dos cursos de Gastronomia e Letras «cozinhando e recitando poesias»; «Literatura e Cinema»; exibição de ponto cruz, croché, filé e macramê. E ainda a saída da escuna Poética a navegar na Lagoa com músicos e poetas; uma Oficina de Nós com a Marinha do Brasil; uma exibição do tradicional Bumba Meu Boi; atuação do Rancho Folclórico de Portugal do Colégio Marista do Recife e, por fim, show clube do Fado e show Ritmos Nordestinos, e uma celebração religiosa católica com atuação de quarteto e solistas na Igreja Matriz, que encerrou as festividades.

Na parte do programa especialmente dedicada ao autor de A Relíquia, foi exibida a longa metragem O nosso cônsul em Havana. Eça de Queirós em defesa dos direitos humanos, com a presença do realizador Francisco Manso (também ele confrade de honra da Confraria Queirosiana e que já filmou no Solar Condes de Resende) e Gabriel Gomes, apresentado pelo ator Chico de Assis, este último que também será em breve feito confrade no próximo capítulo de 23 de novembro.

Na sexta-feira 11 de outubro, pelas 20,30 horas da noite de Portugal (16,30 no Brasil), a partir do Solar Condes de Resende em Vila Nova de Gaia sede da Confraria Queirosiana, encontravam-se J. A. Gonçalves Guimarães, historiador, presidente da ASCR-CQ, membro honorário da Sociedade Eça de Queiroz do Recife e sócio correspondente da Academia Alagoana de Letras; Irene Fialho, investigadora na área da Literatura e especialista em Eça de Queirós; e António Pinto Bernardo também da direção da associação portuguesa, preparados para entrarem em contacto por vídeoconferência em transmissão simultânea pela TV ALAGOANA do evento da Barra de São Miguel, onde se encontravam Maurício Melo, jornalista e apresentador de Tv; Ricardo Cavalliere, da Academia Brasileira de Letras, e Alberto Rostand Lanverly, presidente daquela academia e confrade de honra da Confraria Queirosiana, também ele homenageado neste evento, e que em conjunto iriam debater aspetos da vida e obra do escritor e as relações culturais entre os dois países.

Irene Fialho começou por falar sobre a revisitação da obra de Eça de Queirós por diversos públicos e estudiosos contemporâneos, nomeadamente através do projeto da edição crítica das suas obras dirigido pelo Professor Doutor Carlos Réis, no qual colabora, e de que a Imprensa Nacional já editou duas dezenas de volumes, a que outros em breve se seguirão até à totalidade da obra. Abordou também a possibilidade de ainda poderem aparecer textos desconhecidos do escritor, nomeadamente correspondência, tendo mostrado as edições que em tempos preparou de A Morte do Diabo, fragmentos de uma opereta por Eça de Queirós, Jaime Batalha Réis e Augusto Machado, que publicou com Mário Vieira de Carvalho (também Confrade Queirosiano) e José Brandão em 2013 pela Editorial Caminho, e Eça de Queiroz em Casa. Desenhos e Textos Inéditos, Editorial Presença, 2016, como exemplos dessa possibilidade.

Por sua vez, Gonçalves Guimarães, referiu-se às instituições que em Portugal e no Brasil preservam a memória e a obra deste grande escritor português de fama internacional e as ações que a Confraria tem desenvolvido para o aumento do seu conhecimento, nomeadamente através da participação em roteiros e itinerários que ajudam a compreender a sua obra, não apenas o de Vila Nova de Gaia, mas também o de Lisboa-Sintra, descrito por A. Campos Matos, e o do Egito, tantas vezes revisitado pelo vice-presidente, o egiptólogo Luís Manuel de Araújo. E a continuidade de uma certa literatura de índole queirosiana, questionadora de Portugal e dos Portugueses, hoje desenvolvida pelo confrade J. Rentes de Carvalho, na sua opinião o maior escritor português dos nossos dias que, em tempos, também teve o seu percurso brasileiro como jornalista e correspondente. Lembrou ainda a continuada paixão que o Brasil demonstra pela obra de Eça, de que é exemplo o presente festival. À pergunta sobre qual a obra que dele recomendaria, apontou uma das mais desconhecidas, intitulada Emigração como força civilizadora (2.ª edição, Publicações D. Quixote, 2001), cuja reflexão merece ser acatada nos diversos fóruns nacionais e internacionais dos dias de hoje. Por fim, em nome da Confraria Queirosiana felicitou a organização da 5.ª FliBarra e do 7.º Portugal em Cena e a sua homenagem a Eça de Queirós, lembrando que a barra do Douro (Vila Nova de Gaia e Porto), noutros tempos, tantos barcos enviou ao outro lado do Atlântico e outros tantos recebeu com abraços do Brasil, que agora reenviou aos queirosianistas do país irmão.

Por sua vez, António Pinto Bernardo, neste colóquio apresentado também como cidadão alagoano e seu embaixador cultural, tendo em conta as regulares viagens que de Portugal aí o levam e ao número de confrades que tem apadrinhado na sua filiação na Confraria Queirosiana.

Neste pôr-do-sol alagoano recordemos umas palavras de Eça de Queirós que aqui ficam bem: «Do lado do mar subia uma maravilhosa cor de ouro pálido, que ia lá no alto diluir o azul, dava-lhe um branco indeciso e opalino, um tom de desmaio doce; e o arvoredo cobria-se todo de uma tinta loira, delicada e dormente. Todos os rumores tomavam uma suavidade de suspiro perdido. Nenhum contorno se movia como na imobilidade de um êxtase. E as casas, voltadas para o poente, com uma ou outra janela acesa em brasa, os cimos redondos das árvores apinhadas, descendo a serra numa espessa debandada para o vale, tudo parecera ficar de repente parado num recolhimento melancólico e grave, olhando a partida do Sol, que mergulhava lentamente no mar…» (Eça de Queirós, Os Maias). Na barra de São Miguel e na do Douro, em Vila nova de Gaia e Porto.

 

J. A. Gonçalves Guimarães

historiador

 

Presenças da associação




Como anteriormente noticiamos, o vogal da direção da ASCR-CQ Dr. António Pinto Bernardo esteve recentemente em Maceió, Alagoas, Brasil, onde continuou a missão que desenvolve desde longa data, a ligação afetiva e cultural entre as duas margens lusófonas do Atlântico, desta feita em torno da participação da ASCR-CQ na 5.ª edição da Festa Literária FliBarra, que incluiu o 7.º Festival Portugal em Cena (ver acima). Na imagem podemos ver um dos momentos do seu recente convívio com diversos outros confrades brasileiros em Maceió, gentileza do confrade Dr. Fernando Maciel.

No dia 12 de outubro uma delegação da ASCR-CQ composta pelo presidente da direção, J. A. Gonçalves Guimarães, pelo tesoureiro Fernando Rui Morais Soares e pelo vogal António Manuel Silva, no propósito de apresentação de cumprimentos dos novos corpos sociais e de apresentação do plano de atividades para 2024-2028, reuniu na Casa-Museu Teixeira Lopes com a vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eng.ª Paula Carvalhal e outros elementos da administração autárquica, tendo sido analisadas, entre outras questões, o andamento do projeto Património Cultural de Gaia, o projeto dos investigadores-tarefeiros, a necessidade de uma outra sede para a associação e a realização de programas comuns no Solar Condes de Resende.

 

Dia dos Amigos dos Museus

No passado dia 13 de outubro comemorou-se o II Dia Europeu dos Amigos dos Museus, dinamizado pela Federação de Amigos dos Museus de Portugal (FAMP) e celebrado em diversos museus e espaços musealizados com iniciativas promovidas pelas associações.

Para assinalar esse dia a Federação organizou um evento no Museu do Oriente em Lisboa, onde foi assinada pelo ICOM Europa, pela World Federation of Friends of Museums (WFFM) e pela FAMP a «Actualização da Declaração do Funchal», subscrita por muitas associações no último Congressos, tendo estado presentes o Dr. Alexandre Pais, presidente do conselho de administração da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. em representação da secretária de estado da Cultura; o Dr. Mário Antas, diretor do Museu dos Coches e representante do ICOM Europa; a Dra. Graça Mendes Pinto diretora do Museu do Oriente; e membros dos órgãos sociais da FAMP, nomeadamente a presidente da direção, Dr.ª Maria do Rosário Alvellos, a secretária Dr.ª Leonor Marinho, o Dr. Luís Brito Correia presidente da MAG, e Hermann Scheufler vogal do conselho fiscal; e ainda representantes de diversas instituições convidadas e vários grupos de amigos associados. Os Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana (ASCR-CQ) estiveram representados pelo seu vice-presidente Prof. Doutor Luís Araújo e pelo vogal Dr. Manuel Nogueira.

Comemorando também este evento, na véspera dia 12, a ASCR-CQ promoveu uma reunião presencial e por videoconferência entre diversas associações de amigos de museus da região Norte, tendo especialmente convidado amigos de museus públicos e privados de Vila Nova de Gaia que ainda não têm associação organizada. A sessão foi dinamizada pelo presidente da direção, J. A. Gonçalves Guimarães, e pelo secretário Nuno Resende, tendo estado presentes, entre outros, a Dr.ª Sofia Silva, do Grupo de Amigos do Museu D. Diogo de Sousa, Braga, que abordou a questão dos grupos de jovens e a do Turismo Arqueológico, e Paulo Rodrigues, da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia que abordou questões ligadas ao associativismo. Foram ainda referidos os diversos museus e espaços musealizados em Vila Nova de Gaia e a necessidade da continuação destas reuniões.

Nos dias 25 a 27 de outubro decorrerá em Parma o «WFFM European meeting», no qual a FAMP estará representada pela presidente da sua direção.

 



Curso livre sobre os 50 Anos do 25 de Abril

Como vem acontecendo desde o ano letivo de 1991/1992, então organizados pelo Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia e desde 2004 pela Academia Eça de Queirós, grupo de trabalho para o Ensino da associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, e desde sempre em colaboração com o Solar Condes de Resende, teve início no passado sábado dia 19 de outubro o 32.º curso livre intitulado «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril», o qual decorrerá aos sábados entre as 15 e as 17 horas até abril de 2025. Este curso terá como mote os textos daquele escritor «A Revolução Exemplar e a Revolução Invisível», publicado no catálogo da exposição Bewusttwording in Portugal (Consciencialização em Portugal) pelo Museum Boymans-van Beuningen, Roterdam em 1978, e o livro Portugal, a Flor e a Foice, publicado na Holanda em 1975 e em Portugal pela Quetzal em 2014. Também como de há anos a esta parte tem acontecido, este curso será certificado por Gaia Nascente - Centro de Formação de Associação de Escolas do Ministério da Educação, tendo ainda sido solicitada a colaboração de outras entidades académicas e cívicas de índole nacional, como é o caso do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. A lição de abertura estava prevista ser dada pelo sociólogo e presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Prof. Doutor Eduardo Vitor Rodrigues que, por razões imponderáveis, teve de a adiar para data a divulgar. Em substituição, o coordenador do curso e historiador J. A. Gonçalves Guimarães deu a aula intitulada «Portugal, a Europa e o Mundo desde o Ultimatum», prosseguindo no próximo dia 09 de novembro com uma outra aula sobre «As Guerras Coloniais». Esta sessão de abertura, presencial e por videoconferência, teve a presença da vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eng.ª Paula Carvalhal, em representação do presidente da autarquia.

Para além dos referidos, o curso terá como professores José António Oliveira; Adrião Pereira da Cunha; António Barros Cardoso; Nuno Resende; David Rodrigues; Jorge Castro Ribeiro; Ricardo Noronha; José Manuel Tedim; Luís Raposo e Silvestre Lacerda.

 

 



Revista de Portugal

No próximo capítulo anual da Confraria Queirosiana, que se realizará no Solar Condes de Resende no sábado dia 23 de novembro, pelo seu diretor, o egiptólogo Prof. Doutor Luís Manuel de Araújo, será apresentado o n.º 21 da nova série da Revista de Portugal, fundada por Eça de Queirós em 1889. Com a capa dedicada ao V Centenário de Luís de Camões com a reprodução de um medalhão de Soares dos Reis, criado para as comemorações de 1880 e pertencente à Coleção Marciano Azuaga que se guarda no Solar Condes de Resende, este número homenageia também Teófilo Braga, professor universitário, investigador, publicista e presidente da República e também ele colaborador de Eça na primeira série desta revista, no centenário do seu passamento. Homenageia ainda Salgueiro Maia nos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e o escritor J. Rentes de Carvalho, recentemente perpetuado com uma escultura de Hélder de Carvalho no Centro Cultural com o seu nome em Mogadouro. O conteúdo deste número apresenta: o editorial «Centenários e outras memórias», subscrito pelo diretor-adjunto J. A. Gonçalves Guimarães, a que se segue a evocação do confrade Eng.º Amílcar Salgueiro recentemente falecido. «Lembrar Camões, a vida em pedaços repartida» é o título do texto do confrade Guilherme d’ Oliveira Martins na abertura das comemorações camonianas em Lisboa a que a ASCR-CQ se associou. José António Afonso é o autor de um exaustivo artigo sobre «A “Dilecta Discípula” de Teófilo Braga. Memórias dos anos de formação de uma professora portuense na década de 1920». Cinquenta anos passados, J. A. Gonçalves Guimarães foi ao seu arquivo buscar inéditos «Documentos pessoais em volta do 25 de Abril de 1974, com um abraço para Salgueiro Maia» que enquadrou num artigo evocativo do antes, do durante e do depois. Segue-se uma antologia de discursos de Márcia Barros, vereadora do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Mogadouro; António Pimentel, presidente desta edilidade, do editor e amigo Francisco José Viegas e do reconhecido e agradecido J. Rentes de Carvalho proferidos na sessão de homenagem que aquele município recentemente dedicou a este último, seguida de um artigo referente ao espólio que doou à Confraria Queirosiana, presentemente em tratamento arquivístico e museográfico. Seguem-se três trabalhos de membros da Academia Alagoana de Letras, igualmente confrades queirosianos, notáveis pela sua capacidade da arte de contar: «Estefânia», de Carlos Méro; «Riqueza que nada vale», por Alberto Rostand Lanverly, presidente daquela instituição, e «O comendador Teixeira Basto», de Arnaldo Paiva Filho. Desta vez uma recensão sobre a obra de «Fernando Fonseca, Oníricos, Lisboa: edição do Autor, 2023, 106 pp.» por Luís Manuel de Araújo, a que se segue a sempre abundante e variada Bibliografia dos associados publicada em 2023, terminando este número, também como habitualmente, com o Relatório de atividades da associação referente àquele mesmo ano. A contracapa apresenta o cartaz do curso «“Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril».

A Revista de Portugal tem um preço de capa de 10€, sendo distribuída gratuitamente aos associados e permutada com as publicações de muitas instituições em Portugal, Europa e Brasil.

_____________________________________________________________________

Eça & Outras, III.ª série, n.º 194, sexta-feira, 25 de outubro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Fernando Maciel.

 

 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Eça & Outras

 500 anos do nascimento de Luís de Camões;

100 anos do passamento de Teófilo Braga

A festa do livro e da cultura

Entre os dias 23 de agosto e 8 de setembro decorreu no Palácio de Cristal do Porto a Feira do Livro que este ano esteve particularmente animada, com muita gente e muita procura de livros. Pelo terceiro ano a Confraria Queirosiana esteve presente com as suas edições e, desta vez,  também as da Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/GEHVID). Mas para além de lá ter estado em funções associativas, também a percorri como autor e como consumidor habitual de livros, fazendo as minhas compras seletivas.

Logo nos primeiros dias dei com o livro Horizontes Artísticos da Lusitânia. Dinâmicas da Antiguidade Clássica e Tardia em Portugal. Séculos I a VIII, coordenado pelos arqueólogos Justino Maciel e Filomena Limão, Amadora: Canto Redondo, dezembro de 2019, de que me interessava sobremaneira o capítulo de Edgar Fernandes sobre «Os baptistérios do complexo religioso de Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova, Portugal). Resultados do levantamento arqueológico das piscinas baptismais (2012) e novas perspectivas de investigação», páginas 158-204, por causa do recentemente descoberto, e logo retirado do contexto, batistério do Castelo de Gaia (decisão inqualificável de insanidade cultural), o único existente a norte do Mondego e muito parecido com um dos de Idanha-a-Velha, conforme se pode ver num desenho da página 168 desta obra. Mas o de Gaia está desmontado e já falhou uma primeira sugestão para o remontar dentro da Igreja do Bom Jesus de Gaia.

Mas para além deste Património local existe todo um Património Português espalhado pelo mundo e que teve nesta feira o seu momento alto no lançamento no dia 31 de agosto da monumental edição do livro Patrimónios de origem portuguesa. Registos e reflexões, da autoria do Doutor Arquiteto João Campos em edição da Câmara Municipal do Porto, com um exaustivo levantamento, descrição e estudo de muitas construções e outras materialidades e espiritualidades que os nossos antanhos espalharam pelo orbe ou de longes terras trouxeram até nós, quando meteram o mundo na algibeira do conhecimento. No lançamento estiveram muitos amigos e colaboradores do autor, entre eles essa incontornável referência da Cultura Portuguesa do nosso tempo, o Professor Adriano Vasco Rodrigues que não deixou de estar presente a despeito da sua provecta idade.

Sendo o autor destas linhas o coordenador do curso que a Academia Eça de Queirós vai organizar no Solar Condes de Resende, a partir de 19 de outubro sobre «”Portugal, a Flor e a Foice” (J. Rentes de Carvalho), comemorativo dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril», que decorrerá entre outubro de 2024 e abril de 2025, aos sábados entre as 15 e as 17, tarefa que tenho vindo a desempenhar desde 1991 com diversas e preciosas colaborações, e sendo nele também professor, compete-me também o atualizar-me nas respetivas matérias, ainda que ministradas por outros, e por isso comprei a História da Oposição à Ditadura 1926-1974 de Irene Flunser Pimentel, Porto: Figueirinhas, 2013, autora fundamental para o estudo desta temática.

De Mário Cláudio aguardava com curiosidade o seu Diário Incontínuo, Alfragide: D. Quixote, julho de 2024, onde não encontrei, como desejava, referências ao tempo em que foi diretor da Biblioteca Pública de Vila Nova de Gaia em 1973/1976, o que tenho já, em certa medida, no seu romance Astronomia, Alfragide: D. Quixote, 2015, páginas 269-277. Mas, entretanto, informaram-me que há naquele diário a seguinte memória: «Sou entronizado na Confraria Queirosiana no Solar Condes de Resende em Canelas, vivendo mais uma dessas ocasiões em que me divido entre a gratidão pelo obséquio e o incómodo pelo dever. Sobre estes festejos da perpetuidade da memória dos grandes mestres paira sempre um como que um provincianismo viscoso, em geral indesgarrável da boa comezaina, mas também, não há como negá-lo, de uma espécie de ternura post mortem, capaz de os salvar da completa inanidade.» (página 327). Lembro-me que o escritor foi distinguido pela confraria por ter glosado uma obra de Eça e as suas circunstâncias em As Batalhas do Caia. D. Quixote, 1995. E, obviamente, pela sua obra em geral, onde haverá tanto de Camilo como ecos do autor de Os Maias.

Mas os livros não se medem aos palmos, e tive o privilégio de receber, autografado e com dedicatória generosa à minha pessoa o pequeno enorme livro Os Manuscritos de R. de Jaime Froufe Andrade, publicado pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, já em 4.ª edição, que muito me sensibilizou pelo assunto, mas também pela arte literária que ostenta, pois trata-se, sinceramente, de uma obra-prima da literatura produzida por ex-combatentes da Última Guerra Colonial Portuguesa, e de quem já tinha lido outro inadiável livro intitulado Não Sabes como vais Morrer, mesmo editor, e já com 14 edições em 2020!

Nestas deambulações por géneros literários e propósitos editoriais também estive no dia 2 de setembro no lançamento do livro Menino Simão… crescer é que não, de Inês Vinagre editado pela Cordel de Prata.

Também nos alfarrabistas encontro sempre livros que já tive e já li, mas que um instinto de revisão me leva a querer voltar a ler ou a ter. É o caso de Introdução à História Contemporânea, de G. Barraclough, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966, para acertar reflexões; ou o até agora desconhecido Leonardo. El vuelo de la mente, de Charles Nicholl, Madrid: Santillana Editiones Generales (Taurus), 6.ª edição, 2006, não sei se pelo fascínio continuado pela obra do mestre inigualável e completo, se pela teoria da biografia agora aplicada a uma mais do que conhecida existência, mas sempre incógnita em tantos dos seus infinitos; e vejam lá, também não deixei de guardar um exemplar de A Invenção do Amor e outros poemas, de Daniel Filipe, Lisboa: Editorial Presença, Colecção Forma, 4.ª edição, 1977, versos que embalaram os meus amores adolescentes e que tenho (terei?) numa garagem onde não vou à que tempos no meio de outras raridades que berram abandonos imerecidos. E o reencontro inesperado com a Introdução ao Estudo do Vidro Medieval de Manuela Almeida Ferreira, a «Manuela dos Vidros», tão delicado como a autora, edição da gaiense fábrica de vidros Barbosa & Almeida, SA por ação da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, livro que já tive mas que devo ter emprestado a alguém que se esqueceu de mo devolver.

Livros que irei ler, que tenciono ler ou reler. Alguns, como muitos outros, também são ferramentas, alicates para obras em curso ou a haver, repositórios de reflexões que outros fizeram por mim, mais acertadas e duradouras. Outros são obras de Arte impressa, mais ou menos eterna. E ai os tenho em casa, junto de todos os mais, «solitários, aos pares, em pacotes, dentro de caixas, franzinos, gordos e repletos de autoridade, envoltos em plebeia capa amarela ou revestidos de marroquim e ouro, perpetuamente, torrencialmente…» (Eça de Queirós, A Cidade e as Serras). Estou também já na fase de dar livros aquém os queira adotar. E a ler e a ter digitalivros. Mas isso são outras conversas.

J. A. Gonçalves Guimarães

Historiador

O momentoso problema das prisões

Nos últimos tempos o momentoso problema social e civilizacional das prisões e do sistema judicial e prisional tem estado na ordem do dia. Por esse motivo a seguir divulgamos, com a sua autorização, este artigo do nosso confrade Eng.º Almeida dos Santos, que de há muito dedica o seu tempo e as suas reflexões à causa destas problemáticas.

«Publicado no jornal online l 7MARGENS em 16.09.2024

https://www.facebook.com/share/p/ucsrHhT1Ut5HqxWp/ 

As prisões além do sensacionalismo

Manuel Hipólito Almeida dos Santos | 16 Set 2024

Uma definição para o sensacionalismo é a tendência para produzir grande impacto na sensibilidade dos outros através de notícias ou atitudes espetaculares ou chocantes (Infopédia). Tal aconteceu no episódio recente da fuga dos cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus.

No entanto, desde há muitos anos que temos vindo a denunciar os mais variados aspetos da situação prisional em Portugal, que vão além do sensacionalismo de fuga dos cinco reclusos. Fizemo-lo quer nos órgãos de comunicação social, quer nas audições parlamentares na Assembleia da República, quer, ainda, nas muitas reuniões com os Governos e a Presidência da República. Mas, apesar dessas denúncias, tudo continuou na mesma indigência, parecendo agora, com a fuga dos cinco reclusos, que houve um acordar coletivo para a situação nas prisões. Face ao passado, temo que este acordar dê lugar, muito rapidamente, à continuação da sonolência.

As prisões portuguesas são instituições cruéis, assustadoras, anacrónicas, medievais, medonhas, arcaicas, degradantes, ineficazes, violentas, desumanas e dispendiosas. Esta é a constatação a que chego com os muitos anos de voluntariado prisional, confirmada pelos relatórios de várias instâncias nacionais e internacionais (Comité contra a Tortura do Conselho da Europa, Mecanismo Nacional de Prevenção da Provedoria de Justiça, Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, etc…). Alguns órgãos de comunicação social afloram, a espaços, a questão prisional, com a colaboração de múltiplas entidades e aos quais temos enviado vários artigos e entrevistas. Por exemplo em Março do corrente ano, o 7MARGENS publicou um texto com o título “O que nós temos são presos a mais”, a resumir a entrevista ao programa com o mesmo título transmitido na Antena 1.

Outros jornais, rádios e canais de TV vão passando reportagens sobre acontecimentos nas prisões. A SIC passou em 2020 uma série de reportagens, no programa “Mercado Negro”, em que ficou patente a podridão da vida no interior das prisões portuguesas, que voltaram a ser exibidas na segunda semana deste mês. Mas, desde há muitos anos, não se via tanta atenção como aquela que agora tem estado na ordem do dia com a fuga dos cinco reclusos.

A OVAR (Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos), tem tomado posições públicas, frequentemente, sobre aquilo que os seus voluntários encontram no interior das prisões: sobrelotação; alimentação deficiente; apoio para a reinserção social praticamente inexistente; consumo e tráfico de drogas no interior das prisões; violência entre reclusos e guardas prisionais; limitações nos contactos entre reclusos e suas famílias; arbitrariedade nas decisões dos conselhos técnicos para a concessão de saídas jurisdicionais; diferentes decisões dos Tribunais de Execução de Penas sem explicação política; deficientes condições sanitárias dentro das prisões; má prestação de cuidados de saúde e de educação; quase inexistência de apoio judiciário; opacidade na divulgação da atividade havida no interior das prisões com a suspensão dos relatórios individuais de cada estabelecimento prisional como se verificou até ao ano de 2010; não permissão da divulgação automática dos relatórios do Comité Contra a Tortura do Conselho da Europa; elevado tempo médio de cumprimento de pena, que é cerca do triplo da média da União Europeia; utilização do trabalho dos reclusos configurando-o como “trabalho escravo”, com ocultação pública dos protocolos com entidades privadas que utilizam mão de obra prisional (com eventual concorrência desleal com as entidades que têm pessoal próprio) e, mesmo assim, só uma parte dos reclusos é que tem ocupação diária; limitações à assistência espiritual e religiosa; etc, etc, etc… Documentos circunstanciados sobre tudo isto têm sido entregues a várias entidades, como, por exemplo, na audição parlamentar havida na Assembleia da República em 27 de junho último.

As prisões não têm sido prioridade para o poder político. Basta ler os programas de candidatura dos partidos políticos que concorrem às eleições legislativas, apesar de as prisões terem um peso superior a 300 milhões de euros no Orçamento Geral do Estado. Está pendente na Assembleia da República uma petição pública visando a aprovação de uma amnistia/perdão de penas no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e do pedido do Papa Francisco para o Jubileu2025, face ao estado atual das prisões portuguesas. Vamos estar atentos às declarações dos partidos políticos quando esta petição for discutida no plenário da Assembleia da República.

Há uma grande hipocrisia na abordagem da situação nas prisões. Todos declaram estar preocupados com os problemas existentes mas não vão além das declarações. A OVAR foi galardoada em 2018, pela Assembleia da República, com o prémio Direitos Humanos, pelo trabalho humanitário que desenvolvemos. Na cerimónia da atribuição do prémio tivemos ocasião de explanar o quão desumana era a situação nas prisões e temos vindo a repetir tais denúncias frequentemente. Atribuíram-nos o prémio, mas não ligam ao que dizemos. Temos declarado que estamos solidários com o sofrimento das vítimas dos atos que levam à prisão dos perpetradores, insistindo na necessidade de uma forte dinâmica de prevenção da prática de atos antissociais, alguns dos quais tipificados como crimes, solucionando as causas de tais atos, o que levaria à diminuição da população prisional e, até, à desnecessidade de prisões (há vários estudos defendendo o abolicionismo prisional). Os séculos XIX e XX foram tempos que levaram à abolição da escravatura e da pena de morte na maioria dos países do mundo, incluindo Portugal. O século XXI tem de ser o da criação de uma dinâmica da abolição das prisões. Num país de tradição cristã, o perdão e a misericórdia têm de ter lugar presente nas prisões.

Face ao quadro da realidade prisional não é de admirar que os presos queiram fugir. E só não há mais tentativas de fuga, nos mais de 12.000 reclusos existentes nas prisões portuguesas, tal se deve ao caráter pacífico da maioria deles, perante a desumanidade em que são obrigados a viver. Não podemos continuar a ter indicadores piores que a média dos países da União Europeia. Bastaria que o tempo médio de cumprimento de pena fosse igual à média da União Europeia para não precisarmos de mais guardas prisionais nem de mais prisões, com a consequente redução de despesa pública e diminuição da dotação do Orçamento Geral do Estado.

Repescando o título da notícia do 7MARGENS de Março passado: «O que nós temos são presos a mais».

Manuel Hipólito Almeida dos Santos é presidente da OVAR (Obra Vicentina de Auxílio aos Reclusos), da Sociedade de S. Vicente de Paulo – Conselho Central do Porto.

Palestras

Amanhã, quinta-feira, dia 26 de setembro, na habitual palestra das últimas quintas-feiras do mês no solar Condes de Resende, entre as 18,30 e as 19,30 horas, J. A. Gonçalves Guimarães irá dissertar sobre «O “meu” Camões de trazer por casa». Neste ano de 2024 comemoram-se os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, escrivão, soldado e poeta português do século XVI. Pela sua vida e obra é considerado o símbolo humano e literário de Portugal e dos Portugueses. Nestas circunstâncias vamos ter conferências, exposições, edições e obras de Arte que o redescobrem, explicam, reinventam ou simplesmente o recordam e lhe apreciam a palavra e o pensamento. Nesta palestra irá falar sobre o «seu» Camões que o acompanha desde o berço e partilhá-lo com quem o ouvir. E também quer ouvir falar do Camões de cada um dos participantes. O texto sobre o tema desta palestra foi publicado no jornal As Artes de entre As Letras publicado hoje dia 25 de setembro.

POSTAL DO EÇA

Exposição Filatélica Nacional

Como assinalámos, decorreu entre os dias 3 e 8 de setembro na Escola Secundária Almeida Garrett em Vila Nova de Gaia a Exposição Filatélica Nacional “Gaia-24”, organizada pelo Clube de Coleccionadores de Gaia com a colaboração dos CTT, da ESAG, da Federação Portuguesa de Filatelia – APD e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. O dia 4 de setembro foi dedicado a Eça de Queirós e por esse motivo a organização convidou a associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana a estar presente para a aposição do carimbo do dia na correspondência daí emitida, bem assim como a divulgação dos inteiros postais aí obtidos, de que se encarregou o presidente da direção, que igualmente esteve presente no jantar de encerramento para a entrega dos diplomas e troféus alcançados nas diversas modalidades pelos numerosos participantes.

Presença da associação

No passado dia 14 de setembro a ASCR-CQ através do presidente da direção esteve presente na Tuna Musical de Santa Marinha na sessão espetáculo da atribuição dos prémios José Guimarães promovidos por esta coletividade gaiense no início das comemorações do seu centésimo aniversário.

Na sequência dos convites endereçados pelos atuais corpos sociais para apresentação de cumprimentos e programa de atividades previsto para os próximos quatro anos, J. A. Gonçalves Guimarães e Alexandre Farinhote reuniram no passado dia 18 com uma delegação da concelhia de Vila Nova de Gaia do Boco de Esquerda. No próximo dia 27 uma sua delegação reunirá com a Eng.ª Paula Carvalhal, vereadora do Pelouro da Cultura e da Programação Cultural da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Brevemente decorrerão reuniões com outras instituições e forças partidárias representadas na assembleia municipal.

No passado dia 20 de setembro a RTP2 transmitiu o programa Sociedade Civil em tempos gravado na esplanada da Serra do Pilar com a presença do Coronel Abrunhosa, comandante do Centro de Recrutamento de Vila Nova de Gaia aquartelado nas instalações militares ali existentes, um representante da comunidade católica que utiliza a igreja do mosteiro para as suas celebrações e o historiador J. A. Gonçalves Guimarães, do Gabinete de História, Arqueologia e Património da ASCR-CQ que fez diversas intervenções sobre a História e o Património daquele ágora vilanovense e sobre a história das cidades de Vila Nova de Gaia e do Porto.


Dia dos Amigos dos Museus

No próximo dia 13 de outubro, domingo será comemorado o Dia Europeu dos Amigos dos Museus em Portugal promovido pela Federação Portuguesa dos Amigos dos Museus (FAMP), filiada na World Federation of Friends of Museuns (WFFM) pelo que haverá ações de dinamização cultural em diversos museus. A ASCR-CQ, federada naquela primeira instituição está a preparar para o sábado dia 12 um encontro informal de associações deste setor que deverá ter lugar no Solar Condes de Resende e que tem como objetivos o darem-se a conhecer e os seus diversos projetos culturais.

Livros e revistas

Como anteriormente indicamos, o Catálogo da Exposição Filatélica Nacional “Gaia-24”, acima referido contou também com a colaboração da ASCR - Confraria Queirosiana através da elaboração de textos sobre Almeida Garrett, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner, António Teixeira Lopes e Soares dos Reis escritos pelo presidente da direção enquadrados pela reflexão «Gaienses de nascimento, de adoção e de circunstância. Reflexão sobre biografias locais» numa alusão ao volume 1 do projeto Património Cultural de Gaia (PACUG) de que é coordenador-geral e está a ser elaborado por esta associação, tendo já sido publicados os volumes «Património Humano – Personalidades Gaienses», coordenação do Professo Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, e «Património de Gaia no Mundo» coordenação do Prof. Doutor Francisco Queiroz, estando para ser publicado «Património de Gaia no Século XX», coordenação do Professor Doutor José Alberto Rio Fernandes.

No passado dia 7 de setembro, na Feira do Livro do Porto, a Editora Exclamação lançou o livro «Delírio Animal» da autoria de João Habitualmente com desenhos do escultor Hélder de Carvalho, que escolhe os seus retratados de entre um grande leque de seres que merecem a nossa afetividade, sejam eles pessoas ou bispos fixados nas suas expressões mais artísticas.

Também na Feira do Livro do Porto Olga Cavaleiro lançou o seu mais recente livro «Os Caminhos Invisíveis da Cozinha de Coimbra» onde se afirma que «No encontro entre o urbano, tão visível e formal, e o rural, tão invisível e fluido, conhece-se o concelho de Coimbra na sua linguagem gastronómica. Da geografia do Mondego, definida e redefinida ao sabor das necessidades e oportunidades, a paisagem que se definiu. Por detrás, as pessoas que souberam usar os elementos visíveis e lhes deram expressão alimentar».

Ainda na Feira do Livro do Porto, a Dr.ª Inês Vinagre fez a sua estreia como autora de Literatura para Crianças com o livro «Menino Simão… Crescer é que não!» que conta a fábula de um menino de sete anos, e do seu gato Capitão, que depois de verem a irmã mais velha sair de casa para estudar noutra cidade, decide não querer crescer nunca mais para não perder o amor dos pais, tentando tudo para evitar que o seu oitavo aniversário aconteça!

_____________________________________________________________

Eça & Outras, III.ª série, n.º 193, quarta-feira, 25 de setembro de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: Manuel Hipólito Almeida dos Santos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Eça & Outras

Eça & Outras, domingo, 25 de agosto de 2024

500 anos do nascimento de Luís de Camões;

100 anos do passamento de Teófilo Braga

A História e a Literatura

De tempos a tempos, de quando em vez, lá vem a questão da validade ou da imprescindibilidade, ou simplesmente a oportunidade de compra no supermercado de “romances históricos”, assim chamadas as obras escritas que abordam e descrevem temas do passado, sejam eles acontecimentos, instituições, personalidades, ou tudo junto. Há mesmo quem se dedique quase em exclusividade à sua produção, pelos vistos com rendoso proveito. Se compulsarmos a biografia de alguns escritores (“aqueles que escrevem regularmente”) lá veremos que raros são os que resistem a aventurarem-se nesta área produtiva de narrativas. Por outro lado corre paralela uma outra questão: essas obras são do domínio da História ou da Literatura? Ou mais de uma ou menos de outra? E trazem subjacentes duas outras questões: afinal o que é a História, como prática profissional ou exercício cultural? Para que serve? Quem pode exercer essa profissão? E igualmente perguntar-se na mesma linha de raciocínio: e o que é a Literatura, quer como prática ou conjunto de conhecimentos, quer como profissão? E para que serve? Um literato é um profissional da Literatura? E um professor de Literatura “tem de ser” um escritor ou literato? Pressupõe-se, deseja-se, “exige-se” que os protagonistas destas profissões ou atividades “escrevam bem”. E lá virá a outra repetitiva questão: e o que é isso de “escrever bem”? Será um pouco como o amor: sabe-se que existe, mas é difícil defini-lo. E, no entanto, há tratados sobre o tema, uns escritos por profissionais (que deveriam chamar-se amorólogos…), outros nem por isso, escritos que são por “opinadores”. Sobre o “escrever bem” também há tratados, métodos, cursilhos e cursos, workshops adjetivados para “escrita criativa”. Quem é que os ministra? Algum “prémio Nobel” desempregado? Creio que ainda os não há pra “escrita científica”. Mas pode ser ignorância minha.

            Estas questões poderiam pôr-se para qualquer área do saber: um livro de Matemática tem de ser “bem escrito” ou a objetividade do tema dispensa literatices e basta o estar certo nos cálculos? E um livro de Direito, limita-se a debitar acórdãos e jurisprudências ou faz do texto uma excelência de exercício estilístico sem prejuízo das matérias de facto? E um livro de Medicina descreve as belezas de um corpo saudável sem adjetivações ou a melhor técnica para usar o bisturi numa operação ao cóccix sem se preocupar com assuntos laterais, o que certamente o tornará um tratado pouco agradável de ler. Ou poderá dar-se a tiradas lexicais?

Mas voltemos à falsa questão de uma História mais ou menos literária, como tema para debate e reflexão. Existem fundamentalmente três tipos de textos (melhor diríamos fontes) como base da escrita da História: os da época, em que distinguiríamos os diretos, aqueles que foram escritos com o propósito de relatarem os factos, os cenários, os intervenientes; e os indiretos, aqueles que tiveram outras finalidades, mas que, com mais ou menos evidência, o que se pede aos primeiros também lá está. Em ambos os casos tomá-los como informação “pura” ou absoluta é tolice, como muito bem sabem os historiadores profissionais, que aprendem a lê-los e a usá-los após aturada análise interna e externa e variadas provas e contra-provas de validade. No terceiro tipo de textos estão os produzidos por não intervenientes nos factos e acontecimentos relatados, portanto posteriores aos ditos, e muito mais interpretativos e opiniáticos do que os primeiros. E aqui podem distinguir-se, basicamente, dois tipos de textos: os produzidos por historiadores profissionais e os produzidos por outros “escritores”. A maior ou menor validade de cada um deles é assunto de âmbito corporativo.

Há historiadores profissionais que "se treinam" na Arte Literária, escrevendo "romances históricos", na realidade historiografias ficcionadas, como Umberto Eco e outros de igual categoria. Estão no seu direito e proveito e vale a pena analisar esses exercícios simultaneamente pro-históricos e literários e tentar discernir o que neles há das fontes históricas ou de mera ficção do autor. O problema, a desnecessariedade, a trapalhice, a fraude, a nulidade, a trampolinice, vêm da situação contrária em que autores com mera formação literária, ficcional, jornalística ou quelque chose comme ça, se arrogam a escrever "romances históricos" onde a lição e a profissão histórica é torcida e retorcida em função dos seus objetivos: "a princesa que chora", "o rei infeliz" e outras banalidades bacocas. Há muitos anos que venho dialogando com os meus caros colegas licenciados, mestres e doutores em História e "ofícios correlativos" sobre o facto de que, tirando meia dúzia de abençoados com emprego e carreira garantidos, e certamente na maior parte dos casos por grande mérito próprio bem patente na obra produzida e na fama que têm na praça pública, à maioria dos outros todos andam a roubar o emprego, o ganha-pão, a possibilidade de exercerem a profissão que escolheram, de receberem a adequada consideração a que os seus cursos universitários e a sua produção científica e cultural lhes dá direito. Ainda recentemente estive num município onde é o médico delegado de saúde quem faz a História Local! E o município paga e embandeira em arco com a inutilidade, pois jamais algum historiador vai perder tempo a analisar ou criticar as "investigações" do facultativo que deveria estar a escrever livros sobre saúde pública ou gripes. E em algumas das outras câmaras os "turismos" e as "culturas" põem licenciados em ginástica ou outras aptidões inadequadas a fazer visitas de conteúdo histórico. Os que não são profissionais das nossas profissões acham que para debitar bla-blas "culturais" ou "turísticos" servem quaisquer papagaios ou papagaias falantes "licenciados" em quaisquer concursos públicos e habilidades privadas. Despertai e indignai-vos, oh Colegas, se não quereis ser confundidos com os indiferenciados sociais e culturais! Eu continuarei a lutar pela dignidade das nossas profissões.

Eça de Queirós escreveu: «O Português nunca pode ser homem de ideias, por causa da paixão da forma. A sua mania é fazer belas frases, ver-lhes o brilho, sentir-lhes a música. Se for necessário falsear a ideia, deixá-la incompleta, exagerá-la, para a frase ganhar em beleza, o desgraçado não hesita… vá-se por água abaixo o pensamento, mas salve-se a bela frase.» (Eça de Queirós, Os Maias). Em História já não estamos nem aí, como diz a “malta nova”. Hoje as exigências da profissão são outras. E se também forem literárias, pois que o sejam, que por mais não perde. O menos é que faz falta. 

J. A. Gonçalves Guimarães

historiador

Palestras

No próximo dia 29 de agosto, quinta-feira, decorrerá mais uma palestra das últimas quinta-feira do mês no Solar Condes de Resende, entre as 18,30 e as 19,30 horas, presencial e por videoconferência. Desta feita o tema será: «Dos primeiros encontros musicais aos sons da Independência: música e músicos no Brasil Colonial (1500-1822)» pelo qual, e de certo modo, o historiador Henrique Guedes dará continuidade ao tema da sua palestra anterior sobre a música popular brasileira.

Exposição Filatélica Nacional

Entre os próximos dias 3 e 8 de setembro decorre na Escola Secundária Almeida Garrett “Gaia-24”, pela segunda vez uma Exposição Filatélica Nacional nesta cidade. Organizada pelo Clube de Coleccionadores de Gaia, conta com a colaboração dos CTT, da ESAG, da Federação Portuguesa de Filatelia – APD e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Para além dos inúmeros espécimes filatélicos expostos, poderão ser apostos na correspondência de quem o pretender Carimbos Comemorativos de escritores e escultores ligados a Vila Nova de Gaia, tais como Almeida Garrett, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner e António Teixeira Lopes. O carimbo de Eça de Queirós será aposto no dia 4 de setembro. A associação Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana associou-se a esta iniciativa que promove o seu patrono através de textos para o respetivo Catálogo escritos pelo presidente da direção sobre «Gaienses de nascimento, de adoção e de circunstância. Reflexão sobre biografias locais», seguido de pequenos textos biográficos das personalidades acima referidas e ainda do escultor Soares dos Reis. A direção convida todos os seus Amigos e Confrades

Presença da associação


António Pinto Bernardo, Beth Lopes,
Alberto Rostand Lanverly e Arnaldo Paiva Filho

No passado dia 13 de maio o dirigente António Pinto Bernardo participou na Prefeitura da Barra de São Miguel, Alagoas, Brasil, numa reunião preparatória com a Dr.ª Beth Lopes, secretária da Cultura daquela autarquia, Alberto Rostand Lanverly, presidente da Academia Alagoana de Letras e Arnaldo Paiva Filho, vice-presidente do Instituto de História e Geografia de Alagoas e vice-presidente da Academia Alagoana de Letras, sobre um evento cultural a realizar em outubro de 2024 (5.ª festa literária da Barra de São Miguel e 7ª Portugal em Cena), cujo patrono é Eça de Queirós. Do programa faz parte uma transmissão direta do Solar Condes de Resende para a TV Alagoana, em que serão intervenientes, Irene Fialho, investigadora na área de Literatura e especialista em Eça de Queirós, J. A. Gonçalves Guimarães, presidente da ASCR-CQ e Doutor em História Contemporânea e António Pinto Bernardo da direção da ASCR-CQ e profissional da Comunicação Social.

Nos dias 15 a 18 de agosto a ASCR-CQ, através de vários dirigentes, funcionária e colaboradores esteve presente na feira WOWtêntico 2024, promovida pelo World Of Wine, Vila Nova de Gaia, para divulgação das suas atividades, publicações e os escritores Eça de Queirós e J. Rentes de Carvalho. Para além de empresas de Artesanato a região, estiveram igualmente presentes diversos municípios a promoverem o seu Património Cultural incluindo a sua Gastronomia e os seus Vinhos.

Como habitualmente, no passado dia 16 de agosto, a ASCR-Confraria Queirosiana, através dos dirigentes J. A. Gonçalves Guimarães e António Pinto Bernardo, esteve presente na abertura da 24.ª Feira de Gastronomia de Vila do Conde. Depois da volta pelo circuito da feira com os seus variadíssimos produtos nacionais, aos convidados foi servido pela autarquia local um magnífico jantar alusivo aos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, tendo na ocasião o presidente da ASCR-CQ lido um poema do celebrado poeta e distribuído pelos autarcas presentes o último número da Revista de Portugal.


Nuno Resende, Alexandre Farinhote, Cristiana Borges, Fátima Teixeira,
Pinto Bernardo, Barros Cardoso, Sílvia Trilho e Gonçalves Guimarães.

Na passada sexta-feira, dia 23 de agosto, pelas 12 horas, abriu a Feira do Livro do Porto 2024 nos jardins do Palácio de Cristal, este ano dedicada ao poeta Eugénio de Andrade. A ASCR-CQ e a Associação Portuguesa da História da Vinha e do Vinho (APHVIN/ GEHVID), estão presentes com as suas publicações no pavilhão 107. Na abertura estiveram presentes diversos dirigentes das duas associações, que aí receberam a delegação inaugural chefiada pelo presidente da Câmara do Porto, Dr. Rui Moreira que acompanhava Sua Excelência o Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, que na troca de cumprimentos com os dirigentes, associados e colaboradores presentes no nosso stand se mostrou muito bem informado de que a Revista de Portugal de novembro próximo também será dedicada ao centenário do Presidente da República Professor Doutor Teófilo Braga de quem a ASCR-CQ detém um interessante espólio que lhe foi oferecido pelo Dr. Marcus Vinícius Cocentino Fernandes e que tem vindo a ser trabalhado pelo Prof. Doutor José Moreno Afonso, da Universidade do Minho.

Nova direção, cumprimenta e reúne

Dando continuidade ao seu programa de apresentação de cumprimentos e de projetos e programas em curso ou a desenvolver, no passado dia 24 de agosto a direção da ASCR-CQ reuniu com uma delegação do Partido Social Democrata, concelhia de Vila Nova de Gaia, chefiada pelo Engenheiro Rui Rocha Pereira, vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, deputado da Assembleia Metropolitana do Porto e da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia e ex-presidente da Associação Modicus de Sandim. Seguem-se outras personalidades, instituições, associações e partidos políticos com assento na Assembleia Municipal já agendadas para os próximos tempos. 

Distinções

Dr. Manuel Moreira

O provedor da Misericórdia de Vila Nova de Gaia e dirigente da associação Amigos do Solar Condes de Resende- Confraria Queirosiana, Dr. Manuel Moreia foi galardoado com o Troféu Prestígio 2023 que lhe será entregue na próxima XIX Gala do jornal Audiência GP – Grande Porto. Natural de Marco de Canaveses, mas desde muito novo residente em Vila Nova de Gaia, é licenciado em Administração Regional e Autárquica e pós-graduado em Gestão Autárquica Avançada, sendo associado dirigente de diversas instituições de carácter social, cultural, desportivo, recreativo e humanitário. Ex-vereador na Câmara Municipal de Gaia, em 2005, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses com três maiorias absolutas durante 12 anos. Foi o último governador civil do distrito do Porto, e é, desde 2004, associado dos Amigos do Solar Condes de Resende – Confraria Queirosiana, e seu confrade de honra grau mecenas, e atual membro da direção.

Revistas

Com data de 2023 acaba de nos chegar às mãos a edição 27 do Livro da Academia Alagoana de Letras, com capa dedicada ao poeta alagoano Jorge de Lima, editada por Jorge Tenório e no qual colaboraram Alberto Rostand Lanverly, «O Tapete Mágico» e «De onde eu vim»; Arnaldo Paiva Filho, «O Marinheiro»; Carlos Méro, «Auto de Fé»; Fernando Maciel, «Jorge de Lima, o multifacetado príncipe dos poetas alagoanos»; Fradique Rua Mendes, «Órfão Infinito», a quem um “vá-se lá saber porquê» omitiu um último verso do poema que agora aqui vai: «Creio bem que não acabará esta orfandade»; façam o favor de completar à mão; J. A. Gonçalves Guimarães, «Identidades Brasileiras no Centro Histórico de Gaia»; João Luís Fernandes, «A Procissão de Cinzas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto e seus ecos no Brasil», entre muitos outros. Mas não veio só a magnífica publicação, mas sim acompanhada da gentileza de dois livros com dedicatórias ao redator desta página: «Revelação. Poemas de Alfredo Gazzaneo Brandão», Recife, 2001, e «Simplesmente Crônicas», Viva Editora, Maceió, Alagoas, 2023, do mesmo autor. Pelo que vou lendo, os primos alagoanos são notáveis contadores de estórias.

Com data de junho passado, está em distribuição o n.º 98 do Boletim da Associação Cultural Amigos de Gaia, agora sob o título Patrimónios, e de que é diretor o Doutor Engenheiro Salvador Almeida. Entre outros artigos, este número apresenta de Virgília Braga da Costa, «As Comemorações do Tricentenário de Camões e a Rua Luís de Camões, em Vila Nova de Gaia» ocorridas em 1880.

___________________________________________________________

Eça & Outras, III.ª série, n.º 192, domingo, 25 de agosto de 2024; propriedade da associação cultural Amigos do Solar Condes de Resende - Confraria Queirosiana (Instituição de Utilidade Pública), Solar Condes de Resende, Travessa Condes de Resende, 110, 4410-264, Canelas, Vila Nova de Gaia; C.te n.º 506285685; NIB: 0018000055365059001540; IBAN: PT50001800005536505900154; email: queirosiana@gmail.com; www.queirosiana.pt; confrariaqueirosiana.blospot.com; eca-e-outras.blogspot.com; vinhosdeeca.blogspot.com; coordenação do blogue e publicação no jornal As Artes Entre As Letras: J. A. Gonçalves Guimarães (TE-164 A); redação: Fátima Teixeira; inserção: Amélia Cabral; colaboração: António Pinto Bernardo.